Os casais cristãos de hoje devem ter a possibilidade de receber verdadeiramente a “boa nova” a respeito desta realidade discutida e frágil que é o amor conjugal.
Esta boa nova nos revela que o sacramento do matrimônio está ao serviço do amor, ao serviço da felicidade e ao serviço da santidade. Somente o casamento – sacramento pode satisfazer a dupla aspiração humana de amor e de felicidade e atender a inspiração inscrita no coração do homem e nem sempre percebida: o chamado à santidade. As Equipes querem ser um caminho que leve à descoberta das riquezas do sacramento do matrimônio e da profunda comunhão do casal. Pensamos que é precisamente deste anúncio que o mundo de hoje tem uma grande necessidade. O Senhor espera que o proclamemos por nossas palavras e pelo nosso testemunho.
O casamento ao serviço do amor
“Deus criou o homem à sua imagem, à imagem de Deus Ele o criou, homem e mulher Ele os criou” (Gn. 1,27)
O homem e a mulher são seres da mesma natureza, mas segundo modalidades diferentes que são complementares; de maneira que, ao se unirem, formem um único ser, o casal. Esta convicção gera atitude de louvor a Deus, que inventou o amor humano; uma atitudes, também, de humildade, na consciência da necessidade que se tem do outro para sentir-se um e uma atitude da vontade, a fidelidade, para formar uma só carne.
Percebe-se, nesta realidade do casal, toda a riqueza da sexualidade querida e criada por Deus. Assim, torna-se importante que os casais cristãos se preocupem com a qualidade ao mesmo tempo humana e cristã de sua relação sexual. A espiritualidade cristã é uma espiritualidade encarnada. A especificidade da espiritualidade conjugal decorre do caráter sexual inscrito no sacramento do matrimônio.
O casamento ao serviço da felicidade
O sacramento do matrimônio nos ajuda a viver os períodos de crise e de deserto. Crises essas, necessárias para crescer no amor, e que permitem romper as barreiras, põem à prova nossa criatividade e levam a situações novas e a comportamentos novos. Tais crises passam a constituir um elemento positivo, na medida em que levam o casal a discernir a vontade de Deus naquele momento de sua vida.
Querer o bem do outro, na sua profissão, na sua maternidade/paternidade, no seu equilíbrio psicológico; preocupar-se com a felicidade do outro, mesmo na sua vida sexual; descobrir que reconciliar-se não é resignar-se mas possibilitar um reencontro; viver numa atitude de doação, tomar a decisão de continuar apaixonados … Tais atitudes, longe de limitar-nos ou oprimir-nos, ao contrário, abrem-no ao outro, aos outro; abrem-nos à felicidade.
O casamento ao serviço da santidade
Os cristãos casados são chamados à santidade. Para eles, não se trata apenas de um chamamento individual, ainda que a pessoa sempre conserve algo de irredutível e de incomunicável, mas de um caminho a ser percorrido em casal. Esta é a grande descoberta da espiritualidade conjugal: os dois amores, o amor conjugal e o amor a Deus, não se excluem mas podem conjugar-se e todas as exigência da vida cristã podem ser vividas em casal.
No casamento, a sabedoria consiste em aprender a viver num atitude de “para ti” e não de “para mim”. A comunhão surge deste fluxo recíproco de doação e acolhimento, e esta é a maior forma de unidade que pode existir no casal, porque decorre do fato de que os dois são um em Jesus. A comunhão não é somente o ponto culminante do amor conjugal, é também o grande Dom que o casal pode oferecer. A fecundidade e a educação, a hospitalidade e a amizade, o trabalho e o engajamento São as manifestações deste impulso irresistível que toda comunhão tem, para converter-se em doação.
O casal cristão que conhece este estado de graça conjugal, que se alimenta da Palavra de Deus e do Pão da Vida, participa verdadeiramente da vida eucarística. Transforma toda a sua vida em “hóstia santa”. Marido e mulher são sinais, “sacramento” do amor de Deus uma para o outro e, conjuntos, para seus filhos e para o mundo.
Fonte: “A Segunda Inspiração” – Lourdes, 1988
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