terça-feira, 10 de fevereiro de 2015
Reflexão do Evangelho de hoje - Mc 7, 1-13
Jesus, citando o profeta Isaías, diz: 'Este povo me honra com os lábios,
mas seu coração está longe de mim'. Precisamos saber se somos cristãos
de palavras ou de coração. O cristão de palavras é aquele que vive uma
religiosidade de cumprimento de preceitos, normas e rituais, que em nada
difere dos rituais de alquimia e bruxaria que existem por aí; o que
muda é que no lugar de abracadabra, fala frases bonitas com efeitos
especiais. O cristão de coração é aquele que ama a Deus, ama os seus
irmãos que são templos dele e procura servir a Deus no serviço aos
irmãos e irmãs, na valorização da pessoa humana e promoção da sua
dignidade. O cristão de coração fala pouco e nem sempre sabe falar
bonito, mas ama muito, é solidário, generoso e fraterno.
Evangelho de hoje - Mc 7,1-13
Evangelho - Mc 7,1-13
Vós abandonais o mandamento de Deus
para seguir a tradição dos homens.
para seguir a tradição dos homens.
+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Marcos 7,1-13
Naquele tempo:1Os fariseus e alguns mestres da Lei
vieram de Jerusalém e se reuniram em torno de Jesus.
2Eles viam que alguns dos seus discípulos
comiam o pão com as mãos impuras,
isto é, sem as terem lavado.
3Com efeito, os fariseus e todos os judeus
só comem depois de lavar bem as mãos,
seguindo a tradição recebida dos antigos.
4Ao voltar da praça,
eles não comem sem tomar banho.
E seguem muitos outros costumes que receberam por tradição:
a maneira certa de lavar copos, jarras e vasilhas de cobre.
5Os fariseus e os mestres da Lei
perguntaram então a Jesus:
'Por que os teus discípulos
não seguem a tradição dos antigos,
mas comem o pão sem lavar as mãos?'
6Jesus respondeu:
'Bem profetizou Isaías a vosso respeito, hipócritas,
como está escrito:
'Este povo me honra com os lábios,
mas seu coração está longe de mim.
7De nada adianta o culto que me prestam,
pois as doutrinas que ensinam são preceitos humanos'.
8Vós abandonais o mandamento de Deus
para seguir a tradição dos homens.'
9E dizia-lhes:
'Vós sabeis muito bem como anular o mandamento de Deus,
a fim de guardar as vossas tradições.
10Com efeito, Moisés ordenou:
'Honra teu pai e tua mãe'.
E ainda: 'Quem amaldiçoa o pai ou a mãe, deve morrer'.
11Mas vós ensinais que é lícito
alguém dizer a seu pai e à sua mãe:
'O sustento que vós poderíeis receber de mim
é Corban, isto é, Consagrado a Deus'.
12E essa pessoa fica dispensada
de ajudar seu pai ou sua mãe.
13Assim vós esvaziais a Palavra de Deus
com a tradição que vós transmitis.
E vós fazeis muitas outras coisas como estas.'
Palavra da Salvação.
Pecado, a doença da alma
Como imperou o pecado na morte, assim também imperou a graça por meio da justiça, para a vida eterna, através de Jesus Cristo, nosso Senhor”.(Rom 5,21)
O Catecismo da Igreja nos mostra toda a gravidade do pecado: “Aos olhos da fé, nenhum mal é mais grave do que o pecado, e nada tem consequências piores para os próprios pecadores, para a Igreja e para o mundo inteiro” (§ 1488).
São palavras fortíssimas que mostram que não há nada pior do que o pecado. Por outro lado, o Catecismo afirma que ele é uma realidade: “O pecado está presente na história dos homens: seria inútil tentar ignorá-lo ou dar a esta realidade obscura outros nomes.” (CIC, §386)
Deus disse a Santa Catarina de Sena, nos Diálogos:
“O pecado priva o homem de Mim, sumo Bem, ao tirar-lhe a graça”. São Paulo, numa frase lapidar explica toda a hediondez do pecado e razão de todos os sofrimentos deste mundo: “O salário do pecado é a morte” (Rom 6,23).
Tudo o que há de mal na história do homem e do mundo é consequência do pecado, que começou com Adão. “Por meio de um só homem o pecado entrou no mundo e, pelo pecado, a morte, e assim a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram” (Rom 5,12). O Catecismo ensina que: “A morte corporal, à qual o homem teria sido subtraído se não tivesse pecado (GS,18), é assim o último inimigo do homem a ser vencido” (1Cor 15, 26).
Santo Agostinho dizia que: “É desígnio de Deus que toda alma desregrada seja para si mesma o seu castigo.” “O homem se faz réu do pecado no mesmo momento em que se decide a cometê-lo.” Sintetizava tudo dizendo que “pecar é destruir o próprio ser e caminhar para o nada.” E dizia de si mesmo nas Confissões: “Eu pecava, porque em vez de procurar em Deus os prazeres, as grandezas e as verdades, procurava-os nas suas criaturas: em mim e nos outros. Por isso precipitava-me na dor, na confusão e no erro.”
Toda a razão de ser da Encarnação do Verbo foi para destruir, na sua carne, a escravidão do pecado. “Como imperou o pecado na morte, assim também imperou a graça por meio da justiça, para a vida eterna, através de Jesus Cristo, nosso Senhor”.(Rom 5,21)
O demônio escraviza a humanidade com a corrente do pecado. Jesus veio exatamente para quebrar essa corrente. São João deixa bem claro na sua carta: “Sabeis que Ele se manifestou para tirar os pecados” (1Jo 3,5). “Para isto é que o Filho de Deus se manifestou, para destruir as obras do diabo” (1 Jo 3,8). Essa “obra do diabo” é exatamente o pecado, que nos separa da intimidade e da comunhão com Deus, e nos rouba a vida bem aventurada.
Com a sua morte e ressurreição triunfante, Jesus nos libertou das cadeias do pecado e, pela sua graça podemos agora viver uma nova vida. É o que São Paulo ensina na carta aos colossenses: “Se, pois, ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas do alto, onde Cristo está sentado à direita de Deus” (Col 3,1). Aos romanos ele garante: “Já não pesa mais condenação para aqueles que estão em Cristo Jesus. A Lei do Espírito da vida em Cristo Jesus te libertou da lei do pecado e da morte” (Rom 8,1).
Aos gálatas o Apóstolo diz: “É para a liberdade que Cristo nos libertou. Permanecei firmes, portanto, e não vos deixeis prender de novo ao jugo da escravidão” (Gal 5,1).
A vitória contra o pecado custou a vida do Cordeiro de Deus. São João Batista, o Precursor, aquele que foi encarregado por Deus para apresentar ao mundo o Seu Filho, podia fazê-lo de muitas formas: “Ele é o Filho de Deus”, ou, “Ele é o esperado das nações”, como diziam; ou ainda: “Ele é o Santo de Israel”, ou quem sabe: “Eis aqui o mais belo dos filhos dos homens”, etc.; mas ao invés de usar essas expressões que designavam o Messias que haveria de vir, João preferiu dizer: “Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jo 1,29).
Aqueles que querem dar outro sentido à vida de Jesus, que não o Daquele que “tira o pecado do mundo”, esvaziam a sua Pessoa , a sua missão e a missão da Igreja. A partir daí a fé é esvaziada, e toda a “sã doutrina” (1Tm4,6) é pervertida. Eis o perigo da “teologia da libertação”, que exigiu a intervenção direta da Santa Sé e do próprio Papa João Paulo II, pois, na sua essência, esta “teologia” substitui o Cristo Redentor do pecado, por um Cristo apenas libertador dos males sociais e terrenos, reinterpreta o Evangelho e o Cristianismo dentro de uma exegese e de uma hermenêutica que não é aceita pelo Magistério da Igreja.
Assim como a missão de Cristo foi libertar o homem do pecado, a missão da Igreja, que é o seu Corpo místico, a sua continuação na história, é também a de libertar a humanidade do pecado e levá-la à santificação. Fora disso a Igreja se esvazia e não cumpre a missão dada pelo Senhor.
Jesus, quer dizer, em hebraico, “Deus salva”. Salva dos pecados e da morte. Na Anunciação o Anjo disse a Maria: “… lhe porás o nome de Jesus”. (Lc 1, 31)
A José, o mesmo Anjo disse: “Ela dará à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos seus pecados”. (Mt 1, 21). A salvação se dá pelo perdão dos pecados; e já que “só Deus pode perdoar os pecados” (Mc 2, 7), Ele enviou o Seu Filho para salvar o seu povo dos seus pecados. “Foi Ele que nos amou e enviou-nos seu Filho como vítima de expiação pelos nossos pecados” (1Jo 4,10). “Este apareceu para tirar os pecados” (1Jo 3,5).
O Catecismo da Igreja lembra que “foram os pecadores como tais os autores e como que os instrumentos de todos os sofrimentos por que passou o divino Redentor”. (CIC, § 598). A primeira coisa que Jesus fez no dia da sua ressurreição, foi enviar os Apóstolos para perdoar os pecados. “Como o Pai me enviou, eu vos envio a vós… Recebei o Espírito Santo. Aqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados; àqueles a quem os retiverdes ser-lhes-ão retidos” (Jo 20, 22-23).
Isto mostra que a grande missão de Jesus era, de fato, “tirar o pecado do mundo”, e Ele não teve dúvida de chegar até a morte trágica para isto. Agora, vivo e ressuscitado, vencedor do pecado e da mote, através do ministério da Igreja, dá o perdão a todos os homens. Jesus disse aos apóstolos na última Ceia: “Se me amais, guardareis os meus mandamentos” (Jo 14,15). Guardar os mandamentos é a prova do amor para com Jesus. Quem obedece aos seus mandamentos, foge do pecado.
O grande São Basílio Magno (329-379), bispo e doutor da Igreja, ensina em seus escritos que há três formas de amar a Deus: a primeira é como o mercenário, que espera a retribuição; a segunda, é como escravo que obedece por medo do chicote, o castigo de Deus; e o terceiro é o amor filial, daquele que obedece porque de fato ama o Pai. É assim que devemos amar a Deus; e, a melhor forma de amá-lo é repudiando todo pecado.
Os Dez Mandamentos são a salvaguarda contra o pecado. Por isso o primeiro compromisso de quem almeja a santidade deve ser o compromisso de viver, na íntegra, os Mandamentos. Diante da gravidade do pecado, o autor da Carta aos Hebreus chega a dizer aos cristãos: “Ainda não resististes até ao sangue na luta contra o pecado” (Hb 12,4). Nesta luta, justifica-se chegar até ao sangue, se for preciso, como Jesus o fez.
Prof. Felipe Aquino
Meditando o Pai Nosso
“A oração dominical (Pai-Nosso) é a mais perfeita das orações. Nela não só pedimos tudo quanto podemos desejar corretamente, mas ainda segundo a ordem em quem convém deseja-lo. De modo que esta oração, não só nos ensina a pedir, mas ordena também todos os nossos afetos”. S. Tomás de Aquino
De pecadores que somos, mas perdoados em Cristo, podemos levantar os olhos para o Pai e dizer “Pai Nosso!” A “Oração perfeita” brotou do coração de Jesus quando um dos discípulos pediu-lhe que os ensinassem a rezar (Lc 11,1). São pedidos perfeitos ao Pai. Saudamos a Deus como Pai – uma ousadia de amor – e lhe fazemos três pedidos para a Sua Glória e realização de Sua Santa Vontade, e mais quatro pedidos para nossas necessidades.
Santo Agostinho disse que o Pai Nosso é a síntese do Evangelho: “Percorrei todas as orações que se encontram nas Escrituras, e eu não creio que possais encontrar nelas algo que não esteja incluído na Oração do Senhor.” De um lado Jesus nos ensina uma “vida nova”, por palavras, e por outro lado nos ensina a pedi-la ao Pai na oração, para a podermos viver.
É a oração dos filhos de Deus, que deve ser rezada com o coração, na intimidade com o Pai, para que se torne em nos “espirito e vida”; pois o Pai enviou aos nossos corações o Espirito do Seu Filho que clama em nós Abba, Pai. (Gal 4,6), e nos fez seus filhos adotivos em Jesus Cristo.
O Catecismo diz que “A oração dominical é a mais perfeita das orações… Nela, não só pedimos tudo quanto podemos desejar corretamente, mas ainda segundo a ordem, em que convém deseja-lo. De modo que esta oração não só nos ensina a pedir mas ordena também todos os nossos afetos” (n.2363).
No Pai Nosso Jesus revela que conhece as nossas necessidades e as revela a nós. É uma oração da comunidade, pois não dizemos “Meu Pai”, mas “Pai Nosso”.
É Jesus quem nos dá a ousadia de chamar Deus de Pai, porque só Ele, “depois de ter realizado a purificação dos pecados (Hb 1,3), pode nos introduzir diante da face do Pai: “Eis me aqui com os filhos que Deus me deu” (Hb 2,13). Chamar a Deus de Pai é a oração do Espírito Santo em nós. “Não recebestes um espírito de escravidão para viverdes ainda no temor, mas recebestes o espírito de adoção pelo qual clamamos: Abba! Pai! O Espírito mesmo dá testemunho ao nosso espírito de que somos filhos de Deus” (Rom 8,15-16). Isto nos leva a ter diante do Pai um simplicidade sem rodeios, uma confiança filial, uma segurança jovial e uma audácia humilde, porque tem certeza de ser amado” (cf. Cat. 2778).
Quem é o Pai? Jesus disse que “ninguém conhece o Pai senão o Filho e a quem o Filho quiser revelar” (Mt 11,27); especialmente aos pequeninos (Mt 11,25).
Orar ao Pai é entrar no seu mistério, como Ele é, como Jesus o revelou. A glória de Deus é que nós o reconheçamos como Pai. Demos-lhe graças por nos ter revelado isso e ter-nos concedido, crer Nele e por sermos habitados por Ele (1 Cor 3,16). Ele nos fez renascer para a Sua vida, adotando-nos como filhos em Jesus Cristo – “filhos no Filho” – pelo Batismo. Assim nos incorporou no Corpo do Seu Filho e pela Unção do Espírito Santo nos fez de nós cristãos. Por isso podemos chamar Deus de Pai. Pode haver alegria e honra maiores? Isto exige de nós uma atitude de filhos, e não de escravos ou mercenários.
São Cipriano de Cartago (210-258), no seu Tratado sobre a Oração do Senhor, diz:
“O homem novo, renascido e, por graça, restituído a seu Deus, diz, em primeiro lugar, Pai!, porque já começou a ser filho. “Veio ao que era seu e os seus não o receberam. A todos aqueles que o receberam, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus, aqueles que creem em seu nome.” (Jo 1,12). Quem, portanto, crê em seu nome e se fez filho de Deus, deve começar por aqui, isto é, por dar graças e por confessar-se filho de Deus ao declarar ser Deus o seu Pai nos céus.”
Prof. Felipe Aquino
A multiplicação dos pães: milagre ou simples partilha?
Em
síntese: O episódio da multiplicação dos pães (Mt 14, 13-21) tem sido
ultimamente apregoado não como um feito milagroso de Jesus, mas como a
simples partilha dos farnéis existentes na multidão. Tal interpretação
não somente não corresponde aos dizeres do texto, mas não é aceita pelos
bons exegetas em geral. Trata-se de um fato histórico milagroso, que
os evangelistas descrevem como sinal do pão eucarístico e da bonança
prometida pelos Profetas para o Reino messiânico.
Na pregação do Evangelho, ouve-se dizer que a multiplicação dos pães não foi um milagre, mas partilha do pão existente no farnel dos ouvintes de Jesus. Visto que tal interpretação tem causado perplexidade, ser-lhe-ão dedicadas as considerações seguintes.
1. Milagre ou partilha?
Antes do mais, é de notar que o episódio foi muito caro aos antigos. Mateus e Marcos o narram duas vezes; cf. Mt 14,13-21; 15, 29-39 e Mc 6, 30-40; 8, 1-18. São Lucas o refere uma só vez; cf. Lc 9, 10-17. São João também; cf. Jo 6,1-13. Os exegetas atualmente julgam que em Mt e Mc há duplicata do relato do fato, embora leves diferenças existam entre a primeira e a segunda narrativas; trata-se de duas tradições a referir o mesmo feito de Jesus.
Pergunta-se agora: que houve realmente no episódio em foco?
A interpretação tradicional e amplamente majoritária afirma ter havido um milagre: com poucos pães e peixes Jesus saciou milhares de homens. Recentemente começou-se a dizer que não houve milagre, mas Jesus ordenou que os seus ouvintes repartissem entre si as provisões que haviam levado. Tal interpretação carece de fundamento no texto e o violenta, pois o evangelista faz observar que nada havia para comer entre a multidão.
“Chegada a tarde, aproximaram-se dele os seus discípulos, dizendo: “O lugar é deserto e a hora já está avançada. Despede as multidões para que vão aos povoados comprar alimento para si”. Mas Jesus lhes disse: “Não é preciso que vão embora. Dai-lhes vós mesmos de comer”. Ao que os discípulos responderam: “Só temos aqui cinco pães e dois peixes”.
Jesus então interveio, multiplicando os pães.
O caráter milagroso do episódio é mais realçado na segunda narrativa. Com efeito; a secção de Mt 15, 29-39 segue-se a um milagre de Jesus: a cura da filha da mulher Cananeia (Mt 15, 21-28) e a uma declaração sobre a atividade taumatúrgica de Jesus:
“Vieram até ele numerosas multidões, trazendo coxos, cegos, aleijados, mudos e muitos outros e os puseram a seus pés e ele os curou, de sorte que as multidões ficaram espantadas… E renderam glória ao Deus de Israel” (Mt 15, 29-31).
Jesus mesmo diz logo a seguir:
“Tenho compaixão da multidão, porque já faz três dias que está comigo e não tem o que comer. Não quero despedi-la em jejum, de modo que possa desfalecer pelo caminho”.
Na base destas averiguações, não pode restar dúvida de que se trata de um fato histórico e milagroso em Mt 14, 21-32 e paralelos.
Vejamos algumas peculiaridades da narrativa.
2. Particularidades literárias
O relato da multiplicação dos pães nos quatro Evangelhos não pode deixar de lembrar ao leitor certos antecedentes do Antigo Testamento:
Em 2Rs 4, 42-44 lê-se o seguinte: “Veio um homem de Baal-Salisa e trouxe para o homem de Deus pão das primícias, vinte pães de cevada e trigo novo em espiga. Eliseu ordenou: “Oferece a essa gente para que coma”. Mas o servo respondeu: “Como hei de servir isso para cem pessoas?”. Ele repetiu: “Oferece a essa gente para que coma, pois assim falou o Senhor: “Comerão e ainda sobrará”. Serviu-lhes, eles comeram e ainda sobrou segundo a palavra do Senhor”.
Verifica-se que a estrutura literária é a mesma que em Mt 14, 13-21; são levados a Eliseu alguns pães; o Profeta ordena a seu servo (discípulo) que sacie cem homens; o servo aponta a impossibilidade (como os Apóstolos). Eliseu ignora a objeção e, confiado na Palavra de Deus, manda distribuir o pão. Ficam sobras, como no relato evangélico.
Em Ex 16, 1-36 e Nm 11, 4-9 é narrada a entrega do maná ao povo no deserto, entrega à qual Jesus faz alusão ao prometer o pão eucarístico; cf. Jo 6, 49.
Tais episódios do Antigo e do Novo Testamento não referem apenas uma refeição humana, mas têm significado transcendental: querem dizer que Deus acompanha, ontem e hoje, seu povo peregrino e lhe oferece os subsídios necessários para que supere os obstáculos da caminhada e chegue certeiramente ao termo almejado, que é a vida eterna.
O relato evangélico faz alusões também à Eucaristia, o viático por excelência. Assim
Mt 14, 15: “Ao entardecer” em grego é a fórmula com que é introduzido o relato da última ceia;
Mt 14, 19: “tomou os pães”, “levantou os olhos para o céu”, “abençoou”, “partiu”, “deu aos discípulos” são expressões da última ceia e da posterior celebração eucarística.
Mt 14, 20: a grande quantidade de pão assim doada lembra a fartura prometida pelos Profetas para os tempos messiânicos; cf. Os 14, 8; Is 49, 10; 55, 1…
O recolher os fragmentos que sobram, é usual na celebração eucarística.
Em suma, a ceia de viandantes proporcionada pelo Senhor ao seu povo é prenúncio da ceia plena ou do banquete celeste, símbolo da bem-aventurança definitiva. É neste contexto que há de ser lida a secção de Mt 14, 13-21 e paralelos; na intenção dos evangelistas, ela quer significar o Dom supremo de Deus ao homem, que é o encontro face-a-face na bem-aventurança celeste.
Revista “PERGUNTE E RESPONDEREMOS”
D. Estevão Bettencourt, osb
Revista nº 479, Ano 2002, Pág. 191.
Na pregação do Evangelho, ouve-se dizer que a multiplicação dos pães não foi um milagre, mas partilha do pão existente no farnel dos ouvintes de Jesus. Visto que tal interpretação tem causado perplexidade, ser-lhe-ão dedicadas as considerações seguintes.
1. Milagre ou partilha?
Antes do mais, é de notar que o episódio foi muito caro aos antigos. Mateus e Marcos o narram duas vezes; cf. Mt 14,13-21; 15, 29-39 e Mc 6, 30-40; 8, 1-18. São Lucas o refere uma só vez; cf. Lc 9, 10-17. São João também; cf. Jo 6,1-13. Os exegetas atualmente julgam que em Mt e Mc há duplicata do relato do fato, embora leves diferenças existam entre a primeira e a segunda narrativas; trata-se de duas tradições a referir o mesmo feito de Jesus.
Pergunta-se agora: que houve realmente no episódio em foco?
A interpretação tradicional e amplamente majoritária afirma ter havido um milagre: com poucos pães e peixes Jesus saciou milhares de homens. Recentemente começou-se a dizer que não houve milagre, mas Jesus ordenou que os seus ouvintes repartissem entre si as provisões que haviam levado. Tal interpretação carece de fundamento no texto e o violenta, pois o evangelista faz observar que nada havia para comer entre a multidão.
“Chegada a tarde, aproximaram-se dele os seus discípulos, dizendo: “O lugar é deserto e a hora já está avançada. Despede as multidões para que vão aos povoados comprar alimento para si”. Mas Jesus lhes disse: “Não é preciso que vão embora. Dai-lhes vós mesmos de comer”. Ao que os discípulos responderam: “Só temos aqui cinco pães e dois peixes”.
Jesus então interveio, multiplicando os pães.
O caráter milagroso do episódio é mais realçado na segunda narrativa. Com efeito; a secção de Mt 15, 29-39 segue-se a um milagre de Jesus: a cura da filha da mulher Cananeia (Mt 15, 21-28) e a uma declaração sobre a atividade taumatúrgica de Jesus:
“Vieram até ele numerosas multidões, trazendo coxos, cegos, aleijados, mudos e muitos outros e os puseram a seus pés e ele os curou, de sorte que as multidões ficaram espantadas… E renderam glória ao Deus de Israel” (Mt 15, 29-31).
Jesus mesmo diz logo a seguir:
“Tenho compaixão da multidão, porque já faz três dias que está comigo e não tem o que comer. Não quero despedi-la em jejum, de modo que possa desfalecer pelo caminho”.
Na base destas averiguações, não pode restar dúvida de que se trata de um fato histórico e milagroso em Mt 14, 21-32 e paralelos.
Vejamos algumas peculiaridades da narrativa.
2. Particularidades literárias
O relato da multiplicação dos pães nos quatro Evangelhos não pode deixar de lembrar ao leitor certos antecedentes do Antigo Testamento:
Em 2Rs 4, 42-44 lê-se o seguinte: “Veio um homem de Baal-Salisa e trouxe para o homem de Deus pão das primícias, vinte pães de cevada e trigo novo em espiga. Eliseu ordenou: “Oferece a essa gente para que coma”. Mas o servo respondeu: “Como hei de servir isso para cem pessoas?”. Ele repetiu: “Oferece a essa gente para que coma, pois assim falou o Senhor: “Comerão e ainda sobrará”. Serviu-lhes, eles comeram e ainda sobrou segundo a palavra do Senhor”.
Verifica-se que a estrutura literária é a mesma que em Mt 14, 13-21; são levados a Eliseu alguns pães; o Profeta ordena a seu servo (discípulo) que sacie cem homens; o servo aponta a impossibilidade (como os Apóstolos). Eliseu ignora a objeção e, confiado na Palavra de Deus, manda distribuir o pão. Ficam sobras, como no relato evangélico.
Em Ex 16, 1-36 e Nm 11, 4-9 é narrada a entrega do maná ao povo no deserto, entrega à qual Jesus faz alusão ao prometer o pão eucarístico; cf. Jo 6, 49.
Tais episódios do Antigo e do Novo Testamento não referem apenas uma refeição humana, mas têm significado transcendental: querem dizer que Deus acompanha, ontem e hoje, seu povo peregrino e lhe oferece os subsídios necessários para que supere os obstáculos da caminhada e chegue certeiramente ao termo almejado, que é a vida eterna.
O relato evangélico faz alusões também à Eucaristia, o viático por excelência. Assim
Mt 14, 15: “Ao entardecer” em grego é a fórmula com que é introduzido o relato da última ceia;
Mt 14, 19: “tomou os pães”, “levantou os olhos para o céu”, “abençoou”, “partiu”, “deu aos discípulos” são expressões da última ceia e da posterior celebração eucarística.
Mt 14, 20: a grande quantidade de pão assim doada lembra a fartura prometida pelos Profetas para os tempos messiânicos; cf. Os 14, 8; Is 49, 10; 55, 1…
O recolher os fragmentos que sobram, é usual na celebração eucarística.
Em suma, a ceia de viandantes proporcionada pelo Senhor ao seu povo é prenúncio da ceia plena ou do banquete celeste, símbolo da bem-aventurança definitiva. É neste contexto que há de ser lida a secção de Mt 14, 13-21 e paralelos; na intenção dos evangelistas, ela quer significar o Dom supremo de Deus ao homem, que é o encontro face-a-face na bem-aventurança celeste.
Revista “PERGUNTE E RESPONDEREMOS”
D. Estevão Bettencourt, osb
Revista nº 479, Ano 2002, Pág. 191.
“Pai-Nosso”: Deus é nosso Pai!
“Oremos,
portanto caríssimos irmãos, como Deus, o nosso Mestre, nos ensinou! É
uma oração familiar e íntima quando oramos a Deus com aquilo que é Seu,
quando fazemos elevar aos Seus ouvidos a oração de Cristo. Possa o Pai
reconhecer as palavras do Seu Filho quando dissermos a oração!…
Reconheçamos que estamos diante do Seu olhar!”. São Cipriano de Cartago
Jesus revelou-nos algo maravilhoso: Deus é nosso Pai! Não é patrão e juiz. Deus é o Seu Pai e o Pai dos cristãos, dos irmãos que o Pai Nele adotou pelo batismo. São Paulo usa a expressão “Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo” (Rm 15,6; 2Cor 1,3; 11,31; Ef 1,13; Cl 1,3). Jesus diz “Meu Pai e vosso Pai” (Jo 20,17; Mt 7,21; Mt 5,16).
Jesus é muito claro nos Evangelhos a mostrar a sua filiação a Deus Pai (Lc 2,49; Mc 13,32). Ele declara-se “o enviado do Pai” (Jo 3,17.34; 5,23.36.37; 6,44,57 etc…); afirma que sua pregação são palavras do Pai (Jo 3,34; 12,49-50; 14,10) e dão testemunhos do Pai (Jo 5,19.36;9,4).
As orações de Jesus começam com “Pai”; para louvar (Mt 11,25-26), na invocação durante a agonia no Getsêmani (Mt 26,39.42), na súplica na Cruz (Lc 23,34.36).
Jesus se dirige a Deus com a expressão carinhosa “Abba” (Papai, meu Pai) (Mc 14,16). É uma linguagem usada pelas crianças na família. Ao chamar Deus de “Abba”, Jesus demonstrou o relacionamento intimo entre Ele e Deus, a familiaridade, a fidelidade, o respeito, a disposição que Ele possui de servir o Pai e fazer sua vontade. Os judeus antigos nunca ousaram chamar a Deus de Pai, “Abba”.
Deus nos criou à imagem de Seu Filho, e quer que sejamos semelhantes a Ele; tanto que ele tornou-se o primogênito de todos os irmãos e irmãs (Rm 8,29), e colocou em nossos corações o Espírito de Seu Filho que clama: Abba, Pai (Gl 4,6).
Deus nos escolheu para sermos Seus filhos adotivos através de Jesus Cristo (Ef 1,6). O Espírito Santo testemunha ao nosso espírito que somos filhos de Deus (Rm 8,16) e nós que temos as primícias do Espírito, gememos interiormente, “esperando que a adoção como filhos, a redenção do nosso corpo” (Rm 8,23).
É pela fé e pelo batismo que nós tornamos filhos de Deus. “Vós todos sois filhos de Deus pela fé em Cristo Jesus” (Gl 3,26). “Mas a todos que o receberam deu o poder de se tornarem filhos de Deus: aos que creem em seu nome” (Jo 1,12). Assim, nos tornamos irmãos de Cristo, através de quem podemos dirigir-se a Deus como Pai “nosso”. Os catecúmenos na antiguidade não rezavam o Pai Nosso antes de serem batizados, na antiguidade.
Jesus, o primogênito entre muitos irmãos (Rm 8,29), chamou seus Apóstolos de irmãos (Mt 28,10, Jo 20,17).
Quando fazemos comunhão como Pai, fazemos também com Jesus e com o Espírito Santo, porque Deus é indivisível e consubstancial, uma só natureza. Portanto, quando adoramos o Pai, adoramos também a Jesus e ao Espírito Santo. A expressão Pai Nosso revela que a Igreja é a nova comunhão com Deus, unida ao Filho único, primogênito entre muitos irmãos (Rom 8,29). Infelizmente há muitas divisões entre os cristãos, mas Deus quer unir a todos debaixo de “um só rebanho e um só Pastor” (Jo 10,16). Se o Pai é único, a família tem que ser uma só e unida.
Rezar o Pai Nosso exige de nós sairmos do individualismo; não podemos excluir ninguém. Precisamos nos sentir unidos a toda a Igreja no mundo todo, pois somos todos irmãos. É toda a realidade do Corpo Místico de Cristo. “Vós sois o corpo de Cristo, e cada um de sua parte é um dos seus membros” (1 Cor 12,27).
Quanto mais os homens se afastam de Deus Pai, de Cristo e da Igreja, mais se tornam individualistas e egoístas, e mais se dividem, fazem guerras, e não se ajudam mutuamente. Há fome no mundo e muitas outras carências, porque falta a consciência de que temos um mesmo Pai e somos todos irmãos. Sabemos que hoje sobra alimento no mundo, o desperdício é enorme, e, no entanto, muitos passam fome. A fome humana é gerada na fome de Deus.
Somente quando toda a humanidade rezar de coração aberto e consciente, o Pai Nosso, poderá haver paz no mundo, comida para todos, alimento, casa, educação e fraternidade verdadeira. Por isso Jesus insistiu tanto em nos ensinar a chamar Deus de Pai Nosso.
Prof. Felipe Aquino
Jesus revelou-nos algo maravilhoso: Deus é nosso Pai! Não é patrão e juiz. Deus é o Seu Pai e o Pai dos cristãos, dos irmãos que o Pai Nele adotou pelo batismo. São Paulo usa a expressão “Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo” (Rm 15,6; 2Cor 1,3; 11,31; Ef 1,13; Cl 1,3). Jesus diz “Meu Pai e vosso Pai” (Jo 20,17; Mt 7,21; Mt 5,16).
Jesus é muito claro nos Evangelhos a mostrar a sua filiação a Deus Pai (Lc 2,49; Mc 13,32). Ele declara-se “o enviado do Pai” (Jo 3,17.34; 5,23.36.37; 6,44,57 etc…); afirma que sua pregação são palavras do Pai (Jo 3,34; 12,49-50; 14,10) e dão testemunhos do Pai (Jo 5,19.36;9,4).
As orações de Jesus começam com “Pai”; para louvar (Mt 11,25-26), na invocação durante a agonia no Getsêmani (Mt 26,39.42), na súplica na Cruz (Lc 23,34.36).
Jesus se dirige a Deus com a expressão carinhosa “Abba” (Papai, meu Pai) (Mc 14,16). É uma linguagem usada pelas crianças na família. Ao chamar Deus de “Abba”, Jesus demonstrou o relacionamento intimo entre Ele e Deus, a familiaridade, a fidelidade, o respeito, a disposição que Ele possui de servir o Pai e fazer sua vontade. Os judeus antigos nunca ousaram chamar a Deus de Pai, “Abba”.
Deus nos criou à imagem de Seu Filho, e quer que sejamos semelhantes a Ele; tanto que ele tornou-se o primogênito de todos os irmãos e irmãs (Rm 8,29), e colocou em nossos corações o Espírito de Seu Filho que clama: Abba, Pai (Gl 4,6).
Deus nos escolheu para sermos Seus filhos adotivos através de Jesus Cristo (Ef 1,6). O Espírito Santo testemunha ao nosso espírito que somos filhos de Deus (Rm 8,16) e nós que temos as primícias do Espírito, gememos interiormente, “esperando que a adoção como filhos, a redenção do nosso corpo” (Rm 8,23).
É pela fé e pelo batismo que nós tornamos filhos de Deus. “Vós todos sois filhos de Deus pela fé em Cristo Jesus” (Gl 3,26). “Mas a todos que o receberam deu o poder de se tornarem filhos de Deus: aos que creem em seu nome” (Jo 1,12). Assim, nos tornamos irmãos de Cristo, através de quem podemos dirigir-se a Deus como Pai “nosso”. Os catecúmenos na antiguidade não rezavam o Pai Nosso antes de serem batizados, na antiguidade.
Jesus, o primogênito entre muitos irmãos (Rm 8,29), chamou seus Apóstolos de irmãos (Mt 28,10, Jo 20,17).
Quando fazemos comunhão como Pai, fazemos também com Jesus e com o Espírito Santo, porque Deus é indivisível e consubstancial, uma só natureza. Portanto, quando adoramos o Pai, adoramos também a Jesus e ao Espírito Santo. A expressão Pai Nosso revela que a Igreja é a nova comunhão com Deus, unida ao Filho único, primogênito entre muitos irmãos (Rom 8,29). Infelizmente há muitas divisões entre os cristãos, mas Deus quer unir a todos debaixo de “um só rebanho e um só Pastor” (Jo 10,16). Se o Pai é único, a família tem que ser uma só e unida.
Rezar o Pai Nosso exige de nós sairmos do individualismo; não podemos excluir ninguém. Precisamos nos sentir unidos a toda a Igreja no mundo todo, pois somos todos irmãos. É toda a realidade do Corpo Místico de Cristo. “Vós sois o corpo de Cristo, e cada um de sua parte é um dos seus membros” (1 Cor 12,27).
Quanto mais os homens se afastam de Deus Pai, de Cristo e da Igreja, mais se tornam individualistas e egoístas, e mais se dividem, fazem guerras, e não se ajudam mutuamente. Há fome no mundo e muitas outras carências, porque falta a consciência de que temos um mesmo Pai e somos todos irmãos. Sabemos que hoje sobra alimento no mundo, o desperdício é enorme, e, no entanto, muitos passam fome. A fome humana é gerada na fome de Deus.
Somente quando toda a humanidade rezar de coração aberto e consciente, o Pai Nosso, poderá haver paz no mundo, comida para todos, alimento, casa, educação e fraternidade verdadeira. Por isso Jesus insistiu tanto em nos ensinar a chamar Deus de Pai Nosso.
Prof. Felipe Aquino
Apresentação de Jesus no Templo
“Vós
sois o sal da terra… Vós sois a luz do mundo… Brilhe a vossa luz diante
dos homens para que, vendo as vossas boas obras, glorifiquem o vosso
Pai que está nos céus.” (Mt 5, 13-16)
A Igreja nos revela com clareza o sentido profundo da Apresentação de Jesus no Templo de Jerusalém, algo que era previsto para todo primogênito do sexo masculino. O menino era consagrado a Deus, mas para leva-lo de volta para casa os pais deviam deixar como que um “resgate”, um boi, uma ovelha ou um casal de pombos para os pobres. Os pais de Jesus pagaram também esse resgate, mas sabiam que era só por um pouco de tempo, pois esse Menino seria o Messias de Deus, o enviado para salvar a humanidade. Ele só voltaria ao mundo para salvar o mundo.
A apresentação de Jesus no Templo mostra-o como o Primogênito pertencente ao Senhor. Com Simeão e Ana, é toda a espera de Israel que vem ao encontro de seu Salvador. Jesus é reconhecido como o Messias tão esperado, “Luz das nações” e “Glória de Israel”, mas também “sinal de contradição”. A espada de dor predita a Maria anuncia esta outra oblação, perfeita e única, da Cruz, que dará a salvação que Deus “preparou diante de todos os povos”. (§ 529)
Vemos ai o destino messiânico de Jesus. “Quando se cumpriu o tempo da sua purificação, segundo a lei de Moisés, levaram-no a Jerusalém para O apresentarem ao Senhor, conforme está escrito na lei de Deus: Todo o primogênito varão será consagrado ao Senhor e para oferecerem em sacrifício, como se diz na lei do Senhor, um par de rolas ou duas pombinhas” (Lc. 2, 22-24).
Maria e José obedecem a vontade de Deus, de maneira simples e oculta. Na Casa do Senhor, o Filho de Deus humanado é consagrado a Seu Pai. Ele é o verdadeiro Cordeiro, que vai “tirar o pecado do mundo” (Jo 1,29).
Neste dia fazia-se também a “purificação” da mãe, após o parto, prescrita pela lei. Não se tratava de purificar a consciência de Nossa Senhora, Virgem Imaculada, de alguma mancha de pecado, mas somente de readquirir a pureza ritual. Segundo as ideias do tempo, a mulher era atingida pelo simples fato do parto, sem que houvesse alguma culpa.
No Templo José e Maria encontram-se com Simeão, “homem justo piedoso, que esperava a consolação de Israel” (Lc. 2, 25). “O Espírito Santo estava nele” e “tinha-lhe revelado que não morreria antes de ter visto o Messias do Senhor” (2, 26). Simeão, “impelido pelo Espírito” (Lc. 2, 27), tomando o Menino nos braços, bendiz a Deus: “Agora, Senhor, podes deixar o Teu servo partir em paz, segundo a Tua palavra” (Lc. 2, 29).
Neste momento da Apresentação do Senhor, temos o encontro da “esperança de Israel com o Messias esperado” há tanto tempo e anunciado pelos profetas. A entrega do Menino por Maria a Simeão, simboliza a entrega do Filho de Deus aos homens pela Mãe. De Eva veio o pecado, de Maria, da Mãe a salvação.
E Simeão faz referência à profecia do “Servo de Javé”. A Ele o Senhor diz: “Formei-Te e designei-Te como aliança do povo e luz das nações” (Is. 42, 6). E ainda: “Vou fazer de ti luz das nações, a fim de que a Minha salvação chegue até aos confins da terra” (Is. 49, 6). “Os meus olhos viram a Salvação, que preparaste em favor de todos os povos: Luz para iluminar as nações e glória de Israel, Teu povo” (Lc. 2, 30-32).
José e Maria estavam admirados “com o que se dizia d’Ele” (Lc. 2, 23), e compreendem a importância do seu gesto de oferta: no Templo de Jerusalém apresentam Aquele que, sendo a glória do Seu povo, é também a salvação da humanidade inteira.
De modo especial hoje é dia dos Consagrados a Deus, todos aqueles que de uma forma ou de outra colocaram Deus como o centro da vida, deixaram as coisas do mundo e suas consolações, para servir ao Senhor, sem olhar para trás, como disse Jesus: “Aquele que põe a mão no arado e olha para trás, não é apto para o Reino de Deus.” (Lc 9, 62). É o dia de renovar esse voto tão difícil e suplicar a graça de Deus.
Não só os sacerdotes e religiosos, consagrados oficialmente pela Igreja, devem fazer hoje a sua consagração, mas todos os cristãos, pois, pelo Batismo, somos todos “consagrados” ao Senhor. Somos todos ovelhas do seu rebanho, “discípulos e missionários”. Os casados se consagram na “igreja doméstica”, na fidelidade ao cônjuge, no esmero da educação dos filhos e no serviço do Reino de Deus. São sacerdotes do lar, de onde nascem e se formam os filhos de Deus para um dia habitarem o céu.
Hoje é dia de acolher o Menino em nossos braços como Simeão, e mais ainda em nossos corações, para que ai Ele viva e nos forme em nós a Sua bela imagem.
Não podemos esquecer que Simeão disse que Aquele Menino era colocado no mundo como “Sinal de contradição”; por isso foi eliminado pelos homens. O Papa Bento XVI disse que hoje devemos estar preparados para enfrentar um novo tipo de martírio: o “martírio da ridicularização”. “Ele veio para os que eram seus, mas os seus não o receberam” (Jo 1,11). Esta realidade continua ainda hoje, e perdurará até Jesus voltar. A Sua Luz brilha nas trevas, mas as trevas a rejeitam. Ser consagrado ao Senhor é ser luz para o mundo, como a Lua que reflete a luz do Sol sobre a terra.
Ser consagrado é ser todo de Deus, viver para Deus, mesmo no mundo, deixar-se guiar por Deus a cada momento, ter o coração em Deus. Como disse São Paulo: “Tudo o que fizerdes, fazei de bom coração, não para os homens, mas para o Senhor”. (Col 3,23)
Prof. Felipe Aquino
A Igreja nos revela com clareza o sentido profundo da Apresentação de Jesus no Templo de Jerusalém, algo que era previsto para todo primogênito do sexo masculino. O menino era consagrado a Deus, mas para leva-lo de volta para casa os pais deviam deixar como que um “resgate”, um boi, uma ovelha ou um casal de pombos para os pobres. Os pais de Jesus pagaram também esse resgate, mas sabiam que era só por um pouco de tempo, pois esse Menino seria o Messias de Deus, o enviado para salvar a humanidade. Ele só voltaria ao mundo para salvar o mundo.
A apresentação de Jesus no Templo mostra-o como o Primogênito pertencente ao Senhor. Com Simeão e Ana, é toda a espera de Israel que vem ao encontro de seu Salvador. Jesus é reconhecido como o Messias tão esperado, “Luz das nações” e “Glória de Israel”, mas também “sinal de contradição”. A espada de dor predita a Maria anuncia esta outra oblação, perfeita e única, da Cruz, que dará a salvação que Deus “preparou diante de todos os povos”. (§ 529)
Vemos ai o destino messiânico de Jesus. “Quando se cumpriu o tempo da sua purificação, segundo a lei de Moisés, levaram-no a Jerusalém para O apresentarem ao Senhor, conforme está escrito na lei de Deus: Todo o primogênito varão será consagrado ao Senhor e para oferecerem em sacrifício, como se diz na lei do Senhor, um par de rolas ou duas pombinhas” (Lc. 2, 22-24).
Maria e José obedecem a vontade de Deus, de maneira simples e oculta. Na Casa do Senhor, o Filho de Deus humanado é consagrado a Seu Pai. Ele é o verdadeiro Cordeiro, que vai “tirar o pecado do mundo” (Jo 1,29).
Neste dia fazia-se também a “purificação” da mãe, após o parto, prescrita pela lei. Não se tratava de purificar a consciência de Nossa Senhora, Virgem Imaculada, de alguma mancha de pecado, mas somente de readquirir a pureza ritual. Segundo as ideias do tempo, a mulher era atingida pelo simples fato do parto, sem que houvesse alguma culpa.
No Templo José e Maria encontram-se com Simeão, “homem justo piedoso, que esperava a consolação de Israel” (Lc. 2, 25). “O Espírito Santo estava nele” e “tinha-lhe revelado que não morreria antes de ter visto o Messias do Senhor” (2, 26). Simeão, “impelido pelo Espírito” (Lc. 2, 27), tomando o Menino nos braços, bendiz a Deus: “Agora, Senhor, podes deixar o Teu servo partir em paz, segundo a Tua palavra” (Lc. 2, 29).
Neste momento da Apresentação do Senhor, temos o encontro da “esperança de Israel com o Messias esperado” há tanto tempo e anunciado pelos profetas. A entrega do Menino por Maria a Simeão, simboliza a entrega do Filho de Deus aos homens pela Mãe. De Eva veio o pecado, de Maria, da Mãe a salvação.
E Simeão faz referência à profecia do “Servo de Javé”. A Ele o Senhor diz: “Formei-Te e designei-Te como aliança do povo e luz das nações” (Is. 42, 6). E ainda: “Vou fazer de ti luz das nações, a fim de que a Minha salvação chegue até aos confins da terra” (Is. 49, 6). “Os meus olhos viram a Salvação, que preparaste em favor de todos os povos: Luz para iluminar as nações e glória de Israel, Teu povo” (Lc. 2, 30-32).
José e Maria estavam admirados “com o que se dizia d’Ele” (Lc. 2, 23), e compreendem a importância do seu gesto de oferta: no Templo de Jerusalém apresentam Aquele que, sendo a glória do Seu povo, é também a salvação da humanidade inteira.
De modo especial hoje é dia dos Consagrados a Deus, todos aqueles que de uma forma ou de outra colocaram Deus como o centro da vida, deixaram as coisas do mundo e suas consolações, para servir ao Senhor, sem olhar para trás, como disse Jesus: “Aquele que põe a mão no arado e olha para trás, não é apto para o Reino de Deus.” (Lc 9, 62). É o dia de renovar esse voto tão difícil e suplicar a graça de Deus.
Não só os sacerdotes e religiosos, consagrados oficialmente pela Igreja, devem fazer hoje a sua consagração, mas todos os cristãos, pois, pelo Batismo, somos todos “consagrados” ao Senhor. Somos todos ovelhas do seu rebanho, “discípulos e missionários”. Os casados se consagram na “igreja doméstica”, na fidelidade ao cônjuge, no esmero da educação dos filhos e no serviço do Reino de Deus. São sacerdotes do lar, de onde nascem e se formam os filhos de Deus para um dia habitarem o céu.
Hoje é dia de acolher o Menino em nossos braços como Simeão, e mais ainda em nossos corações, para que ai Ele viva e nos forme em nós a Sua bela imagem.
Não podemos esquecer que Simeão disse que Aquele Menino era colocado no mundo como “Sinal de contradição”; por isso foi eliminado pelos homens. O Papa Bento XVI disse que hoje devemos estar preparados para enfrentar um novo tipo de martírio: o “martírio da ridicularização”. “Ele veio para os que eram seus, mas os seus não o receberam” (Jo 1,11). Esta realidade continua ainda hoje, e perdurará até Jesus voltar. A Sua Luz brilha nas trevas, mas as trevas a rejeitam. Ser consagrado ao Senhor é ser luz para o mundo, como a Lua que reflete a luz do Sol sobre a terra.
Ser consagrado é ser todo de Deus, viver para Deus, mesmo no mundo, deixar-se guiar por Deus a cada momento, ter o coração em Deus. Como disse São Paulo: “Tudo o que fizerdes, fazei de bom coração, não para os homens, mas para o Senhor”. (Col 3,23)
Prof. Felipe Aquino
A importância de se amar a Liturgia
Não
se ama o que não se conhece. Podemos dizer que esta acaba sendo uma
verdade dificilmente contestada, especialmente em relação ao assunto que
estamos tratando: a Sagrada Liturgia. Só poderemos amar,
verdadeiramente, a Santa Liturgia se a conhecermos.
Quando vamos a Santa Missa, devemos lembrar-nos que não estamos apenas em uma reunião fraterna que acontece uma vez na semana. Por mais que este quesito esteja incluído na Liturgia, ela o ultrapassa de forma exponencial.
O Catecismo da Igreja Católica é bastante claro ao definir a Liturgia Eucarística como algo sublime e divino: “A Eucaristia é ‘fonte e ápice de toda a vida cristã’; ‘Os demais sacramentos, assim como todos os mistérios eclesiásticos e tarefas apostólicas se ligam à sagrada Eucaristia e a ela se ordenam. Pois a santíssima Eucaristia contém todo o bem espiritual da Igreja, a saber, o próprio Cristo, nossa Páscoa’”. Quando participamos da Santa Missa estamos aos pés do Calvário, com Maria Santíssima, participando ativamente do Único Sacrifício Redentor de Cristo. Da mesma forma, na Santa Missa estamos juntos ao Senhor Ressuscitado, vencedor da morte, que reconciliou o mundo com Deus e nos concedeu a vida plena e em abundância. É na Santa Missa que nos apresentamos frente ao Emanuel (Cf. Is 7, 14 e Mt 1, 23), o Deus Conosco, que antes de partir para os Céus deu-se em alimento para seus Discípulos mandando que repetissem sempre o mesmo gesto “em memória de mim” (Lc 22, 19).
A Santa Missa é Banquete, porque comungamos do Corpo e Sangue do Senhor, mas é também o mesmo Sacrifício da Cruz onde nosso Senhor entregou-se em remissão dos pecados da humanidade como o cordeiro sem mancha que deveria ser oferecido na Páscoa judaica (cf. At 8, 32-33 e Is 53, 7s). Portanto, a Santa Missa é um grande Banquete Sacrifical, onde nos deparamos frente aos Santos Mistérios da Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor, onde nos encontramos com o Deus Vivo e Verdadeiro. Na Santa Eucaristia o Senhor Ressuscitado está verdadeiramente presente em Corpo, Sangue, Alma e Divindade! O pão e vinho são transubstanciados em Corpo e Sangue do Senhor! “É o Senhor” (cf. Jo 21, 7) entre nós! Na Santa Missa, vivenciamos os Santos Mistérios (Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor) e que grande Mistério vivemos na Santa Missa!
Quanto amor devemos ter a Santa Missa! Quanto amor devemos ter pela Santa Eucaristia! Se soubéssemos o quanto é grande o Mistério que se celebra, o tamanho da Obra Salvífica do Senhor, deveríamos arder de amor pelo Sacramento do Altar como os próprios Serafins! Por isso, com mais certeza ainda, devemos lembrar que o centro da Celebração não é o homem, mas o próprio Deus. Devemos proclamar sempre: a Igreja vive da Eucaristia! E isso implica em vários pontos.
Quis o Concílio Vaticano II que na Reforma Litúrgica: “As cerimônias resplandeçam de nobre simplicidade, sejam transparentes por sua brevidade e evitem as repetições inúteis, sejam acomodadas à compreensão dos fiéis e, em geral, não careçam de muitas explicações”. Assim, vemos a primeira e grande preocupação do Concílio: que os ritos falem por si mesmo, sem necessidade de muitas explicações.
Aqueles que estão envolvidos com a Liturgia, seja da forma que for, devem aprender a amá-la. Talvez esse deva ser o primeiro passo para ter-se uma Liturgia bem celebrada em nossas comunidades. Como amamos a Liturgia? Inicialmente conhecendo-a. Seguindo o que disse o então Cardeal Ratzinger, conhecer a Liturgia seria conhecer a Tradição viva e, se pensarmos assim, veremos que todos os ritos que existem na Liturgia têm raízes na mesma Tradição, uma raiz na História da Igreja, no desenvolvimento orgânico, logo gradual e crescente, da própria Liturgia. Devemos saber que raiz é essa e assim, mesmo os menores ritos, começarão a desdobrar-se em uma sequência de significados que, sem seu contexto histórico ou descolado da Tradição, não nos pareceria compreensível.
Diz-nos, de forma bastante inteligente, o conhecido autor americano Scott Hahn, aqui famoso pelo livro “O Banquete do Cordeiro”, prefaciando um livro de Mike Aquilina: “A Igreja possui sua memória e ela é chamada Liturgia. A Liturgia é a memória da Igreja. A Missa é o lugar onde a Tradição vive. (…) Na Missa, os cristãos são trazidos até aquele Único Sacrifício, que é eterno. (…) Na Missa, a Igreja conhece sua identidade e ensina-nos de modo mais concreto que em qualquer solene documento papal. O papa Pio XI declarou que a Liturgia é o órgão primário do Magistério ordinário da Igreja”.
Devemos lembrar que a Igreja é universal e a Liturgia deve demonstrar essa universalidade da fé católica. Celebrar de modo uniforme, como pede a Igreja, não é uma forma de tornar o sacerdote uma máquina de celebrar, ou os Mestres de Cerimônias apenas mestres na arte de pesquisarem normas litúrgicas em livros que poucos conhecem e estão escondidos em escuros corredores de bibliotecas, ao contrário! Celebrar como pede a Igreja é demonstrar respeito a nossas raízes cristãs, as gerações que vieram antes de nós e a união que temos com todos os católicos do mundo inteiro.
FONTE: ENTRAREI NO ALTAR DE DEUS – Cerimonial da Sagrada Liturgia (Volume I) – Michel Pagiossi Silva – Editora Vivens
Quando vamos a Santa Missa, devemos lembrar-nos que não estamos apenas em uma reunião fraterna que acontece uma vez na semana. Por mais que este quesito esteja incluído na Liturgia, ela o ultrapassa de forma exponencial.
O Catecismo da Igreja Católica é bastante claro ao definir a Liturgia Eucarística como algo sublime e divino: “A Eucaristia é ‘fonte e ápice de toda a vida cristã’; ‘Os demais sacramentos, assim como todos os mistérios eclesiásticos e tarefas apostólicas se ligam à sagrada Eucaristia e a ela se ordenam. Pois a santíssima Eucaristia contém todo o bem espiritual da Igreja, a saber, o próprio Cristo, nossa Páscoa’”. Quando participamos da Santa Missa estamos aos pés do Calvário, com Maria Santíssima, participando ativamente do Único Sacrifício Redentor de Cristo. Da mesma forma, na Santa Missa estamos juntos ao Senhor Ressuscitado, vencedor da morte, que reconciliou o mundo com Deus e nos concedeu a vida plena e em abundância. É na Santa Missa que nos apresentamos frente ao Emanuel (Cf. Is 7, 14 e Mt 1, 23), o Deus Conosco, que antes de partir para os Céus deu-se em alimento para seus Discípulos mandando que repetissem sempre o mesmo gesto “em memória de mim” (Lc 22, 19).
A Santa Missa é Banquete, porque comungamos do Corpo e Sangue do Senhor, mas é também o mesmo Sacrifício da Cruz onde nosso Senhor entregou-se em remissão dos pecados da humanidade como o cordeiro sem mancha que deveria ser oferecido na Páscoa judaica (cf. At 8, 32-33 e Is 53, 7s). Portanto, a Santa Missa é um grande Banquete Sacrifical, onde nos deparamos frente aos Santos Mistérios da Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor, onde nos encontramos com o Deus Vivo e Verdadeiro. Na Santa Eucaristia o Senhor Ressuscitado está verdadeiramente presente em Corpo, Sangue, Alma e Divindade! O pão e vinho são transubstanciados em Corpo e Sangue do Senhor! “É o Senhor” (cf. Jo 21, 7) entre nós! Na Santa Missa, vivenciamos os Santos Mistérios (Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor) e que grande Mistério vivemos na Santa Missa!
Quanto amor devemos ter a Santa Missa! Quanto amor devemos ter pela Santa Eucaristia! Se soubéssemos o quanto é grande o Mistério que se celebra, o tamanho da Obra Salvífica do Senhor, deveríamos arder de amor pelo Sacramento do Altar como os próprios Serafins! Por isso, com mais certeza ainda, devemos lembrar que o centro da Celebração não é o homem, mas o próprio Deus. Devemos proclamar sempre: a Igreja vive da Eucaristia! E isso implica em vários pontos.
Quis o Concílio Vaticano II que na Reforma Litúrgica: “As cerimônias resplandeçam de nobre simplicidade, sejam transparentes por sua brevidade e evitem as repetições inúteis, sejam acomodadas à compreensão dos fiéis e, em geral, não careçam de muitas explicações”. Assim, vemos a primeira e grande preocupação do Concílio: que os ritos falem por si mesmo, sem necessidade de muitas explicações.
Aqueles que estão envolvidos com a Liturgia, seja da forma que for, devem aprender a amá-la. Talvez esse deva ser o primeiro passo para ter-se uma Liturgia bem celebrada em nossas comunidades. Como amamos a Liturgia? Inicialmente conhecendo-a. Seguindo o que disse o então Cardeal Ratzinger, conhecer a Liturgia seria conhecer a Tradição viva e, se pensarmos assim, veremos que todos os ritos que existem na Liturgia têm raízes na mesma Tradição, uma raiz na História da Igreja, no desenvolvimento orgânico, logo gradual e crescente, da própria Liturgia. Devemos saber que raiz é essa e assim, mesmo os menores ritos, começarão a desdobrar-se em uma sequência de significados que, sem seu contexto histórico ou descolado da Tradição, não nos pareceria compreensível.
Diz-nos, de forma bastante inteligente, o conhecido autor americano Scott Hahn, aqui famoso pelo livro “O Banquete do Cordeiro”, prefaciando um livro de Mike Aquilina: “A Igreja possui sua memória e ela é chamada Liturgia. A Liturgia é a memória da Igreja. A Missa é o lugar onde a Tradição vive. (…) Na Missa, os cristãos são trazidos até aquele Único Sacrifício, que é eterno. (…) Na Missa, a Igreja conhece sua identidade e ensina-nos de modo mais concreto que em qualquer solene documento papal. O papa Pio XI declarou que a Liturgia é o órgão primário do Magistério ordinário da Igreja”.
Devemos lembrar que a Igreja é universal e a Liturgia deve demonstrar essa universalidade da fé católica. Celebrar de modo uniforme, como pede a Igreja, não é uma forma de tornar o sacerdote uma máquina de celebrar, ou os Mestres de Cerimônias apenas mestres na arte de pesquisarem normas litúrgicas em livros que poucos conhecem e estão escondidos em escuros corredores de bibliotecas, ao contrário! Celebrar como pede a Igreja é demonstrar respeito a nossas raízes cristãs, as gerações que vieram antes de nós e a união que temos com todos os católicos do mundo inteiro.
FONTE: ENTRAREI NO ALTAR DE DEUS – Cerimonial da Sagrada Liturgia (Volume I) – Michel Pagiossi Silva – Editora Vivens
Sacramentos: Batismo
Nossos pais nos deram a vida natural do corpo, mas Deus nos dá a alma e nos destina, além disso, a uma vida sobrenatural; nascemos privados dela pelo pecado original, herdado de Adão.
O batismo apaga o pecado original, nos dá a fé e a vida divina, e nos torna filhos de Deus. A Santíssima Trindade toma posse da alma e começa a nos santificar.
Segundo o plano de amor do Senhor, o batismo é necessário para a salvação.
O que é o batismo?
É o sacramento pelo qual nascemos para a vida e nos tornamos filhos de Deus.
Por que o batismo é o primeiro dos sacramentos?
É o primeiro dos sacramentos porque é a porta que dá acesso aos demais sacramentos, e sem ele não se pode receber nenhum outro.
Que efeitos produz o batismo?
Os efeitos que o batismo produz são: perdoa o pecado original, e qualquer outro pecado, com as penas devidas por eles. Nos dá as três divinas pessoas junto com a graça santificante. Infunde a graça santificante, as virtudes sobrenaturais e os dons do Espírito a graça santificante, as virtudes sobrenaturais e os dons do Espírito Santo. Imprime na alma o caráter sacramental que nos faz cristãos para sempre e somos incorporados à Igreja.
O Batismo é necessário para a salvação?
Segundo o plano do Senhor o batismo é necessário para a salvação, assim como a própria Igreja, à qual o batismo introduz.
Quem pode batizar?
Ordinariamente podem batizar o bispo, o sacerdote e o Diácono, mas em caso de necessidade qualquer pessoa que tenha intenção de fazer o que a Igreja faz.
Como se batiza?
O batizado se realiza derramando água sobre a cabeça e dizendo: “Eu te Batizo em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”.
O que é o Catecumenato?
É a preparação que devem receber aqueles que serão batizados tendo alcanço o uso da razão.
Fonte: http://www.acidigital.com/catecismo/batismo.htm
Você pode se aprofundar mais nos estudos sobre os Sacramentos com o livro:
As dez pragas do Egito
As dez pragas do Egito (Êx 7,14-12, 36)
Por volta de 1250 a.C. estava o povo de
Israel cativo no Egito e sujeito a duros trabalhos forçados. Atendendo
ao clamor dos infelizes escravizados, o Senhor decretou libertá-los, por
meio de Moisés, chefe do povo, enviado à presença do Faraó, para
intimar o monarca, em nome de Deus, a libertar os israelitas. Mas o
Faraó não se rendeu ao pedido; por isto, o Senhor houve por bem
demonstrar-lhe o seu poder, desencadeando dez pragas sobre o Egito, das
quais somente a décima conseguiu dobrar a dureza de coração do rei. Eis a
lista dos flagelos assim ocasionados:
1. Conversão das águas do rio Nilo em sangue envenenado: Êx 7,17-25.
2. Invasão de rãs nos rios e nas casas do Egito: 7,26-8, 11.
3. Onda de mosquitos: 8,12-15.
5. Peste sobre o gado: 9,1-7.
6. Tumores e pústulas nos homens e no bestiame: 9,8-12.
7. Geada: 9,13-35.
8. Invasão de gafanhotos: 10,1-20.
9. Trevas sobre o país: 10,21-27.
10. A morte dos primogênitos dos egípcios: 12,29s.
O Autor Sagrado mostra que essas pragas
foram uma intervenção explícita do Senhor. Mas segundo os exegetas, a
imaginação humana, no decorrer dos séculos parece ter exagerado a índole
extraordinária dos acontecimentos.
Os estudos mostram que as pragas do
Egito foram flagelos que acontecem naquele país por fatores naturais e
por causa de circunstâncias particulares, os quais seriam longos para
serem explicados aqui. Essas pragas foram pois milagres, não tanto em si
mesmos, mas pelo modo como se verificaram: tiveram origem, sim, por
ordem de Moisés,
no momento predito por ele, e cessaram por ordem dele; desenvolveram-se
com força fora do comum, poupando, porém, a região de Gessen, onde
estavam os israelitas (cf. 8,18; 9,6s.26).
Como já dissemos, Deus, sem graves
razões, não viola às leis da natureza; procura, antes, servir-se do
curso habitual da natureza para realizar os seus maravilhosos desígnios.
A persistência do Faraó em não atender o
pedido de Moisés, apesar das pragas, insinua que o monarca não se
impressionou pelas nove primeiras pragas; porque estas não lhe pareciam
fenômenos até então muito extraordinários. Veja que os seus magos também
faziam alguns efeitos extraordinários.
Retirado do livro: “Ciência e Fé em Harmonia”
O devido respeito para com a Sagrada Eucaristia
Apesar de toda catequese da Igreja sobre a Eucaristia, ainda hoje Jesus é muito desrespeitado e profanado na Hóstia Santa
Os Sacramentos que Cristo deixou na
Igreja transmitem a graça da salvação que Ele conquistou pela sua morte e
ressurreição; mas a sagrada Eucaristia vai mais além, porque é o
centro da fé católica; é o maior de todos os Sacramentos porque nele
Cristo está vivo, em corpo, sangue, alma e divindade.
Há dois mil anos, desde que pela
primeira vez Jesus celebrou a Eucaristia na Santa Ceia, nunca mais a
Igreja deixou de realizá-la. Além disso, Cristo na Hóstia sagrada,
vítima oferecida em sacrifício, é guardado nos Sacrários para ser
adorado pelos fiéis e levado aos doentes. Mas, apesar de toda catequese
da Igreja sobre a Eucaristia, ainda Jesus é muito desrespeitado e
profanado na Hóstia santa.
Uma dessas profanações acontece quando
alguém, ciente de que está em pecado grave, comunga sem se confessar com
o sacerdote. São Paulo nos lembra da gravidade de Comungar sem estar em
condições para isso. Ele diz: “Assim, todas as vezes que comeis desse
pão e bebeis desse cálice lembrais a morte do Senhor, até que venha.
Portanto, todo aquele que comer o pão ou beber o cálice do Senhor
indignamente será culpável do corpo e do sangue do Senhor. Que cada um
se examine a si mesmo, e assim coma desse pão e beba desse cálice.
Aquele que o come e o bebe sem distinguir o corpo do Senhor, come e bebe
a sua própria condenação. Esta é a razão por que entre vós há muitos
adoentados e fracos, e muitos mortos”. (1 Cor 11,26-30)
É claro que não devemos deixar de Comungar por qualquer falta
cometida, mas quando o pecado é grave, mortal, é indispensável a
Confissão. Não se pode receber Aquele que é Santo em um coração que não
esteja purificado.
Outra profanação seríssima contra a
Eucaristia é o uso de Hóstias consagradas para a chamada “missa negra”
realizada em cultos demoníacos. São Paulo fala da grandeza do Corpo de
Cristo na Eucaristia: “O cálice de bênção, que benzemos, não é a
comunhão do sangue de Cristo? E o pão, que partimos, não é a comunhão do
corpo de Cristo?… As coisas que os pagãos sacrificam, sacrificam-nas a
demônios e não a Deus. E eu não quero que tenhais comunhão com os
demônios. Não podeis beber ao mesmo tempo o cálice do Senhor e o cálice
dos demônios. Não podeis participar ao mesmo tempo da mesa do Senhor e
da mesa dos demônios”. (1Cor 10,16-21).
Só para dar um exemplo recente, cito a
notícia da Gaudim Press (12/5/2014): “A Arquidiocese de Boston emitiu um
comunicado oficial no qual rejeitou os planos para a realização de uma
“Missa Negra”, no campus da
Universidade de Harvard, em 12 de maio. “Para o bem dos fiéis católicos
e de todas as pessoas, a Igreja oferece um ensinamento claro sobre o
culto ao demônio. Esta atividade separa as pessoas de Deus e da
comunidade humana, e põem os seus participantes perigosamente próximos
dos trabalhos destrutivos do mal”, advertiu a Arquidiocese.
Em vários lugares têm havido terríveis
profanações da Eucaristia com arrombamentos de Sacrários, roubo de
Hóstias e até pisoteamento delas. Diante de tudo isso, é preciso o
máximo de cuidado com a proteção da Sagrada Eucaristia nos Sacrários.
Esses devem ser muito bem fixados, fechados e protegidos. Quando há
adoração do Santíssimo Sacramento exposto no Ostensório, nunca se pode
deixar o mesmo sem alguém em adoração e vigilância.
Outro cuidado deve ser ao ser
distribuída a Comunhão aos fiéis: é preciso observar se os mesmos as
colocam na boca na frente do ministro, como obriga a Igreja. Alguém deve
estar ao lado do ministro para verificar isso e proibir que alguém
esconda a Hóstia e a leve para casa.
Além disso, todo respeito deve ser
observado na Igreja diante do Sacrário. Ao se passar diante dele devemos
fazer a genuflexão com um dos joelhos em um ato de adoração. Se
passarmos diante do Santíssimo exposto, então, devemos nos ajoelhar com
os dois joelhos para esse ato de adoração. Não podemos deixar que a
Presença de Deus no meio de nós se torne algo trivial, banal, sem
merecer a devida atenção e respeito. Diante Dele é preciso silêncio,
adoração e todo respeito.
Prof. Felipe Aquino
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