domingo, 30 de junho de 2013

Reflexão do Evangelho Mt 13, 13-19

PEDRO e PAULO


           
            Nesta festa de São Pedro e São Paulo queremos agradecer a Deus pela existência desses dois gigantes da nossa Igreja em seus primórdios, os quais, se empenharam na missão de continuar a essa obra salvadora  a qual foi  fundada Pelo próprio Cristo. Foram eles que numa doação sem igual na História, e cheios do Espírito Santo com muita fé e coragem, se dedicaram a evangelização que marcou o início da Igreja Católica. Do mesmo modo hoje nós festejamos a pessoa do Papa, que é o sucessor de Pedro.
             "...tu és Pedro e sobre esta pedra construirei a minha Igreja, e o poder do inferno nunca poderá vencê-la. Eu te darei as chaves do Reino do, céus..."
            Estas foram as palavras usadas por Nosso Senhor Jesus Cristo na ordenação de Pedro a primeiro Papa da História da Igreja Católica.

            Jesus nos escolhe não necessariamente pela nossa pureza, mas sim pelo tamanho da nossa fé. Assim foi a escolha de Pedro, aquele que o negou por três vezes, e que não tinha uma inteligência brilhante, até  o dia de Pentecostes, quando foi transformado pelo fogo do Espírito Santo, e fez um discurso que todos o entenderam em suas próprias línguas.  Pedro, como todos apóstolos escolhidos por Jesus,  não era um grande exemplo de santidade, mais era um home de grande fé.
            Pedro professa essa fé, quando responde à pergunta de Jesus:"T u é o Cristo, o Filho de Deus Vivo". De sua parte, Jesus reconhece a sua fé, e diz: "Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei minha Igreja".

            Pedras são usadas na construção do alicerce que forma a base de sustentação das casas. Pedra, ou rocha, quer dizer, FIRME, sólida. Pedro tinha um fé sólida e firme, pronta para servir de base, de alicerce na construção da Igreja.

            Chaves, no sentido de interpretar a palavra de Deus, é o segredo, a senha, o caminho para decifrar, é o poder de entender a mensagem de Cristo, que às vezes falava por enigmas e parábolas, e é a iluminação do Espírito de Deus que conduz o Papa a decifrar a chave, o enigma da mensagem de Deus e a traduzir para o mundo. O Espírito de verdade o faz perceber a vontade do Pai, com relação ao rebanho universal.
            Assim é o Papa. Ele é o chefe maior da Igreja na Terra. Sua missão nos dias de hoje torna-se cada vez mais espinhosa, por causa das mudanças rápidas e violentas, por causa da influência contrária dos meios de comunicações (cinema, internet, videogames) que preconizam um estilo de vida totalmente contrário ao Evangelho, e que produz contestações tanto de fora como de dentro da própria  Igreja.
            Assim, torna-se muito difícil para um ser humano normal, saber discernir no meio dessa tempestade de valores contrários. Se não fosse o poder especial do Alto, ele não conseguiria.

Jesus lhe diz: “Tu és Kepha (Cefas), e sobre ela edificarei a minha Igreja”. Qual é o significado das palavras de Jesus a Pedro, ao referir-se ao seu nome como pedra, em aramaico Kepha? Esse substantivo não teria também outro significado? Vejamos. Naquele tempo, o povo tinha o costume de escavar as rochas para daí tirar pedras para construir casas. Os buracos formados nas rochas recebiam, na língua familiar, o aramaico, o nome de Kepha. Daí que Kepha pode ser também entendido como gruta escavada na rocha. Os pobres ocupavam estas grutas ou cavernas artificiais, pois não tinham moradia. Kepha traduz também o substantivo grego Pétros (Pedro). Então Pedro não significa pedra? Sim, mas, tomado no sentido anterior, pode significar gruta escavada na rocha. Desse modo, Jesus, então, teria dito a Pedro: “Tu és gruta escavada na rocha, e sob essa gruta, onde vivem os pobres, aí edificarei a minha Igreja”.
Fonte: (cf. Faria, 2010b, p. 28-31).

         Sendo assim, é fácil perceber que Jesus chama Pedro de pedra no sentido de base de sustentação, ou pedra que dá firmeza no alicerce na construção da Igreja, e o chama também de gruta escavada na rocha, para explicar que a Igreja estará sempre voltada para os sem tetos, os pobres, os discriminados e oprimidos...  Muito embora lamentamos que  hoje não vemos a presença maciça da Igreja nas favelas e nas periferias, mas sim na orla da praia e nos centros, ou bairros da classe média. Não estou criticando a minha igreja, mas sim, ouvindo Jesus que disse: "Vinde a  mim os tristes e oprimidos e eu os aliviarei". Esse mesmo Jesus que ao anunciar a sua missão naquele dia em que tomando a leitura na Sinagoga, e que ao dizer que o Espírito de Deus estaria com Ele, acrescentou que ele veio para dar vistas aos cegos, curar os enfermos, em fim, veio para dar uma atenção especial aos pobres. Portanto, ao finalizar sua missão, Jesus instituiu a Igreja e ordenou ou consagrou o seu primeiro Papa, o Pedro que é pedra básica e Gruta escavada, e deixou claro a sua preferência pelos pobres, muito embora a sua salvação esteja disponível para todos.
            Porém, infelizmente, a riqueza afasta o ser humano dessa promessa salvadora de Deus em Jesus e pela Igreja. Não que a riqueza seja um mal em si, pois quando ela é bem canalizada, produz maravilhas. Mas são os seus efeitos na mente do ser humano que a torna uma  causa de condenação do homem e da mulher.  E estes efeitos da riqueza são: soberba, orgulho, insensibilidade para com o sofrimento do pobre, arrogância, falta de caridade, e o pior, o poder do dinheiro  faz o ser humano pensar que não precisa de Deus!
            Apesar de Jesus ter dito que era mais fácil um camelo passar no fundo de uma agulha do que um rico entrar no reino dos céus, apesar d'Ele ter dito:"Bem aventurados os pobres"...  e "Ai de vocês os ricos com seu sorriso fácil..." , Jesus não queria a condenação dos poderosos da Terra. O seu Plano de Salvação da humanidade, é para todos: ricos, pobres, negros, brancos, feios, bonitos, mulheres, crianças...

            Paulo ao dizer que combateu o bom combate, não significa que ele pegou em armas e obrigou os cristão a seguirem o Evangelho a força. Nada disso. Paulo combateu a preguiça e o medo de sair pelo mundo então conhecido levando a palavra de Deus. Ele combateu o seu egoísmo, combateu a sua sensualidade, combateu sua ambição  de ter uma vida confortável. Combateu a incredulidade, e defendeu a fé em Deus.  Esses dois gigantes que iniciaram a Igreja humana, não contavam sequer, com meios de transportes, e de comunicações para facilitar  o seu trabalho missionário!  A sorte foi que as principais cidades ou comunidades estavam localizadas nas bordas do Mar Mediterrâneo, o que propiciou a sua locomoção por meios de embarcações nem sempre seguras, o que os fizeram viver tormentas e naufrágios dos quais foram salvos pelas mãos de Deus.
            Aliás, Deus esteve todo o tempo do lado deles, mesmo nos momentos de aflições. Basta dizer que foi o próprio Deus quem libertou Pedro daquela prisão, se fazendo passar por um anjo, assim como libertou o seu Filho, ressuscitando-o dos mortos.

            Prezados irmãos. Nós também precisamos arregaçar as mangas e numa atitude de seguidores e imitadores de Pedro e Paulo, irmos à luta não para brigar, mas sim para combater a incredulidade desse mundo que está mergulhado nas trevas das drogas, da violência, das separações, dos assassinatos, e da ausência de uma catequese sustentável.  (Palavra da moda nos tempos atuais). Precisamos combater a nossa indiferença, a nossa falta de coragem em nos apresentar como cristãos católicos, a nossa pouca fé em Deus, combater a confiança nas armas, nos planos de saúde, nos seguros de vida, nos medicamentos com seus efeitos colaterais, na embriaguês com forma de diversão, e voltarmos a viver em Cristo, e levá-lo com toda força da nossa vitalidade, aos nossos irmãos.

Evangelho desse Santo Domindo
Evangelho - Mt 16,13-19 
Tu és Pedro e eu te darei as
chaves do Reino dos Céus.
+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 16,13-19
Naquele tempo:13Jesus foi à região de Cesaréia de Filipee ali perguntou aos seus discípulos:"Quem dizem os homens ser o Filho do Homem?"14Eles responderam:"Alguns dizem que é João Batista; outros que é Elias;Outros ainda, que é Jeremias ou algum dos profetas".15Então Jesus lhes perguntou:"E vós, quem dizeis que eu sou?"16Simão Pedro respondeu:"Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo".17Respondendo, Jesus lhe disse:"Feliz es tu, Simão, filho de Jonas,porque não foi um ser humano que te revelou isso,mas o meu Pai que está no céu.18Por isso eu te digo que tu és Pedro,e sobre esta pedra construirei a minha Igreja,e o poder do inferno nunca poderá vencê-la.19Eu te darei as chaves do Reino dos Céus:tudo o que tu ligares na terra será ligado nos céus;tudo o que tu desligares na terra será desligado nos céus".Palavra da Salvação.

Constituição Sacrosantum Concilium sobre a Liturgia




biblia-e-calicePaulo Bispo, Servo dos servos de Deus, juntamente com os padres conciliares, para perpétua memória de acontecimento: Constituição sobre a sagrada Liturgia.

PROÊMIO
1. O SACROSSANTO CONCÍLIO propõe-se fomentar sempre mais a vida cristã entre os fiéis; acomodar melhor às necessidades de nossa época as instituições que são suscetíveis de mudanças; favorecer tudo o que possa contribuir para a União dos que creem em Cristo; e promover tudo o que conduz ao chamamento de todos ao seio da Igreja. Por isso julga ser seu dever cuidar de modo especial da reforma e do incremento da Liturgia.
2. Pois a Liturgia, pela qual, principalmente no divino Sacrifício da Eucaristia, “se exerce a obra de nossa Redenção”1, contribui do modo mais excelente para que os fiéis exprimam em suas vidas e aos outros manifestem o mistério de Cristo e a genuína natureza da verdadeira Igreja. Caracteriza-se a Igreja de ser, a um tempo, humana e divina, visível, mas ornada de dons invisíveis, operosa na ação e devotada a contemplação, presente no mundo e no entanto peregrina. É isso de modno e a ele se subordine, o visível ao invisível, a ação a contemplação e o presente a cidade futura, que buscamos.2  Por isso, enquanto a Liturgia cada dia edifica em templo santo no Senhor, em tabernáculo de Deus no Espírito3 aqueles que estão dentro dela, até a medida da idade da plenitude de Cristo4, ao mesmo tempo admiravelmente lhes robustece as forças para que preguem Cristo. Destarte ela mostra a Igreja aos que estão fora como estandarte erguido diante das nações5, sob o qual se congreguem num só corpo6 os filhos de Deus dispersos, até que haja um só rebanho e um só pastor.7
 3. Por esta razão, o Sacrossanto Concílio julga que, para a renovação e incremento da liturgia, devem ser relembrados os princípios e estatuídas as normas práticas que se seguem.
Entes estes princípios e normas alguns há que podem e devem aplicar-se tanto ao rito romano quanto a todos os demais ritos, embora as seguintes normas práticas devem ser entendidas somente com referência ao rito romano, a não ser que se trate de assuntos que por sua própria natureza afetem também os outros ritos.
4. Enfim, obedecendo fielmente a Tradição, o Sacrossanto Concílio declara que a Santa Mãe Igreja considera todos os ritos legitimamente reconhecidos com igual direito e honra e, para o futuro, os quer defender e de todos os modos favorecer e deseja que onde for necessário, sejam cuidadosa e integralmente revistos, conforme o espírito de sã tradição e se lhes de novo vigor em vista das atuais condições e necessidades.
[A Obra da Salvação, Prenunciada por Deus, é Realizada em Cristo]
5. Deus, que “quer salvar e fazer chegar ao conhecimento da verdade todos os homens” (1 Tim 2,4), “havendo outrora falado muitas vezes e de muitos modos aos pais pelos profetas” (Heb 1,1), quando veio a plenitude dos tempos, enviou Seu Filho, Verbo feito carne, ungido pelo Espírito Santo, para evangelizar os pobres, curar os contritos de coração8, como “médico corporal e espiritual”9, Mediador entre Deus e os homens.10 Sua humanidade, na unidade da pessoa do Verbo, foi instrumento de nossa salvação. Pelo que, em Cristo “ocorreu” a perfeita satisfação de nossa reconciliação e nos foi comunicada a plenitude do culto divino”.11
Esta obra da Redenção humana e da perfeita glorificação de Deus, da qual foram prelúdio as maravilhas divinas operadas no povo do Antigo Testamento, completou-a Cristo Senhor, principalmente pelo mistério pascal de Sua sagrada Paixão, Ressurreição dos mortos e gloriosa Ascensão. Por este mistério, Cristo, “morrendo, destruiu a nossa morte e ressuscitando, recuperou a nossa vida”.12 Pois do lado de Cristo dormindo na cruz nasceu o admirável sacramento de toda a Igreja.13
[A Obra de Cristo Continua na Igreja e se Coroa em sua Liturgia]
6. Portanto, assim como Cristo foi enviado pelo Pai, assim também Ele enviou os Apóstolos, cheios do Espírito Santo, não só para pregarem, o Evangelho a toda criatura14, anunciarem que o Filho de Deus, pela Sua morte e ressurreição, nos libertou do poder de Satanás15 e da morte e nos transferiu para o reino do Pai, mas ainda para levarem a efeito o que anunciavam: a obra da salvação através do Sacrifício e dos Sacramentos, sobre os quais gira toda a vida litúrgica. Assim, pelo Batismo os homens são inseridos no mistério pascal de Cristo: com Ele mortos, com Ele sepultados, com Ele ressuscitados16; recebem o espírito de adoção de filhos, “pelo qual clamamos: o espírito de adoção de filhos, “pelo qual clamamos: Abba, Pai” (Rom 8,15), e assim se tornam os verdadeiros adoradores procurados pelo Pai.17 Da mesma forma, toda vez que comem a ceia do Senhor, anunciam-Lhe a morte até que venha.18 Por este motivo, no próprio dia de Pentecostes, no qual a Igreja apareceu ao mundo, “os que receberam a palavra” de Pedro “foram batizados”. E “perseveravam na doutrina dos Apóstolos, na comunhão da fração do pão e nas orações, louvando a Deus e cativando a simpatia de todo o povo” (At 2,41-42,47). Nunca, depois disto, a Igreja deixou de reunir-se para celebrar o mistério pascal: lendo “tudo quanto a Ele se referia em todas as Escrituras” (Lc 24,27), celebrando a Eucaristia, na qual “se torna novamente presente a vitória e o triunfo de Sua morte”19 e, ao mesmo tempo, dando graças “a Deus pelo dom inefável” (2 Cor 9,15) em Jesus Cristo, “para louvor de sua glória” (Ef 1,12), pela força do Espírito Santo.
[Presença de Cristo na Liturgia]
7. Para levar a efeito obra tão importante Cristo está sempre presente em Sua Igreja, sobretudo nas ações litúrgicas. Presente está no sacrifício da missa, tanto na pessoa do ministro, “pois aquele que agora oferece pelo ministério dos sacerdotes é o mesmo que outrora se ofereceu na Cruz”20, quanto sobretudo sob as espécies eucarísticas. Presente esta pela Sua força nos sacramentos, de tal forma que quando alguém batiza é Cristo mesmo que batiza.21 Presente está pela Sua palavra, pois é Ele mesmo que fala quando se lêem as Sagradas Escrituras na Igreja. Está presente finalmente quando a Igreja ora e salmodia, Ele que prometeu: “Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, aí estarei no meio deles” (Mt 18,20).
Realmente, em tão grandiosa obra, pela qual Deus é perfeitamente glorificado e os homens são santificados, Cristo sempre associa a Si a Igreja, Sua Esposa diletíssima, que invoca seu Senhor e por Ele presta culto ao eterno Pai.
Com razão, pois, a Liturgia é tida como o exercício do múnus sacerdotal de Jesus Cristo, no qual, mediante sinais sensíveis, é significada e, de modo peculiar a cada sinal, realizada a santificação do homem; e é exercido o culto público integral pelo Corpo Místico de Cristo, Cabeça e membros.
Disto se segue que toda a celebração litúrgica, como obra de Cristo sacerdote, e de Seu Corpo que é a Igreja, é uma ação sagrada por excelência, cuja eficácia, no mesmo título e grau, não é igualada por nenhuma outra ação da Igreja.
[Liturgia Terrena e Liturgia Celeste]
8. Na Liturgia terrena, antegozando, participamos da Liturgia celeste, que se celebra na cidade santa de Jerusalém, para a qual, peregrinos, nos encaminhamos. Lá, Cristo está sentado a direita de Deus, ministro do santuário e do tabernáculo verdadeiro22; com toda a milícia do exército celestial entoamos um hino de glória ao Senhor e, venerando a memória dos Santos, esperamos fazer parte da sociedade deles; suspiramos pelo Salvador. Nosso Senhor Jesus Cristo, até que Ele, nossa vida, Se manifeste, e nós apareçamos com Ele na glória.23
[B. A Liturgia no Conjunto da Missão da Igreja]

[A Liturgia não Esgota toda a Ação da Igreja]
9. A Sagrada Liturgia não esgota toda a ação da Igreja. Pois, antes que os homens possam achegar-se da Liturgia, faz-se mister que sejam chamados a fé e à conversão: “Como invocarão Aquele em que não creram? E como crerão sem terem ouvido falar d’Ele? E como ouvirão se ninguém lhes pregar? E como se pregará se ninguém for enviado?” (Rom 10,14-15).
Por isso a Igreja anuncia aos não-crentes a mensagem da salvação, para que todos os homens conheçam o único verdadeiro Deus e Aquele que enviou, Jesus Cristo, e se convertam de seus caminhos, fazendo penitência.24 Aos que crêem, porém, sempre deve pregar-lhes a fé e a penitência; deve, além disso, dispô-los aos Sacramentos, ensinar-lhes a observar tudo o que Cristo mandou25 e estimulá-los para toda a obra de caridade, piedade e apostolado. Por estas obras os fiéis cristãos manifestem que não são deste mundo, mas sim a luz do mundo e os glorificadores do Pai diante dos homens.
[A Liturgia é Fonte de Vida da Igreja]
10. Todavia, a Liturgia é o cume para o qual tende a ação da Igreja e, ao mesmo tempo, é a fonte donde emana toda a sua força. Pois os trabalhos apostólicos se ordenam a isso: que todos, feitos pela fé e pelo Batismo filhos de Deus, juntos se reunam, louvem a Deus no meio da Igreja, participem do sacrifício e comam a ceia do Senhor.
A própria Liturgia, por seu turno, impele os fiéis que, saciados dos “sacramentos pascais”, sejam “concordes na piedade”26, reza que “conservem em suas vidas o que receberam pela fé”27; a renovação da Aliança do Senhor com os homens na Eucaristia solicita e estimula os fiéis para a caridade imperiosa de Cristo. Da Liturgia portanto, mas da Eucaristia principalmente, como de uma fonte, se deriva a graça para nós e com a maior eficácia é obtida aquela santificação dos homens em Cristo e a glorificação de Deus, para a qual, como a seu fim, tendem todas as demais obras da Igreja.
[C. A Liturgia na Vida Espiritual dos Fiéis]

[Necessidade das Disposições Pessoais]

11. Para que se obtenha esta plena eficácia, é mister que os fiéis se acerquem da Sagrada Liturgia com disposições de reta intenção, sintonizem a sua alma com as palavras e cooperem com a graça do alto, a fim de que não a recebam em vão.28 Por isto, é dever dos sagrados pastores vigiar que, na ação litúrgica, não só se observem as leis para a válida e lícita celebração, mas que os fiéis participem dela com conhecimento de causa, ativa e frutuosamente.
[Cultivar a Piedade em toda a Vida, também fora da Litúrgia]
12. Contudo, a vida espiritual não se restringe unicamente a participação da sagrada Liturgia. O cristão, chamado para a oração comunitária, deve, não obstante, entrar em seu cubículo e orar ao Pai em segredo29; deve até orar sem cessar, como ensina o Apóstolo.30 E do mesmo Apóstolo aprendemos que devemos sempre trazer em nosso corpo a morte de Jesus para que também a Sua Vida Se manifeste em nossa carne mortal.31 Razão por que suplicamos ao Senhor no sacrifício da Missa que nós mesmos, pela “aceitação da oblação da hóstia espiritual”, sejamos feitos “eterna dádiva” sua. 32

[Liturgia e Exercícios Piedosos]

13. Os piedosos exercícios do povo cristão, conquanto conformes as leis e normas da Igreja, são encarecidamente recomendados, sobretudo quando são feitos por ordem da Sé Apostólica.
Gozam ainda de especial dignidade as práticas religiosas das Igrejas particulares, que se celebram por ordem dos Bispos, conforme os costumes ou livros legitimamente aprovados.
Assim, pois, considerando os tempos litúrgicos, estes exercícios devem ser organizados de tal maneira que condigam com a Sagrada Liturgia, dela de alguma forma derivem, para ela encaminhem o povo, pois que ela, por sua natureza, em muito os supera.
II. Necessidade de promover a Educaçõa Litúrgica e a Ativa Participação.
[Preâmbulo]
14. Deseja ardentemente a Mãe Igreja que todos os fiéis sejam levados aquela plena, cônscia e ativa participação das celebrações litúrgicas, que a própria natureza da Liturgia exige e a qual, por força do batismo, o povo cristão, “geração escolhida, sacerdócio régio, gente santa, povo de conquista” (1 Ped 2,9; cf. 2,4-5), tem direito e obrigação.
Cumpre que essa participação plena e ativa de todo o povo seja diligentemente considerada na reforma e no incremento da Sagrada Liturgia. Pois é a primeira e necessária fonte da qual os fiéis haurem o espírito verdadeiramente cristão. E por isso, mediante instrução devida, deve com empenho ser buscada pelos pastores de almas em toda ação pastoral.
Não havendo, porém, esperança alguma de que tal possa ocorrer, se os próprios pastores de almas não estiverem antes profundamente imbuídos do espírito e da força da Liturgia e dela se tornarem mestres, faz-se, por isso, muitíssimo necessário que antes de tudo se cuide da formação litúrgica do clero. Diante disso resolveu o Sacrossanto Concílio estabelecer o que se segue.
[Formação de Mestres em Sagrada Liturgia]
15. Os professores escolhidos para lecionar a disciplina da Sagrada Liturgia nos seminários, nas casas religiosas de estudos e nas faculdades teológicas, devem, para ser cargo, ser cuidadosamente formados em estabelecimentos a isso  especialmente destinados.
[Formação Litúrgica do Clero]
16. Nos seminários e casas religiosas de estudos, a disciplina da Sagrada Liturgia esteja entre as matérias necessárias e mais importantes, nas faculdades teológicas, porém, entre as principais. E seja tratada tanto sob o aspecto teológico e histórico, quanto espiritual, pastoral e jurídico. Empenhem-se, além disso, os professores das demais disciplinas, especialmente de Teologias Dogmática, Sagrada Escritura, Teologia Espiritual, e Pastoral, que, pelas exigências intrínsecas do objeto próprio de cada uma, ensinem o Mistério de Cristo e a história da salvação, de tal modo que transpareçam claramente da formação sacerdotal.
17. Nos seminários e casas religiosas, os clérigos adquiram formação litúrgica da vida espiritual, com competente orientação para que possam entender as cerimônias sacras e nelas participar de todo o coração, tanto pela própria celebração dos mistérios sagrados, quanto pelos outros exercícios de piedade, imbuídos do espírito da Sagrada Liturgia; do mesmo modo aprendam a observância das leis Litúrgicas, assim que a vida nos seminários e institutos religiosos seja profundamente impregnada do espírito litúrgico.
[A Vida Litúrgica dos Sacerdotes]
18. Is sacerdotes, quer seculares, quer religiosos, que já labutam na vinha do Senhor, sejam auxiliados por todos os meios oportunos para que sempre mais plenamente entendam o que realizam nas sagradas funções, vivam a vida litúrgica, e façam dela participantes os fiéis a eles confiados.
[A Instrução Litúrgica e Participação Ativa do Povo]
19. Com empenho e paciência procurem dar os pastores de almas a instrução litúrgica e também promovam a ativa participação interna e externa dos fiéis, segundo a idade, condição, gênero de vida e grau de cultura religiosa, cumprindo assim um dos principais deveres do fiel dispensador dos mistérios de Deus; e nesse particular conduzam seu rebanho não só pela palavra, mas também pelo exemplo.
[Transmissões de Rádio e Televisão]
20. As transmissões por rádio e televisão das funções sagradas, particularmente em se tratando da Santa Missa, façam-se com discrição e decoro, sob a direção e responsabilidade de pessoa idônea, escolhida para tal ofício pelos bispos.
III. Reforma da Sagrada Liturgia

[Preâmbulo]

21. A Santa Mãe deseja com empenho cuidar da reforma geral de sua Liturgia, a fim de que o povo cristão na Sagrada Liturgia, consiga com mais segurança graças abundantes. Pois a Liturgia consta de uma parte imutável, divinamente instituída, e de partes suscetíveis de mudança. Estas, com o correr dos tempos, podem ou mesmo devem variar, se nelas se introduzir algo que não corresponda bem a natureza íntima da própria Liturgia, ou se estas partes se tornarem menos aptas.
Com esta reforma, porém, o texto e as cerimônias devem ordenar-se de tal modo, que de fato exprimam mais claramente as coisas santas que eles significam e o povo cristão possa compreendê-las facilmente, na medida do possível, e também participar plena e ativamente da celebração comunitária.
Em vista disso, o Sacramento Concílio estabeleceu estas normas mais gerais.
A) Normas Gerais

[Cabe só a Hierarquia Regulamentar a Sagrada Liturgia]
22. § 1. A regulamentação da Sagrada Liturgia é da competência exclusiva da autoridade da Igreja. Esta autoridade cabe a Santa Sé Apostólica e, segundo as normas do Direito, ao Bispo.
    § 2. Por poder concedido pelo Direito, dispor assuntos de Liturgia dentro dos limites estabelecidos, cabe também as competentes conferências territoriais dos Bispos, de vários tipos, legitimamente constituídas.
    § 3. Portanto, jamais algum outro, ainda que sacerdote, acrescente, tire ou mude por própria conta qualquer coisa a Liturgia.
[Conserve-se a Tradição e Admita-se o Legítimo Progresso]
23. A fim de que se mantenha a são tradição e assim mesmo se abra caminho para um legítimo progresso, sempre preceda cuidadosa investigação teológica, histórica e pastoral acerca de cada uma das partes da Liturgia a serem reformadas. Além disso, considerem-se tanto as leis gerais da estrutura e do espírito da Liturgia, como também a experiência proveniente da recente reforma litúrgica e dos indultos aqui e acolá concedidos. Afinal, não se façam inovações, a não ser que a verdadeira e certa utilidade da Igreja o exija e tomando a devida cautela de que as novas formas de um certo modo brotem como que organicamente daquelas que já existiam.
Cuide-se também, na medida do possível, que não haja diferenças notáveis de cerimônias entre regiões vizinhas.
[O Caráter Bíblico na Promoção da Reforma Litúrgica]
24. Na celebração litúrgica é máxima a importância da Sagrada Escritura. Pois dela são lidas as lições e explicadas na homilia e cantam-se os salmos. É de sua inspiração e bafejo que surgiram as preces, orações e hinos litúrgicos. E é dela também que os atos e sinais tomam a sua significação. Portanto, para cuidar da reforma, progresso aquele suave e vivo afeto pela Sagrada Escritura, que é confirmado pela venerável tradição dos ritos, tanto orientais como ocidentais.
25. Os livros litúrgicos sejam quanto antes revistos convocando peritos para isso e consultando os Bispos das diversas partes do mundo.
B)  Normas tiradas da índole da Liturgia como Ação Hierárquica e Comunitária.
26. As ações litúrgicas não são ações privadas, mas celebrações da Igreja, que é o “sacramento da unidade”, isto é, o povo santo, unido e ordenado sob a direção dos Bispos.33
Por isso, estas celebrações pertencem a todo o Corpo da Igreja, e o manifestam e afetam; mas atingem a cada um dos membros de modo diferente, conforme a diversidade de ordens, ofícios e da participação atual.
[Preferência da Celebração Comunitária]
27. Todas as vezes que as cerimônias, de acordo com sua própria natureza, admitem uma celebração comunitária, com assistência e participação ativa dos fiéis, seja inculcado que, na medida  do possível, ela deve ser preferida, a celebração individual ou quase privada.
Isso vale, principalmente, para a celebração da Missa e a administração dos sacramentos, naturalmente salvaguardada a natureza pública e social de cada Missa.
[Cada qual Faça só aquilo que lhe Compete]
28. Nas celebrações litúrgicas, cada qual, ministro ou fiel, ao desempenhar a sua função, faça tudo e só aquilo que pela natureza da coisa ou pelas normas litúrgicas lhe compete.
[Os Auxiliares Cumpram sua Função com Piedade e sejam bem Instruídos]

29. Também os ajudantes, leitores, comentadores e componentes da “Schola Cantorum” desempenham um verdadeiro ministério litúrgico. Portanto, cumpram sua função com aquela piedade e ordem que convém a tão grande ministério e com razão deles exige o povo de Deus.
Por isso, é necessário que, de acordo com as condições de cada qual, sejam cuidadosamente imbuídos do espírito litúrgico e preparados para executar as suas partes, perfeita e ordenadamente.
[Participação Ativa dos Fiéis]
30. Para promover uma participação ativa, trate-se de incentivar as aclamações do povo, as respostas, as salmodias, antífonas e os cânticos, bem como as ações e os gestos e o porto do corpo. A seu tempo, seja também guardado o sagrado silêncio.
[Prevejam-se as Partes dos fiéis]
31. Na revisão dos livros litúrgicos, cuide-se atentamente que as rubricas prevejam também as partes dos fiéis.

[Na Liturgia não Haja Nenhuma Acepção de Pessoas]

32. Exceto a distinção proveniente de função litúrgica ou Ordem Sacra, e exceto as honras que conforme as normas das leis litúrgicas são devidas as autoridades civis, não haja na Liturgia nenhuma acepção de pessoas privadas ou de classes sociais, quer seja nas cerimônias, quer no aparato externo.

C) Normas Litúrgicas da Índole Didática e Pastoral
[Preâmbulo]
33. Embora a Liturgia seja principalmente culto da Majestade Divina, encerra também grande ensinamento ao povo fiel.34 Pois na Liturgia Deus fala a seu povo. Cristo ainda anuncia o Evangelho. E o povo responde a Deus, ora com cânticos ora com orações.
Sobretudo as orações dirigidas a Deus pelo sacerdote, que preside a comunidade na pessoa de Cristo, são rezadas em nome de todo o povo santo e de todos os presentes. E os sinais sensíveis que a Sagrada Liturgia usa para significar as coisas divinas invisíveis foram escolhidos por Cristo ou pela Igreja. Portanto, não só enquanto se lêem aquelas coisas “que foram escritas para o nosso ensinamento” (Rom 15,4), mas também enquanto a Igreja reza, ou canta ou age, é que se alimenta a fé dos participantes e suas mentes são despertadas para Deus, a fim de Lhe prestarem um culto racional e receberem com mais abundância Sua graça.
Por isso, na reforma a ser feita, devem ser observadas as normas gerais seguintes:
[Estrutura das Cerimônias]
34. As cerimônias resplandeçam de nobre simplicidade, sejam transparentes por sua brevidade e evitem as repetições inúteis, sejam acomodadas a compreensão dos fiéis e, em geral, não careçam de muitas explicações.
Sagrada Escritura, Pregação e Catequese Litúrgica]
35. Para que apareça claramente que na Liturgia as cerimônias e as palavras estão intimamente conexas:
1) Nas celebrações litúrgicas restaure-se a leitura da Sagrada Escritura mais abundante, variada e apropriada.
2) Seja também anotado nas rubricas, conforme a cerimônia o permitir, o lugar mais apto para o sermão, como parte da ação litúrgica; e o ministério da pregação seja cumprido com muita fidelidade e exatidão. Deve a pregação, em primeiro lugar, haurir os seus temas da Sagrada Escritura e da Liturgia, sendo como que a proclamação das maravilhas divinas na história da salvação ou no mistério de Cristo, que está sempre presente em nós e opera, sobretudo nas celebrações litúrgicas.
3) Seja também inculcada, por todos os modos, a catequese mais diretamente litúrgica; e nas próprias cerimônias sejam previstos, se necessário for, breves esclarecimentos, a serem proferidos pelo sacerdote ou pelo ministro competente, em momentos mais oportunos, com termos prefixados por escrito ou semelhantes.
4) Incentive-se a celebração sagrada da Palavra de Deus, nas vigílias das festas mais solenes, em algumas férias do Advento e da Quaresma, como também nos domingos e dias santos, sobretudo naqueles lugares onde falta o padre. Neste caso seja o diácono ou algum outro delegado pelo Bispo quem dirija a celebração.
[Língua Litúrgica]
36. § 1. Salvo o direito particular, seja conservado o uso da Língua Latina nos Ritos latinos.
    § 2. Contudo, já que, ou na Missa, ou na administração dos Sacramentos ou em outras partes da Liturgia pode, não raro, o emprego da língua vernácula ser muito útil ao povo, permite-se dar-lhe um lugar mais amplo, principalmente nas leituras e admoestações, em algumas orações e cânticos, conforme as normas que a respeito disso serão pormenorizadamente estabelecidas nos capítulos seguintes.
    § 3. Observadas estas normas, pertence a competente autoridade eclesiástica territorial, conforme se diz no artigo 22 § 2 e, segundo o caso, consultada a opinião dos Bispos das regiões vizinhas da mesma língua, estabelecer as leis sobre o uso e o modo da língua vernácula, aprovada ou confirmadas as decisões pela Santa Sé.
    § 4. A tradução do texto latino para o vernáculo a ser usado na Liturgia deve ser aprovada pela competente autoridade eclesiástica territorial antes mencionada.
D) Normas para conseguir a Adaptação a mentalidade e as Tradições dos povos.
[Preâmbulo]
37. A Igreja não deseja impor na Liturgia uma forma rígida e única para aquelas coisas que não dizem respeito a fé ou ao bem de toda a comunidade. Antes, cultiva e desenvolve os valores e os dotes de espírito das várias nações e povos. O que quer que nos costumes dos povos de fato não esteja ligado indissoluvelmente a superstições e erros, examina-o com benevolência e, se pode, o conserva intacto. Até, por vezes, admite-o na própria Liturgia, contanto que esteja de acordo com as normas do verdadeiro e autêntico espírito litúrgico.
[Adaptação Segundo as Necessidades dos Lugares]

38. Salva a unidade substancial do rito romano, dê-se lugar a legítimas variações e adaptações para os diversos grupos, regiões e povos, principalmente nas Missões, também quando forem reformados os livros litúrgicos; e isso ter-se-á oportunamente diante dos olhos na estruturação dos ritos e na confecção das rubricas.
[Limites da Adaptação]

39. Dentro dos limites estabelecidos nas edições típicas dos livros litúrgicos, cabe a competente autoridade territorial eclesiástica, de que trata o art. 22 § 2, definir as adaptações, principalmente no que se refere a administração dos Sacramentos, Sacramentais, procissões, língua litúrgica, música sacra e artes, de acordo, porém, com as normas fundamentais exaradas nesta Constituição.
[Adaptações mais Profundas]
40. Urgindo, porém, em vários lugares e condições, uma adaptação mais profunda da Liturgia, que é por isso mais difícil:
1) A competente autoridade territorial eclesiástica, de que trata o art. 22 § 2, considere acurada e prudentemente o que, nesse particular, das tradições e da índole de cada povo, se pode oportunamente admitir no culto divino. As adaptações que pareçam úteis ou necessárias sejam propostas a Sé Apostólica, para serem introduzidas com seu consentimento.
2) Para que, porém, a adaptação se faça com a necessária prudência, a mesma autoridade territorial eclesiástica será dada, pela Sé Apostólica, se necessário, alguns grupos, aptos para tanto, e por tempo determinado, a faculdade de permitir e orientar as necessárias prévias.
3) Como, particularmente nas Missões, as leis litúrgicas costumam trazer especiais dificuldades quanto a adaptação, haja, para sua elaboração, homens peritos na matéria em questão.
IV. O Incremento da Vida Litúrgica na Diocese e na Paróquia

[A Vida Litúrgica na Diocese]
41. O Bispo deve ser tudo como o sumo sacerdote de sua grei, do qual, de algum modo, deriva e depende a vida de seus fiéis em Cristo.
Por isso faz-se mister que todos, particularmente na catedral, dêem máxima importância a vida litúrgica da diocese em redor do bispo: persuadidos de que a principal manifestação da Igreja se realiza na plena e ativa participação de todo o povo santo de Deus nas mesmas celebrações litúrgicas, sobretudo na mesma Eucaristia, numa única oração, junto a um só  altar, presidido pelo Bispo, cercado de seu presbitério e ministros.35

Brasil x Espanha: história em jogo

Seleção quer uma vitória diante dos espanhóis para recuperar o prestígio no cenário internacional


RIO - O novo Maracanã vai viver uma noite de glória, à altura das noites mais marcantes do velho Maracanã. Às 19 horas, Brasil e Espanha vão disputar dois títulos: um deles real, tangível, o da Copa das Confederações. O outro, simbólico, mas talvez mais valioso, o de soberano do futebol.

De um lado, estará aquela que é reconhecida como a melhor seleção do planeta. Campeã do mundo e bicampeã da Europa com um estilo que está marcando época, a Espanha estabeleceu uma hegemonia como há muito não se via. Do outro lado, o Brasil, ex-melhor do mundo, louco para voltar a ser reconhecido como o número um.
A partida terá um charme fora do comum porque será a primeira vez que os espanhóis vão enfrentar a seleção brasileira desde que se tornaram os donos do mundo. Eles sabem que ainda falta dar um último passo para a consagração total, a "cereja do bolo": vencer os brasileiros em uma competição oficial. E melhor ainda que seja no Brasil, diante dos olhos de torcedores que têm vaiado a Espanha desde a primeira rodada da Copa das Confederações por saberem que, para voltar a dominar o futebol, a seleção pentacampeã mundial precisa superá-la.
Para o Brasil, portanto, o jogo é ainda mais importante do que para a Espanha. Por razões morais e práticas. Luiz Felipe Scolari admite que a equipe brasileira ainda está em construção e, para avaliar seu estágio de evolução, nada melhor do que medir forças com os melhores. Uma vitória dará ao time de Felipão um certificado de qualidade valiosíssimo, ao passo que uma derrota não será para o treinador o fim do mundo. Será, isso sim, uma boa aula para superar a Espanha quando mais interessa, na Copa do Mundo do ano que vem.
Não por acaso, integrantes das duas seleções passaram os últimos dias demonstrando sua felicidade por poder participar da partida. "Enfrentar o Brasil no Maracanã é um sonho de criança", disse o técnico da seleção espanhola, Vicente del Bosque. "Eu estou doido para jogar contra a Espanha", comentou Carlos Alberto Parreira, coordenador técnico da seleção brasileira, antes de saber que os espanhóis seriam os adversários do Brasil na decisão.
CONFRONTO DE ESTILOS 
A partida do Maracanã será um interessante choque de estilos. A Espanha jogará como vem jogando desde a Eurocopa de 2008, sua plataforma de lançamento para o domínio mundial. O time tentará ficar com a bola o máximo de tempo possível, trocando passes rapidamente e com incessante troca de posições de seus jogadores de frente. Incerta mesmo é a postura que a equipe do Brasil adotará.
Em seus três primeiros jogos na competição, o time brasileiro adotou a marcação por pressão sobre a defesa adversária nos primeiros minutos da partida. Não por acaso, contra Japão e México o Brasil abriu o placar logo no começo e faltou muito pouco para repetir a dose na partida contra a Itália.
Na semifinal, no entanto, a postura não foi a mesma e a equipe brasileira sofreu. Agora, é possível que a tática da pressão volte a ser usada, já que a Itália fez algo parecido contra a Espanha e deu certo. Os italianos foram agressivos desde o princípio da partida e assustaram os espanhóis, que ficaram menos com a bola do que o normal.
Para vencer a Espanha no Maracanã, o Brasil dependerá muito do trio formado por Neymar, Oscar e Hulk - que, apesar de ser muito criticado pela torcida e pela imprensa, deverá continuar no time. Esses três terão a tarefa de roubar a bola no campo de ataque e partir em alta velocidade rumo à área inimiga. Se cumprirem a missão, com certeza vão pegar a defesa espanhola desprevenida, já que ela joga sempre adiantada - isso faz parte da cultura do "tiki-taka".
Ah, tem outro detalhe: a torcida. Caso os cariocas apoiem o Brasil desde o Hino Nacional, como nos quatro jogos anteriores, a seleção brasileira terá mais chance de tombar o mais assustador bicho-papão do futebol atual. Convenhamos, não será pouca coisa. 
30/06/2013 - 03h31

Governo teme que inquietação das ruas afete economia


Depois do tombo em sua popularidade, a prioridade da presidente Dilma tem de ser "baixar a temperatura" das ruas para restaurar a sensação de ordem no país e evitar que a economia, que já sente impacto das manifestações, sofra maiores danos e jogue o crescimento para menos de 2% neste ano.
A avaliação reservada é de assessores presidenciais ouvidos ontem pela Folha. Para eles, a pesquisa Datafolha indica um "sentimento de falta de liderança e de pulso" associada a um momento ruim na economia.
Um auxiliar disse que o governo da presidente Dilma está no seu pior momento, mas tem tempo para se recuperar. Para isso, diz, terá de reaver a credibilidade da política econômica para criar um clima de segurança aos investidores e consumidores.
A operação, reconhece o Palácio do Planalto, tem de ser colocada em prática, mas requer cuidados. O governo não pode nem pretende atropelar os movimentos de rua, mas precisa pôr um fim nas ações de baderneiros e vândalos no país.
Nessa área, a avaliação é que o governo ainda não deu um sinal "forte de autoridade" e precisa fazer isso nos próximos dias. Segundo um assessor, a presidente precisa oferecer ajuda aos governadores. Em última instância, acionar até o Exército.
O Palácio do Planalto conta com uma perda de intensidade dos protestos nos próximos dias depois do término da Copa das Confederações e após a presidente ter saído do isolamento e da defensiva, reunindo-se com governantes, ativistas e movimentos sociais.
Além disso, o governo conta com um "cansaço" por parte da população que está sendo prejudicada pelos protestos. Na semana passada, ministros receberam ligações de empresários do comércio preocupados com depredações e saques de lojas. Houve até pedido para que o governo federal enviasse tropas do Exército.
Segundo um assessor, os episódios de quebra-quebra nas principais cidades do país têm dois efeitos negativos sobre a economia.
Um, de curto prazo, afetando as vendas, que já recuaram nas capitais. Outro, de médio prazo, assustando investidores que se preparam para disputar os leilões de concessões de rodovias e ferrovias no segundo semestre.
O impacto econômico negativo dos protestos acendeu o sinal amarelo no Planalto porque ocorre num momento delicado na economia, com dólar em alta gerando mais pressão inflacionária.
A conjugação desses dois fatores já leva o governo a temer que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB, soma das riquezas nacionais) fique abaixo de 2% neste ano, quando o Planalto esperava que ficasse próximo de 3%.
FOCO
Um empresário ouvido pela Folha diz estar preocupado porque a presidente, que estava focada em buscar a retomada do crescimento da economia, foi obrigada a mudar sua agenda nas duas últimas semanas para controlar a crise vinda das ruas.
Antes de a onda de protestos tomar contar do país, ele transmitiu à presidente a mensagem de que a recuperação da economia pode não ser sustentável e que o governo precisava fazer ajustes para recuperar a "credibilidade de sua política econômica".
Dilma prometeu ao empresário que iria abrir maior espaço na agenda para conversar com o setor e analisar suas ponderações.
TEMA CONCENTRADO

Plebiscito sim, mas têm outras demandas

30.06.2013

Toda a última semana foi tomada pelo debate sobre Reforma Política, deixando de lado as outras reivindicações
Os políticos brasileiros continuam atônitos com os protestos, nascidos espontaneamente da revolta íntima de milhões de brasileiros, há aproximadamente quinze dias, mas utilizam a esperteza, uma das características inerentes a quase todos eles, para transmitirem a ideia de estarem sensíveis às manifestações, ainda em curso, em algumas importantes cidades do País.

Manifestantes, na Capital cearense, conduzem cartazes onde estão expostas as suas reivindicações aos governantes brasileiros FOTO: KIKO SILVA

O espetáculo da segunda-feira, no Palácio do Planalto, em Brasília, reunindo em um único espaço a presidente da República, governadores dos estados e do Distrito Federal, e os 26 prefeitos de capitais, não arrefeceu o ânimo de protestar de parte daquelas vítimas das mazelas da administração pública nacional, apesar dos riscos sofridos nas ruas pela incapacidade de o Estado garantir a segurança dos verdadeiros manifestantes.

Embora a Educação, a Saúde, o transporte coletivo, a Segurança, o combate à corrupção e outras questões estejam sendo aventadas nas ruas, a presidente Dilma, introduziu um fato novo e a ele os políticos dispensam hoje uma especial atenção, no caso a Reforma Política, como se ela fosse capaz de atender a todos os reclamos sociais, quando, na verdade, sequer, ofereça esperança de melhora na qualidade da nossa representação política, tão carente de verdadeiros líderes e pessoas imbuídas dos princípios norteadores da melhor ordem político-administrativa.

Nós precisamos sim de uma Reforma Política. Porém, o mais premente de tudo, para fazer renascer as esperanças da sociedade e dar garantias de efetividade da reforma em gestação, é não apenas a oxigenação da classe política, como falou a presidente Dilma no seu discurso para os governadores e prefeitos, conhecido da população naquela segunda-feira, mas uma verdadeira faxina na política nacional. Uma mudança geral nos quadros de detentores de mandatos e donatários de agremiações partidárias, pelo vício de fazer política defeituosa, e, portanto incapazes de se reciclarem.

Faxina
Qualquer Reforma Política, feita pelos atuais congressistas, por certo vai permitir a continuidade, embora com outras feições, daquilo ora contestado. Manterá a mesmice. Há, no País, hoje, uma prateleira de leis ditas moralizadoras, direcionadas ao processo político-partidário e as coisas acontecem como se elas não existissem.

A Ficha Limpa, a mais recente dessas leis, para não falarmos em tantas outras como a da fidelidade partidária, do abuso do poder econômico, foi parcialmente garroteada por algumas decisões de tribunais de Contas e do próprio Eleitoral, resultando na eleição de alguns ímprobos: o ainda deputado federal, Natan Donadon (PMDB-RO), preso em Brasília desde a última sexta-feira, é um dos representantes desse grupo.

Acuado, pela subserviência ao Executivo, a falta de apoio popular e sem um comando de pessoas com probidade inquestionável, o Congresso Nacional, nessa onda de Reforma Política, está sendo levado, disciplinadamente, pela presidente Dilma, como uma dócil criança guiada pelos pais.

Competências
A oposição, desacostumada a se opor, com a seriedade e o respeito dela esperado, não se faz ouvir neste momento, embora esteja falando em socorro do Parlamento, ao defender suas competências, principalmente sobre aquelas dispostas na Constituição Federal de "autorizar referendo e convocar plebiscito".

O brasileiro quer respostas rápidas para os pleitos apresentados nas ruas, embora elas sejam demandas antigas, sempre tratadas com menoscabo pelos governantes. É preciso ação e não apenas discursos quanto ao combate à criminalidade, em todas as suas formas. Idem em relação às questões relacionadas com a Educação, a Saúde e a Mobilidade Urbana, o primeiro motivo da ida de insatisfeitos às ruas. E ainda providências eficazes de combate à corrupção.

O discurso do ministro Joaquim Barbosa, presidente do Supremo Tribunal Federal e do Conselho Nacional de Justiça, na última quinta-feira, encerrando as atividades plenárias do Conselho, é um reconhecimento público da demora do Judiciário brasileiro em dar respostas às inquietações sociais. "Deficiências e condições precárias por si só não explicam resultados tão pífios" dos tribunais de 2º grau, quanto ao julgamento dos recursos nas ações de Improbidades Administrativas, resultantes de longas e meticulosas investigações contra desvio de recursos públicos em todas as esferas da administração estatal.

Propaganda oficial
Enquanto alguns poucos cearenses reclamam da falta de uma atenção mais efetiva do Governo Federal em socorro às vítimas da seca em nosso Estado, uma propaganda oficial do Governo Federal, veiculada nas estações de rádio da Capital cearense, dá conta de providências eficazes para minorar o sofrimento da população atingida.

Textualmente, diz a propaganda, lida em voz clara e forte pelo locutor oficial: "Quando a seca avança, o Governo Federal se torna ainda mais presente no sertão, garantindo água de beber, milho pra criação e crédito facilitado. Mas para cada um real gasto nessas ações emergenciais, o Governo Federal investe mais dois reais em obras que ficam para sempre, como a integração do São Francisco, o Eixão das Águas e a Barragem do Missi, aqui no Ceará. Semiárido, mais água, mais produção e obras que ficam para sempre. Governo Federal".

QUEDA NA POPULARIDADE

Avaliação de Dilma cai após protestos

30.06.2013

O número de eleitores que avaliam o governo como bom ou ótimo caiu 27 pontos percentuais depois das mobilizações
São Paulo. A aprovação do governo da presidente Dilma Rousseff caiu para 30%, segundo pesquisa Datafolha divulgada neste sábado pelo jornal "Folha de S.Paulo". O número de eleitores que consideram o governo bom ou ótimo caiu 27 pontos percentuais desde o início dos protestos no País. Há três semanas, a aprovação era de 57%. De acordo com o instituto, é a maior queda de popularidade registrada desde o início da gestão Dilma.

Há três semanas, antes do começo da onda de manifestações que invadiu País, a aprovação da presidente era de 57% FOTO: REUTERS

A pesquisa foi realizada na quinta-feira e sexta-feira com 4.717 pessoas, em 196 municípios. A margem de erro é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos. É a segunda vez desde que a presidente assumiu o cargo, em 2011, que sua avaliação cai acima da margem de erro da pesquisa. Em março, o índice de aprovação do governo atingiu 65%.

O percentual de pessoas que consideram a gestão Dilma ruim ou péssima passou de 9% para 25%, segundo a pesquisa. A nota média da presidente, numa escala de 0 a 10, caiu de 7,1 para 5,8.

Os entrevistados também avaliaram o desempenho da presidente em relação aos protestos. O levantamento apontou que, para 32%, a postura de Dilma foi ótima ou boa. Outros 38% julgaram como regular e 26% avaliaram como ruim ou péssima.

Diante das manifestações em centenas de cidades brasileiras, a presidente Dilma Rousseff fez um pronunciamento nacional na televisão no dia 21 de junho e propôs aos 27 governadores e aos 26 prefeitos de capitais convidados por ela para reunião no Palácio do Planalto, no dia 24, a adoção de cinco pactos nacionais: por responsabilidade fiscal, reforma política, saúde, transporte, e educação.

Plebiscito
A pesquisa realizada pelo Istituto Datafolha mostra ainda que 68% dos entrevistados apoiam a ideia de um plebiscito para consultar a população sobre questões ligadas à reforma política. Outros 19% disseram que Dilma Rousseff agiu mal ao propor a ideia, e 14% não souberam responder.

O instituto diz ainda que 73% dos pesquisados são favoráveis à criação de uma constituinte para elaborar uma reforma política. Sobre esse tema, 15% mostraram-se contrários à proposta.

Economia

O Instituto Datafolha também avaliou a expectativa dos entrevistados em relação à inflação: 54% acham que o índice vá aumentar. No último levantamento, 51% afirmaram acreditar no aumento. Para 44% o desemprego vai crescer, enquanto na pesquisa anterior o índice era de 36%. De acordo com o levantamento, 38% acreditam que o poder de compra do salário vai cair, aumento de 11 pontos percentuais em relação ao último levantamento. 
EMANCIPAÇÃO DE DISTRITOS

Municípios terão perdas de até 6,5% do FPM e 15% do ICMS

30.06.2013

Desmembramento político para distritos cearenses poderá será decidido em plebiscito no próximo ano
Fortaleza. Até o próximo ano, cerca de 30 distritos cearenses viverão um clima de torcida e euforia. Não será apenas pela Copa do Mundo, mas pela realização de antigo sonho e bem particular: ser município. A decisão, que poderá acontecer em consulta popular, é vista por especialista como um mecanismo de desenvolvimento. Ao mesmo tempo se fala em custos para o conjunto das cidades cearenses, uma vez que haverá perdas das transferências do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) e do Imposto de Circulação de Mercadorias (ICMS).

A emancipação é aguardado pelo turístico Distrito de Iguape, em Aquiraz FOTO: CID BARBOSA

As perdas não serão generalizadas e terão impactos distintos. Os municípios com seus distritos emancipados, caso seja essa a vontade popular, não verão suas receitas diminuídas com relação ao FPM ou ICMS. No entanto, naqueles que não terão seus distritos desmembrados poderão receber menos do FPM, num coeficiente de 6,5%, o que atingiriam 75% das pequenas cidades e mais 15% do ICMS.

O economista José Irineu Carvalho explica que, nas regiões onde haverá emancipações, há um benefício direto. Isso acontece porque existirá ainda uma dependência das regiões desmembradas dos serviços mantidos pela antiga sede, como saúde, educação e assistência social. Ao mesmo tempo, algumas responsabilidades passam a ser das novas cidades, como construção de escolas, postos de saúde, manutenção de estradas e pagamento de pessoal.

Bolo
Já nos demais municípios, como diz Irineu, as perdas decorrem do fato de que o bolo das transferências é dividido por todas as cidades. "Eu não sou contra a emancipação, até porque sou municipalista e há um benefício direto para as regiões que serão beneficiadas", afirma o economista e que é também consultor da Associação dos Municípios do Estado do Ceará (Aprece).

Num País onde há uma forte crítica pelo inchamento da máquina administrativa e, de modo geral, à política fiscal, nome dado às ações do governo destinadas a ajustar seus níveis de gastos, criação de novos municípios também significa criar mais despesas e menos investimentos. Afinal, são mais prefeitos, mais vice-prefeitos, mais câmaras de vereadores e outros gastos que vão constar em folha.

José Irineu observa haver mais custos e, ao mesmo tempo, mais desenvolvimento para a região. Daí, entender que há quase um consenso dos prefeitos para que esse pleito seja realmente concretizado, até porque, no aspecto político há mais efeitos positivos apoiando do que o contrário a considerar.

São Pedro é uma das 30 localidades cearenses que poderá se tornar município por meio de plebiscito e conta com lideranças empenhadas em cumprir as exigências da lei a fim de que se torne realidade antigo projeto local FOTO: HONÓRIO BARBOSA

Necessidades

Pensamento parecido tem o economista Carlos Eduardo Marino. Para ele, há aspectos bons e não muitos bons no processo emancipatório. Como ponto positivos, diz que os novos municípios aproximarão fisicamente o governo municipal dos beneficiários dos serviços públicos, gerando dois benefícios diretos. 

"Em primeiro lugar, é provável que o gestor tenha mais informações quanto às reais necessidades da população, podendo atender a essas demandas com maior eficiência. Além disso, a população por estar mais próxima da gestão pode exercer um controle social mais eficiente, reduzindo a corrupção e o desperdício", salienta Eduardo.

Já os aspectos negativos são com relação à criação dos novos municípios gerando despesas. "No mínimo, os custos derivados da implantação da nova administração pública, como por exemplo, aluguel de imóveis, compra de móveis, remunerações do prefeito, secretários e vereadores. Outra possibilidade é o novo município ser tão pequeno que gere deseconomias de escala. Por exemplo, postos de saúde e escolas com menor utilização e consequente custo por usuário maior", destaca.

Famosa pelas suas peixadas, Lima Campos, em Icó, tem uma infraestrutura precária, o que espera corrigir com maior autonomia política FOTO: HONÓRIO BARBOSA

Decisão

Apesar dos pontos negativos, a decisão soberana da população deve indicar o melhor caminho. O grande problema surge pelo fato da opção pela emancipação afetar negativamente os demais municípios.

Eduardo chama a atenção para o fato de que os governos municipais são extremamente dependentes de transferências da União e dos Estados. No Ceará, quase 90% das receitas dos municípios do Interior são provenientes das transferências. Dessas, uma boa parte (mais de 30%, no Interior) é proveniente do Fundo de Participação dos Municípios (FPM).

Como os recursos do FPM não aumentarão com a criação dos novos municípios, os valores destinados aos novos serão retirados dos demais. Os atuais critérios de rateio do FPM são muito criticados pelos especialistas. Para a divisão do montante considera-se um sistema de faixa de população que produz resultados, que em síntese, beneficia os municípios pequenos.

MARCUS PEIXOTO
REPÓRTER