O grande professor Dr. Cesar Saldanha, católico fervoroso, doutor em Ciências políticas, costuma contar nos Encontros que tenho participado de “Fé e Política” (Sementes de Vida Nova), uma história muito interessante.
Ele conta que seu querido pai era juiz do trabalho em Porto Alegre, e buscava sempre que possível a reconciliação de patrão com o empregado nas causas trabalhistas. E certa vez, um patrão e empregado não se entendiam e ele teve de declarar a sentença sem o acordo do patrão. Este, então, bravo, tirou o dinheiro do bolso, jogou na mesa da audiência e disse ao empregado: “Toma aí, uma esmola!”.
O empregado, humilhado e sem jeito, pegou devagar o dinheiro e colocou-o no bolso. Então, o pai do Dr. Cesar disse a patrão: “Muito bem, você fez um gesto bonito, deu-lhe uma “esmola”. Agora você vai pagar a ele o que você lhe deve”. O patrão reclamou e disse: “eu já lhe paguei”; e o juiz lhe disse: “não, você lhe deu uma esmola, fez um ato de amor, uma caridade; agora vamos fazer a justiça, você vai lhe pagar o que lhe é de direito”. E o patrão teve de tomar o cheque e pagar ao empregado.
Justiça é dar a cada um, o que lhe é de direito; caridade, amor, é dar daquilo que é “meu”. A justiça se exerce pelo Direito, sem ela não pode haver a caridade, pois a justiça define o que é meu. Sem saber o que é meu, não posso fazer a devida caridade; pois “não se pode fazer caridade com o chapéu do outro”, com os bens do outro. A justiça e o Direito são necessários, mas não são suficientes para que uma sociedade viva bem; é o que vamos ver no próximo artigo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário