A Igreja Católica aprendeu com sua História, na qual houve heresias, cismas e apostasias, a evitar ao máximo punir os seus filhos que incorrem nesses erros, especialmente quando se trata de sacerdotes e bispos. Neste sentido, agindo como boa Mãe e Mestra que educa com carinho e paciência, a Igreja primeiro adverte os que caminham em algum erro, chama-os ao diálogo, e espera a reflexão madura e sensata dos seus filhos. É sua missão guardar intacto o “fidei depositum”, a verdade que liberta e que salva (cf. Catecismo §851)
Mas, muitas vezes, infelizmente, há filhos recalcitrantes no erro, que se acham mais sábios e doutos do que a própria Mater Ecclesia, assistida e guiada infalivelmente pelo Espírito Santo, como promessa de Jesus feita a Pedro (cf. Mt 16,17), aos Apóstolos (cf. Mt 18,18), e reiteradas na Santa Ceia: “O Espírito Santo ensinar-vos-á toda a verdade” (cf. Jo 14,25; 16,12-13). Neste caso, mesmo com dor, a Igreja, como a boa Mãe que corrige, precisa punir. Se o pastor não enfrenta o lobo, este pode comer as ovelhas.
O Vaticano informou que retirou do padre Helmut Schüller o direito de usar o título de monsenhor. Líder dos padres austríacos do grupo “Apelo à desobediência”. Este padre desobediente, que ainda poderá continuar exercendo o sacerdócio, lidera uma triste campanha de desobediência para desafiar abertamente a Igreja a respeito do celibato e do “sacerdócio” feminino. Ele foi o braço direito do arcebispo de Viena, o cardeal Christoph Schönborn, e tinha recebido o título honorífico por seu trabalho como responsável máximo da Cáritas, a organização caritativa da Igreja, na Áustria.
Este padre quer que sejam mudadas as leis da Igreja para que os sacerdotes possam casar e as mulheres possam ser ordenadas sacerdotisas. Ora, que autoridade ele tem para isso? Seus partidários dizem que romperão com as leis da Igreja, dando comunhão para protestantes e católicos divorciados que voltaram a contrair matrimônio. Uma lamentável desobediência e rebeldia, que não podia ficar sem uma providência da Igreja. Sabemos o que acontece quando se deixa uma laranja podre no meio das outras…
Por isso, de maneira suave, quase apenas simbólica, a Santa Sé tomou uma medida disciplinar necessária; foi sem dúvida um aviso de que ele está no caminho errado e que não pode continuar na Igreja sem obedecer a Cristo e a seu sagrado Magistério. A Igreja tem normas, um Código de Direito Canônico, etc.. Quem não os aceita, ao invés de ficar perturbando a sua vida, seria melhor que se realizasse fora dela.
Como a marca principal dos hereges é o orgulho espiritual, o padre Schüller já declarou à imprensa austríaca que a decisão do Vaticano não atingiu seus princípios. Quer dizer, não vai mudar. Mas ele sabe que a Igreja não ficará inerte se ele prosseguir com sua Campanha herética em favor da ordenação de mulheres, principalmente, pois a Igreja já deixou claro que esse ponto é imutável; não se trata de algo social, mas doutrinário. O Papa João Paulo II na Carta Apostólica “Ordinatio Sacerdotalis” (22 maio 1994), bem como na Encíclica “Mullieris Dignitatem” explicou as razões pelas quais a Igreja nunca teve e nunca terá “sacerdotes femininas”. Não é uma questão de machismo ou feminismo, Jesus amou as mulheres, a protegeu e salvou, mas não ordenou nenhuma delas, nem mesmo sua Mãe Santíssima participou da Santa Ceia e da ordenação conferida aos Apóstolos.
O Papa afirmou que segundo a Sagrada Escritura e a Tradição da Igreja, em relação ao sacramento da Ordem, nem Jesus Cristo nem algum sucessor de Apóstolo conferiu a ordenação sacerdotal a mulheres, tanto entre os cristãos ocidentais como entre os orientais. Segundo ele a Igreja não tem autorização para mudar este ponto. Eis o que disse o Papa João Paulo II na “Ordinatio Sacerdotalis”:
“Para que seja excluída qualquer dúvida em assunto da máxima importância, que pertence à própria constituição da Igreja divina, em virtude do meu ministério de confirmar os irmãos (cf. Lc 22, 32), declaro que a Igreja não tem absolutamente a faculdade de conferir a ordenação sacerdotal às mulheres, e que esta sentença deve ser considerada como definitiva por todos os fiéis da Igreja”.
Após essa definição do Papa, algumas pessoas escreveram para a Sagrada Congregação da Fé, perguntando sobre o caráter revogável ou não de tal sentença. Em Nota datada de 28/10/95, esta Congregação respondeu em favor da irrevogabilidade da sentença.
Dúvida: “Se a doutrina segundo a qual a Igreja não tem faculdade de conferir a ordenação sacerdotal às mulheres, proposta como definitiva na Carta Apostólica “Ordinatio sacerdotalis”, deve ser considerada pertencente ao depósito da fé.”
Resposta: Afirmativa.
“Esta doutrina exige um assentimento definitivo, já que, fundada na Palavra de Deus escrita e constantemente conservada e aplicada na Tradição da Igreja desde o início, é proposta infalivelmente pelo magistério ordinário e universal (cf. Conc. Vaticano II, Const. dogm. Lumen gentium, 25, 2). Portanto, nas presentes circunstâncias, o Sumo Pontífice, no exercício de seu ministério próprio de confirmar os irmãos (cf. Lc 22, 32), propôs a mesma doutrina, com uma declaração formal, afirmando explicitamente o que deve ser mantido sempre, em todas as partes e por todos os fiéis, enquanto pertencente ao depósito da fé.”Roma, da Sede da Congregação para a Doutrina da Fé, aos 28 de outubro de 1995.
Durante décadas, os católicos progressistas austríacos vêm desafiando as políticas de Bento XVI e de seu predecessor João Paulo II, criando movimentos de protesto. Schüller vem se encontrado com clérigos afins na Áustria e no exterior, desde que fundou o grupo de “Apelo à desobediência”.
Recentemente a Santa Sé puniu outro sacerdote que defendia a ordenação de mulheres. O padre Ray Bourgeois, dos EUA, da ordem religiosa de MaryKnoll; este foi suspenso de exercer o sacerdócio e foi expulso da Ordem pela Congregação para a Doutrina da Fé porque participou inclusive de uma ordenação de mulheres, extrapolando toda medida de bom senso e obediência.
Que tudo isso sirva de alerta também a alguns padres e freiras brasileiros, que aqui também ficam exigindo o sacerdócio feminino. Será que o Papa terá que falar ainda mais uma vez sobre isso?
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