quarta-feira, 30 de abril de 2014

Reflexão do Evangelho de hoje Quem crê não é julgado

Ao contrário do que muitas vezes nós pensamos Jesus não veio ao mundo para condenar as nossas más ações, mas, justamente para nos ajudar a não mais cometê-las. A salvação de Jesus implica, porém, em que nós o acolhamos e não o rejeitemos. No Evangelho de hoje mais uma vez Jesus afirma categoricamente. Ele não nos vai condenar. Antes pelo contrário, somos nós que nos condenamos ao não acreditar nas Suas Palavras: “Quem nele crê não é condenado, mas quem não crê já está condenado.”
“Este é o julgamento: a luz veio ao mundo, mas os homens amaram mais as trevas do que a luz, pois as suas obras eram más.” Quem rejeita a Luz vive nas trevas e é condenado pelas suas próprias obras. Quem não crê em Jesus e dele não se aproxima, rejeita a luz e tem medo de que a verdade seja revelada porque as suas ações são más.
Jesus é a luz enviada pelo Pai não para condenar, mas para nos salvar. Luz que iluminou e continua iluminando através dos missionários de hoje, as nossas mentes, conduzindo-nos a seguir o verdadeiro caminho da verdade e da vida em abundância.
Mas Essa luz é tão forte, penetrante e ofuscante que às vezes fugimos dela, para que ninguém veja a nossa sujeira, representada pela nossa inveja, o nosso egoísmo, a nossa ganância por mais riqueza do que na verdade necessitamos, etc. Então, ficar no escuro, no esconderijo, disfarçado, fugir da igreja, é a sugestão de satanás, para que não sejamos iluminados pela Luz.
É por isso que o mestre disse: “Porquanto todo aquele que faz o mal odeia a luz e não vem para a luz, para que as suas obras não sejam reprovadas.”
Jesus veio iluminar a nossa mente e o nosso caminho a ser seguido. Ele nos mostrou de várias maneiras que longe de Deus não há felicidade. Nos convidou a segui-lo, mostrou-nos que Ele era o Próprio Deus, para que acreditássemos Nele, e tivéssemos um dia a vida eterna. Porém, muitos recusaram assim como hoje continuam recusando o seu convite. É convite por que Ele respeita a nossa decisão, a nossa escolha, o nosso sim ou não. Mas também não nos esqueçamos de rezar pela conversão principalmente daqueles a que dirigimos a palavra de Deus. Peçamos a Jesus que nos perdoe, nos proteja, e ao Espírito Santo que nos ilumine para que possamos levar a Luz para tanto quanto pudermos.
No entanto, se confiamos em Jesus, as nossas boas ações serão evidenciadas porque são elas realizadas em Deus, pelo poder do Seu Espírito Santo. Com efeito, a fé em Jesus Cristo é o meio mais eficaz para que nos aproximemos da luz de Deus. A luz esclarece, a luz tira da ignorância, a luz dá o norte, dá a direção. Jesus é a Luz do mundo, quem nele crer não ficará nas trevas. Ele veio para tirar todos os homens das trevas. Praticar o mal é não crer em Jesus, não se aproximar da Sua Luz, não aderir ao Seu projeto de Salvação. A Palavra de Deus nos assegura tudo isso. Ainda há tempo para que o mundo seja salvo. Ajudemos, portanto, a iluminá-lo com a luz de Deus que recebemos no nosso Batismo.
Você crê em Jesus como Luz para a sua vida? Como é que nós podemos iluminar o mundo com a Luz de Cristo? Qual é a virtude em você que mais revela ao mundo a luz de Jesus? Você tem tido a coragem de ficar debaixo da Luz, embora que a sua verdade seja descoberta? – Qual seria o primeiro passo para você fazer isto?

Canção Nova

Evangelho de hoje - Jo 3,16-21

Evangelho - Jo 3,16-21
Deus enviou seu Filho ao mundo
para que o mundo seja salvo por Ele.
+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São João 3,16-21
16Deus amou tanto o mundo,
que deu o seu Filho unigênito,
para que não morra todo o que nele crer,
mas tenha a vida eterna.
17De fato, Deus não enviou o seu Filho ao mundo
para condenar o mundo,
mas para que o mundo seja salvo por ele.
18Quem nele crê, nóo é condenado,
mas quem não crê, já está condenado,
porque não acreditou no nome do Filho unigênito.
19Ora, o julgamento é este:
a luz veio ao mundo,
mas os homens preferiram as trevas à luz,
porque suas ações eram más.
20Quem pratica o mal
odeia a luz
e não se aproxima da luz,
para que suas ações não sejam denunciadas.
21Mas quem age conforme a verdade
aproxima-se da luz,
para que se manifeste
que suas ações são realizadas em Deus.
Palavra da Salvação

“A liturgia não admite ficção: exige sempre a verdade”

Fala novo diretor do Instituto Superior de Liturgia de Barcelona
BARCELONA, terça-feira, 5 de julho de 2011 (ZENIT.org) – É impossível confundir a liturgia com um código de normas ou uma espécie de protocolo sagrado, quando é compreendida e estudada a partir de dentro. Esta é a reflexão feita nesta entrevista pelo novo diretor do Instituto Superior de Liturgia de Barcelona (http://www.cpl.es/ISLB/default.html),
o único instituto superior de Liturgia que oferece suas aulas em espanhol – motivo pelo qual desperta grande interesse na América Latina.
Jaume González Padrós (Sabadell, 1960) é um sacerdote doutor em Liturgia (Pontifício Ateneu Sant’Alselmo) que afirma que, ainda que a Liturgia seja “terreno dos crentes”, também é uma magnífica oportunidade para evangelizar.
Padrós é membro do Centro de Pastoral Litúrgica de Barcelona e consultor da Comissão Episcopal de Liturgia da Conferência Episcopal Espanhola.
ZENIT: Cada vez há mais latino-americanos que vêm a Barcelona para estudar Liturgia. O que este instituto tem que o torna tão atraente?

González Padrós: Não há dúvida de que o idioma influencia, dado que, no nosso instituto, temos toda a atividade docente em língua espanhola, e também a proximidade cultural das nações latino-americanas com a Espanha.
Mas, além disso, há outro fator e é a divulgação, ativa há muitos anos, das publicações do Centro de Pastoral Litúrgica de Barcelona nas igrejas da América, junto à presença de alguns dos membros e professores do instituto nestas terras, dando cursos, tanto a sacerdotes e pessoas da vida consagrada como a leigos.
Há outro elemento que influencia: o enfoque pastoral que, nas nossas aulas, damos aos estudos de teologia litúrgica. Tentamos fazer uma tradução eficaz ao momento celebrativo de todos os princípios teológicos e espirituais, assim como do conhecimento histórico dos livros litúrgicos e de suas implicações jurídicas.
Muitos dos nossos alunos – a maioria – são pastores da Igreja, presbíteros, e seu ministério não está orientado somente à docência e à pesquisa: também a guia de comunidades concretas faz parte da sua missão. Por isso, agradecem tanto que tudo o que é estudado seja trabalho em relação com a práxis celebrativa.
Tudo isso faz que, da América Latina, o Instituto Litúrgico de Barcelona seja visto como uma referência próxima. E, para nós, professores, os estudantes daquelas latitudes são vistos e sentidos como muito próximos das nossas expectativas e do nosso trabalho.
ZENIT: Como o instituto enfrenta a reforma litúrgica conciliar e a aplicação do motu proprio do Papa sobre a questão?

González Padrós: O Concílio Vaticano II enfrentou a reforma litúrgica para “fomentar a vida cristã entre os fiéis, adaptar melhor às necessidades do nosso tempo as instituições suscetíveis de mudança, promover tudo o que pode ajudar à união de todos os crentes em Cristo e fortalecer o que pode contribuir para chamar a todos ao seio da Igreja” (Constituição Sacrosanctum Concilium, n. 1).
Ou seja, o Concílio quis uma reforma e um fomento da liturgia, ou melhor, uma reforma da liturgia para promover seu fomento, consciente de que ela – a liturgia – é o sujeito mais eficaz para uma verdadeira renovação das mentalidades, segundo o Evangelho, e o estímulo de graça necessário para uma vida cristã verdadeira, como nos recordou recentemente o Santo Padre.
Mas a tarefa proposta não tinha nada de fácil, de tal maneira que os próprios padres conciliares declararam que tudo isso não seria possível sem uma adequada educação, começando pelos pastores de almas, que devem ser os professores de todo o povo de Deus. Eis aqui onde aparece a necessidade de centros especializados no estudo da Liturgia a partir de parâmetros autenticamente teológicos, com seriedade e profundidade. Nosso instituto tem sua razão de ser aqui.
É a tradução histórica dessa vontade da Igreja, movida pelo Espírito Santo, de dar a todos os batizados a oportunidade de entrar em comunhão de vida com a Santa Trindade de Deus.
Por isso, o desafio é constante para nós, professores de Liturgia. E mais ainda: com o passar dos anos, o acontecimento conciliar vai ficando longe das novas gerações, que não só não viveram o antes, mas nem sequer o durante e o pós-concílio mais imediato, com suas luzes e sombras. Para elas, o Vaticano II é algo distante, do qual devem se aproximar acompanhadas de alguém que o conheça bem, dado que continua afetando a vida das Igrejas particulares. Essa companhia somos nós, os docentes. E por isso digo que a tarefa é de enorme responsabilidade; podemos mostrar-lhes toda a beleza teológica e espiritual da reforma litúrgica ou, se não formos competentes e rigorosos em conteúdo e método, podemos mal educar e desviar do centro de compreensão.
Por isso, um professor de liturgia deve, cada dia, invocar o auxílio do Senhor sobre sua tarefa, suplicando a luz do Espírito e seus dons.
Sobre o motu proprio Summorum Pontificum, do Papa Bento XVI, sobre o uso atual dos livros litúrgicos vigentes até 1962, às portas do Vaticano II, escreveu-se e discutiu-se muito. No último dia 13 de maio, a Santa Sé publicou, ao respeito, a instrução Universae Ecclesiae, para regular com precisão o que foi expressado no citado documento papal.
Estamos obrigados a uma leitura atenta destes textos, para não gerar confusão sobre esta liberação do uso dos livros anteriores à reforma conciliar, constituídos como “forma extraordinária” do Rito Romano.
Mais uma vez, também aqui, todos – estudantes, professores, pastores – devem fazer um esforço para não cair no subjetivismo e compreender a vontade do Papa em seu sentido mais concreto, visando ao bem maior da comunhão eclesial e da estreita unidade entre a lei da oração e a lei da fé, entre o que se reza e o que se crê.
“A liturgia não admite ficção: exige sempre a verdade” (2)

Fala novo diretor do Instituto Superior de Liturgia de Barcelona

BARCELONA, quarta-feira, 6 de julho de 2011 (ZENIT.org) – É impossível confundir a liturgia com um código de normas ou uma espécie de protocolo sagrado, quando é compreendida e estudada a partir de dentro. Esta é a reflexão feita nesta entrevista pelo novo diretor do Instituto Superior de Liturgia de Barcelona (http://www.cpl.es/ISLB/default.html), o único instituto superior de Liturgia que oferece suas aulas em espanhol – motivo pelo qual desperta grande interesse na América Latina.

Jaume González Padrós (Sabadell, 1960) é um sacerdote doutor em Liturgia (Pontifício Ateneu Sant’Alselmo) que afirma que, ainda que a Liturgia seja “terreno dos crentes”, também é uma magnífica oportunidade para evangelizar.

Padrós é membro do Centro de Pastoral Litúrgica de Barcelona e consultor da Comissão Episcopal de Liturgia da Conferência Episcopal Espanhola.


ZENIT: A liturgia parece um âmbito estritamente de interesse dos crentes. O senhor vê nela alguma dimensão de evangelização, de campo comum com os não católicos?

González Padrós: A liturgia, de fato, é um âmbito dos crentes. Ela tem a faculdade de iniciar na vida cristã, através dos sacramentos primeiros (Batismo, Confirmação, Eucaristia), e de renovar, nos já iniciados, a graça para que vivam sempre de Deus e em Deus. Então, é preciso pensar em uma tarefa de anúncio, de evangelização, que deve preceder, no tempo, a prática litúrgica. A confusão destas duas etapas se traduz em fracasso da ação pastoral e frustração na vivência litúrgica.

Não obstante, também é verdade que a liturgia possui uma grande força pedagógica e contém uma grande instrução. Quantas pessoas se sentiram interpeladas no fundo do seu coração, ao longo de uma celebração litúrgica bem realizada!

Outra coisa é o nível em que podemos participar juntos, durante as ações litúrgicas, católicos e membros de outras igrejas, comunidades ou congregações cristãs. No contexto da celebração da Palavra de Deus, sim é factível uma notável participação comum, mas infelizmente não podemos ir além. Fazer isso seria falsear a realidade, mostrando, na ação litúrgica, uma comunhão – na fé objetiva – fictícia.

E a liturgia não admite a ficção; exige sempre a verdade, no que se diz e no que se faz.

ZENIT: O que é a espiritualidade litúrgica à qual Joseph Ratzinger fazia referência antes de ser Papa?

González Padrós: O Papa Bento XVI teve sempre, como teólogo, uma grande estima pela liturgia. Ele a compreendeu a partir da fé, com profundidade doutrinal, e a conhece bem.

Precisamente por isso, por sua trajetória tão fecunda de estudo e pesquisa, pode viver espiritualmente da liturgia, fazendo dela não uma piedade particular, mas acolhendo-a como o que é, a piedade da Igreja, em seu sentido mais genuíno. É uma alegria intelectual muito grande tomar nas mãos qualquer um dos livros de Joseph Ratzinger e ler o que ele escreve sobre a liturgia e suas consequências para a espiritualidade do cristão.

Penso que suas reflexões estão na linha das páginas que lemos, com grande fruição espiritual, procedentes dos Padres da Igreja, aqueles pastores e teólogos dos primeiros séculos, do Oriente e do Ocidente, e que se caracterizam por sua referência imediata à Sagrada Escritura e pela compreensão mistérica dos ritos sacramentais.

ZENIT: Por que a liturgia se associa com severidade, formalidade, normativas?

González Padrós: Porque se tem dela um conhecimento tópico, meramente prático, periférico. Talvez também porque nunca se teve uma experiência celebrativa de qualidade. No entanto, é impossível confundir a liturgia com um código de normas ou uma espécie de protocolo sagrado, quando é compreendida e estudada a partir de dentro, no campo teológico e em sintonia com a grande tradição da Igreja, e quando é celebrada com a arte espiritual que exige.

Umas das coisas mais gratificantes para um professor de liturgia é quando, ao acabar um curso, alguns participantes lhe dizem que, durante esses dias, eles descobriram a liturgia; que até esse dia a concebiam como um conjunto de leis e ritos antiquados e que agora veem tudo de forma diferente, com sentido e perfume espiritual. Nesse dia, você vai para a cama satisfeito e dando muitas graças a Deus!

Eu sempre gostei do que li uma vez do cardeal Bevilacqua, grande amigo de Paulo VI: “A liturgia é agradecida; se você a trata bem, ela o recompensa muito”. Quanta razão ele tinha! Muitas vezes eu experimentei isso, tanto na sala de aula como na igreja!

(Miriam Díez i Bosch)

A Liturgia da Horas


liturgia_das_horasTodo cristão conhece o poder da oração, que o coloca em um contato mais íntimo com Deus. Jesus sempre orava ao Pai em qualquer ocasião: durante a ceia, quando se encontrava agoniado, etc., e nos ensinou a mais sublime oração: o Pai Nosso. A exemplo de Jesus Cristo, também nós devemos rezar a todo e qualquer momento, tanto na alegria quanto no sofrimento.
Herdeiros da tradição judaica, somos convidados a rezar várias vezes durante o dia. Existe um livro chamado Liturgia das Horas, cuja leitura constitui uma das várias formas de vivência do mistério de Cristo a partir do ritmo de cada dia (manhã, tarde e noite) e que conduz à santificação do tempo. O esquema básico é dividido em:
Oração da manhã: Chamada de laudes, é celebrada com o chegar da luz do novo dia (06h). Visa consagrar a Deus os primeiros movimentos da nossa alma e mente, antes de nos ocuparmos com qualquer outra coisa, deixando nosso coração regozijar em Deus.
Oração da tarde: Chamada de vésperas, é realizada ao entardecer, quando o dia declina para receber a noite (18h) e objetiva agradecer a Deus pelo bem que recebemos ou fizemos durante o dia.
Oração da noite: Chamada de completas, é realizada antes do repouso (21h). É uma oração de confiança em Deus e complementa as orações realizadas durante o dia, em especial a oração da tarde.
No entanto, o esquema completo da Liturgia das Horas apresenta orações para as 09h, 12h e 15h horas, bem como um ofício de leituras, para que vivamos detalhadamente cada momento da presença misteriosa de Jesus entre nós.

O Sentido dos sufrágios

Lindo-ceu-azul-e-nuvens-brancas-como-algodaoNa morte, o justo se encontra com Deus, que o chama assim a participar da vida eterna.
Mas ninguém pode ser recebido na amizade e na intimidade de Deus sem antes ter se purificado das consequências pessoais de todas as suas culpas. “A Igreja chama Purgatório a esta purificação final dos eleitos, que é completamente diferente do castigo dos condenados. A Igreja formulou a doutrina da fé relativa ao Purgatório, sobretudo, nos Concílios de Florência e de Trento”.
Daí vem o piedoso costume de oferecer sufrágios pelas almas do Purgatório, que são uma súplica insistente a Deus para que tenha misericórdia dos fiéis defuntos, os purifique com o fogo de sua caridade e os introduza no Reino da Luz e da Vida.
Os sufrágios são uma expressão cultual da fé na Comunhão dos Santos. Assim, “ a Igreja que peregrina, desde os primeiros tempos do cristianismo teve um perfeito conhecimento desta comunhão de todo o Corpo Místico de Jesus Cristo, e assim conservou com grande piedade a lembrança dos defuntos, e ofereceu sufrágios por eles, ‘porque santo e salutar é o pensamento de orar pelos defuntos para que eles fiquem livres de seus pecados’ (2 Mac 12,46)”. Estes sufrágios são, em primeiro lugar, a celebração do sacrifício eucarístico, e depois, outras expressões de piedade como orações, esmolas, obras de misericórdia e indulgências aplicadas em favor das almas dos defuntos.
Fonte: http://www.iglesia.org/articulos/el-mas-alla/item/1151-sentido-de-los-sufragios

A importância do tempo

Imagem_Relogio_04“Falta de tempo é a desculpa da falta de método” (Heus)
O melhor presente é o tempo Presente; então, é preciso aproveitá-lo bem. Mas há uma ciência em aproveitar o tempo. Não se trata de correr ao fazer as coisas, mas de não desperdiçá-lo com coisas sem sentido.
Para viver bem é preciso saber usar bem o tempo; é nele que construímos a nossa vida. Cada momento de nossa existência tem consequências nesta vida e na eternidade. Por isso, não podemos ficar “matando o tempo”; pois seria o mesmo que estar matando a nossa sua vida aos poucos. Na verdade, o tempo presente é a única dádiva que nos pertence; o passado já se foi, e o futuro a Deus pertence.
Viva intensamente o presente. Tenha sempre em mente o seguinte: a pessoa mais importante é essa que está agora na sua frente; o trabalho mais importante é este que você está fazendo agora; o dia mais importante da vida é este que você está vivendo hoje; o tempo mais importante é o agora. Alguns me perguntam como consigo fazer tantas coisas; a resposta é simples: não perder tempo e há tempo para tudo que é importante ser feito. É claro que precisamos priorizar as atividades.
Viver é como escrever um livro cujas páginas são os nossos atos, palavras, intenções e pensamentos.
As coisas pequenas, mas vividas com amor, assumem um valor elevado, enquanto muitos momentos aparentemente brilhan­tes são comparáveis a bolhas de sabão! Abrace com toda força as oportunidades que você tiver para crescer nos estudos e numa profissão. As chances que a vida nos dá não são muitas; e se você não aproveitá-las bem, pode chorar mais tarde.
Nunca fique sem fazer nada; ainda que você esteja desempregado ou de férias; pois sabemos que “mente vazia e desocupada é oficina do diabo”. Descansar não quer dizer ficar sem fazer nada; é mudar de atividade. Mesmo no campo ou na praia de férias você pode fazer algo que o descansa e que é útil.
Se fizermos as contas, veremos que todas as manhãs são creditados para cada um de nós 86.400 segundos; e todas as noites o saldo é debitado como perda e não é permitido acumulá-lo [saldo] para o dia seguinte. Todas as manhãs a sua conta é reiniciada, e todas as noites as sobras do dia anterior se evaporam.
Não há volta. Você precisa aplicar, vivendo o presente, o seu depósito diário. Invista, então, no que for melhor, em bens definitivos e não fugazes. Faça o melhor cada dia.
Para você perceber o valor de um ano, pergunte a um estudante que repetiu de ano. Para perceber o valor de um mês, pergunte para uma mãe que teve o seu bebê prematuramente. Para você perceber o valor de uma semana, pergunte a um editor de jornal semanal. Para perceber o valor de uma hora, pergunte aos namorados que estão esperando para se encontrar. Para você perceber o valor decpa_para_ser_feliz um minuto, pergunte a uma pessoa que perdeu o ônibus. Para perceber o valor de um segundo, pergunte a uma pessoa que conseguiu evitar um acidente. Para você perceber o valor de um milésimo de segundo, pergunte a alguém que conquistou a medalha de ouro em uma Olimpíada.
Lembre-se: o tempo não espera por ninguém. O dia de ontem é história. O de amanhã é um mistério. O de hoje é uma dádiva. Por isso é chamado “presente”! Não deixe que o tempo escorra por entre os dedos abertos de suas mãos vazias; segure-o de qualquer maneira para que ele vire eternidade.
Por que esperar amanhã para viver? O presente está cheio do passado e repleto do futuro. O bom aproveitamento do dia de hoje é a melhor preparação para o dia de amanhã. O tempo é sagrado, porque o evento da salvação se inseriu no tempo histórico. Mas é preciso ter uma noção correta do uso do tempo. Alguns pensam que “tempo é dinheiro”, e não conseguem parar. Não é assim.
Emmir Nogueira, tem uma bela reflexão baseada em Jacques Phillippe, autor de “Liberdade Interior”, (Ed. Shalom, 2004), que  ensina-nos que há dois tempos: um exterior, contato pelo relógio, e outro interior, contado pelo amor. Transcrevo aqui uma reflexão desse livro:
“O tempo exterior é o tempo do fazer, do trabalhar, estudar, produzir, produzir, produzir. É o tempo das horas marcadas, das agendas lotadas, dos compromissos importantes e inadiáveis. É o tempo que estressa, que envelhece, que desgasta, que irrita. Tempo que me fecha em mim mesmo, que me leva a pensar mais em mim do que nos outros, tempo de receber, de acumular. Tempo de usura.”
“O tempo interior é o tempo de ser, do trabalhar com gratuidade, do estudar com extasiamento, do produzir para o bem de todos, ainda que me “prejudique”. É o tempo que esquece o relógio diante da necessidade do outro. Tempo das agendas que sempre cabem mais uma horinha, tempo dos importantes e inadiáveis compromissos com a vontade de Deus.”
“Tempo interior é o tempo que pacifica ao ser doado, tempo que rejuvenesce porque tudo espera, tempo que refaz porque tudo crê, tempo paciente que tudo suporta. É tempo que me abre para o outro e para as boas surpresas de Deus, tempo de dar, tempo de partilhar. Tempo de gratuidade. É aquele tempo que se chama “paciência histórica”. Tempo que sabe que Deus tem o comando de tudo. Tempo que não se apressa em julgar e que se recusa a imprimir sentenças.”
“Tempo interior, é tempo de quem ora. É tempo de amor registrado pelos relógios da eternidade, sem ponteiros, sem dígitos. Tempo que sempre sobra. É o tempo em que Deus vive. Tempo que se partilha com Ele, carregado dos seus segredos de amor. Tempo que “guarda tudo em seu coração”, que se submete inteiramente à vontade de Deus. Tempo sempre sim. Tempo-sim a Deus e ao irmão. O tempo da eternidade vivido no tempo que se chama hoje.”
Usamos tanto a palavra URGENTE, que ela perdeu a sua força. O que é urgente, de fato? As nossas correrias? Não. Urgente é saber perguntar: qual o sentido de tudo o que estou fazendo? O mais urgente é saber agradecer a Deus o nascer do Sol que se repete a cada dia; urgente é o relacionamento com os filhos, o abraço na esposa, saber gastar o tempo com os outros… não se esquecer de viver a vida.
As pessoas não se tornam grandes por fazerem grandes coisas. Fazem grandes coisas por serem grandes. Para ser grande é preciso, pacientemente, construir-se a cada dia.
Prof. Felipe Aquino

Laborem Exercens: Sobre o trabalho – EB

Em síntese: Desta concepção se derivam os direitos do trabalhador, que exerce a sua atividade, qualquer que seja, para se engrandecer com pessoa humana: em particular, a encíclica considera os direitos das mulheres que trabalham, dos emigrantes, dos camponeses, dos deficientes (…). Realça a necessidade de um fundo de subsistência destinado aos trabalhadores desempregados; reconhece o direito de associação em sindicatos, o direito à greve justa (sem fins políticos e sem prejuízo para os serviços essenciais da sociedade), o direito ao salário família, à aposentadoria (…). Conclui-se apresentando a espiritualidade do trabalho: este vem a ser continuação da obra do Criador, assim como participação da Páscoa (cruz, morte e ressurreição) de Cristo.
O documento reveste-se de grande valor e oportunidade, fornecendo subsídios para a reflexão da humanidade conturbada pelo fim de um ciclo de civilização (a civilização do carvão e do petróleo) e posta no limiar do seu terceiro milênio.
Comentário: Comemorando o nonagésimo aniversário da primeira encíclica social, publicada por Leão XIII aos 15 de maio de 1891 com as palavras iniciais Rerum Novarum, apareceu à terceira encíclica do Papa João Paulo II com a data de 15/09/81 e as iniciais Laborem Exercens (trabalhando…) tal documento, pronto para sair aos 15/05/81, foi postergado em virtude do atentado sofrido por S. Santidade aos 13/05/81.
A encíclica Laborem Exercens versa, por inteiro, sobre o trabalho humano, considerando as mais diversas facetas da questão no mundo contemporâneo. O trabalho é tido como “uma das características que distinguem o homem das demais criaturas, cuja atividade, relacionada com a conservação da própria vida, não se pode chamar trabalho” (proêmio). Este também vem a ser “a chave da questão social” (nº 3). Nos tempos de Leão XIII a questão do trabalho coincida com a do relacionamento entre patrões e operários. Hoje em dia o mesmo problema, reconsiderado, suscita conotações muito diferentes; com efeito, a humanidade se acha no fim de um ciclo de civilização, que foi caracterizado pelo consumo do carvão e do petróleo, e está para iniciar novo ciclo, no qual a eletrônica, a automação e seus diversos produtos darão nova cadência às atividades do homem e revolverão profundamente os tipos e as condições do trabalho humano (cf. nº 1).
Ciente disto, o Papa João Paulo II quis focalizar, do ponto de vista ético, o presente e o futuro do homem mediante a consideração direta do trabalho humano.
O documento em pauta é amplo
e rico em dados, compreendendo cinco partes: 1) Introdução (continuidade de Laborem Exercens com a doutrina das encíclicas anteriores); 2) o trabalho e o homem (trabalho e dignidade da pessoa); 3) o conflito entre trabalho e capital na fase atual da história (a panorâmica do problema, pistas de solução ética); 4) direitos dos homens que trabalham (antigas e novas situações; 5) elementos para uma espiritualidade do trabalho (o trabalho e o binômio criação-redenção).
Nas páginas subsequentes poremos em relevo os grandes traços da nova encíclica.
1. Trabalho objetivo e
trabalho subjetivo (n.os 5 e 6)
Uma das grandes novidades da encíclica (ao menos, no plano das formulações explícitas) é a distinção entre trabalho no sentido objetivo e trabalho subjetivo. O primeiro seria o trabalho-mercadoria, o trabalho como valor impessoal ou como coisa. O trabalho no sentido subjetivo é entendido como obra de uma pessoa, que através da sua luta cotidiana se vai realizando e vai cumprindo o grande desígnio do Criador.
Este aspecto confere a todo e qualquer tipo de trabalho uma dimensão valiosa; não se pode exaltar apenas o trabalho intelectual ou liberal com detrimento do trabalho manual ou braçal. O Filho de Deus feito homem houve por bem trabalhar como carpinteiro. Torna-se assim “patente que o fundamento para determinar o valor do trabalho humano não é, em primeiro lugar, o gênero de trabalho que se realiza, mas o fato de aquele que o executa ser uma pessoa. As fontes da dignidade do trabalho devem ser procuradas sobretudo não na sua dimensão objetiva, mas, sim, na sua dimensão subjetiva” (n 6).
Isto não quer dizer que o trabalho humano não deva ser qualificado do ponto de vista objetivo (há trabalhos de maior e outros de menor responsabilidade). Mas retenha-se que o primeiro fundamento do valor do trabalho é o próprio homem.
Disto se segue uma conclusão de natureza ética: o trabalho é para o homem, e não o homem para o trabalho. Isto quer dizer que todos se devem empenhar para que o homem seja engrandecido através do seu regime de trabalho, ficando excluída toda e qualquer forma de
produção que reduza o homem a mero instrumento da produtividade.
Destas verdades se seguem
outras:
2. Trabalho e capital: o problema
(nº 7)
Trabalho e capital têm estado em conflito desde os inícios da questão social. O capital mais de uma vez sufocou o mundo do trabalho, reduzindo os operários a condições extorsivas e contrárias à dignidade humana. Contra tal processo insurgiu-se o marxismo, apregoando a coletivização dos meios de produção, a fim de que pela transferência destes meios das mãos dos particulares para a coletividade, representada pelo Estado, o trabalho humano fosse preservado da exploração.  A solução marxista, porém, é ilusória, pois o grupo de detentores dos meios de produção que constituem o Estado, pode exercer um monopólio administrativo tal que desrespeite os direitos fundamentais dos demais cidadãos. “Deste modo,
pois, o simples fato de os meios de produção passarem para a propriedade do Estado, no sistema coletivista, não significa, só por si, a socialização (ou a posse comunitária e justa) desta propriedade” (nº 14).
Diante do problema, a Igreja apregoa: 1) a prioridade do trabalho sobre o capital; 2) o direito de todos à propriedade particular, desde que se recordem de que todos os bens naturais têm destinação universal ou devem servir ao bem de toda a comunidade.
3. Prioridade do trabalho
(n.os 12 e 13)
A Igreja sempre ensinou a prioridade do trabalho sobre o capital. O trabalho é a expressão da grandeza e da dignidade da pessoa humana, é também a continuação da obra do Criador.
Além disto, verifica-se que o trabalho, utilizando os elementos entregues ao homem pelo Criador, produz os seus instrumentos, cada dia mais aperfeiçoados, incluindo os recursos da técnica. Estes instrumentos, cujo conjunto constitui o que se chama “capital”, são subordinados ao trabalho, porque efetuados pelo trabalho. O capital nasceu do trabalho e é portador das marcas do trabalho humano. É preciso, pois, pôr em relevo o primado do homem no processo de produção ou o primado do homem em relação às coisas. O capital não é senão um conjunto de coisas, ao passo que o homem, como sujeito do trabalho, independentemente do trabalho que realiza, é pessoa.
Esta visão lúcida teológica e, ao mesmo tempo, humanista é deturpada quando se considera o trabalho unicamente segundo a sua finalidade econômica. Ocorre então o que se chama “economismo” ou “materialismo”; tal erro afirma o primado dos valores materiais, colocando em posição subordinada à matéria os valores espirituais e pessoais (o agir do homem, os valores morais e semelhantes). O economismo tem sua origem na filosofia e na prática econômico-social do século XVIII, época em que começou a industrialização; esta visava, antes do mais, a multiplicar as riquezas materiais, isto é, os meios, perdendo de vista o fim, ou seja, o homem, a quem tais meios devem servir. Este erro ameaça ainda hoje a sociedade e não poderá ser suplantado se não se instaurar entre os homens contemporâneos a firme convicção do primado da pessoa sobre as coisas e do trabalho do homem sobre o capital (entendido como conjunto dos meios de produção). Cf. n.os 12 e 13.
4. Propriedade particular
(n.os 14 e 15)
A Igreja defende o direito à propriedade particular, mesmo quando se trata dos meios de produção. Todavia a Igreja observa que a propriedade particular tem uma finalidade social ou deve servir ao bem comum da sociedade. Com outras palavras: os bens de propriedade particular não devem ser possuídos como fim ou para possuir, nem devem ser possuídos contra o trabalho, pois o único título que legitima a sua posse é que eles sirvam ao trabalho, e, servindo ao trabalho, tornem possível a participação de todos os homens nos bens que o Criador deixou para todos. Neste contexto, não se vê por que condenar a socialização de certos meios de produção, desde que haja condições oportunas e razões sua sivãs para tanto.
À luz destes princípios, percebe-se que inaceitável é o capitalismo “rígido”, que defende o direito à propriedade privada dos meios de produção sem apontar para a necessidade de que
o uso de tais bens sirva aos interesses comuns. Contudo a rejeição do capitalismo liberal não implica recusa da propriedade particular. De modo análogo, a socialização de certos meios de produção, como dito, não quer dizer automaticamente que a sociedade venha a possuir em comum os meios de produção, pois não raro estes ficam em poder de um pequeno grupo de homens que representam o Estado; estes não são os proprietários, mas procedem como se
fossem os detentores da propriedade; o capitalismo dos particulares torna-se assim o capitalismo do Estado e dos governantes.
5. Empregadores e desemprego
(nº 8.16-18)
1. A encíclica Laborem Exercens formula, em termosnovos, a distinção entre empregador direto e empregador indireto.
“O empregador direto é aquela pessoa ou aquela instituição com as quais o trabalhador estipula diretamente o contrato de trabalho segundo condições determinadas” (nº 16).
“No conceito de empregador indireto entram as pessoas, as instituições de diversos tipos, bem como os contratos coletivos de trabalho e os princípios de comportamento que, estabelecidos por essas pessoas ou instituições, determinam todo o sistema sócio-econômico ou dele resultam” (nº 17).
Compreende-se que o empregador indireto determine substancialmente um ou outro aspecto do contrato de trabalho ou mesmo o comportamento do empregador direto. Principalmente o Estado, como grande legislador e responsável pelo ritmo geral das empresas e dos contratos num país, é o empregador indireto por excelência. Ao Estado, pois, compete vigiar especialmente para que se observem as normas da justiça nas relações entre empregador direto e trabalhador. Muitas vezes o próprio Estado nacional está inserido numa rede de dependência em relação a outros Estados ou a países altamente industrializados. Faz-se, pois, mister que se evite a exploração dos países pobres por parte dos países ricos, exploração que repercute nas próprias condições de trabalho dos cidadãos dos países pobres.
“Os países altamente industrializados e, mais ainda, as empresas que em vasta escala superintendem os meios de produção industrial (as chamadas “sociedades multinacionais”), ditando os preços mais altos possíveis para os seus produtos, procuram ao mesmo tempo fixar os custos mais baixos possíveis para as matérias-primas ou para os produtos semi-elaborados. Ora isto, juntamente com outras causas, dá como resultado criar uma desproporção sempre crescente entre as rendas nacionais dos respectivos países (…). Evidentemente isto não deixar de ter os seus efeitos na política local do trabalho e na situação dos trabalhadores nas sociedades economicamente desfavorecidos.
O dador direito de trabalho que se encontra num sistema semelhante de condicionamentos, fixa as condições de trabalho abaixo das objetivas exigências dos trabalhadores, especialmente se ele próprio quer tirar os lucros mais elevados possíveis da empresa que dirige (ou das empresas que dirige, quando se trata de uma situação de propriedade “socializada” dos meios de produção)” (nº 17).
2. Nesta altura da reflexão, impõe-se a consideração do problema de desemprego. Este pode tornar-se autêntica calamidade social, atingindo muitas vezes os jovens que, depois de se terem preparado por meio de formação profissional adequada, vêem frustrada a sua vontade sincera de trabalhar no desenvolvimento da comunidade. A verificação deste fato leva a preconizar o estabelecimento de fundos em favor dos desempregados, a fim de que estes possam subsistir com as suas famílias; na verdade, também os desempregados têm o direito à vida.
Merece especial atenção “um fato desconcertante de imensas proporções: enquanto, por um lado, importantes recursos da natureza permanecem inutilizados, há, por outro lado, massas imensas de desempregados e subempregados e multidões indigentes de famintos”. Este fato demonstra que, tanto no interior das comunidades políticas como nas relações entre estas a nível continental e mundial, ocorrem falhas que devem ser reparadas (nº 18).
Ainda um fenômeno significativo chama a atenção: o desemprego se dá também entre os intelectuais; o número, sempre crescente, de pessoas que obtêm um diploma de estudos superiores, acarreta a falta de emprego para muitas. O desemprego dos intelectuais ocorre quando a instrução não está orientada para os tipos de serviço de que carece a sociedade, ou quando um trabalho que exige instrução profissional é menos bem pago do que o trabalho braçal. É necessário cuide a sociedade de que não se desvalorize a instrução em grau superior, enriquecimento importante da pessoa humana (cf. nº 8).
6. O trabalho da mulher (nº 19)
Voltando-se para a família, João Paulo II apregoa o chamado “salário-família”, salário único, atribuído ao chefe de família, e que seja suficiente para as necessidades da família, sem que a esposa seja obrigada a assumir um trabalho remunerado fora do lar”.
De modo geral, é necessário aplicar-se à revalorização das funções maternas, dos trabalhos que a estas andam ligados e à necessidade de amor e carinho que têm os filhos.
“Reverterá em honra para a sociedade o tornar possível à mãe – sem pôr obstáculos à sua liberdade, sem discriminação psicológica ou prática e sem que ela fique numa situação de desdouro em relação às outras mulheres – cuidar dos seus filhos e dedicar-se à educação deles, segundo as diferentes necessidades da sua idade. O abandono forçoso de tais tarefas, por ter de arranjar um trabalho retribuído fora de casa, é algo de não correto, sob o ponto de vista do bem da sociedade e da família, se isto estiver em contradição ou tornar difíceis tais objetivos primários da missão materna” (nº 19).
Valorizando as funções da maternidade, a encíclica está longe de se mostrar avessa ao trabalho da mulher fora do lar. Ao contrário, aceita-o e pede não haja discriminação em detrimento da mulher, desde que esta se ache habilitada para ocupar determinado emprego.
Apenas o Papa deseja que a mulher “não se veja obrigada a pagar a própria promoção com a descaracterização da sua feminilidade e com detrimento da família, na qual a mulher, como mãe, tem papel insubstituível” (nº 19). É para desejar, portanto, não seja menos valorizada do que as outras a mulher que opta prioritariamente pelos deveres da maternidade e, por isto, não procura trabalho fora de casa; seja, pois, o trabalho na sociedade estruturado de tal modo que a mãe de família obrigada a educar os filhos não se veja constrangida a sair de casa para ganhar o pão cotidiano ou para completar o orçamento de casa.
7. O trabalho agrícola (nº 21)
O mundo agrícola e o trabalho nos campos, proporcionando à sociedade os bens necessários ao sustento cotidiano, revestem-se de importância fundamental. As condições dos trabalhadores agrícolas são diferentes nos diversos países do globo, não só por causa dos diversos graus de desenvolvimento da técnica agrícola, mas também, e talvez mais ainda, por causa do insuficiente reconhecimento dos justos direitos dos trabalhadores agrícolas.
O trabalho dos campos, além de ser fisicamente extenuante, é pouco apreciado socialmente, a ponto de se sentirem os camponeses marginalizados pela sociedade; daí o êxodo dos mesmos, em massa, para as cidades, onde as condições de vida são por vezes ainda mais desumanas. Mais: “em certos países em via de desenvolvimento, há milhões de homens que se vêem obrigados a cultivar as terras de outros e que são explorados pelos latifundiários, sem esperança de… poderem chegar à posse nem sequer de um mínimo pedaço de terra (…). Não existem formas de proteção legar para a pessoa do trabalhador agrícola e para a sua família nos casos de velhice, doença ou falta de trabalho. Longas jornadas de duro trabalho físico são pagas miseramente. Terras cultiváveis são deixadas ao abandono pelos proprietários; títulos legais para a posse de um pequeno pedaço de terra, cultivado por conta própria de há anos, são preteridos ou ficam sem defesa diante da fome da terra de indivíduos ou de grupos mais potentes” (nº 21). Também se deve mencionar o direito de cogestão e o de livre associação dos trabalhadores agrícolas como elementos cuja não observância corrobora as injustas condições em que vivem os camponeses.
Diante de tais falhas, os homens de bem tomam consciência da necessidade de promover especialmente a dignidade do trabalho agrícola, pelo qual o homem de maneira expressiva submete a terra recebida de Deus como dom e afirma o seu domínio sobre o mundo visível. (Cf. nº 21).
8. O trabalho dos emigrantes (nº 23)
Levem-se em consideração outrossim as pessoas que deixam a pátria de origem para procurar trabalho em outro país. Este fenômeno assume proporções cada vez mais vultosas.
Embora toque a todo homem o direito de emigrar, tal realidade não deixa de acarretar situações que a ética cristã deve levar em conta: com efeito, é preciso que o emigrante não seja constrangido, em terra estrangeira, a aceitar condições de trabalho injustas, principalmente quanto confrontadas com as dos trabalhadores nativos do país que o hospeda; não seja explorado financeira ou socialmente; não sofra discriminação por motivos de nacionalidade, religião ou raça. Seria mesmo desejável que todo homem pudesse encontrar em sua pátria as condições de trabalho suficientes e justas que lhe permitissem contribuir para o aumento do bem comum no seu próprio país.
9. Os deficientes e o trabalho (nº 22)
Outro problema que se impõe a quem estuda o trabalho, é a situação dos deficientes.
“Também os deficientes são sujeitos plenamente humanos, dotados dos correspondentes direitos inatos, sagrados e invioláveis, que, apesar das limitações e dos sofrimentos inscritos no seu corpo e nas suas faculdades, põem mais em relevo a dignidade e a grandeza do homem. E, uma vez que a pessoa que tem quaisquer deficiências, é um sujeito dotado de todos os seus direitos, deve facilitar-lhe a participação na vida de sociedade em todas as dimensões e a todos os níveis que sejam acessíveis para as suas possibilidades. A pessoa deficiente é um de nós e participa plenamente da mesma humanidade que nós. Seria algo radicalmente indigno da sociedade e, portanto, ao trabalho somente os membros na plena posse das funções do seu ser, porque, procedendo desse modo, se recairia numa forma grave de discriminação: a dos fortes e são contra os fracos e doentes. O trabalho no sentido objetivo deve ser subordinado, também neste  caso, à dignidade do homem, ao sujeito do trabalho e não às vantagens econômicas” (nº 22).
10. Sindicatos e greves (nº 20)
1. Entre os direitos dos trabalhadores está o de se associarem em sindicatos, com a finalidade de defender os justos interesses da sua vida profissional.
A experiência ensina que as organizações deste tipo são elemento indispensável da vida social não só no setor dos operários da indústria, pois existem também os sindicatos dos agricultores e os dos trabalhadores intelectuais, como existem os sindicatos dos empregados.
Os sindicatos não são expoentes da luta de classes ou de luta contra os outros, mas, sim, protagonistas na luta pela justiça social e pelos direitos dos trabalhadores em suas diversas profissões. “O trabalho tem como característica, antes de mais nada, unir os homens entre si e nisto consiste a sua força social: a forma para construir uma comunidade” (nº 20).
É de notar que os justos esforços para garantir os direitos dos trabalhadores da mesma profissão devem sempre levar em conta as limitações impostas pela situação  econômica geral do país. As exigências sindicais não podem transforma-se numa espécie de egoísmo de grupo ou de classe. A vida sócio-econômica é como um sistema de vasos comunicantes, de modo que cada uma das atividades sociais que tenham como finalidade salvaguardar os direitos dos grupos particulares, devem adaptar-se a tal sistema.
Neste sentido a atividade dos sindicatos entra indubitavelmente no campo da política, entendida como prudente solicitude pelo bem comum. Todavia o papel dos sindicatos não é o de fazer política no sentido da política partidária. Os sindicatos não se devem assemelhar a partidos em luta pelo poder, nem devem estar subordinados aos partidos políticos.
2. A tutela dos justos direitos do trabalhador pode recorrer à tática da greve. Esta é legítima, como recurso extremo e dentro dos devidos limites. Não se pode abusar da greve para fins políticos, nem se deve permitir que a greve leve à paralisação de serviços essenciais da sociedade (transporte, alimentação, saúde, escola…); o bem comum exige a salvaguarda da ordem sócio-econômica. Os trabalhadores, portanto, devem ter o direito à greve, sem que sofram sanções pessoais por participarem da mesma.
Uma vez propostas as questões de ordem ética relacionadas com o trabalho, o S. Padre passa, na Quinta parte da encíclica, a descrever os principais traços da espiritualidade do trabalho.
11. Espiritualidade do trabalho (n.os 24-27)
Se a Igreja julga seu dever pronunciar-se sobre o trabalho numa perspectiva ética. Ela também se sente obrigada a promover a espiritualidade do trabalho, apta a ajudar todos os homens a se aproximar de Deus através da sua labuta cotidiana.
Dois são os principais elementos de uma espiritualidade do trabalho:
11.1 Participação na obra do Criador (nº 25)
No primeiro capítulo do Gênesis, o homem encontra o primeiro “evangelho do trabalho”. Com efeito, o texto bíblico aponta o trabalho como continuação da obra do Criador; para incutir a santidade do  trabalho realizado em seis dias seguidos de um dia de repouso, o autor sagrado apresenta o próprio Deus a observar a semana do homem. Esta passagem bíblica (Gn 1, 1-2,4a) não tenciona descrever a fenomenologia do surto das criaturas, mas tem precisamente em mira chamar a atenção para o significado profundo do trabalho que o homem, imagem e semelhança de Deus, realiza numa semana.
A consciência desta verdade é formulada mais de uma vez nos documentos do Concílio do Vaticano II, dos quais vai aqui citado o seguinte trecho:
“Longe de pensar que as obras do engenho e do poder humano se opõem ao poder de Deus e de considerar a criatura racional como rival do Criador, os cristãos, ao contrário, estão bem persuadidos de que as vitórias do gênero humano são um sinal da grandeza de Deus e são fruto do seu desígnio inefável. Mas, quando mais aumenta o poder dos homens, tanto mais se alarga o campo das suas responsabilidades, pessoais e comunitárias… A mensagem cristã não afasta os homens da tarefa de construir o mundo, nem os leva a desinteressar-se do bem dos seus semelhantes, mas, pelo contrário, obriga-os a aplicar-se a tudo isto por um dever mais exigente ainda” (Constituição Gaudium et Spes 34; enc. Laborem Exercens nº 25).
11.2. Participação na Páscoa de Cristo (nº 26)
1. Esta verdade, segundo a qual o homem mediante o trabalho participa na obra do Criador, foi particularmente posta em relevo por Jesus Cristo, “Ele próprio homem do trabalho, do trabalho artesanal como Jesus de Nazaré” (nº 26). Jesus encara com amor o trabalho e em suas parábolas refere-se a diversos tipos da atividade humana: o pastor, o agricultor, o médico, o semeador, o amo, o servo, o feitor, o pescador, o comerciante, o operário… Fala também das atividades exercidas pelas mulheres, como alude também ao trabalho dos estudiosos.
O ensinamento de Cristo sobre o trabalho encontrou eco imediato na pregação do Apóstolo São Paulo: este se dedicava à confecção de tendas (cf. At 18, 3) e formulou o princípio categórico: “Se alguém não quer trabalhar, abstenha-se também de comer” (2Ts 3, 10).
Os dizeres do Novo Testamento relativos ao trabalho fundamentaram decisivamente a espiritualidade cristão do trabalho; este, na sua expressão material e concreta, é ulteriormente destinado a promover a grandeza interior ou espiritual do ser humano, pois ainda mais vale ser do que ter, como lembra o Concílio do Vaticano II:
“O homem vale mais por aquilo que é do que por aquilo que tem. Do mesmo modo, tudo o que o homem faz para conseguir mais justiça, uma fraternidade mais difundida e uma ordem mais humana nas relações sociais, excede em valor os progressos técnicos. Com efeito, tais progressos podem proporcionar a base material para a promoção humana mas, por si sós, de modo nenhum são capazes de a realizar” (Const. Gaudium et Spes nº 35; Laborem Exercens nº 26).
2. O trabalho, seja manual, seja intelectual, acarreta inevitavelmente a fadiga. Ora esta há de ser considerada pelo cristão à luz do mistério pascal de Cristo. O Senhor realizou a salvação da humanidade mediante o sofrimento e a morte, aos quais se seguiu a ressurreição. Pois bem; suportando o que há de penoso no trabalho em união com Cristo crucificado, o homem colabora, de algum modo, com o Filho de Deus na redenção da humanidade. E, visto que a cruz é inseparável da glória da ressurreição, o cristão vislumbra nas próprias fadigas do trabalho um princípio de vida nova ou de transfiguração ou a presença dos valores da eternidade. Também o Concílio do Vaticano II pôs em relevo este significado ambíguo (cruz-ressurreição) do trabalho humano, redigindo a seguinte ponderação:
“É certo que nos é lembrado que nada aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se se perde mesmo. A expectativa da nova terra, porém, não deve enfraquecer, mas antes estimular a solicitude por cultivar esta terra, onde cresce aquele corpo da nova família humana, que já consegue apresentar uma certa prefiguração em que se vislumbra o mundo novo. Por conseguinte, embora se deva distinguir cuidadosamente o progresso terreno do crescimento do reino de Cristo, todavia, na medida em que tal progresso pode contribuir para a melhor organização da sociedade humana, tem muita importância para o reino de Deus” (Const. Gaudium et Spes nº 39; enc. Laborem Exercens nº 27).
Consciente destas verdades, o cristão procurará realizar o seu trabalho de cada dia tendo em mira não só o progresso terreno, mas também a sua própria santificação (mediante configuração a Cristo) e o desenvolvimento do Reino de Deus, que deve transparecer através das realidades terrestres modeladas pelas mãos do discípulo de Cristo.
Eis, em poucas páginas, o conteúdo da notável encíclica Laborem Exercens, que em hora muito oportuna é apresentada ao mundo – cristãos e homens de boa vontade em geral como contribuição para a solução dos graves problemas que deixam a humanidade perplexa no limiar do terceiro milênio.
Revista: “PERGUNTE E RESPONDEREMOS”
D. Estevão Bettencourt, osb
Nº 261 – Ano 1982 – p. 71

terça-feira, 29 de abril de 2014

Reflexão do Evangelho de hoje A vida Nova!

A Vida nova, a Vida segundo o Espírito, não é algo que a pessoa humana possa conseguir por si mesma, uma vez que é algo que está muito além da sua própria natureza, portanto algo que foge às suas capacidades. A Vida nova é a vida da graça, que nos é dada pelo próprio Deus, a partir do mistério pascal de Jesus. A condição para a participação nessa Vida em Cristo é a fé; todos os que acreditam que Jesus, crucificado, morto e ressuscitado, é o Filho de Deus, a segunda Pessoa da Santíssima Trindade que se fez homem para ser o Emanuel, o Deus conosco, recebem dele o dom da Vida em plenitude, o dom da vida eterna.

Evangelho de hoje - Jo 3,7b-15

Evangelho - Jo 3,7b-15
Ninguém subiu ao céu, a não ser aquele
que desceu do céu, o Filho do Homem.
+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São João 3,7b-15
Naquele tempo disse Jesus a Nicodemos:
7bVós deveis nascer do alto.
8O vento sopra onde quer
e tu podes ouvir o seu ruído,
mas não sabes de onde vem, nem para onde vai.
Assim acontece a todo aquele que nasceu do Espírito'.
7Não te admires por eu haver dito:
Vós deveis nascer do alto.
8O vento sopra onde quer
e tu podes ouvir o seu ruído,
mas não sabes de onde vem, nem para onde vai.
Assim acontece a todo aquele que nasceu do Espírito'.
9Nicodemos perguntou:
'Como é que isso pode acontecer?'
10Respondeu-lhe Jesus:
'Tu és mestre em Israel,
mas não sabes estas coisas?
11Em verdade, em verdade te digo,
nós falamos daquilo que sabemos
e damos testemunho daquilo que temos visto,
mas vós não aceitais o nosso testemunho.
12Se não acreditais,
quando vos falo das coisas da terra,
como acreditareis
se vos falar das coisas do céu?
13E ninguém subiu ao céu,
a não ser aquele que desceu do céu,
o Filho do Homem.
14Do mesmo modo como Moisés levantou a serpente no deserto,
assim é necessário que o Filho do Homem seja levantado,
15para que todos os que nele crerem
tenham a vida eterna.
Palavra da Salvação.

Onde está escrito na bíblia que “adorar” imagem é pecado?

capa_intercessao_1Para tirar essas dúvidas sugiro a leitura do nosso livro “Intercessão dos Santos – imagens e relíquias
No livro do Êxodo (20,4-5) Deus parece proibir o uso de imagens. Mas porquê essa proibição? Porque podia ser ocasião a que o povo de Israel as adorassem, como faziam os povos vizinhos dados à idolatria. Os israelitas tendiam a imitar gestos religiosos pagãos e, por isso, muitas vezes caíram na idolatria. Deus queria incutir o conceito de Javé, mostrando que o Senhor era diferente dos deuses dos outros povos.
Tomadas as cautelas contra o perigo da idolatria, Deus não somente permitiu, mas até mandou que se fizessem imagens sagradas. Veja:
* Ex 25,17-22 – Deus manda Moisés colocar 2 querubins de ouro na Arca da Aliança, onde Javé falava com seu povo.
* 1Rs 6,23-28 – No Templo construído por Salomão foram colocados querubins de madeira junto à Arca da Aliança. E as paredes do templo tinha imagens de querubins. Tudo feito com ordem de Deus, conforme vemos em 1Crônicas (22,6-13), e em Êxodo (31,1-11).
* 1Rs 7,25.29 – No Templo de Salomão havia também bois de metal, leões, touros e querubins.
* Nm 21,8-9 – Deus ordenou a Moisés que fizesse uma serpente de bronze, e quem olhasse para ela seria salvo.
No século III, encontramos sinagogas da Palestina com pinturas e figuras humanas. A sinagoga de Dura-Europos, na Babilônia, tinha a representação de Moisés, Abraão e outros.
As antigas catacumbas cristãs apresentavam imagens bíblicas. Noé salvo do dilúvio, Daniel na cova dos leões, o peixe que simbolizava o Cristo e muitas outras.
A veneração que a Igreja presta às imagens, só é válida na medida em que é oferecida indiretamente àqueles que as imagens representam.
Veja alguns depoimentos sobre o uso das imagens:
- “Uma coisa é adorar uma imagem, outra coisa é aprender, por essa imagem, a quem se dirige às tuas preces. O que a Escritura é para aqueles que sabem ler, a imagem o é para os iletrados. Por essas imagens, aprendem o caminho a seguir. A imagem é o livro daqueles que não sabem ler” (Papa São Gregório Magno).
- “Quanto mais os fiéis contemplarem essas representações, mais serão levados a recordar-se dos modelos originais. Uma veneração respeitosa sem que isto seja adoração, pois esta só convém, segundo a nossa fé, a Deus.” (Concílio de Niceia II).
- “Ninguém há tão simples e iletrado que possa desculpar-se de não saber como viver retamente, quando tem diante de si na imagem do Crucificado, um livro ilustrado, escrito, de forma clara e legível, em que todas as virtudes são aprovadas e todos os vícios reprovados.” (Jean Gerson).
- “Outrora Deus invisível, nunca era representado. Mas agora que Deus se manifestou na carne e habitou entre os homens, eu represento o “visível” de Deus. Não adoro a matéria, mas o Criador da matéria.” (ib I. 16).
Prof. Felipe Aquino

Milagre Eucarístico em Stich (Ano de 1970)

Nconsagracion_1_reducidaa região Bávara da Alemanha, junto à fronteira suíça, em 9 de junho de 1970, enquanto um padre visitante da Suíça estava celebrando uma Missa Tridentina (Missa em latim) numa capela, uma série incomum de eventos aconteceu. Depois da Consagração, o celebrante notou que uma pequena mancha avermelhada começou a aparecer no corporal, no lugar onde o cálice tinha estado descansando. Desejando saber se o cálice tinha começado a vazar, o padre correu a mão dele debaixo do cálice, mas achou-o completamente seco. A esta altura, a mancha crescera, atingindo o tamanho de uma moeda de dez centavos.
Depois de completar a Missa, o padre inspecionou todo o altar, mas não conseguiu encontrar qualquer coisa que pudesse ser remotamente a fonte da mancha avermelhada. Ele trancou o corporal que apresentava a mancha num local seguro, até que pudesse discutir o assunto com o pároco.
A 11 de junho, depois de examinar o corporal com o pároco, o pano foi fotografado e enviado ao Instituto Clínico de Terapia Radial e Medicina Nuclear e para o instituto Policlínico da Universidade de Zurique, para análise química. Os resultados de quatro análises separadas administradas nas amostras de pano indicaram que a mancha é causada por sangue humano contendo indicadores bioquímicos de um homem em agonia.
A 14 de Julho, o fenômeno repetiu-se na capela de Stich, aparecendo quatro manchas no corporal depois da Consagração. Vários dias depois, o pastor enviou o corporal com as manchas para o Hospital Distrital de Cercee para análise – o resultado: as manchas eram sangue humano! Uma das testemunhas deste evento, Joseph Talscher, o sacristão da capela, relatou o seguinte:
“Na noite de 14 de Julho, o padre estava celebrando a Santa Missa na capela de Stich. Em vista do que havia acontecido em 9 de Junho, cpa_segredo_da_sagrada_eucaristianós nos certificamos de que os panos que cobrem o altar estavam absolutamente imaculados… Após haver tomado a Santa Comunhão, o padre fez um sinal para mim e apontou para o altar. Então eu vi as manchas. Depois da Missa, todos nós examinamos mais de perto as manchas, e mais especialmente a maior, que era do tamanho da Hóstia que o Padre consagra. Ali distinguimos muito distintamente uma cruz.”
Muitos e muitos relatos de milagres eucarísticos são contados ao longo da História da Igreja até hoje; muitos casos de “hóstias que sangram”, hóstias que parecem levitar no ar por si mesmas e outros fenômenos inexplicáveis; hóstias que se transformam  em carne e sangue na boca de fiéis, etc. São tantos os casos que a Igreja tem até dificuldade de analisá-los todos e emitir o seu parecer. Cabe dizer aqui que o responsável por emitir a primeira palavra sobre a veracidade do milagre, é o Bispo da Diocese, onde acontece o milagre.
“Haverá caos na Igreja. A tranquilidade não retornará até o Papa haver ancorado com sucesso o barco de Pedro entre os pilares gêmeos da devoção Eucarística e a devoção à Nossa Senhora. Isto acontecerá aproximadamente um ano antes do fim do século XX.” (São João Bosco, 1862)
Retirado do livro: O Segredo da Sagrada Eucaristia

Por que Deus nos fez livres, mas podendo pecar?

tumblr_l3f3yzGeuf1qacrfzo1_400Algumas pessoas me perguntam: por que Deus nos fez livres, sabendo que o homem iria usar mal dessa liberdade e cometeria o pecado? Essa questão é muito importante.
Para nos fazer belos, criados “à sua imagem e semelhança” (Gn 1,26), Deus nos dotou de muitos dons que não deu aos animais: antes de tudo as mãos e a inteligência. Com as mãos construímos o que a inteligência elaborou. E ainda nos deu a liberdade, vontade, memória, inteligência, consciência, capacidade de amar, cantar, sorrir, chorar… Nenhum irracional tem isso.
Deus não podia nos ter feito melhores enquanto criaturas, pois Ele não olhou um “modelo” fora Dele para nos criar, mas “entrou dentro Dele mesmo” e O tomou como modelo para nos criar.
De todas as faculdades que Deus nos deu, a que mais nos assemelha a Ele é a liberdade; nenhuma outra criatura no mundo a tem. Podemos até dizer a Deus, como os anjos maus: “não vos servirei!” (Jer 2, 20). E Deus respeita. Esses anjos maus foram criados bons e belos, mas, usando mal da liberdade quiseram ser como Deus,  não se aceitaram como belas criaturas apenas. É o orgulho! O pior pecado.  O pecado é o abuso da liberdade dizia Santo Agostinho. Deus não nos deu liberdade para fazer o mal, mas só o bem.
Tirar a liberdade do homem, como fazem os países comunistas, é tirar-lhe a dignidade; é baixar-lhe ao nível de animal irracional. Por isso esses países sucumbem inexoravelmente. Deus quer que o amemos e sirvamos, mas, livremente. Ninguém aceita ser amado na marra. A nossa liberdade explica a triste história do pecado que destruiu o plano de Deus e que Jesus veio recuperar com sua Morte e Ressurreição. Se Deus não nos desse liberdade, a ponto de pecar, não seríamos imagem Dele, maravilhosos, e sim apenas robôs, marionetes e teleguiados. Ele não quis assim.
Deus aceitou “correr o risco” de nos fazer livres, mesmo sabendo que Ele teria que aceitar a morte do Seu Filho na Cruz para nos salvar. O Criador, em sua sabedoria e bondade, viu que assim era bom. Um mistério de Seu amor que não podemos entender até o fim.
São Paulo diz que “É para a liberdade que Cristo  nos libertou” (Gal 5,1). “Vós fostes chamados à liberdade irmãos. Entretanto que a liberdade não sirva de pretexto para a carne, mas, pela caridade, colocai-vos a serviço uns dos outros”  (Gal 5,13).
O que nos rouba a liberdade, mais que as cadeias de ferro, são as cadeias do pecado. “Não sabeis que oferecendo-vos a alguém como escravos para obedecer, vos tornais escravos daquele a quem obedeceis, seja do pecado que leva à morte, seja da obediência que conduz à justiça?” (Rom 6,16)
Prof. Felipe Aquino

Os dez mandamentos dos pais e educadores

2371. Os pais não briguem nem discutam na frente dos filhos.
2. Tratem todos os filhos com igual afeto. Quanto possível, evitem o filho único que, muitas vezes se torna adulto problema.
3. Nunca mintam a uma criança.
4. Sejam os pais intimamente afetuosos e atenciosos um com o outro, incutindo nos filhos, com a sua presença, uma personalidade equacionada.
5. Haja confiança e certa camaradagem entre pais e filhos, incutindo neles responsabilidade para a vida.
6. Os pais recebam bem os amigos dos seus filhos, mas, não permitam gastos inúteis e além de suas mesadas.
7. Não repreendam e nem castiguem uma criança na presença de outros, indicando sempre o motivo do castigo.
8. Notem e encoragem as qualidades dos filhos e não salientem seus defeitos.
9. Respondam sempre as perguntas dos filhos conforme as exigências de sua idade.
10. Mostrem sempre aos filhos o mesmo afeto e o mesmo humor sem demonstrar demasiada preocupação.
Fonte: Homem Total e Parapsicologia – Frei Albino Aresi, 11ª ed. , SP, 1977.

segunda-feira, 28 de abril de 2014

Reflexão do Evangelho de hoje "Para nascer do alto"

Como Nicodemos, nós também nos confundimos e não entendemos o que significa nascer do alto, porque ainda estamos muito ligados (as) na nossa humanidade e relutamos em nos deixar dirigir pelo Espírito Santo. Nascer do alto é justamente deixar-se conduzir pelo Espírito Santo de Deus sem questionar nem se interpor com a nossa mentalidade humana e carnal. Nascer do alto é assumir uma vida nova, direcionada por Deus. É deixar-se conduzir por uma nova mentalidade, nova maneira de agir, de pensar e de procurar a santidade. A carne pensa, julga, faz cálculos, procura os seus interesses, questiona, duvida e por isso, quem vive na carne nunca conseguirá nascer do alto. Pelo contrário, aquele que se abandona e deixa-se conduzir pelo Espírito de Deus, nasce da água e do Espírito e assim, pode entrar no Reino de Deus. Esta é a diferença! Assim como a pluma se deixa levar pelo vento sem questionar, assim também nós seremos conduzidos se nos deixarmos levar pelo vento do Espírito Santo sem pedir explicações. Não questionar, não fazer cálculos, mas simplesmente entregar-se! Isto é nascer do Espírito. Não existem explicações para as obras de Deus. Quem as quiser “entende-las” irá ficar na ignorância a vida toda e perderá a melhor parte - Você já nasceu da água e do Espírito ou a carne ainda comanda a sua vida?- Você é uma pessoa racional ou já parou de fazer cálculos para compreender os mistérios da sua vida? – Você é como uma pluma ou como um monte?

Helena Serpa

Evangelho de hoje - Jo 3,1-8

Evangelho - Jo 3,1-8
Se alguém não nasce da água e do Espírito,
não pode entrar no Reino de Deus.
+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São João 3,1-8
1Havia um chefe judaico,
membro do grupo dos fariseus,
chamado Nicodemos,
2que foi ter com Jesus, de noite,
e lhe disse:
'Rabi, sabemos que vieste como mestre
da parte de Deus.
De fato, ninguém pode realizar os sinais que tu fazes,
a não ser que Deus esteja com ele'.
3Jesus respondeu:
'Em verdade, em verdade te digo,
se alguém não nasce do alto,
não pode ver o Reino de Deus'.
4Nicodemos disse:
'Como é que alguém pode nascer, se já é velho?
Poderá entrar outra vez no ventre de sua mãe?'
5Jesus respondeu:
'Em verdade, em verdade te digo,
se alguém não nasce da água e do Espírito,
não pode entrar no Reino de Deus.'
6Quem nasce da carne é carne;
quem nasce do Espírito é espirito.
7Não te admires por eu haver dito:
Vós deveis nascer do alto.
8O vento sopra onde quer
e tu podes ouvir o seu ruído,
mas não sabes de onde vem, nem para onde vai.
Assim acontece a todo aquele que nasceu do Espírito'.
Palavra da Salvação.

Misericórdia que acolhe e perdoa!

Vivenciando o tríduo pascal nós iniciamos este tempo especial com a missa da consagração dos santos óleos, antigamente chamada de missa crismal, em que são bentos os óleos dos catecúmenos, do crisma e dos enfermos. Um momento especial de reverenciar o sacerdócio ministerial instituído por Nosso Senhor Jesus Cristo. Um dia de unidade do presbitério com o seu bispo diocesano que é o presidente do presbitério e não o seu dono, patrão ou proprietário, como vemos, infelizmente, alguns que pelo seu comportamento de autoritarismo são mais déspotas do que Bispo, que é pai, pastor e o primeiro servidor.

Já na missa da ceia do Senhor celebramos o mandamento novo do amor: “amai-vos uns aos outros como eu vos amei”. Amor que não tem limites e nem máscaras. Amor desinteressado e verdadeiro, profundo, expressão do ágape. Jesus se dá a nós em cada Eucaristia: para celebrá-la temos que ter o coração limpo da arrogância, da busca desenfreada do poder, de oprimir, de liquidar aqueles que nos incomodam. Realmente é triste ver pessoas celebrando ou participando da Eucaristia sem antes lembrar da advertência de Jesus: “antes da apresentar o seu sacrifício junto ao Altar do Senhor vai e reconcilia com o seu irmão”. Por isso como é bonito notar quantas pessoas procuraram o confessionário nesta quaresma e nesta semana santa para purificar os seus pecados e viver uma vida nova, em que reconciliados primeiro com os seus irmãos, agora é o primeiro a dar testemunho do amor de Deus. Jesus decidiu tornar-se alimento para toda a humanidade, assim como ele mesmo falou: “Eu sou o pão vivo descido do céu, quem come deste pão viverá eternamente”.

Na ação litúrgica da Sexta-Feira Santa, altar límpido e que se recorda a paixão e morte de Jesus, ainda deve ecoar o clamor da Igreja: “Eis o lenho da Cruz, da qual pendeu a salvação do mundo”. Não existe fé católica sem a cruz do Senhor Crucificado. Por sua paixão e morte nos vem a ressurreição. Refletindo acerca de sua paixão notamos que somos também participantes deste teatro da salvação, já que Jesus morreu para nos salvar. Refletir acerca da paixão de Cristo é a fonte primária da santidade cristã e caminho de uma verdadeira e profunda conversão. Não uma conversão para agradar as autoridades ou falsas autoridades, mais uma conversão eloquente e austera para viver com Cristo, por Cristo e em Cristo adorando a sua cruz redentora.
Muitos procuram a Cristo somente na dor, no sofrimento ou na perseguição. Peçamos a nossa Mãe, Nossa Senhora das Dores, que por amor tenhamos os mesmos olhares e as mesmas atitudes do Seu Filho, nos ensinando a solidariedade, a fraternidade, a justiça, fazendo o que está ao nosso alcance para que a cruz de nossos irmãos seja aliviada.

Tenhamos a atitude de São Pedro, que teve confiança na misericórdia de Deus. Relembremos neste dia da paixão que o maior pecado de Judas não foi ter traído a Jesus, mas ter duvidado da sua misericórdia. Relembremos sempre que Jesus é misericordioso porque procurou o rosto de Pedro depois de sua negação para dar-lhe o seu perdão" e rezou piedosamente na Cruz: "Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem" (Lc 23, 34).

O Papa Francisco prega, diuturnamente, que para ser cristão devemos ter misericórdia. E misericórdia significa olhar o outro com compaixão e não como um juiz temível, que aplica o Direito Canônico para oprimir quem levanta a voz contra a corrupção do autoritarismo. Para garantir a experiência da Misericórdia lembro as “torquemadas de hoje”, nem muitas vezes tão santos como aparentam suas indumentárias, que existe o sacramento da reconciliação. A confissão nos permite experimentar em nós misericórdia e a ternura de Deus, que não é a que contém na letra fria dos códigos, mas aquele que é a suprema lei do amor e da cruz: a salvação das almas. Cristo não manda ninguém para fora da Igreja, ao contrário acolhe a todos!

Ao ensejo, de Rovigo, Itália, terra de meus antepassados, aonde estou pregando na Catedral Diocesana, a convite do Excelentíssimo Senhor Bispo Diocesano, o Tríduo Pascal apresento aos meus leitores os votos de uma santa e abençoada páscoa, com a certeza de Cristo Nossa Páscoa foi imolado. Aleluia!

O Senhor Ressuscitou Verdadeiramente, Aleluia!
 DOM EURICO DOS SANTOS VELOSO
ARCEBISPO EMÉRITO DE JUIZ DE FORA, MG.

Alegre-se em Deus

A Palavra meditada, hoje, está em II Coríntios 13,11:
"Ademais, irmãos, fiquem alegres. Procurem a perfeição e animem-se. Tenham os mesmos sentimentos, vivam na paz e o Deus do amor e da paz estará com vocês."



Enfim, depois de tudo o que já aconteceu, depois do dia de ontem, da semana que já passou, dos últimos meses da sua vida, alegre-se, trabalhe a perfeição e encoraje-se. Tenha os mesmos sentimentos e pensamentos e viva em paz.

É vontade de Deus que vivamos em paz. É um dom que Ele nos dá, mas que precisamos tomar posse pela fé. Então, vivamos em paz com o Senhor, com o nosso interior e com os que estão à nossa volta. A paz nasce da presença de Deus. Quem está com Ele está em paz; e se não está, vai ficar, porque, quando o Senhor está presente, o coração se acalma e o Espírito Santo vai desfazendo todos os nós de inimizades que possam existir.

Há momentos em que nos colocamos contra nós mesmos, ficamos caídos por conta dos nossos pecados e das nossas fraquezas, mas o nosso coração não foi feito para ficar assim. Deus quer que fiquemos em paz, Ele mesmo está em paz como cada um de nós. Se a nossa fraqueza nos derruba, a graça do Pai vem para nos ajudar a levantar. Cair é normal, mas, às vezes, o nosso orgulho nos mantém na queda. Nessa hora, temos de ser humildes para nos reerguer.

A Palavra do Senhor nos coloca de pé. A confiança em Jesus nos levanta de todas as quedas. Nós somos fracos, mas maior é o Senhor que está conosco. Então, alegremo-nos, busquemos a perfeição e animemo-nos. Tenhamos os mesmos sentimentos e pensamentos e vivamos na paz; e o Deus do amor e da paz estará conosco em tudo que fizermos.

Quando nos animamos e animamos alguém, Deus está conosco. Na decisão de se alegrar, apesar de tudo, o Senhor está ao nosso lado. É tudo uma questão de escolha, é alegrar-se apesar do sofrimento, para, assim, animar-se e animar os outros no decorrer da vida.

O Espírito Santo sempre ensina que essa vida de perfeição, citada na Palavra, é construída dia após dia. Podemos até não ser tudo o que gostaríamos de ser, mas, hoje, podemos ser melhor do que foi ontem. É de pouco em pouco que, uma hora, tomamos um belo e lindo susto, e vemos a diferença.

Ninguém trabalha sozinho no próprio aperfeiçoamento. O Espírito Santo sempre nos auxilia, mas é preciso um esforço. Essa obra, Deus não faz sozinho, mas sem Ele, nenhum esforço da nossa parte irá adiantar.

Aquele que é de Deus precisa trabalhar para ser melhor e para fazer os outros melhores. Então, vamos, pela força do Espírito Santo, encorajarmo-nos uns aos outros neste dia. Que tenhamos bons pensamentos e sentimentos inspirados por Deus.

Nós precisamos cuidar dos nossos pensamentos desde cedo, ver o que entra no nosso pensamento e no nosso coração. Ter cuidado com o que entra pelos nossos ouvidos e pelo que sai da nossa boca, pois, quando acreditamos em algo que dizemos, vamos em direção ao que foi dito.

Então, cuidemos para não viver só reclamando da vida, pois isso só vai nos desanimar. As reclamações e murmurações são venenos que matam a alma. Uma palavra ruim, que vem por um olhar irônico, um riso sarcástico de alguém, já desanima. Imagina a força que não tem uma palavra ruim que falamos! Tudo isso começa no pensamento. Por isso, é importante cultivar, no coração, a alegria.

Alegremo-nos! Temos de trabalhar nosso aperfeiçoamento, fazer bem todas as coisas, procurar ser melhor, encorajar aqueles que estão à nossa volta a terem pensamentos e sentimentos bons. Peçamos ao Espírito Santo que nos ajude a colocar de lado todo pessimismo. Somos de Deus e não podemos parar no negativo.

Deus tem algo bom para nós. O Senhor se alegra quando nos vê de pé. Ele faz uma festa no céu, porque, mesmo caindo, não desistimos de levantar. Há uma festa acontecendo no Céu por conta da escolha que fizemos, hoje, de amar, nos animar, perdoar, recomeçar, corrigir e reparar os males que fizemos.

Essa Palavra nos revela que, todas as vezes que nós lutamos para melhorar, Deus está conosco.

Se precisarmos de ajuda, Ele nos ajudará. Mas precisamos cooperar com Ele para a nossa salvação. Temos de trabalhar com Deus, e não contra Ele.

Eu quero essa ajuda para ser melhor. E você?


Márcio Mendes

"Peçamos a Maria que nos introduza na alegria Pascal"

Nesta segunda-feira, no contexto da Oitava de Páscoa, o Papa Francisco presidiu a oração do Regina Caeli, e sublinhou que nós, cristãos, podemos seguir desejando-nos Feliz Páscoa, como se o domingo de Ressurreição fosse um único dia. “É o grande dia que o Senhor fez.”
“Boa Páscoa! “Cristòs anèsti! – Alethòs anèsti!”, “Cristo ressuscitou! – Verdadeiramente ressuscitou!”. Está entre nós, aqui, na praça! (...) O sentimento dominante que transparece dos relatos evangélicos da Ressurreição é a alegria repleta de estupor, mas um estupor grande! A alegria que vem de dentro! E na Liturgia nós revivemos o estado de espírito dos discípulos pela notícia que as mulheres tinham levado: Jesus ressuscitou! Nós O vimos!”, disse o Santo Padre no início de seu discurso.
“Deixemos que esta experiência, impressa no Evangelho, se imprima também nos nossos corações e transpareça na nossa vida. Deixemos que o estupor jubiloso do Domingo de Páscoa se irradie nos pensamentos, nos olhares, nas atitudes, nos gestos e nas palavras... Mas isso não é uma maquiagem! Vem de dentro, de um coração imerso na fonte desta alegria, como o de Maria Madalena, que chorou pela perda do seu Senhor e não acreditava nos seus olhos vendo-o ressuscitado”, destacou.
O Papa convidou os milhares de peregrinos e fiéis congregados na Praça de São Pedro em Roma que nestes dias de oitava Pascal, olhem para Maria, testemunha fiel da Ressurreição do Senhor:
“Nesta semana, fará bem a nós pegar o Livro do Evangelho e ler aqueles capítulos que falam da Ressurreição de Jesus. Fará tanto bem a nós! Pegar o Livro, procurar os capítulos e lê-los. Também fará bem a nós, nesta semana, pensar na alegria de Maria, a Mãe de Jesus. Como a sua dor foi íntima, a ponto de transpassar a sua alma, assim a sua alegria foi íntima e profunda, e dessa os discípulos puderam partilhar.”
“Todas as prerrogativas da nossa Mãe derivam daqui, da sua participação na Páscoa de Jesus. Ela morreu com Ele; ela ressuscitou com Ele. De sexta-feira até a manhã de domingo, Ela não perdeu a esperança: a contemplamos como Mãe das dores, mas, ao mesmo tempo, Mãe repleta de esperança. Por isso, é a Mãe de todos os discípulos, a Mãe da Igreja”, detalhou o Papa.
“A Ela, silenciosa testemunha da morte e da ressurreição de Jesus, peçamos para nos introduzir na alegria pascal”, concluiu o Papa.

Santos por amor

A Igreja oferece, na Festa da Divina Misericórdia, dois presentes de amor
Nos primeiros séculos, os que tinham sido batizados na Vigília pascal se vestiam de branco até o segundo domingo da Páscoa, oferecendo a todos o testemunho externo da vida nova recebida no Sacramento. Neste final de semana, é toda a Igreja, vestida de gala, que deseja oferecer ao mundo inteiro a roupa da alegria, chamada santidade, com a canonização de João XXIII e João Paulo II, duas pérolas da coroa da Igreja em nosso tempo, cujos exemplos são oferecidos como referência para a maravilhosa aventura cristã. São dois contemporâneos, com os quais muitos de nós compartilharam diálogo e convivência. Seu modo de viver está bem ao nosso alcance, suas palavras e ensinamentos ecoaram pelo mundo através dos meios de comunicação de nossa época. Mostram que a santidade é atual e possível.
Os santos são homens e mulheres que levaram a sério a graça do Batismo e decidiram viver não para si, mas para Deus e para o serviço dos outros. Não programaram ser canonizados, mas quiseram ser bons cristãos. João XXIII, em seu diário, descreveu com simplicidade e profundidade o seu dia a dia, seus roteiros de oração e meditação, suas decisões cotidianas de perdão, alegria, seriedade no seguimento de Nosso Senhor.

João Paulo II, que viveu na infância e na juventude capítulos dolorosos provocados pelas ideologias e autoritarismos do século XX, conduziu a Igreja à virada do milênio e nos brindou justamente com o convite à santidade: "Se o Batismo é um verdadeiro ingresso na santidade de Deus através da inserção em Cristo e da habitação do seu Espírito, seria um contrassenso contentar-se com uma vida medíocre, pautada por uma ética minimalista e uma religiosidade superficial. Perguntar a um catecúmeno: 'Queres receber o Batismo?' significa ao mesmo tempo pedir-lhe: 'Queres fazer-te santo?' Significa colocar na sua estrada o radicalismo do Sermão da Montanha: 'Sede perfeitos, como é perfeito vosso Pai celeste' (Mt 5,48). Este ideal de perfeição não deve ser objeto de equívoco vendo nele um caminho extraordinário, percorrível apenas por algum gênio da santidade. Os caminhos da santidade são variados e apropriados à vocação de cada um. Agradeço ao Senhor por me ter concedido beatificar e canonizar muitos cristãos, entre os quais numerosos leigos que se santificaram nas condições ordinárias da vida. É hora de propor de novo a todos, com convicção, esta medida alta da vida cristã ordinária: toda a vida da comunidade eclesial e das famílias cristãs deve apontar nesta direção" (Novo millenio ineunte, 31).
João XXIII viveu as duras realidades das duas guerras mundiais e veio a suceder, visto como eventual papa "de transição", o grande Papa Pio XII. Como alguém que trata de amenidades, fez saber aos que com ele trabalhavam, no início de seu pontificado, que convocaria um Concílio Ecumênico. Dali para frente, provocou na Igreja a oração e a preparação efetiva para o que o próprio Papa chamou de nova primavera, desejando uma nova estação de abertura e diálogo com todas as realidades de nosso tempo. Os cinco anos de pontificado valeram séculos! "Mater et Magistra" e "Pacem in terris" foram duas Encíclicas que firmaram princípios e práticas para a ação social da Igreja. Abriu e conduziu a primeira Sessão de trabalhos do Concílio Vaticano II, mostrou ao mundo a face da bondade, abriu sorrisos, foi ao encontro dos mais sofredores, pintou de bom humor o rosto da Igreja! Viveu a dura experiência de uma enfermidade dolorosa, com o câncer que o levou à morte, parecido com tanta gente de nosso tempo. Sim, foi homem, Papa, irmão, sorriso de Deus para sua época. No próximo Domingo, elevado definitivamente à glória dos altares, resplandece como presente de Deus à Igreja e à humanidade.
De João Paulo II nunca se falará suficientemente. Um magistério pontilhado pela sensibilidade inusitada a todas as situações humanas e desafios a serem enfrentados pela Igreja. Uma presença universal efetiva, indo até os confins da terra para levar a Boa Nova do Evangelho. Aquele que nas lides da Polônia havia enfrentado nazistas e comunistas, corajoso na liderança dos católicos para se manterem fiéis à fé cristã, tesouro maior de sua nação, foi conduzido ao sólio de Pedro em 1978, permanecendo à frente da Igreja até o dia dois de abril de 2005, na véspera da Festa da Divina Misericórdia. E no próprio Domingo da Misericórdia é agora canonizado. Quantos adultos, jovens e crianças só tiveram esta figura de Papa em seu horizonte de Igreja, até que o Senhor o chamou para a sua Páscoa pessoal. Naquele início de noite de sua partida, desejoso de ir para estar com o Senhor, tinha o coração agradecido especialmente aos jovens aos quais tantas vezes se dirigiu e ali se encontravam, bem perto dele. Apagou-se como uma chama, deu tudo de si à Igreja e ao mundo. Em seus funerais, uma faixa emergia no meio da multidão - "Santo subito" - pedindo que fosse logo aclamado santo. Seu sucessor, o grande Bento XVI, teve a alegria de beatificá-lo, numa apoteótica afluência de gente do mundo inteiro, no dia primeiro de maio de 2011. Seus ensinamentos continuam a ser conhecidos e aprofundados na Igreja e no mundo. O convite feito, no início de seu pontificado, continua atual e provocante: "Não tenhais medo de acolher Cristo e de aceitar o seu poder! Antes, procurai abrir, melhor, escancarar as portas a Cristo! Ao seu poder salvador abri os confins dos Estados, os sistemas econômicos assim como os políticos, os vastos campos de cultura, de civilização e de progresso! Não tenhais medo! Cristo sabe bem 'o que é que está dentro do homem'. Somente Ele o sabe!" (Homilia da Missa de inauguração do Pontificado de João Paulo II, 22 de outubro de 1978).
Agora, Papa Francisco canoniza os dois Papas. A Igreja oferece, na Festa da Divina Misericórdia, dois presentes de amor. Fizerem-se santos pela Igreja e pela humanidade, foram homens de nosso tempo, amaram a Igreja e se entregaram por ela. Louvado seja o Senhor, pela história, o exemplo e a intercessão dos dois heróis de nosso tempo.
São João XXIII, rogai por nós!
São João Paulo II, rogai por nós!

Dom Alberto Taveira, Arcebispo Metropolitano de Belém do Pará