“Cada momento de nossa existência, cada respiro, cada batida do nosso pulso, se assim posso dizer, cada clarão do nosso pensamento têm consequências eternas. Essa história sem igual nos será um dia apresentada e será apresentada a todo o universo.”
O tempo que Deus nos concede nesta vida é preciosíssimo; cada minuto de nossa existência terrena terá o seu correspondente na eternidade, isto é, na construção da vida definitiva. Nossa vida na eternidade será um desabrochar pleno em Deus desta vida que agora vivemos. Nossos dias atuais são como que a semeadura dos dias eternos.
São Paulo nos disse que somos chamados a ver Deus “face a face” (1 Cor 13,12); mas essa visão beatífica ocorrerá na medida em que vivermos a caminhada terrena, amando a Deus e ao próximo.
Os santos nos ensinaram que só há mérito em nossos atos, por grandes ou pequenos que sejam, se forem executados pura e simplesmente por amor a Deus, isto é, com reta intenção.
Por mais heroico que seja um de nossos atos, afirmaram, se nele não houver a razão única de agradar a Deus, não possui nenhum mérito.
Muitas vezes nosso amor próprio nos faz perder todo ou em parte, o fruto de nossas boas obras. Por isso Jesus advertiu-nos:
“Guardai-vos de fazer vossas boas obras diante dos homens, para serdes vistos por eles. Do contrário, não tereis recompensa junto de vosso Pai que está no céu. [...] Em verdade eu vos digo: já receberam sua recompensa.” (Mt 6,1.5b).
Disse Santo Afonso de Ligório que “Se alguém fica todo inquieto se, após muitas fadigas, fracassa em seu empreendimento, isso é sinal de que não teve em vista somente a glória de Deus. Quem pratica uma ação só pela glória de Deus não se perturba, mesmo que não seja bem sucedido”.
Se nossas ações, pequenas ou grandes, são realizadas com a reta intenção de glorificar a Deus, já alcançamos o fim desejado. O grande São José, mesmo sendo o ilustre pai adotivo de Jesus, viveu a vida simples e oculta de um carpinteiro, mas fazendo tudo para a glória de Deus. Sua vida foi tão meritória e importante no plano da salvação que o Papa Pio IX, a 8 de dezembro de 1870, declarou o grande patriarca São José, padroeiro da Igreja Católica.
São Paulo disse: “Portanto, quer comais quer bebais ou façais qualquer outra coisa, fazei tudo para a glória de Deus” (1 Cor 10,31).
A maior dádiva de Deus para cada um de nós é a própria vida presente.
Viver é como escrever um livro cujas páginas são os nossos atos, palavras, intenções e pensamentos. Tudo é registrado nesse livro que um dia, segundo nos revela a Bíblia (cf. Ap 20,12), será aberto perante os nossos olhos como um filme de nossa vida. Talvez fiquemos surpresos ao verificar que as coisas pequenas, mas vividas com amor; assumiram um valor elevado, enquanto muitos momentos aparentemente brilhantes serão comparáveis a bolhas de sabão!
Quando o Senhor vier julgar todos os homens, no Juízo Final, o livro da vida de cada um será manifestado também a todos, pois a natureza humana é tal que os méritos e os deméritos de cada um repercutem nos irmãos.
Uma coisa é certa: um dia o Senhor vai nos fazer esta pergunta: “O que fizeste com os talentos que recebeste de Minhas mãos?”
O principal talento é o nosso tempo; se o tivermos usado bem, ouviremos sem dúvida aquelas doces palavras: “Muito bem, servo bom e fiel, já que foste fiel no pouco, eu te confiarei muito. Vem regozijar-te com teu senhor” (Mt 25,21). Caso contrário…
Não podemos desperdiçar nossa vida terrena jogando fora o tempo precioso que não volta jamais. Quantos cristãos vivem “matando o tempo”, ‘jogando conversa fora”, como dizem às vezes, ou simplesmente olhando a vida passar…
Para todos Deus tem uma missão, um desígnio, uma vontade. Cabe a cada um de nós, no desenrolar de cada dia, buscar a vontade de Deus a nosso respeito e vivê-la intensamente. Não importa, insisto, se ela consiste nos simples e preciosos trabalhos de uma doméstica ou nos complexos labores de um cirurgião que salva uma vida. Para Deus importa apenas a intensidade de amor com que cada ato é realizado. Ele se tornará eterno na vida futura.
Prof. Felipe Aquino
(Retirado do livro: “Em busca da perfeição”- Ed. Cléofas)
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