A palavra Papa vem do grego pai; ele é o representante (Vigário) de
Cristo na Terra, sucessor de São Pedro no governo da Igreja católica.
Tem autoridade sobre todos os fiéis católicos e sobre toda a hierarquia
eclesiástica, incluindo o Concilio Ecumênico. Ele é infalível quando
define alguma verdade “ex-cathedra” (do trono), em assuntos de fé e de
moral. Esta infalibilidade foi declarada no Concilio Vaticano I, em 1870
(Constituição “Pastor Aeternus”).
A eleição do Papa é reservada aos Cardeais que se reúnem no Conclave;
o novo Papa é eleito com 2/3 dos votos e só participam os Cardeais com
menos de 80 anos. Não há em todo o mundo outro Estado que eleja assim o
seu Chefe. Até 1059 a eleição do Papa era feito pelo clero de Roma, com
a aprovação popular. Quando eleito o Papa muda de nome; o primeiro a
mudar de nome foi o papa Osporco, que tomou o nome de Sérgio II
(844-847).
Os livros da vida dos santos de Roma afirmam que foram mártires todos
os Papas anteriores a Silvestre I (315-335) por causa da perseguição
romana que só terminou em 313 com o Edito de Constantino. Com relação á
cronologia e ao número de Papas há ainda algumas dúvidas por causa de
fontes históricas contraditórias, e também por causa de algumas questões
históricas não bem resolvidas, como o caso de papas eleitos mas não
empossados; papas que reinaram várias vezes, etc. Por isso há algumas
divergências entre os autores das vidas dos papas. O Anuário Pontifício
indica 265 papas até João Paulo II; outras fontes falam em 264 por não
contar Estevão (752) que não chegou a ser sagrado Bispo de Roma, por ter
morrido três dias depois de sua eleição.
A vida dos papas é muito importante não só para os cristãos mas
também para a História Geral pois, a partir da queda do Império Romano
do Ocidente, eles foram figuras determinantes em muitos acontecimentos
da História. Não podemos julgar a figura e a vida de um papa sem
considerar as condições políticas, sociais , as lutas entre facções que a
partir do século IX influenciaram as decisões de alguns papas.
Ao instituir a Igreja, a partir do Colégio dos Doze Apóstolos, Jesus
o quis como um grupo estável e escolheu Pedro para chefiá-lo. (cf. Mt
16,16; Jo 21,15-17).
Todo grupo humano precisa ter uma Cabeça visível
para manter a sua ordem e unidade. A missão de Pedro e dos Papas, seus
sucessores, sempre foi a de manter a Igreja unida e guardar a doutrina
da fé. O Código de Direito Canônico da Igreja, diz que:&&
“O Bispo da Igreja de Roma, no qual perdura o múnus concedido pelo
Senhor singularmente a Pedro, primeiro dos Apóstolos, para ser
transmitido a seus sucessores, é a Cabeça do Colégio dos Bispos,
Vigário de Cristo e aqui na terra Pastor da Igreja universal; ele, pois,
em virtude de seu múnus, tem na terra o poder ordinário supremo, pleno,
imediato e universal, que pode sempre exercer livremente”(CDC,Cân.331).
A Igreja tem a sua Cabeça divina, invisível, o próprio Cristo; e tem a
sua Cabeça humana, o seu chefe visível, o Papa. Cristo assim o quis.
Diz o Catecismo que:&&
“Somente a Simão, a quem deu o nome de Pedro, o Senhor constituiu
como a pedra da sua Igreja. Entregou-lhe as suas chaves, instituiu-o
pastor de todo o rebanho” (§º 881).
“E eu te declaro: Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a Minha
Igreja; as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Eu te darei as
chaves do Reino dos céus: tudo o que ligares na terra será ligado nos
céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus” (Mt
16,18-19).
Pedro é a pedra sobre a qual Ele quis edificar a Sua Igreja. É
preciso notar que o Senhor diz “a Minha Igreja”. Usou um pronome
possessivo “Minha”; ela é propriedade Sua, é o Seu próprio Corpo, e Ele a
quis construída sobre o Papa. Não existe outra.
Para não deixar dúvidas a respeito disto, no primeiro encontro que
Jesus teve com Simão, trocou-lhe o nome para “Kefas”, que quer dizer
Pedro, o mesmo que pedra em aramaico.
Pedro não se deu conta da
grandiosidade daquele acontecimento, no momento, mas, certamente, se
lembrou dele mais tarde. Ouçamos o evangelista contar logo no início do
seu Evangelho:
“André, irmão de Simão Pedro, era um dos dois que
tinham ouvido João [Batista] e que o tinham seguido. Foi ele então logo à
procura de seu irmão e disse-lhe: “Achamos o Messias (que quer dizer o
Cristo). Levou-o a Jesus e Jesus, fixando nele o olhar, disse “Tu és
Simão, filho de João; serás chamado Kefas (que quer dizer pedra)”(Jo
1,40ss)”.
É importante observar que “no primeiro encontro” com Simão, Jesus
“fixa nele o olhar” e muda o seu nome para Pedro. Isto não foi sem
razão. Na Bíblia, quando Deus muda o nome de alguém, é porque está dando
a essa pessoa uma missão. Para o judeu o nome da pessoa tinha algo a
ver com a sua identidade e missão. Assim, por exemplo o Anjo disse a
José:
“Ela dará à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus [= Deus
salva], porque ele salvará o seu povo de seus pecados” (Mt
1,21).&&
Um exemplo marcante de mudança de nome foi o que ocorreu com Abraão.
Ele se chamava Abrão, que quer dizer “pai elevado” e Deus mudou seu nome
para Abraão, que significa “pai de uma multidão”, porque Deus o
escolhera para a grandiosa tarefa de pai do seu Povo. Diz o Gênesis:
“Abrão [note o nome antigo!] tinha noventa e nove anos. O Senhor
apareceu-lhe e disse: “Eu sou o Deus todo-poderoso. Anda em minha
presença e sê íntegro, quero fazer aliança contigo e multiplicarei ao
infinito a tua descendência”. Abrão prostrou-se com o rosto por terra.
Deus disse-lhe: “Este é o pacto que faço contigo: serás o pai de uma
multidão de povos. De agora em diante não te chamarás mais Abrão, e sim
Abraão, porque farei de ti uma multidão de povos…”(Gen17,18).
É interessante notar que Deus mudou também o nome de Sara, de Sarai (estéril) para Sara (fértil).
“Disse
Deus a Abraão: “Não chamarás mais a tua mulher Sarai e sim Sara. Eu a
abençoarei, e dela te darei um filho. Eu a abençoarei, e ela será mãe de
nações e dela sairão reis” (Gen 17, 15-16).
A mesma mudança de nome ocorreu com Jacó, o Patriarca do povo Judeu, que Deus passa a chamar de Israel:&&
“Deus apareceu ainda a Jacó … e o abençoou. Deus lhe disse: “Tens o
nome de Jacó, mas não te chamarás mais Jacó: teu nome será Israel”. (Gen
35,10-13)
Essa “mudança de nome” Jesus fez também com Simão, “no
primeiro encontro”, em vista da missão solene que lhe haveria de dar
mais tarde: “Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a Minha Igreja”
(Mt 16,18).
Após a Ressurreição Jesus confirma Pedro como o pastor de todo o rebanho.
“Tendo
eles comido, Jesus perguntou a Simão Pedro: “Simão, filho de João,
amas-me mais do que estes ? “Respondeu ele: “Sim, Senhor, tu sabes que
te amo”. Disse-lhe Jesus. “Apascenta os meus cordeiros” (Jo 21, 15-17)”.
Por três vezes o Senhor repetiu esta pergunta a Pedro, e por três
vezes lhe disse: “Apascenta as minha ovelhas”. A nenhum outro Apóstolo
isto foi dito.
Alguns Padres da Igreja viram nesta tríplice
confirmação de Pedro como “Pastor do rebanho”, como que uma maneira de
apagar aquelas três vezes que Pedro negou tristemente o Senhor dizendo:
“Não conheço este homem” (Jo 18,17.25-27, Mt 26,70-75). Na verdade essa
repetição tríplice era a forma solene que o hebreu usava na confirmação
de uma missão.
É importantíssimo notar que, mesmo após Pedro ter negado Jesus
tristemente, por três vezes, ainda assim o Senhor não tirou dele a
chefia do rebanho. Como então – podemos perguntar – os homens querem
tirar de Pedro e do Papa o Primado da Igreja, se nem mesmo Jesus, após
ter sido negado e renegado por Pedro, tirou-lhe o mandato? Se Cristo
manteve Pedro como o Chefe da Sua Igreja, mesmo após a negação triste,
seremos nós homens, que teremos a ousadia de negar-lhe o primado? Não
sejamos insensatos, “de Deus não se zomba” (Gl 7,1). Atentam gravemente
contra a vontade expressa do Senhor aqueles que não querem aceitar a
jurisdição do Papa sobre toda a Igreja universal.
Desde os primeiros
séculos da Igreja, o Bispo de Roma, o Papa, exerceu o primado na Igreja.
Vejamos, por exemplo, o que diz São Cipriano (?258), bispo de Cartago, o
grande defensor da unidade da Igreja, já no terceiro século:
“O Senhor diz a Pedro: “Eu te digo que és Pedro e sobre esta pedra
edificarei minha Igreja e as portas do inferno não prevalecerão sobre
ela. Dar-te-ei as chaves do reino dos céus…O Senhor edifica a sua
Igreja sobre um só, embora conceda igual poder a todos os apóstolos
depois de sua ressurreição, dizendo: “Assim como o Pai me enviou, eu os
envio. Recebei o Espírito Santo, se perdoardes os pecados de alguém,
ser-lhes-ão perdoados, se os retiverdes, ser-lhes-ão retidos. No
entanto, para manifestar a unidade, dispõe por sua autoridade a origem
desta mesma unidade partindo de um só. Sem dúvida, os demais apóstolos
eram, como Pedro, dotados de igual participação na honra e no poder; mas
o princípio parte da unidade para que se demonstre ser única a Igreja
de Cristo… Julga conservar a fé quem não conserva esta unidade da
Igreja? Confia estar na Igreja quem se opõe e resiste à Igreja? Confia
estar na Igreja, quem abandona a cátedra de Pedro sobre a qual está
fundada a Igreja?” ( Sobre a Unidade da Igreja ).
Vemos, portanto, que desde os primeiros séculos, os cristãos já
tinham a noção exata de que sobre a cátedra de Pedro foi fundada a
Igreja.
São João Crisóstomo (?407), bispo de Constantinopla, doutor
da Igreja, um dos santos mais importantes do Oriente, dizia
que:&&
“No interesse da paz e da fé não podemos discutir sobre questões relativas à fé sem o consentimento do Bispo de Roma.”&&
“Pedro, na verdade, ficou para nós como a pedra sólida sobre a qual
se apóia a fé e sobre a qual está edificada a Igreja. Tendo confessado
ser Cristo o Filho de Deus vivo, foi-lhe dado ouvir:
“Sobre esta pedra – a da sólida fé – edificarei a minha Igreja”(Mt 16,18).&&
“Tornou-se enfim Pedro o alicerce firmíssimo e fundamento da Casa de
Deus, quando, após negar a Cristo e cair em si, foi buscado pelo Senhor e
por ele honrado com as palavras: “apascenta as minhas ovelhas”(Jo
21,15s). Dizendo isto, o Senhor nos estimulou à conversão, e também a
que de novo se edificasse solidamente sobre Pedro aquela fé, a de que
ninguém perde a vida e a salvação, neste mundo, quando faz penitência
sincera e se corrige de seus pecados” (Haer. 59,c,8).
Segundo o testemunho de Santo Ireneu (?202), desde o primeiro século,
a Igreja de Roma tinha a primazia do ensino. Antes de dar a lista dos
doze primeiros papas, ele afirma:
“Porque é com essa Igreja (de Roma), em razão de sua mais poderosa
autoridade de fundação, que deve necessariamente concordar toda igreja,
isto é, que devem concordar os fiéis procedentes de qualquer parte, ela,
na qual sempre, em benefício dos que procedem de toda parte, se
conservou a tradição que vem dos apóstolos” (Contra as Heresias).
Santo Agostinho, após a condenação do Pelagianismo, a heresia que
desprezava a graça de Deus, no sínodo do ano 416, com a concordância do
Papa Inocêncio I, pronunciou a frase que ficou célebre na Igreja: “Roma
locuta, causa finita !” (Roma falou, encerrada a questão !)
Na Encíclica “Mystici Corporis Christi”, o Papa Pio XII mostrou muito
bem que aqueles que não se ligam à Cabeça visível da Igreja, também não
se ligam a Cristo, Cabeça da Igreja:
“Há os que se enganam perigosamente, crendo poder se ligar a Cristo,
cabeça da Igreja, sem aderir fielmente a seu Vigário na terra. Porque
suprimindo esse Chefe visível, quebrando os laços luminosos da unidade,
eles obscurecem e deformam o Corpo místico do Redentor a ponto de ele
não poder ser reconhecido e achado dentro dos homens, procurando o porto
da salvação eterna”.&&
Há uma verdade que os santos nos ensinam: é pela humilhação que nos
tornamos humildes. Jesus deixou Pedro passar pela humilhação de negá-lo
três vezes, talvez para que se tornasse humilde e apto para a chefia da
Igreja.
Mas é importante notar também que nessa mesma noite, Jesus disse a Pedro:
“Simão,
Simão, eis que Satanás vos reclamou para vos peneirar como o trigo, mas
eu roguei por ti, para que a tua confiança não desfaleça; e tu, por tua
vez, confirma os teus irmãos” (Lc 22,31).
Como são importantes estas
palavras ! Satanás, quis derrubar Pedro, se possível fazer com ele o
que tinha feito com Judas Iscariotes, mas o Senhor orou por ele … “mas
eu roguei por ti”.
Se Pedro não desfaleceu após a tríplice negação de Jesus, se não caiu
no mesmo remorso desesperador de Judas, certamente foi porque o Senhor
intercedeu por ele junto do Pai. Pedro chorou amargamente o seu pecado:
“Voltando-se o Senhor, olhou para Pedro. Então Pedro se lembrou da
palavra do Senhor : “hoje, antes que o galo cante, negar-me-às três
vezes. Saiu dali e chorou amargamente” (Lc 22, 61-62).
Que lágrimas benditas ! Lágrimas de arrependimento e de dor, mas também de confiança que vence o desespero.
Com tudo isso Jesus tinha feito uma grande obra no coração do seu
escolhido. Aquele olhar de Jesus para Pedro destruiu toda a presunção e
orgulho do primeiro Papa.
“Voltando-se o Senhor, olhou para Pedro. Então Pedro lembrou-se da palavra do Senhor…”(Lc 22,61).
E depois de tudo isso, Jesus manteve-o no Primado da Igreja…
“Confirma os teus irmãos!” (Lc 22.31)
“Apascenta as minhas ovelhas!” (Jo 21,17)
Esse é o ministério petrino que o Papa cumpre em todos os tempos, e
que o nosso querido João Paulo II exerceu tão bem viajando pelo mundo
todo para confirmar na fé os seus irmãos.
A Igreja já teve cerca
de 265 Papas, chegou mesmo a ter muitos anti-Papas, que foram Papas
ilegítimos, mas sempre teve o sucessor legítimo de Pedro. A permanência
contínua desse ministério, contra todos os obstáculos enfrentados nesses
2000 anos, mostra-nos de maneira clara e inequívoca de que foi
instituído por Deus.
É interessante notar que nenhum deles assumiu o nome de Pedro. Nunca
houve o Pedro II, Pedro III; isto porque na verdade “todos eles são o
mesmo Pedro”. Nós o chamamos de Bento XVI, mas Jesus continua a chamá-lo
de Pedro. “Tu és Pedro !” (Mt 16,18).&&
Certa vez São João Bosco teve um sonho profético. Viu o mar agitado
pelos ventos e uma batalha acontecendo. No meio da tormenta ele viu uma
grande nau dirigida pelo Papa, atravessando o oceano agitado. Duas
correntes saiam de cada lado da barca e a prendiam em duas fortes
colunas de alturas diferentes. Sobre a mais alta ele viu a Sagrada
Hóstia num ostensório, estando escrito na sua base as palavras “Salus
credentium” (Salvação do que crêem). Sobre a outra coluna ele viu a
imagem de Nossa Senhora Auxiliadora e na base as palavras: “Auxilium
Christianorum” (Auxiliadora dos Cristãos).
Deus mostrou a D. Bosco, e a nós, que essas são as três salvaguardas
principais da Igreja, que não permitirão jamais as portas do inferno a
vencerem: a Eucaristia, Maria e o Papa.
Pedro sempre foi o líder do
Colégio dos Apóstolos e seu porta-voz. Muitas são as passagens onde ele
aparece como o líder, antes e depois da morte e ressurreição de Jesus,
evidenciando o primado de Pedro no Colégio dos Doze.
Vejamos alguns exemplos. O nome de Pedro é mencionado 171 vezes no
Novo Testamento. João apenas 46 vezes, é o segundo mais citado. No
catálogo dos Apóstolos, Pedro é sempre citado em primeiro lugar:
“Escolheu estes doze: Simão, a quem pôs o nome de Pedro; Tiago, filho
de Zebedeu, e João seu irmão …” (Mc 3,16).
“Eis os nomes dos doze apóstolos: “o primeiro, Simão, chamado Pedro; depois André, seu irmão …” (Mt 10,1-4).
“Ao amanhecer, chamou os seus discípulos e escolheu doze dentre eles
que chamou de apóstolos : Simão, a quem deu o nome de Pedro; André
seu irmão…” (Lc 6,12-16).
Após a ressurreição de Jesus, continua
Pedro sempre citado em primeiro lugar: “Tendo entrado no Cenáculo,
subiram ao quarto de cima, onde costumavam permanecer. Eram eles :
“Pedro e João, Tiago, André …” (At 1,13).
Por outro lado, Pedro aparece sempre como o “porta-voz” do Grupo:
“Então perguntou-lhes Jesus: “E vós, quem dizeis que eu sou? Pedro
respondeu: “Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo!” (Mt 16,15-16).
É interessante notar que Pedro é também o escolhido pelo Pai para revelar aos outros a divindade de Jesus.
“Feliz és Simão, filho de Jonas, porque não foi a carne nem o
sangue que te revelou isto, mas meu Pai que está nos ceus” (Mt 16,17).
Em outras ocasiões é Pedro quem toma a frente: “Pedro começou a
dizer-lhe: “Eis que deixamos tudo e te seguimos” (Mc 10,28). “Então
Pedro se aproximou dele e disse: “Senhor, quantas vezes devo perdoar a
meu irmão quando ele pecar contra mim ? Até sete vezes?” (Mt 18,21).
“Disse-lhe Pedro: “Senhor, propões esta parábola só a nós ou também a todos? ” (Lc 12,41).
No
momento difícil, após o discurso sobre a Eucaristia, quando Jesus
“checou” até o fundo a fé dos discípulos, é Pedro quem responde: “Então
Jesus, perguntou aos Doze: “Quereis vós também retirar-vos ?
Respondeu-lhe Simão Pedro: “Senhor, a quem iríamos nós ? Tu tens as
palavras da vida eterna. E nós cremos e sabemos que Tu és o Santo de
Deus”(Jo 6,67-69).
Essas passagens mostram bem a “escolha” de Pedro. Em muitas outras encontramos essa expressão “Pedro e os seus”:
“Entretanto, Pedro e seus companheiros tinham deixado vencer-se pelo sono …” (Lc 9,32)
“Mas ide, dizei a seus discípulos e a Pedro que ele vos precede na Galiléia …” (Mc 16,7).
É relevante notar que Jesus orou por Pedro… (Lc 22,31).
Tudo isto mostra a necessidade do Papa para a Igreja. A Pedro o
Senhor quis confiar uma missão especial, simbolizado pela palavra
“Kephas”, que quer dizer Rocha, Fundamento sólido sobre o qual se
ergueria o edifício da Igreja, que haveria de perdurar até o fim do
mundo. Por isso, o seu fundamento também há de ser duradouro; daí vemos
claramente que as faculdades, os poderes dado a Pedro, hão de ser
transmissíveis aos seus sucessores, como desde o princípio os Apóstolos e
seus sucessores assim entenderam.
Desde o início os demais Apóstolos entenderam a missão especial de Pedro, conferida a ele por Jesus, e o respeitaram.
Um
fato que mostra bem isso foi, por exemplo, o que aconteceu no dia de
Pentecostes. É Pedro quem toma a palavra para falar ao povo: “Pedro,
de pé com os Onze, ergueu a voz e assim lhes falou: “Homens da Judéia, e
habitantes todos de Jerusalém …” (At 2,14 s).
Em outra ocasião: “Então Pedro, cheio do Espírito Santo, respondeu-lhes : “Chefes do povo e anciãos, ouvi-me …” (At 4,8s).
É
bom recordarmos que o único Apóstolo que ficou aos pés da cruz do
Senhor crucificado foi João; mas, ainda assim Pedro permaneceu o líder, o
porta-voz deles, o chefe da Igreja, como Jesus havia querido.
“À vista disso, Pedro dirigiu-se ao povo: Homens de Israel, por que vos admirais disto?” (At 3,12-25).
Outro
fato importantíssimo do exercício dos poderes de Pedro, foi a admissão
do primeiro pagão (Cornélio) na Igreja, em Jope, aceita por ele. Isto
era algo inadmissível para os judeus. Mas Jesus mostrou a Pedro que
veio salvar a todos; e, depois que Pedro viu o Espírito Santo “cair
sobre os que ouviam a palavra” (At 10,44) na casa de Cornélio, não teve
dúvidas de batizar a todos da sua casa :
“Pode-se, porventura,
recusar a água do batismo a esses que, como nós, receberam o Espírito
Santo? E ordenou que fossem batizados em nome de Jesus Cristo” (At
10,44-45).
Esta foi a primeira vez que os pagãos (os não judeus) foram admitidos
na Igreja; isto é, batizados; e por decisão de Pedro. Somente Pedro
tinha esta autoridade. Se esta decisão “história” fosse tomada por
outro, certamente seria muito difícil de ter sido aceita em Jerusalém.
Mas, quando Pedro voltou para lá, e expôs cuidadosamente os fatos, todos
aceitaram.:
“Depois de terem ouvido essas palavras, eles se calaram e deram
glória a Deus dizendo: “Portanto também aos pagãos concedeu Deus o
arrependimento que conduz à vida” (At 11,1-18).
É muito relevante o
fato do Senhor ter introduzido os pagãos na Igreja, pelo do Batismo,
exatamente através de Pedro. Mais uma vez Pedro…
Outro fato marcante na vida da Igreja primitiva, e que mostra claro
os poderes de Pedro, foi na realização do Primeiro Concílio universal; o
de Jerusalém, no ano 49.
Toda a polêmica girou em torno da
necessidade da circuncisão antes do pagão ser batizado. São Paulo e S.
Barnabé ensinavam, na forte comunidade de Antioquia, que não era
necessário a circuncisão; mas alguns cristãos, vindos de Jerusalém à
Antioquia ensinavam o contrário. Houve conflito.
“Originou-se então
grande discussão de Paulo e Barnabé com eles, e resolveu-se que estes
dois, com alguns outros irmãos, fossem tratar desta questão com os
Apóstolos e os anciãos em Jerusalém” (At 15,1-3).
Por isso aconteceu o primeiro Concílio da Igreja.
“Ao fim de uma
grande discussão, Pedro levantou-se e lhes disse: “Irmãos, vós sabeis
que já há muito tempo Deus me escolheu dentre vós, para que da minha
boca os pagãos ouvissem a palavra do Evangelho e cressem … Toda a
assembléia o ouviu silenciosamente” (At 15,1-12).
A Igreja primitiva sempre esteve sob a jurisdição dos Apóstolos e de Pedro, como podemos ver em vários fatos.
No episódio triste de Ananias e Safira, é pelas mãos de Pedro que eles recebem a punição de Deus pelo seu pecado:
“Pedro, porém disse: “Ananias, por que tomou conta Satanás do teu
coração, para que mentisses ao Espírito Santo …”. Ao ouvir essas
palavras Ananias caiu morto” (At 5,3-6).
É belo notar que: “…traziam os doentes para as ruas e punham-nos em
leitos e macas, a fim de que, quando Pedro passasse, ao menos a sua
sombra cobrisse alguns deles” (At 5,15).
Quando o sumo Sacerdote e os doutores da lei quiseram obrigar os Apóstolos ao silêncio,
“Pedro e os Apóstolos replicaram: “importa obedecer antes a Deus do que aos homens” (At 5,29).
Sempre Pedro está na frente; e junto com os Apóstolos. Não há como negar o primado de Pedro à frente da Igreja primitiva.
A jurisdição dos Apóstolos sobre a Igreja sempre se fez valer, e
jamais houve “igrejas independentes”, até a revolução protestante de
1517:
“Os Apóstolos que se achavam em Jerusalém, tendo ouvido que a Samaria
recebera a palavra de Deus, enviaram-lhe Pedro e João. Estes, assim
que chegaram fizeram oração pelos novos fiéis, a fim de receberem o
Espírito Santo … Então os dois Apóstolos lhes impuseram as mãos e
receberam o Espírito Santo” (At 8,14-17).
A partir deste episódio a Igreja foi descobrindo o Sacramento da
Crisma, ministrado pelo Bispo. Isto mostra que os Apóstolos governavam
toda a Igreja primitiva.
São Pedro foi martirizado em Roma. As
escavações realizadas sob a basílica do Vaticano nos últimos decênios,
bem como os escritores antigos, confirmam isto. Os arqueólogos
descobriam um túmulo cristão sob a basílica vaticana, em meio a túmulos
pagãos. Esse túmulo cristão tinha acesso por uma via que devia ser muito
freqüentada. Foram encontradas junto a esse túmulo numerosas inscrições
a carvão (graffiti), fazendo menção ao Apóstolo Pedro. Encontraram
ossos de um indivíduo de 60 a 70 anos, que é muito provavelmente de S.
Pedro. Quando Pedro morreu, no ano 67, em Roma, crucificado de cabeça
para baixo, os cristãos ainda não tinham cemitérios próprios, e por isso
o enterraram em um cemitério pagão.
Por todas essas razões os Bispos de Roma são os sucessores de Pedro, com jurisdição sobre toda a Igreja.
Do livro A MINHA IGREJA
Prof. Felipe Aquino – www.cleofas.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário