Bom dia!
Será que os leprosos pediram para que Jesus os curasse? Será que havia esperança em alguém tão doente em ver de volta a cura de seus males? Isso fica subtendido na interpretação de cada coração que lê esse evangelho.
A Lepra, mais que uma doença visível e mutiladora, era uma doença social. As pessoas dadas como leprosas eram “condenadas” a vagar longe da sociedade sendo assim, era comum encontrá-los em grupos, pois tentavam assim não ficar só. Em grupos tentavam também se manter e se ajudar, pois a fome era a maior inimiga dos doentes.
Jesus passava por uma região que era repudiada pelos judeus. Região “impura” de onde judeu algum deveria guardar “a terra das sandálias”. Nesse local, Jesus é abordado por pessoas, que talvez sedentas ou famintas, vinham em busca de algo que as ajudasse. Jesus poderia como no episódio da moeda dentro do ventre do peixe (Mateus 17, 26), dar algum dinheiro para que lhes fartasse a fome, mas como a palavra mesmo diz: Jesus sabe o que REALMENTE precisamos.
“(…) Outrossim, o Espírito vem em auxílio à nossa fraqueza; porque não sabemos o que devemos pedir, nem orar como convém, mas o Espírito mesmo intercede por nós com gemidos inefáveis. E aquele que perscruta os corações sabe o que deseja o Espírito, o qual intercede pelos santos, segundo Deus”. (Romanos 8, 26-27)
Mas algo de extraordinário aconteceu: “(…) Quando iam pelo caminho foram curados”.
Muitas pessoas que vem ao encontro de Jesus já começam seu processo de mudança pelo caminho. Creio que até mesmo durante o percurso já são libertadas do que REALMENTE era necessário que fosse tratado. No entanto, muitos de nós, velhos de caminhada ainda não compreendemos isso ao nos debulhar em pedidos se o mais importante é que a Palavra chegue ao nosso coração.
Mesmo aquele que veio e não voltou é preciso crer que a Palavra não volta sem cumprir o que era para ser feito em nós. Ele pode ter partido e não testemunhado, mas se a porta estava aberta, com certeza a semente foi lançada.
“(…) Tal como a chuva e a neve caem do céu e para lá não volvem sem ter regado a terra, sem a ter fecundado, e feito germinar as plantas, sem dar o grão a semear e o pão a comer, assim acontece à palavra que minha boca profere: não volta sem ter produzido seu efeito, sem ter executado minha vontade e cumprido sua missão” (Isaias 55, 10-11)
Reparemos que Jesus determinou algo na vida daquele que voltou. Jesus atestou o dom da fé em alguém que ninguém esperava (além de leproso, samaritano). Ele poderia ter voltado a viver depois de tanto tempo de exclusão social, mas primeiro soube agradecer a Deus em seguida assumiu um compromisso de ação. Quando volta, ele abandona um paradigma humano – a ingratidão.
Quando disse que os dez vinham à procura de algo material (dinheiro, comida, água) é uma exortação a todos aqueles que só procuram Deus quando a água começa a subir. Sim, creio que Deus vai operar (até mesmo pelo caminho) pela misericórdia em todos nós, mas precisamos deixar que Deus opere em nós o que REALMENTE precisamos e ao voltar pra casa, possamos ver as nossas lepras indo embora e não sejamos ingratos, pois não conseguimos o que achávamos que queríamos.
Repita assim “Senhor o Senhor sabe o que eu preciso”.
Um imenso abraço fraterno.
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