Há dois versículos na Bíblia que nos revelam de maneira clara quem é Deus. O primeiro deles é quando o próprio Senhor disse a Moisés: “EU SOU AQUELE QUE SOU” (Ex 3,14ª). Ser aquele que é quer dizer se aquele que existe, independente de qualquer causa. Existe por si mesmo; é incontingente, gera e mantém a vida de tudo o que existe fora do nada. Criou tudo sem precisar de nada. Essa é a majestade e o poder onipotente de Deus; por isso, somente Ele tem o direito de ser adorado. Os demais seres são contingentes.
O segundo versículo que nos revela Deus é o que saiu dos lábios de São João: “Aquele que não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor” (I Jo 4,8). Deus é amor! O amor é a essência da natureza de Deus. Por essa razão, São João insistia que quem não ama não conhece a Deus; não tem a experiência de Deus em sua vida; não tem a vida eterna (cf. I Jo 3,14-15).
Resumindo os dois versículos acima, podemos conhecer um pouquinho sobre Deus: Ele é aquele que é a essência do Seu ser é o amor. Assim, todas as ações de Deus são movidas pelo amor, principalmente pelo amor a cada um de nós.
Estou convencido de que só seremos pessoas amadurecidas na fé e convictamente religiosas, se experimentarmos este amor de Deus em nossa vida e dermos uma profunda resposta de amor a este Deus e Pai que nos ama sumamente.
Os apóstolos foram incisivos ao nos lembrarem de que Deus nos amou primeiro: “Nisto se manifestou o amor de Deus para conosco: em os ter enviado ao mundo o seu Filho único, para que vivamos por ele. Nisto consiste o amor: não em termos nós amado a Deus, mas em ter-nos ele amado e enviado o seu Filho para expiar os nossos pecados” (I Jo 4,9-10). O próprio Jesus nos revelou a imensidão do amor de Deus por nós, quando disse a Nicodemos: “Com efeito, de tal modo Deus amou o mundo, que lhe deu seu Filho único, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3,16).
Estou certo de que enquanto não aprofundarmos nossa reflexão sobre esse versículo do Evangelho de São João, experimentando em nosso coração todo o amor de Deus por nós, não daremos uma resposta fiel de amor a Deus e aos irmãos em nossa vida.
São Paulo sentiu e viveu este amor de Deus por ele e, por isso, disse aos gálatas: “Eu vivo, mas á não sou eu, é Cristo que vive em mim; a minha vida presente, na carne, eu a vivo na fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim.” (Gl 2,20). Todos nós precisamos, com a graça de Deus, experimentar isso que São Paulo experimentou e que transformou a sua vida: “(Ele) me amou e se entregou por mim.” O que mais queremos?
Depois que Deus entregou o Seu Unigênito à morte de cruz por nós, ninguém mais pode duvidar do Seu amor. Deus não poderia fazer nada além do que fez para provar o Seu amor por mim e por você, individualmente. São Pedro chegou a dizer: “Não é por bens perecíveis, como a prata e o ouro, que tendes sido resgatadas (…) mas pelo precioso sangue de Cristo” (I Pd 1,18). É o caso de eu perguntar a você: Quanto vale a vida? E a do seu filho? Sei que você vai me dizer que ela não tem preço… é impagável. E quanto vale então a vida do Filho único de Deus?
Deus nos deu a vida por amor, quis que existíssemos, nos tirou do nada, “nos predestinou para sermos adotados como filhos seus por Jesus Cristo” (Ef 1,5). Tudo por amor: Como exclamou o salmista: “Fostes vós que plasmastes as entranhas de meu corpo, Vós me tecestes no seio de minha mãe. Sede bendito por me haverdes feito de modo tão maravilhoso” (Sl 138,13-14a). Somos a grande maravilha de Deus; fomos criados à Sua imagem (cf. Gn 1,26) e toda a beleza do nosso ser – inteligência, vontade, liberdade, consciência, etc. – espelha o Seu amor por nós. Além disso, Deus criou este mundo maravilhoso em que vivemos e fez de nós “senhores” de tudo o que criou. Deu-nos a terra que produz o alimento de cada dia, a beleza das flores e os frutos saborosos; deu-nos o subsolo com todas as riquezas minerais; deu-nos os animais de todas as espécies, as aves do céu e os peixes do mar. Tudo criado para nós gratuita, generosa e amorosamente. Só não vê e não sente o amor de Deus quem não quer, quem tem os olhos cegos pelo orgulho que o impede de ver e de proclamar a glória de Deus. Desse fala o livro da Sabedoria quando diz: “São insensatos por natureza todos os que desconheceram a Deus, e, através dos bens visíveis, não souberam conhecer Aquele que é, nem reconhecer o Artista, considerando suas obras” (Sb 13,1).
Nossa resposta ao amor incomensurável de Deus por nós só pode ser uma: amor a Ele sobre todas as coisas e pessoas, e amor ao irmão como a nós mesmos (cf. Mc 12,29). Sem uma vida (não palavras) de amor a Deus e aos irmãos, não estaremos em comunhão com o Senhor: “Nisto temos conhecido o amor: (Jesus) deu sua vida por nós. Também nós outros devemos dar a nossa vida pelos nossos irmãos” (I Jo 3,16). Essa é a resposta de amor que Deus espera de nós, pois “Deus é amor, e quem permanece no amor permanece em Deus e Deus nele” (I Jo 4,16b). Ou ainda mais: “Aquele que não ama o seu irmão, a quem vê, é incapaz de amar a Deus, a quem não vê” (I Jo 4,20b). Amemos portanto a Deus, “porque Deus nos amou primeiro” (I Jo 4,19b). Vivendo assim, nada ou ninguém poderá roubar de nós a paz e a alegria, mesmo entre as tribulações da vida que Deus permite para a nossa santificação.
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