sexta-feira, 29 de novembro de 2013

reflexão do Evangelho de hoje “ a Palavra de Deus não passa.

O exemplo da figueira nos alerta para que não fiquemos alienados (as) e sim, atentos aos sinais do reino de Deus que é construído sutilmente dentro de nós, no nosso dia a dia, na nossa caminhada com Jesus apesar de quase não percebermos.
Por isso, Jesus nos ensina a percebermos os sinais do reino de Deus assim como nós percebemos o aspecto das coisas que nós vivenciamos. Há certos sinais que são visíveis para nós aqui na terra: ventania, nuvens carregadas de chuvas, calor forte, o tempo propício para colher os frutos etc., etc. Assim também há os sinais de que o reino dos céus está próximo. Estes sinais se manifestam dentro de nós e cada um de nós pode perceber: coração grato, alegre, em paz, amor aos irmãos, desejo de santidade, misericórdia, perdão. Quando você percebê-los em si mesmo, saiba que o reino de Deus está próximo, isto é, Jesus está em você, agindo, atuando. Um novo céu e uma nova terra começam a acontecer em nós, hoje, quando praticamos a Palavra do Senhor. Pela Sua Palavra Jesus vem nos dar nova direção para que possamos desde já, viver o Seu reino aqui na terra. O céu e a terra visíveis, um dia passarão. O mundo será renovado e o reino de Deus definitivamente será estabelecido quando Jesus voltar, porém, desde já, agora, nós podemos “ver” os seus sinais dentro do nosso coração. - Você sabe diagnosticar o que se passa dentro do seu coração? - Quais os sentimentos que mais fazem vida em você? – Onde está o reino de Deus? – Quais são os sinais de que o reino de Deus está perto de você? – Como o reino de Deus pode acontecer dentro do coração do homem?

Evangelho de hoje - Lc 21,29-33



Evangelho - Lc 21,29-33
Quando virdes acontecer essas coisas,
ficai sabendo que o Reino de Deus está perto.
+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas 21,29-33
Naquele tempo: 
29Jesus contou-lhes uma parábola: 
'Olhai a figueira e todas as árvores. 
30Quando vedes que elas estão dando brotos, 
logo sabeis que o verão está perto. 
31Vós também, quando virdes acontecer essas coisas, 
ficai sabendo que o Reino de Deus está perto. 
32Em verdade, eu vos digo: 
tudo isso vai acontecer antes que passe esta geração. 
33O céu e a terra passarão, 
mas as minhas palavras não hão de passar. 
Palavra da Salvação. 

As Lições dos Gansos Selvagens


gansos3
Os gansos selvagens viajam muitos quilômetros durante o ano, conforme a necessidade de suas vidas. Os estudiosos descobriram porque eles voam em formação “V”; isso tem vários motivos. À medida que cada um bate suas asas, cria uma sustentação para o ganso de trás. Assim, voando em formação “V”, o grupo inteiro consegue voar pelo menos 71% a mais do que se cada ganso voasse isoladamente. Eles gastam menos energia, pois diminui a resistência do ar no corpo do que vem atrás.
Sempre que um ganso sai da formação, ele logo sente a resistência do ar e retorna depressa à formação “V”. Quando o ganso líder se cansa, ele reveza com o seguinte, indo para a traseira do “V”. Os gansos de trás grasnam para encorajar os da frente a manterem o ritmo e a velocidade. Quando um ganso adoece ou se fere e deixa o grupo, dois outros gansos saem da formação e o seguem, para o ajudar e proteger, até a solução do problema, e então reiniciam a jornada somente os três ou juntando-se à outra formação, até encontrar o seu grupo original.
Quantas lições Deus nos dá por meio da natureza desses gansos!
1 – A solidariedade nas dificuldades faz com que tudo fique mais fácil e a solução mais rápida.
2 – Estar ao lado dos colegas nas horas difíceis.
3 – Compartilhar uma direção comum e cultivar o senso de equipe para chegar à meta mais depressa e facilmente, acpa_sabedoria_em_par_bolaspoiando-se na confiança mútua.
4 – Descobrir a força, poder e segurança que existe em um grupo, com quem realizamos uma obra. A necessidade de estar junto com aqueles que trabalham conosco, dando e aceitando ajuda, sem orgulho, prepotência e arrogância.
5 – Descobrir a importância do revezamento na liderança, de modo sincero e desinteressado, quando se faz um trabalho difícil. Nós também, como os gansos, dependemos uns dos outros. Todos precisamos ser animados com apoio e encorajamento, e fazer com que o nosso comentário seja encorajador para a equipe, a fim de melhorar o desempenho do grupo. Isso tudo e muito mais!
Retirado do Livro “Sabedoria em Parábolas”

Crisma – Ser renovado o Espírito Santo


espirito-santo-imagemSomente pela ação do Espírito Santo em nós é que podemos conquistar a santidade. “O Espírito de Jesus habita em nós para fazer-nos imagens de Jesus” (Rom 8,29). “Não sabeis que sois o templo de Deus, e que o Espírito de Deus habita em vós?… Porque o templo de Deus, que sois vós é santo” (1 Cor 3,16). “Ou não sabeis que o vosso corpo é templo do Espírito Santo, que habita em vós, o qual vos foi dado por Deus? (1 Cor 6,19).
Desde o Batismo o Espírito habita em gera em nós os dons de santificação: Sabedoria, Ciência, Entendimento, Conselho, Fortaleza, Piedade e Temor de Deus. Sabedoria o Espírito nos capacita a conhecer a Deus na intimidade e também nos leva a conhecer e querer viver conforme a Sua vontade.
Entendimento, ou Inteligência – nos leva a ver as pessoas e o mundo com os olhos de Deus. Somos levados a penetrar os mistérios de Deus e o seu conhecimento. Ainda menino no Mosteiro de Monte Cassino, São Tomás de Aquino já surpreendia os monges com essa pergunta: “Quem é Deus”?
Ciência – nos leva a compreender e aceitar os planos de Deus revelados na Sagrada Escritura. Por esse dom muitos santos, embora quase analfabetos, tinham a ciência infusa das coisas de Deus.
Conselho – nos faz sábios diante da vida e nos impulsiona a procurar a Deus e a levar os outros a Deus, conhecendo e seguindo a sua vontade.
Fortaleza – nos prepara para lutar contra as tentações e o pecado. Nos faz corajosos na defesa da fé, da “sã doutrina” (1 Tm 1,10) da Igreja, e nos ajuda a vencer as zombarias e o respeito humano. Nos dá força e  paciência para carregar a cruz de cada dia.
Piedade – produz em nós o amor a Deus , afastando-nos de toda forma de idolatria (prazeres, amor ao dinheiro, status, fama, vanglória, poder, superstições, ocultismo,  etc). Nos faz viver como verdadeiros filhos de Deus, que ama o Pai com toda a sua vida. Nos leva e capacita à oração permanente e humilde que tudo alcança. Faz-nos curvar a cabeça e o coração diante das coisas sagradas. Move-nos a adorar a Deus e venerar os seus santos e anjos, e de modo especial Nossa Senhora, Mãe de Deus.
Temor de Deus – é o receio de ofender a Deus por ser Ele tão  bom e Santo. Não é medo de ofendê-lo e ser castigado, e sim receio de decepcioná-lo com o nosso pecado.
Nada podemos sem o Espírito Santo: “Eu vos mandarei o Prometido de meu Pai, entretanto, permanecei na cidade [Jerusalém] até que sejais revestidos da força do alto” (Lc 24,29).
Deus anseia dar a cada um de nós o Seu Espírito, “sem medidas” (Jo 3,34): “Se vós que sois maus sabeis dar coisas boas aos vossos filhos, quanto mais o vosso Pai celeste dará o Espírito Santo aos que lhe pedirem” (Lc 11,13).
Pedir a Deus Pai, por Jesus, pela intercessão poderosa de Maria, que nos mande o Espírito Santo: “Vinde Espírito Santo, vinde pela intercessão poderosa do Imaculado Coração de Maria, Vossa amadíssima esposa. “
“Vinde Espírito Santo, enchei os corações do vossos fiéis e acendei neles o fogo do Vosso amor. Enviai Senhor o Vosso Santo Espírito e tudo será criado e renovareis a face da terra…”
É pela força do Espírito Santo que se vence as paixões: “Se viverdes segundo a carne morrereis; mas se pelo Espírito, mortificardes as obras da carne, vivereis, pois todos os que são movidos pelo Espírito de Deus, estes são filhos de Deus” (Rom 8,13).
“Andai segundo o Espírito e não satisfareis aos apetites da carne”. (Gal 5,17).
As obras da carne: “adultério, impureza, desonestidade, idolatria, magia, inimizades, contendas, ciúmes, iras, rixas, discórdias, partidos, invejas, embriaguez, orgias, e outras coisas” (Gal 5,20-21), só podem ser vencidas se nos deixarmos conduzir pelo Espírito, o qual produzirá, então, em nós os seus frutos: “caridade, alegria, paz, bondade, paciência, benignidade, fidelidade, mansidão, temperança”  (Gal 5,22).
É o Espírito Santo que dá vida a todas as coisas na Igreja; Ele é a sua alma.
Patriarca de Constantinopla, Atenágoras I, falecido em 1972:
“Sem o Espírito Santo:
Deus fica distante da gente;
Cristo, perdido na História;
O Evangelho é letra morta;
A Igreja, apenas agremiação religiosa;
A autoridade, poder que se evita;
A pregação, propaganda da Igreja;
A oração, tarefa a cumprir;
A liturgia, ritual do passado; e
A moral, repressão.
Com o Espírito Santo:
Deus entra na vida do mundo, onde inicia o seu Reino;
Cristo, o Filho de Deus, se faz um de nós;
O Evangelho é o novo estilo de vida;
A Igreja, gente unida como as três Pessoas da Santíssima Trindade;
A autoridade, apoio e serviço;
A pregação, anúncio da novidade do Reino;
A oração, experiência de contato com Deus;
A liturgia, memorial que antecipa o futuro; e
A moral, ação que liberta.”
E como ser “cheio” do Espírito Santo?
1 – purificar-se.
Deus não ocupa, nem usa, vasos sujos. Faça uma Confissão bem feita!
2 -  perdoar a todos.
“Se perdoardes aos homens os seus delitos também o vosso Pai celeste vos perdoará; mas, se não perdoardes aos homens, o vosso Pai também não perdoará os vossos delitos” (Mt 6,14).
Pai-Nosso -”perdoai as nossas ofensas assim como perdoamos aqueles que nos ofenderam”. Pedro lhe perguntou: “quantas vezes devo perdoar o meu irmão, sete vezes?”, Ele respondeu: não apenas sete vezes, mas setenta vezes sete.
3 - querer fazer a vontade de Deus
4 - pedir o Espírito Santo com fé.
“A Promessa é, de fato, para nós, assim como para os vossos filhos e para todos aqueles que estão longe, todos quantos foram chamados por Deus nosso Senhor” (At 2,38-39). Somos testemunhas das grandes maravilhas que o Espírito Santo tem realizado hoje, como no tempo dos Apóstolos. É incrível notar a mudança que houve na vida dos Apóstolos após o Pentecostes.
“Sereis batizados no Espírito Santo” (At 1,4-5), disse Jesus; e isto acontece hoje em toda a face da terra. Não se trata de um novo Sacramento, mas da “renovação” do mesmo Espírito que já recebemos no batismo e nos demais sacramentos.
“Quem crer em mim, como diz a Escritura: do seu interior manarão rios de água viva ( Zac 14,8; Is 58,11). Dizia ele isto, referindo-se ao Espírito que haviam de receber os que cressem nele” (Jo 7,37-39).
D. João Evangelista Martins Terra, Bispo auxiliar de Brasília, no seu livro “Carismas em São Paulo” (Ed.Loyola-1995), afirma: “A Renovação Carismática é a grande esperança de  salvação da sociedade neste final de milênio”.
Pe. Zézinho,  num artigo publicado na revista “O Mensageiro de Santo Antonio”, setembro de 1995, pag.30, diz, sobre a Renovação Carismática: “Já fui crítico até severo da Renovação Carismática Católica (RCC), até onde alcançava a minha palavra. Não sou mais. Vi o suficiente para saber o que é joio e o que é trigo. A  RCC é um imenso campo de trigo, de boa qualidade, com algumas ilhas de joio no meio…”


“O que me faz ajudar a admirar a RCC, quando seus membros me chamam mesmo não fazendo parte, são três aspectos de sua pedagogia: oração, gregarismo e sentido de missão…”

História da Igreja: O Concílio do Vaticano I

concilevaticaniO Concilio do Vaticano I foi o acontecimento de maior relevo na História da Igreja do século XIX.
Os preparativos
Mais de trezentos anos haviam decorridos após a última assembleia do Concilio de Trento (3-4/12/1563), quando Pio IX, em dezembro de 1864, comunicou secretamente aos cardeais a sua intenção de reunir novo Concilio Ecumênico: os tempos, ingratos como eram, o exigiam; era preciso deliberar sobre os remédios a oferecer-lhes – o que se faria por excelência num Concilio.
A Bula de convocação saiu aos 29/06/1868, convidando também os protestantes e os ortodoxos separados; estes, porém, não compareceram. a notícia de um próximo Concilio suscitou entusiasmo e também.apreensões; o público só sabia que seriam condenados erros contemporâneos, reafirmada a doutrina da Igreja, revistas a disciplina, a obra missionária, a formação dos seminaristas Mas na Cúria Romana reinava um certo mistério sobre os intensos preparativos do Concilio. A agitação pública aumentou quando em fevereiro de 1869 a revista jesuíta La Civilta Cattolica anunciou que o Concilio estava para definir a infalibilidade papal. o mundo não católico imbuído de liberalismo proclamava-se defensor da liberdade dos simples fiéis católicos, “subjugados pelo domínio obscuro e obscurantista dos eclesiásticos”. Na Alemanha, o historiador Pe. lnácio Dollinger (1799-1890) colocou-se a frente do movimento anti-infalibilista, com diversos escritos contrarios a definição. o Presidente de Ministros da Baviera, Clodoveu de Hohenhole, procurou suscitar uma intervenção dos Governos europeus contra os pretensos perigos do Concílio. Os bispos alemães reunidos em Fulda (setembro de 1869) enviaram um escrito ao Papa em que declaravam não julgar oportuna a definição, embora não se opusessem a doutrina; temiam as reações dos Governos e cisões entre os próprios católicos. Em verdade, a definição desse dogma podia parecer ousadia numa época em que se respirava o liberalismo.
O decorrer do Concilio
O Concilio foi aberto aos 08/12/1869 na basílica de São Pedro, com a presença de 764 prelados. – No mesmo dia e na mesma hora, abria-se em Nápoles, sob a presidência de Ricciardi, um anti-concilio, do qual participaram 700 delegados mahistoria_da_igreja_antigaçônicos do mundo inteiro; a Indignação dispersou esse conciliábulo após poucos dias, tal era a indignação popular provocada por blasfêmias contra Cristo e sua Mãe Imaculada.
Quatro foram as sessões públicas do Concilio. A terceira, aos 24/04/1870, promulgou uma Constituição Dogmática Dei Filius, unanimemente aprovada: o cap. 1º afirma a existência de um Deus pessoal, livre, Criador de todas as coisas e independente do mundo criado (contra o materialismo e o panteísmo); o capítulo 2º ensina que certas verdades religiosas, como a existência de Deus, “podem ser conhecidas com certeza pela luz natural da razão humana” (contra o ateísmo e contra o fideísmo69 num século em que a fé cristã era escarnecida pelo racionalismo, o Concilio defendia a razão!); o texto desse 2º capítulo acrescenta que houve uma Revelação Divina, a qual chega até nós mediante tradições orais e Escrituras Sagradas. O capítulo 3º proclama que a fé é uma adesão livre do homem a Deus, que surge um dom da graça divina. O capítulo 4º define os setores próprios da razão e da fé e lembra que qualquer aparente desacordo entre razão e fé Sé pode vir de falsa compreensão das proposições da fé ou das conclusões da razão.
A quarta sessão do Concilio, aos 18/07/1870, definiu a infalibilidade do Papa e seu primado de jurisdição sobre a lgreja inteira. O texto proposto a discussão dos padres conciliares foi debatido de março a julho; a assembleia se dividiu em dois campos: a grande maioria julgava a definição oportuna e necessária (eram apoiados por uma corrente de leigos franceses, encabeçados por Louis Veuillot, que, repudiando os resquícios de galicanismo, eram ditos ultramontanos, pois ultrapassavam a cordilheira dos Alpes para aderir a Roma); os demais eram contrários à definição; destes, poucos se opunham ao dogma como tal; outros apenas negavam a oportunidade de o proclamar, por causa das reações que isto poderia provocar. Entre os adversários da definição, citam-se o bispo Strossmayer de Djakovar (Eslavônia), que, depois da definição, aceitou fielmente a sentença do Concilio; e a bispo Hetele, que aduzia o caso do Papa Honório contra a infalibilidade.
Este caso já foi abordado no capítulo 1º: sabe-se que Honório I (625-38), homem pouco especulativo, foi solicitado pelo Patriarca Sérgio de Constantinopla para aderir ao monenergismo e ao monotelitismo70; Honório parece ter dado razão a Sérgio em suas cartas, ordenando que não se falasse mais nem de uma nem de duas energias (atividades) em Cristo; o Concilio Ecumênico de Constantinopla III em 681 condenou, por isto, o Papa Honório I. Ora deve-se dizer que Honório não tencionou pronunciar definições dogmáticas no caso; além disto, depreende-se do contexto mesmo das duas famosas cartas que, quando Honório fala de uma Sé vontade em Cristo, ele se refere ao plano moral e não ao plano físico (a vontade humana e a vontade divina em Jesus queriam sempre a mesma coisa). O mal de Honório não foi ter aderido ao erro, mas foi permitir, por descuido, que este se propagasse.
Os argumentos da oposição foram sendo desfeitos. Quando viram a causa perdida, 56 dos oposicionistas se retiraram de Roma, tendo pedido e obtido a licença do Papa, aos 17/07/1870; deixaram, porém, uma carta ao Santo Padre, em que afirmavam seu propósito de conservar sempre fidelidade e submissão a Santa Sé. No dia seguinte, 18/07, 533 padres conciliares deram voto favorável à Constituição Pastor Aeternus; dois apenas se manifestaram contrários, mas logo se anexaram a sentença positiva. Pio IV promulgou logo a Constituição, o que provocou calorosa aclamação em toda a basílica de São Pedro.
A Constituição assim aprovada consta de quatro capítulos, que afirmam o fundamento bíblico e patrístico, a duração perpétua, o valor e a essência do primado romano.
Assim como a infalibilidade do magistério papal. A autoridade do Papa foi definida como sendo sumo e imediato poder de jurisdição sobre toda a lgreja, ficando assim condenados o galicanismo e o febronianismo (cap. 3º). O capítulo 4º define, como dogma revelado por Deus, que as definições do Romano Pontífice proferidas ex cathedra, isto é, na qualidade de Mestre da lgreja inteira, em questões de fé e de Moral, gozam de especial assistência do Espírito Santo; são, pois, infalíveis e irreformáveis por si mesmas, sem necessitar da aprovação da igreja.
Após esta memorável sessão, o Concilio ainda estava no início das suas atividades. Dos 51 projetos de decreto, Sé tinha estudado e publicado dois; das qhistoria-igreja-_dade-mediauestões disciplinares, Sé quatro haviam sido discutidas, mas não definidas. Não obstante, o Concilio teve que ser interrompido abruptamente, pois no dia seguinte, 19/07, estourou a guerra franco-alemã, que obrigou muitos prelados a regressar a pátria. Sobreveio a ocupação de Roma aos 20/09/1870, que tornou praticamente impossível a continuação dos trabalhos. Em consequência, aos 20/10/1870 o Papa suspendeu o Concilio, que deveria voltar a reunir-se em época mais apropriada, mas na verdade nunca foi reaberto; o Concilio do Vaticano II (1962-65) havia de completar os seus trabalhos.
A importância do Concilio do Vaticano I é enorme para a Igreja. A definição da infalibilidade papal era a conclusão lógica de premissas contidas na própria Escritura (Mt 16,16-19; Lc 22,31; Jo 21, 15-17) e desenvolvidas através dos tempos; principalmente por ocasião dos litígios que afetavam a lgreja, foi emergindo na consciência dos cristãos a preeminência do magistério dos sucessores de Pedro. Precisamente as tendências galicanas e febronianas dos séculos XVII/XVIII serviram para aguçar essa tomada de consciência de modo mais vivo; humanamente falando, os católicos podiam ter optado pelo nacionalismo eclesial, mas o desenrolar dos embates e a ação do Espírito Santo levaram a lgreja como tal a reafirmar a antiga verdade do primado papal tanto em matéria de jurisdição quanto em matéria de doutrina. Numa época de descrença, a fé se afirmava de maneira corajosa. A própria lgreja aparecia como algo de transcendente ou como um Sacramento, que o homem recebe de Deus, a diferença de outras sociedades e instituições.
A centralização explicitada pelo Concilio do Vaticano I teve expressões sempre mais perceptíveis durante os pontificados seguintes. Era preciso que ocorresse o Concilio do Vaticano II (1962-65) para terminar a obra que o anterior deixara inacabada. O Vaticano I Sé pôde abordar a função do Romano Pontífice, dentro do exíguo espaço de sua duração; o Vaticano II abordou também o papel dos bispos e dos presbíteros na Igreja, pondo em relevo o conceito de colegialidade que, sem apagar o primado de Pedro, enriquece a estrutura da Igreja.
Claro está que a agitação pública que precedeu e acompanhou o Vaticano I, não se apaziguou logo. – Os bispos da minoria oposicionista submeteram-se pouco depois, inclusive Hefele de Rottenburg à 10/04/1871). Também a maior parte dos teólogos reconheceram a definição. – No cenário político, a definição do Vaticano I não foi tão focalizada e discutida como o teria sido se não fora a guerra franco-alemã; todavia alguns Estados e Estadistas tomariam atitude de suspeita diante da Igreja; a Prússia e alguns cantões da Suíça adotaram fortes medidas contra os católicos, que levaram ao Kulturkampf (secularização de bens eclesiásticos). Estas consequências desagradáveis, que culminaram no cisma dos Velhos-Católicos, não chegam a extinguir as vantagens que da definição resultaram para a lgreja.
Os Velhos-Católicos
O Sacerdote Inácio Döllinger, já mencionado como adversário da definição, desde cedo mostrara-se favorável ao sistema febroniano. Era famoso historiador e teólogo de Munique, que professava ideias liberais em matéria de doutrina e um certo relativismo ou historicismo.
Após a definição da infalibilidade, continuou a manifestar-se hostil ao Papado, que ele julgava desnecessário. A sua posição professada publicamente valeu Ihe a excomunhão da parte do arcebispo de Munique em 1871 – censura este que em 1872 atingiu outros professores de Faculdades alemãs, por se terem agregado a Döllinger. Aos poucos esses adeptos do mestre, a revelia do próprio mestre, resolveram fundar uma lgreja própria, cujo chefe era o professor João Frederico von Schulte, de Praga. A partir de 1872 foram sendo criadas paróquias de “Velhos-Católicos”. Esta designação se deve ao fato seguinte: quando o arcebispo de Munique voltou de Roma, após o Concilio, convidou Inácio Döllinger a “trabalhar Para a Santa lgreja”; este respondeu secamente: “Sim, Para a antiga lgreja! – Há uma Sé lgreja, replicou o arcebispo, não existe nova nem antiga Igreja! – Mas fizeram uma nova!”, retrucou o professor. Por conseguinte, Döllinger pertencia a Velha Igreja; resolveram também instituir um bispo Para si em 1873 na pessoa do professor de Teologia Joseph Hubert Reinkens, que foi receber a ordenação episcopal das mãos do arcebispo jansenista de Utrecht na Holanda.1012191_602753276421773_1864993989_n
Em Pentecostes de 1874 um Sínodo em Bonn aprovou a constituição eclesiástica traçada por Schulte: cada povo tem sua Igreja nacional autônoma; as Igrejas nacionais estão ligadas pela “Conferência” de seus bispos. A autoridade suprema é o Sínodo, do qual fazem parte todos os eclesiásticos e os deputados dos leigos de cada paróquia; o Sínodo promulga leis e examina a administração. Na paróquia a autoridade suprema toca à assembleia dos fiéis, que elege o seu pároco; a este assiste o Conselho Paroquial.
Os Velhos-Católicos aos poucos foram sendo penetrados por teses protestantes, que Ihes pareciam corresponder à disciplina da Igreja dos oito primeiros séculos (donde o nome “Velhos-Católicos”): rejeitaram, portanto, além do primado do Papa, o celibato sacerdotal, a confissão auricular, as indulgências, o culto dos santos, as procissões e peregrinações, a Imaculada Conceição. Introduziram a língua alemã na liturgia da Missa. Estas inovações causaram descontentamento dentro da própria comunhão cismática: dos Velhos-Católicos faziam-se Neo-protestantes. O próprio Inácio Döllinger abandonou publicamente a facção que ele inspirara.
Aliás, a figura de Döllinger ficou sendo misteriosa. Ele não teria levado suas idéias a tais conseqüências práticas; não queria o cisma formal. Conservou-se sempre fiel aos votos do seu sacerdócio; absteve-se de celebrar a S. Missa após a excomunhão. Sempre levou vida muito modesta, de severa sobriedade e muito trabalho. Parece que no fim da vida sentia saudades da lgreja de sua juventude. Desaconselhou mesmo a um de seus discípulos, Blennerhasset, que o seguisse no caminho tomado após o Vaticano I. O fato é que morreu em 1890 sem se ter reconciliado com a Igreja.
Em 1889, os Velhos-Católicos e os jansenistas se aliaram na chamada “União de Utrecht”. As tendências liberais se fizeram sentir muito especialmente na Suíça, onde os Velhos-Católicos são chamados “Igreja Cristã Católica”, dirigida por leigos e não por teólogos, como na Alemanha, porque as razões da oposição ao Vaticano I eram mais políticas do que teológicas.

O que devemos fazer quando somos feridos?

tumblr_static_mulher_rezando_2Quando te sentires ferida por haver caído em algum pecado, seja por fraqueza, seja por malícia, não desanimes e nem te inquietes por isso. Dirige-te imediatamente a Deus dizendo: “Eis aqui, meu Senhor, comportei-me segundo a minha natureza, pois de mim não se pode esperar mais que tropeços”. Depois dedica um tempo a humilhar-te aos teus próprios olhos, lamenta a ofensa feita ao Senhor e considera tuas más inclinações, especialmente aquela que provocou a falta. E então diz: “Não teria parado por aqui, meu Senhor, se não fosse socorrida por tua bondade!”. Neste ponto dá-lhe muitas graças e ama-O com mais devoção, maravilhando-te por tão grande clemência, já que, mesmo ofendido por ti, Ele te sustenta com Sua poderosa mão.
Por fim, com grande confiança em sua infinita misericórdia, dirás: “Senhor, que és todo amor e perdão, perdoa-me, e não mais permitas que eu me separe de ti, nem te ofenda!”. Feito isso, não fiques imaginando se Deus te perdoou ou não, pois isso seria soberba, desassossego, perda de tempo e engano do demônio. Abandona-te simplesmente nas amorosas mãos de Deus e continua o teu exercício como se nunca tivesses caído. E se voltares a cair várias vezes ao longo do dia, e te sentires ferida no combate, faz o mesmo, com a mesma confiança, na segunda, na terceira e até na última como na primeira; e, humilhando-te cada vez mais e odiando cada vez mais o pecado, esforça-te para agir de maneira mais prudente.
Essa prática desagrada muito ao demônio, tanto por ver-se derrotado, quanto por saber que a tua vitória agrada muito a Deus. Por isso, ele usa de diversos truques para fazer-nos abandonar o bem, conseguindo-o às vezes pelo nosso descuido e pouca vigilância combate_espiritualsobre nós mesmos; essa é a razão pela qual, quanto mais dificuldade encontrares nesse exercício, mais empenho deverás colocar em repeti-lo várias vezes, ainda que tenhas caído apenas uma vez.
E se, depois da queda, te sentes confusa, inquieta e desconfiada, a primeira coisa que deves fazer é recuperar a paz, a tranquilidade do coração e a confiança, e com estas armas recorrer à ajuda de Deus.
O modo de recuperar a paz é deixar de pensar na falta para considerar a bondade inefável de Deus, que está sempre totalmente disposto a perdoar qualquer pecado, por mais grave que seja, chamando o pecador de mil maneiras e por mil caminhos diferentes para santificá-lo com Sua graça nesta vida e fazê-lo eternamente feliz na glória eterna.
Uma vez que, com semelhantes considerações, tenhas tranquilizado o teu espírito, volta a pensar em tua falta, para dela te arrependeres. E, quando chegar o momento da confissão sacramental- que aconselho-te a praticar com frequência-, volta ao exame de tuas faltas e, com renovada dor e arrependimento pela ofensa a Deus e propósito de não voltar a ofendê-lO, relata ao confessor de tuas quedas.
Retirado do livro “O Combate Espiritual”, de Lorenzo Scupoli

Catequese do Papa: “Quem pratica a misericórdia não teme a morte!”

pppapaA271113O Site ACI (27/11/13) publicou as palavras do Santo Padre em sua Audiência Geral, na Praça de São Pedro, na qual refletiu sobre a vida eterna e a esperança que dá a ressurreição de Cristo.
O Santo Padre afirmou que “a solidariedade no partilhar a dor e infundir esperança é premissa e condição para receber por herança aquele Reino preparado para nós. Quem pratica a misericórdia não teme a morte. Pensem bem nisto: quem pratica a misericórdia não teme a morte! Vocês estão de acordo? Digamos juntos para não esquecê-lo? Quem pratica a misericórdia não teme a morte. E por que não teme a morte? Porque a olha em face das feridas dos irmãos e a supera com o amor de Jesus Cristo”.
E afirmou também, que “entre nós, comumente, há um modo errado de olhar para a morte. A morte diz respeito a todos, e nos interroga de modo profundo, especialmente quando nos toca de modo próximo, ou quando atinge os pequenos, os indefesos de maneira que nos resulta “escandalosa”.? A mim sempre veio a pergunta: por que sofrem as crianças? Por que morrem as crianças?”
“Se entendida como o fim de tudo, a morte assusta, aterroriza, transforma-se em ameaça que infringe todo sonho, toda perspectiva, que rompe toda relação e interrompe todo caminho. Isso acontece quando consideramos a nossa vida como um tempo fechado entre dois pólos: o nascimento e a morte; quando não acreditamos em um horizonte que vai além daquele da vida presente; quando se vive como se Deus não existisse”.
Sendo assim, esta concepção da morte, logo acrescentou o Papa, “é típica do pensamento ateu, que interpreta a existência como um encontrar-se casualmente no mundo e um caminhar para o nada. Mas existe também um ateísmo prático, que é um viver somente para os próprios interesses e viver somente para as coisas terrenas. Se nos deixamos levar por esta visão errada da morte, não temos outra escolha se não ocultar a morte, negá-la ou banalizá-la, para que não nos cause medo”.
“Mas a essa falsa solução se rebela o “coração” do homem, o desejo que todos nós temos de infinito, a nostalgia que todos temos do eterno. E então qual é o sentido cristão da morte? Se olhamos para os momentos mais dolorosos da nossa vida, quando perdemos uma pessoa querida – os pais, um irmão, uma irmã, um cônjuge, um filho, um amigo – nos damos conta de que, mesmo no drama da perda, mesmo dilacerados pela separação, sai do coração a convicção de que não pode estar tudo acabado, que o bem dado e recebido não foi inútil. Há um instinto poderoso dentro de nós que nos diz que a nossa vida não termina com a morte”.
O Santo Padre ressaltou que “esta sede de vida encontrou a sua resposta real e confiável na ressurreição de Jesus Cristo. A ressurreição de Jesus não dá somente a certeza da vida além da morte, mas ilumina também o próprio mistério da morte de cada um de nós. Se vivemos unidos a Jesus, fiéis a Ele, seremos capazes de enfrentar com sabedoria e serenidade mesmo a passagem da morte. A Igreja, de fato, prega: “Se nos entristece a certeza de dever morrer, consola-nos a promessa da imortalidade futura”. Uma bela oração esta da Igreja!”.
“Uma pessoa tende a morrer como viveu. Se a minha vida foi um caminho com o Senhor, um caminho de confiança na sua imensa misericórdia, estarei preparado para aceitar o último momento da minha existência terrena como o definitivo abandono confiante em suas mãos acolhedoras, à espera de contemplar face-a-face o seu rosto. Essa é a coisa mais bela que pode nos acontecer: contemplar face-a-face aquele rosto maravilhoso do Senhor, vê-Lo como Ele é, belo, cheio de luz, cheio de amor, cheio de ternura. Nós caminhamos para este ponto: ver o Senhor”.
Logo, “se compreende o convite de Jesus a estar sempre prontos, vigilantes, sabendo que a vida neste mundo nos foi dada também para preparar a outra vida, aquela com o Pai Celeste. E para isto há um caminho seguro: preparar-se bem para a morte, estando próximo a Jesus. Esta é a segurança: o meu preparo para a morte estando próximo a Jesus. E como se fica próximo a Jesus? Com a oração, nos Sacramentos e também na prática da caridade”.
“Recordemos que Ele está presente nos mais frágeis e necessitados. Ele mesmo identificou-se com eles, na famosa parábola do juízo final, quando disse: ‘Tive fome e me destes de comer, tive sede e me destes de beber, era peregrino e me acolhestes, nu e me vestistes, enfermo e me visitastes; estava na prisão e viestes a mim…Tudo aquilo que fizestes a um destes meus irmãos mais pequeninos, foi a mim mesmo que o fizestes’. Portanto, um caminho seguro é recuperar o sentido da caridade cristã e da partilha fraterna, cuidar das feridas corporais e espirituais do nosso próximo”.
Para concluir o Papa assegurou que “se abrirmos a porta da nossa vida e do nosso coração aos irmãos mais pequeninos, então também a nossa morte se tornará uma porta que nos introduzirá no céu, na pátria bem aventurada, para a qual estamos caminhando, desejando habitar para sempre com o nosso Pai, Deus, com Jesus, com Nossa Senhora e com os santos”.

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Reflexão do Evangelho de hoje “O Filho do homem virá numa nuvem”

Prenuncia-se o tempo do Advento, tempo de espera e arrependimento. Ocasião propicia para que estejamos conscientes das nossas ações e atentos (as) ao que podem significar as coisas que acontecem ao nosso redor. Jesus nos adverte dos fenômenos que acontecerão no mundo e com as pessoas, antes da Sua vinda gloriosa. Se prestarmos atenção, muitos sinais já se fazem notar hoje, no mundo. A maioria das pessoas se apavora quando ouve falar desses prognósticos, porém, os que têm a percepção dos ensinamentos evangélicos, compreendem que as palavras de Jesus vêm nos edificar e nos ajudar a manter a esperança na nossa libertação. O mundo à nossa volta se angustia e sofre, realmente, como uma mulher com as dores do parto, no entanto, isto é prenúncio de libertação. O próprio Jesus é quem nos esclarece quando diz: “Quando estas coisas começarem a acontecer, levantai-vos e erguei a cabeça, porque a vossa libertação está próxima”. Jesus já veio como homem e chegou para nós por meio do seio de Maria, se entregou por nós, foi crucificado, morto e ressuscitado para a nossa Salvação. Um dia ele voltará numa nuvem com grande poder e glória. Será um dia tremendo! Não podemos mudar os prognósticos de Jesus, todos esses fatos já estão acontecendo. Porém, nas vésperas de mais um Natal nós podemos assumir o nosso posto de guardiões da fé sem temor, na certeza de que o tempo da libertação se aproxima e deixando que o Natal de Jesus aconteça primeiro no nosso coração.
- Qual é a percepção que você tem das palavras de Jesus?- Você se atemoriza quando ouve falar desses acontecimentos? - O que você vê acontecer no mundo, hoje, já confirma isto? - Jesus já veio para você? – Qual a sua expectativa diante de mais um Natal que se aproxima?

Evangelho de hoje - Lc 21,20-28

Evangelho - Lc 21,20-28
Jerusalém será pisada pelos infiéis,
até que o tempo dos pagãos se complete.
+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas 21,20-28
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 
20Quando virdes Jerusalém cercada de exércitos, 
ficai sabendo que a sua destruição está próxima. 
21Então, os que estiverem na Judéia, 
devem fugir para as montanhas; 
os que estiverem no meio da cidade, devem afastar-se; 
os que estiverem no campo, não entrem na cidade. 
22Pois esses dias são de vingança, 
para que se cumpra tudo o que dizem as Escrituras. 
23Infelizes das mulheres grávidas 
e daquelas que estiverem amamentando naqueles dias, 
pois haverá uma grande calamidade na terra 
e ira contra este povo. 
24Serão mortos pela espada 
e levados presos para todas as nações. 
e Jerusalém será pisada pelos infiéis, 
até que o tempo dos pagãos se complete. 
25Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas. 
Na terra, as nações ficarão angustiadas, 
com pavor do barulho do mar e das ondas. 
26Os homens vão desmaiar de medo, 
só em pensar no que vai acontecer ao mundo, 
porque as forças do céu serão abaladas. 
27Então eles verão o Filho do Homem, 
vindo numa nuvem com grande poder e glória. 
28Quando estas coisas começarem a acontecer, 
levantai-vos e erguei a cabeça, 
porque a vossa libertação está próxima.' 
Palavra da Salvação. 

É permitido casamento entre católicos e protestantes?


alianca001Esta pergunta se torna cada vez mais comum porque muitos jovens católicos estão namorando com pessoas protestantes.
Se ambos foram batizados (mesmo que na comunidade protestante), o sacramento do matrimônio pode ser celebrado na Igreja Católica, desde que os cônjuges aceitem certas condições. Mas a Igreja não deixa de lembrar que há dificuldades a serem superadas. Sabemos que o casamento se funda na expressão “sereis uma só carne” (Gn 2,23), e que, portanto, a diferença de religiões dificulta esta união plena.
Antes de tudo a Igreja coloca as condições para a liceidade e validade de um matrimônio: 

Cân. 1108 §1. “Somente são válidos os matrimônios contraídos perante o Ordinário local ou o pároco, ou um sacerdote ou diácono delegado por qualquer um dos dois como assistente, e além disso perante duas testemunhas, de acordo porém com as normas estabelecidas nos cânones seguintes, e salvas as exceções contidas nos cân. 144, 1112, §1, §1116-1127, §2-3.”
§2. Considera-se assistente do matrimônio somente aquele que, estando presente, solicita a manifestação do consentimento dos contraentes, e a recebe em nome da Igreja.
Cân. 1086 §1. “É inválido o matrimônio entre duas pessoas, uma das quais tenha sido batizada na Igreja católica ou nela recebida e que não a tenha abandonado por um ato formal, e a outra que não é batizada.”
O Catecismo da Igreja diz:
§1634 – “A diferença de confissão entre cônjuges não constitui obstáculo insuperável para o casamento, desde  que consigam colocar em comum o que cada um deles recebeu na sua comunidade, e aprender um do outro o modo de viver sua fidelidade a Cristo. Mas nem por isso devem ser subestimadas as dificuldades dos casamentos mistos. Elas se devem ao fato de que a separação dos cristãos é uma questão ainda não resolvida. Os esposos correm o risco de sentir o drama da desunião dos cristãos no seio do próprio lar. A disparidade de culto pode agravar mais ainda essas dificuldades. As divergências concernentes à fé, à própria concepção do casamento, como também mentalidades religiosas diferentes, podem constituir uma fonte de tensões no casamento, principalmente no que tange à educação dos filhos. Uma tentação pode então apresentar-se: a indiferença religiosa.”
Para que um casamento misto seja válido e legítimo tem que haver a permissão da autoridade da Igreja, o bispo, como diz o Código de Direito Canônico no cânon 1124.
O cânon 1125 diz:
“O Ordinário local pode conceder essa licença, se houver causa justa e razoável; não a conceda, porém, se não se verificarem as condições seguintes:
1°- a parte católica declare estar preparada para afastar os perigos de defecção da fé, e prometa sinceramente fazer todo o possível a fim de que toda a prole seja batizada e educada na Igreja católica;
2°- informe-se, tempestivamente, desses compromissos da parte católica à outra parte, de tal modo que conste estar esta verdadeiramente consciente do compromisso e da obrigação da parte católica;
3°- ambas as partes sejam instruídas a respeito dos fins e propriedades essenciais do matrimônio, que nenhum dos contraentes pode excluir.”
O cânon. 1126 orienta que: “Compete à Conferência dos Bispos estabelecer o modo segundo o qual devem ser feitas essas declarações e compromissos, que são sempre exigidos, como também determinar como deve constar no foro externo e como a parte não católica deve ser informada.”
Não devem ser feitas outras celebrações ecumênicas após a celebração do matrimônio; diz o Código, no cânon 1127:
§3. “Antes ou depois da celebração realizada de acordo com o §1, proíbe-se outra celebração religiosa desse matrimônio para prestar ou renovar o consentimento matrimonial; do mesmo modo, não se faça uma celebração religiosa em que o assistente católico e o ministro não católico, executando simultaneamente cada qual o próprio rito, solicitam o consentimento das partes.”
Portanto, é possível um católico se casar na Igreja católico com uma pessoa protestante, desde que esta seja batizada validamente, e aceite as condições explicadas acima. No entanto, é bom lembrar aos jovens que não é fácil conciliar tudo isso. No calor da paixão inicial do relacionamento isso pode parecer fácil de superar, no entanto, com o passar dos anos, o nascer dos filhos, etc., as dificuldades podem aumentar. O recomendado pela Igreja é que o fiel católico se case com alguém de sua mesma fé.
Prof. Felipe Aquino

Nossa Senhora e a Eucaristia

mariaeeucaristiaJesus se torna acessível às pessoas na comunhão
O Papa João Paulo II escreveu o documento Ecclesia de Eucharistia falando da extrema ligação de Nossa Senhora com a Eucaristia. Há um nexo profundo entre Maria Santíssima e a Eucaristia; o próprio Papa João Paulo II afirma que Ela foi o primeiro sacrário do mundo, por essa razão, Ela em tudo tem a ver com Jesus Eucarístico. A primeira coisa que o saudoso Pontífice nos recorda é que Maria não estava presente no momento da instituição da Eucaristia, na Santa Ceia, pois não era o papel dela estar lá, mas através de sua intercessão, realizou-se o milagre da transubstanciação pelo poder do Espírito Santo.
O que faz um homem ser homem? É a beleza física? A cor dos seus cabelos? O formato de sua orelha? Nada disso. O que o faz ser homem é algo que não se vê, é a alma! É a essência de alguém que o faz ser quem é. Assim, quando vemos a hóstia branca, redonda, de diversos tamanhos, não fazemos conta da essência, da substância e é isso que acontece no momento da transubstanciação, ou seja, a transformação da substância vinho e pão para Corpo e Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Jesus se torna acessível às pessoas na comunhão. Todos podem receber a Eucaristia, independentemente de sua condição física ou psicológica. Deus quis que você recebesse o Corpo, a Alma e a Divindade de Cristo. É Jesus, que se esconde e se aniquila através da Eucaristia.
Só há um caso em que o Senhor não está na hóstia: é quando o trigo ou o vinho se estragam, deixando de ser pão e vinho, não tem como ser Jesus. Jesus não “está” no pão, Jesus é o Pão Consagrado. Quantas vezes, Ele entra na boca de um bêbado e até de alguém que não está preparado para recebê-Lo na comunhão.
Quando compreendermos o amor de Jesus por nós, nosso desejo pela Eucaristia será maior. Hóstia significa “vítima oferecida em sacrifício”. Cristo deu o poder aos sacerdotes para consagrarem a substância do pão e do vinho em Corpo e Sangue d’Ele por inteiro, é a palavra de Cristo pelo sacerdote. O sacramental é aquilo que depende de nossa fé; mas, o sacramento é diferente, pois, por exemplo, no sacramento do batismo a criança não precisa ter fé para acontecer a graça, pois é Deus quem opera.
Todos nós conhecemos a passagem bíblica que narra as Bodas de Caná (cf. Jo 2,1-12). Naquele momento, o Senhor mudou tanto a aparência como a substância do líquido, diferentemente do que acontece durante a consagração, na celebração da Santa Missa. A essência do trigo é o próprio Corpo de Cristo; a essência do vinho é Seu próprio Sangue.
Assim como Jesus se fez presente no seio da Santíssima Virgem Maria durante a gestação, quando O recebemos na Hóstia Consagrada, Ele está presente dentro em nós. Então, como Maria, podemos cantar o “Magnificat”.
Nosso Senhor Jesus Cristo se encarna no corpo de cada um de nós, também com o desígnio de nos salvar. Ele tem uma paixão enorme pela nossa essência, a nossa alma, por isso, tenta de todas as maneiras salvá-la. Diante disso, cabe a nós olharmos para Cristo, na Eucaristia, com a mesma adoração que Isabel recebeu Maria, quando grávida, ao visitá-la (cf. Lc 1,39-56).
Assim como a Igreja e a Eucaristia não se separam, a Virgem Maria e a Eucaristia também não se separam. Quem entra na comunhão com Cristo, entra na escola de Maria, pois Ela tem muito a nos ensinar!
Prof Felipe Aquino

O sentido da Santa Missa

sacramentos1É na Santa Missa que participamos da Sagrada Eucaristia, corpo, sangue, alma e divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo. Por isso, é importante participar bem dela, com ardor, vontade e devoção. E para isso é preciso conhecer bem o que é a Santa Missa.
A Missa não é simplesmente uma oração devocional, ou uma celebração a mais da Igreja; é o ato supremo da nossa fé.
A Missa, ou celebração da Eucaristia, é a presentificação do imenso Sacrifício do Calvário, onde este se torna presente no altar; não é mera representação ou apenas lembrança do Sacrifício do Senhor; é muito mais, é sua atualização, isto é, o mesmo e único sacrifício de Jesus na cruz se torna presente, vivo e verdadeiro. Não é uma multiplicação do sacrifício do Calvário e nem mesmo uma repetição. É o mesmo e único Calvário.
Mas como isso é possível se aconteceu há dois mil anos atrás?
Para nós isso seria impossível, mas não para Deus. A teologia nos ensina que as ações de Cristo não se perdem no tempo e no espaço, como nossas ações meramente humanas. As ações do nosso Redentor além de humanas são também divinas, são teândricas; por isso não se acabam no tempo.
Quando o sacerdote, pelo poder de Cristo que lhe foi dado pelo sacramento da Ordem, realiza a Consagração do pão e do vinho, estes se transformam, respectivamente, no corpo e sangue de Jesus Cristo; e, neste momento a Vítima do Calvário se faz presente em seu único e irrepetível sacrifício para atualizar a nossa redenção. É o que a Igreja chama de transubstanciação.
Após a Consagração, Cristo está presente no altar totalmente, tanto no Vinho consagrado, como no Pão divino. O que vemos é pão e vinho, o que cheiramos é pão e vinho, as cores são de pão e vinho, as essências (o mesmo que substância ou natureza) não são mais do pão e do vinho, mas Corpo e Sangue de Cristo.
A partir da Consagração a Hóstia é Jesus mesmo; e só deixará de ser Jesus se ficar estragada ou se for dissolvida em água ou em nosso corpo. Por isso, todo respeito e adoração são necessários diante de Jesus eucarístico, seja no altar da Missa ou no Sacrário; e, de modo especial quando está exposto no ostensório para adoração.como preparar-se bem pq
Quando passamos diante do sacrário ou do ostensório devemos fazer a genuflexão com o joelho direito até tocá-lo no chão se a saúde permitir; e fazer um breve ato de adoração ao Rei dos Reis.
A Santa Missa é também o banquete do Cordeiro Pascal que foi imolado, e que agora se dá em alimento para fortalecer a nossa fraqueza. Ao participarmos do banquete eucarístico, não só somos alimentados pela Presença real de Cristo, mas também nos unimos a seu Sacrifício e oferta de sua Vida ao Pai.
Comungar o Corpo de Cristo tem também o sentido profundo de se identificar com a grande Vítima que se oferece ao Pai pelo perdão de nossos pecados. É o que os antigos chamavam de manducação; ato sagrado de comer, mastigar, não um alimento qualquer, mas a vítima oferecida em sacrifício para se conformar com ela. São Paulo pedia aos romanos:
“Eu vos exorto, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, a oferecerdes vossos corpos em sacrifício vivo, santo, agradável a Deus: é este o vosso culto espiritual”. (Rm 12,1)
Participar bem da Eucaristia e comungar adequadamente o Corpo de Cristo tem esse profundo significado: oferecer a vida em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, como o melhor culto espiritual. Quem comunga o Corpo de Cristo deve viver em Cristo, por Cristo, com Cristo e para Cristo.
Santo Inácio de Antioquia(†102), bispo e mártir, disse sobre a Eucaristia:
“Esforçai-vos, portanto, por vos reunir mais frequentemente, para celebrar a eucaristia de Deus e o seu louvor. Pois quando realizais frequentes reuniões, são aniquiladas as forças de Satanás e se desfaz seu malefício por vossa união na fé. Nada há melhor do que a paz, pela qual cessa a guerra das potências celestes e terrestres.” (Carta aos Efésios)
São Cipriano de Cartago(†258) dizia, em tempo de perseguição dos cristãos:
“Os fiéis bebem diariamente do cálice do Senhor, para que possam também eles derramar o seu sangue por Cristo” (Epístola 56, n. 1).
Na encíclica “Caritas in Veritate” o Papa Bento XVI nos recorda que no início do século IV, quando o culto cristão era ainda proibido pelas autoridades romanas, alguns cristãos do norte de África, em Abitinas, desafiaram a proibição de celebrar o dia do Senhor. Foram martirizados enquanto declaravam que não lhes era possível viver sem a Eucaristia, alimento do Senhor: “Sine dominico non possumus” – “sem o domingo, não podemos viver.” Estes mártires de Abitinas nos ensinam que também nós não podemos viver sem participar no sacramento da nossa salvação.
 Prof. Felipe Aquino
Retirado do livro: Como preparar-se bem para comungar

O Culto das Relíquias (Parte 1)



Santa Maria Maggiore, reliquias do presepioSanto Agostinho dizia que os corpos dos Santos são instrumentos dos quais se serve o Espírito Santo para realizar suas obras. Por isto os seus restos mortais são honrados desde o início da Igreja. Por exemplo, as Atas do Martírio de S. Policarpo (+156) de Esmirna, como já vimos, dizem que após a morte do mártir, entregue ao fogo, os fiéis foram recolher as suas cinzas.
A veneração é confirmada pela convicção de que os corpos dos Santos foram templos do Espírito Santo e instrumentos por Este utilizados para produzir boas obras. A certeza de que os homens e as mulheres ressuscitarão no fim dos tempos, incutiu nos cristãos, desde os primeiros séculos, o grande apreço aos despojos mortais dos Santos, pela dignidade de terem sidos templos do Espírito Santo durante a vida presente:
“Não sabeis que vossos corpos são membros de Cristo? Tomarei, então, os membros de Cristo e os farei membros de uma prostituta? De modo algum!… Ou não sabeis que o vosso corpo é templo do Espírito Santo, que habita em vós, o qual recebestes de Deus e que, por isso mesmo, já não vos pertenceis?” (1Cor 6,15-20).
Isto não significa que “Deus recolherá as cinzas espalhadas de cada cadáver para realizar a ressurreição, mas a matéria primeira (no sentido aristotélico-tomista) unida à alma do indivíduo assumirá as feições do respectivo corpo, tornando-se a carne gloriosa correspondente a tal alma”. (D. Estevão Bettencourt, P.R. Nº 336 – Ano: 1990 – pág. 226)
O culto das relíquias está ligado ao culto de veneração (não adoração) dos santos; e é algo espontâneo e faz parte dos sentimentos humanos. Toda família respeita e guarda com carinho as lembranças e os pertences de seus queridos falecidos. Seria injusto e até maldoso impedir que a viúva guardasse com carinho as fotos, o Terço, um lenço, etc., do seu amado esposo falecido.
Se houve no passado, e ainda pode haver enganos e abusos em relação às relíquias, isto não anula a sua legitimidade. Não se podem negar abusos ocorridos de boa ou de má fé: falsas relíquias foram às vezes tomadas por autênticas, como também os exploradores da credulidade popular podem ter falsificado relíquias. No entanto, as autoridades da Igreja têm-se mostrado vigilantes a propósito, evitando todo excesso e proibindo a venda de relíquias como aconteceu no passado.
Uma relíquia é um fragmento de osso ou um objeto que tenha alguma relação com um(a) Santo(a), aos quais os católicos prestam veneração ou reverência.
Tal atitude é tão natural que se encontra também fora do Catolicismo. Assim os muçulmanos guardam na mesquita de El Jazzar em Akko (Israel) alguns pelos da barba de Maomé, que todos os anos são apresentados aos devotos durante o mês do Ramadã. Em 1988 as autoridades soviéticas (comunistas), para comemorar o aniversário do Batismo da Rússia, devolveram ao Patriarca de Moscou as relíquias conservadas no Kremlin.
O costume das relíquias dos santos vem desde o início do cristianismo. Primeiramente os mártires foram cultuados; o povo de Deus recolhia seus corpos e os sepultava com reverência. As sepulturas dos mártires eram visitadas por peregrinos; muitos queriam ser sepultados junto a um mártir pois julgavam que este mais intercederia por eles no Céu.
Infelizmente no passado, especialmente na Idade Média, houve abusos com a veneração das relíquias, atribuindo-lhes um poder mágico, etc; havendo também negócios com elas e muitas falsas relíquias. Os cruzados, ao voltar do Oriente traziam consigo “maravilhosas relíquias”, nem sempre verdadeiras; assim, por exemplo, segundo os Evangelho apócrifos, a Virgem Maria teria deixado ao Apóstolo Tomé, como testemunho da sua Assunção aos céus, o seu véu; isto não é verdade.
Os abusos provocaram a rejeição das relíquias por parte do protestantismo, mas o Concilio de Trento analisou a questão e aprovou o seu uso correto:
“Ensinem os Bispos diligentemente que devem ser venerados pelos fiéis os sagrados corpos dos santos mártires e dos outros que vivem com Cristo, [corpos] que foram membros vivos de Cristo e templos do Espírito Santo (cf. 1Cor 3, 16; 6, 15.17.19; 2Cor 6,16) e que por Ele hão de ser ressuscitados para a vida eterna e glorificados e pelos quais concede Deus aos homens muitos benefícios. Por isso, aqueles que afirmam que às relíquias dos santos não se deve prestar veneração e honra, ou que elas e outros sagrados restos mortais são inutilmente venerados pelos  fiéis, ou que em vão se cultua a memória deles para lhes pedir ajuda: [aqueles que tais coisas afirmam] devem ser de todo condenados, como já antigamente os condenou e agora também os condena a Igreja” (Collantes, FC nº 7255).
As Relíquias e a Sagrada Escritura
A Sagrada Escritura oferece fundamento à prática cristã da veneração das relíquias.
No Antigo Testamento, vemos grande respeito notável no sepultamento dos homens de Deus, como Abraão (cf. Gn 25,9s), Jacó (cf. Gn 50, 12s), José (cf. Gn 50, 24-26; Ex. 14, 19), Davi (cf. 1Rs 2,10)… Ora, isto mostra um respeito profundo pelos restos mortais das pessoas. Era considerado grande caridade sepultar os mortos. Tobit os sepultava até correndo risco de morte:
“Quando o rei Senaquerib, fugindo da Judéia ao castigo com que Deus o ferira por suas blasfêmias, mandou assassinar, na sua ira, um grande número de israelitas, Tobit sepultou os seus cadáveres. (Tb 1, 21)
“Quando o sol se pôs, ele foi e o sepultou. Seus vizinhos criticavam-no unanimemente. Já uma vez ordenaram que te matassem, precisamente por isso, e mal escapaste dessa sentença de morte, recomeças a enterrar os cadáveres! Mas Tobit temia mais a Deus que ao rei, e continuava a levar para a sua casa os corpos daqueles que eram assassinados, onde os escondia e os sepultava durante a noite. (Tb 2,3-9)
A Bíblia mostra também como Deus, mediante o manto de Elias, se dignou realizar um milagre: Eliseu, ferindo as águas do Jordão com essa relíquia do grande profeta, conseguiu separá-las em duas bandas:
“Apanhou o manto que Elias deixara cair, e voltando até o Jordão, parou à beira do rio. Tomou o manto que Elias deixara cair, feriu com ele as águas, dizendo: Onde está o Senhor, o Deus de Elias? Onde está ele? Tendo ferido as águas, estas separaram-se para um e outro lado, e Eliseu passou.” (2Rs 2,14)
Lemos também que os ossos de Eliseu, postos em contato com um cadáver, tornaram-se instrumentos para a ressurreição do mesmo:
“Eliseu morreu e foi sepultado. Guerrilheiros moabitas faziam cada ano incursões na terra. Ora, aconteceu que um grupo de pessoas, estando a enterrar um homem, viu uma turma desses guerrilheiros e jogou o cadáver no túmulo de Eliseu. O morto, ao tocar os ossos de Eliseu, voltou à vida, e pôs-se de pé.” ( 2Rs 13,21).
Os judeus não usavam as relíquias porque as leis rituais do Antigo Testamento consideravam o cadáver um objeto legalmente impuro, cujo contato tornava a pessoa impura e impedida do culto sagrado. A importância do corpo e a crença na glorificação final dos corpos só foi amadurecendo aos poucos em Israel e só foi firmada com toda a clareza depois que Jesus Cristo se mostrou aos homens como novo Adão ressuscitado. Isto mostra que o corpo do cadáver, como a Igreja ensina, não tem nada de impuro.cpa_a_intercess_o_e_culto_dos_santos
No Novo Testamento há também muitas passagens que dão base sólida à veneração das relíquias.
Nos Atos dos Apóstolos São Lucas narra milagres e exorcismos ocorridos com relíquias de São Paulo ainda em vida:
“Deus realizava milagres extraordinários por intermédio de Paulo, de modo que lenços e outros panos que haviam tocado o seu corpo, eram aplicados aos doentes; então afastavam-se destes as moléstias e eram expulsos os espíritos malignos”. (At 19,11s)
Os fiéis estimavam e guardavam tais objetos com profunda veneração. Mas depois do episódio acima, São Lucas faz questão de dissipar a impressão de que os milagres efetuados por intermédio de Paulo tenham tido algo de comum com as artes mágicas de judeus ou pagãos:
“Muitos dos que haviam acreditado (em Cristo), iam confessar e declarar as suas obras. Muitos também, que tinham exercido artes mágicas, ajuntaram os seus livros e queimaram-nos em presença de todos. Calculou-se o seu valor, e achou-se que montava a cinquenta mil moedas de prata.”  (At 19, 18-20).
O Evangelho de São Mateus conta o caso daquela mulher hemorroísa que foi curada tocando o manto de Cristo:
“Eis que uma mulher que, havia doze anos, sofria de um fluxo de sangue, se aproximou dele por trás e Lhe tocou a orla do manto. Dizia consigo: “Se eu tocar ainda que seja apenas as suas vestes, serei curada”.  Jesus voltou-se então e, vendo-a, lhe disse: “Tem confiança, minha filha, a tua fé te salvou”. (Mt 9,20ss)
Chama de modo particular a nossa atenção Jesus ter permitido que a mulher tocasse seu manto; ela acreditava que o Senhor poderia curá-la pelo toque do seu manto.
O apologista Quadrato, afirma que no séc. II, em Nazaré, onde Jesus foi criado, a população ainda conservava relhas de arado confeccionadas por Jesus.  Nas comunidades visitadas ou catequizadas por São Pedro, São Paulo, São João ou fiéis guardavam tudo que lhes pudesse lembrá-los (suas cartas e os seus despojos mortais, os objetos de uso).
Os cristãos eram estimulados a este costume ao lerem o elogio do Senhor a Maria de Betânia, quando ela ungiu o Seu corpo pouco antes de sua morte:
“Ela me fez uma obra; …embalsamou antecipadamente o meu corpo para a sepultura.  Em verdade vos digo: onde quer que for pregado no mundo este Evangelho, será narrado o que ela acaba de fazer para se conservar a lembrança dessa mulher” (Mc 14,6-9; Mt 26, 9-12; Jo 12,7).
Com este elogio Jesus aprovava solenemente a veneração do seu corpo sagrado após a morte. Então, os cristãos viam ai um convite a que se tratasse de modo semelhante os corpos de todos os justos inseridos no mesmo Corpo de Cristo pelo Batismo.
As Relíquias na Tradição da Igreja
A Tradição da Igreja, desde os primeiros séculos, conservou e venerou as relíquias como símbolos dos santos mártires e confessores chamados à Casa do Pai.
Esta reverência que vem dos primeiros séculos, e recomenda que os cadáveres sejam sepultados e não cremados. Nos séculos XVIII a XX a Igreja se opôs formalmente à cremação, porque a Maçonaria a praticava para afirmar que o cadáver humano é lixo e deveria ser tratado como lixo. Mas, a partir de 1964 a Igreja passou a aceitar a incineração, por razões de urbanismo, higiene, economia, mas desde que isto não seja para desprezar o corpo humano ou a fé na ressurreição. Cada um pode decidir o destino a ser dado a seu corpo após a morte. O Catecismo da Igreja diz:
“A autópsia de cadáveres pode ser moralmente admitida por motivos de investigação legal ou de pesquisa científica. A doação gratuita de órgãos após a morte é legítima e pode ser meritória. A Igreja permite a incineração se esta não manifestar uma posição contrária à fé na ressurreição dos corpos (CDC, cân. 1176,3)” (§2301).
Em 1587 o Papa Sixto V confiou o controle do culto das relíquias à “Congregação dos Ritos”, que em 1969 passou a ser a  “Congregação para as Causas dos Santos”.
Depois que um servo de Deus é beatificado, é lícito expor suas relíquias à veneração dos fiéis.
Algumas relíquias que se referem a Cristo são conhecidas e veneradas desde o século IV; outras foram trazidas para o Ocidente pelos Cruzados no século XII (muitas sem documentação sólida). Podemos considerar algumas com um certo fundamento.
A Cruz de Cristo
Segundo São Cirilo de Jerusalém, em 348 havia ali um grande fragmento da Santa Cruz, como atesta ele em suas Catequeses Batismais (4, 10; 10, 19; 13, 4):
 ”Até a presente data pode ser visto entre nós… mas, em virtude dos extratos que a fé multiplicou, foi distribuído em pequenos fragmentos por toda a terra”.
Pode-se acreditar que Santa Helena, mãe do Imperador Constantino, no século IV, após pesquisas na Terra Santa, encontrou a Cruz de Cristo e depositou um pedaço relativamente grande da Cruz em seu palácio “Sessorianum”, que veio a ser posteriormente a basílica da Santa Cruz em Roma. É desse fragmento grande que provavelmente tenham saído os pedacinhos da Cruz existentes na basílica do Latrão e no Vaticano.
Em Paris o rei Qcldeberto mandou construir a basílica da Santa Cruz para guardar um fragmento da mesma, local hoje dito “Saint Germain-des-Prés”. Pouco depois Santa Radegunda recebia em Poitiers (França) a relíquia da Cruz que o Imperador bizantino Justino II lhe enviava (569).
Entre as outras relíquias da Paixão de Jesus, algumas são atestadas desde os séculos V e VI, como o título da Cruz de Cristo, a coluna da flagelação, a coroa de espinhos e os cravos, que várias comunidades reivindicaram para si.
A Escada Santa ou escada do palácio de Pilatos em Jerusalém, acha-se perto da basílica de São João do Latrão, em Roma, mas não tem comprovação certa. Na basílica do Latrão encontra-se também  a presumida mesa da última Ceia do Senhor.
O Santo Sudário de Turim, que revestiu o corpo de Cristo é certamente a relíquia mais importante da Paixão do Senhor, e tem sido estudado pelos cientistas. Cada vez mais vai ficando provada  a sua autenticidade, embora a Igreja ainda não tenha dado uma palavra final sobre o assunto. Ele é tido como autêntico por pesquisadores de renome. Sobre o Santo Sudário há muitos livros e artigos em várias revistas.
O Presépio de Jesus em Belém era conhecido pelos cristãos do século III, como testemunha Orígenes (+250) (Contra Celsum 1.31). A partir do século VII só existem fragmentos, dos quais os mais notáveis são os da basílica de Santa Maria Maior em Roma.