domingo, 30 de junho de 2013

30/06/2013 - 03h31

Governo teme que inquietação das ruas afete economia


Depois do tombo em sua popularidade, a prioridade da presidente Dilma tem de ser "baixar a temperatura" das ruas para restaurar a sensação de ordem no país e evitar que a economia, que já sente impacto das manifestações, sofra maiores danos e jogue o crescimento para menos de 2% neste ano.
A avaliação reservada é de assessores presidenciais ouvidos ontem pela Folha. Para eles, a pesquisa Datafolha indica um "sentimento de falta de liderança e de pulso" associada a um momento ruim na economia.
Um auxiliar disse que o governo da presidente Dilma está no seu pior momento, mas tem tempo para se recuperar. Para isso, diz, terá de reaver a credibilidade da política econômica para criar um clima de segurança aos investidores e consumidores.
A operação, reconhece o Palácio do Planalto, tem de ser colocada em prática, mas requer cuidados. O governo não pode nem pretende atropelar os movimentos de rua, mas precisa pôr um fim nas ações de baderneiros e vândalos no país.
Nessa área, a avaliação é que o governo ainda não deu um sinal "forte de autoridade" e precisa fazer isso nos próximos dias. Segundo um assessor, a presidente precisa oferecer ajuda aos governadores. Em última instância, acionar até o Exército.
O Palácio do Planalto conta com uma perda de intensidade dos protestos nos próximos dias depois do término da Copa das Confederações e após a presidente ter saído do isolamento e da defensiva, reunindo-se com governantes, ativistas e movimentos sociais.
Além disso, o governo conta com um "cansaço" por parte da população que está sendo prejudicada pelos protestos. Na semana passada, ministros receberam ligações de empresários do comércio preocupados com depredações e saques de lojas. Houve até pedido para que o governo federal enviasse tropas do Exército.
Segundo um assessor, os episódios de quebra-quebra nas principais cidades do país têm dois efeitos negativos sobre a economia.
Um, de curto prazo, afetando as vendas, que já recuaram nas capitais. Outro, de médio prazo, assustando investidores que se preparam para disputar os leilões de concessões de rodovias e ferrovias no segundo semestre.
O impacto econômico negativo dos protestos acendeu o sinal amarelo no Planalto porque ocorre num momento delicado na economia, com dólar em alta gerando mais pressão inflacionária.
A conjugação desses dois fatores já leva o governo a temer que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB, soma das riquezas nacionais) fique abaixo de 2% neste ano, quando o Planalto esperava que ficasse próximo de 3%.
FOCO
Um empresário ouvido pela Folha diz estar preocupado porque a presidente, que estava focada em buscar a retomada do crescimento da economia, foi obrigada a mudar sua agenda nas duas últimas semanas para controlar a crise vinda das ruas.
Antes de a onda de protestos tomar contar do país, ele transmitiu à presidente a mensagem de que a recuperação da economia pode não ser sustentável e que o governo precisava fazer ajustes para recuperar a "credibilidade de sua política econômica".
Dilma prometeu ao empresário que iria abrir maior espaço na agenda para conversar com o setor e analisar suas ponderações.

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