Realidade em toda a Igreja
A
Festa da Misericórdia ocupa um lugar privilegiado entre todas as formas
de devoção à Divina Misericórdia reveladas à Santa Faustina Kowalska.
Já na primeira ocasião em que Jesus lhe falou sobre a Divina
Misericórdia, em 22 de fevereiro de 1931, Ele pediu à Santa Faustina: “Eu
desejo que haja a Festa da Misericórdia. Quero que essa Imagem, que
pintarás com o pincel, seja abençoada solenemente no primeiro domingo
depois da Páscoa, e esse domingo deve ser a Festa da Misericórdia.
Desejo que os sacerdotes anunciem esta Minha grande misericórdia para
com as almas pecadoras (Diário de Santa Faustina, 49-50).
Na oitava da Páscoa de 1933, Jesus fez mais um pedido à Santa Faustina: "Na
minha Festa ‒ na Festa da Misericórdia ‒ percorrerás o mundo inteiro e
trarás as almas que desfalecem para fonte da Minha misericórdia. Eu as
curarei e fortalecerei" (Diário, 206). No ano seguinte (1934), Jesus fez uma promessa: “Aquele que, nesse dia, se aproximar da Fonte da Vida, alcançará perdão total das culpas e das penas” (Diário, 300).
Durante muito tempo, Santa
Faustina rezou e ofereceu os seus sofrimentos e mortificações na
intenção do Papa, para que a Festa da Misericórdia fosse instituída em
toda a Igreja (cf. Diário, 341 e 368). Enquanto isso não acontecia, ano
após ano, no primeiro domingo após a Páscoa, Faustina celebrava essa
Festa interiormente, em seu coração, conforme o desejo do Senhor. Em uma
dessas ocasiões, no ano de 1935, logo após a santa Missa, a Santa
participava de uma adoração ao Santíssimo Sacramento, quando, em uma
visão, Jesus lhe disse: “Essa Festa saiu do mais íntimo da Minha
Misericórdia e está aprovada nas profundezas da Minha compaixão. Toda
alma que crê e confia na Minha Misericórdia irá alcançá-la” (Diário, 420).
No ano seguinte (1936), Jesus esclareceu: “Desejo
que a Festa da Misericórdia seja refúgio e abrigo para todas as almas,
especialmente para os pecadores. Nesse dia, estarão abertas as entranhas
da Minha misericórdia. Derramo todo um mar de graças sobre as almas que
se aproximarem da fonte da Minha Misericórdia. A alma que se confessar e
comungar alcançará o perdão das culpas e das penas. Nesse dia, estão
abertas todas as comportas Divinas, pelas quais fluem as graças. Que
nenhuma alma tenha medo de se aproximar de Mim, ainda que seus pecados
sejam como o escarlate. (...) A humanidade não terá paz enquanto não se voltar à fonte da Minha Misericórdia (Diário, 699).
O que aconteceu até a aprovação dessa Festa?
A instituição da Festa da Misericórdia
encontrou, desde o início, muitas dificuldades. Muitos diziam que não
era necessário instituí-la, porque já existia a Festa da Ressurreição.
Outros diziam que Igreja não tem o costume de destacar somente um dos
atributos divinos. Outros, ainda, rejeitavam as visões particulares da
Irmã Faustina, considerando essas visões exageradas.
O Padre Miguel Sopocko, confessor da
Santa Faustina, escolhido pelo próprio Jesus para ajudá-la a realizar a
Sua vontade (cf. Diário 263), teve muito trabalho para convencer os
dignitários eclesiásticos da necessidade de incluir a Festa da
Misericórdia no calendário litúrgico. A própria irmã Faustina, falecendo
em 1938, não chegou a ouvir a notícia sobre a sua aprovação.
Após muitas tentativas, quando parecia
estar tudo se encaminhando para a aprovação, o Padre Sopocko recebeu um
duro golpe: no ano de 1958, a Santa Sé, por meio do Santo Ofício, baixou um Decreto, baseado em documentos incompletos e inexatos, que condenava essa nova forma de culto. Esse Decreto foi substituído, no ano seguinte, por uma Notificação, de caráter disciplinar, que proibia a difusão da devoção à Divina Misericórdia nas formas propostas por Santa Faustina.
Essa proibição se prolongou por 20 anos e
terminou no dia 15 de abril de 1978, quando, à pedido do cardeal Karol
Wojtyla, de Cracóvia (Polônia), a Santa Sé retirou a proibição, deixando
o caminho livre para a abertura da causa de beatificação da Irmã
Faustina e para a aprovação da Festa da Misericórdia. Seis meses depois
(16 de outubro de 1978), esse cardeal foi eleito Papa, assumindo o nome
de João Paulo II. Mais tarde ele publicou a encíclica Dives in Misericordia (Rico em Misericórdia), um riquíssimo documento que lançou as bases doutrinárias para o culto da Divina Misericórdia.
João Paulo II tornou-se não somente um
propagador do culto à Misericórdia Divina, mas também, através de sua
vida, deu ao mundo testemunho do Amor misericordioso de Deus. Foi João
Paulo II, também, quem canonizou Santa Faustina em 30 de abril de 2000,
no 1º domingo após a Páscoa, ou seja, no domingo da Festa da
Misericórdia. Na mesma ocasião, ele declarou que a partir daquele ano a
Festa da Misericórdia seria incluída no calendário litúrgico.
Por fim, em 05 de maio de 2000, a Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, na pessoa do Cardeal Jorge Medina, emitiu um novo decreto, muito aguardado por milhares de devotos de Jesus misericordioso em todo o mundo: o documento Misericors et Miserator Dominus
que instituiu em toda a Igreja a Festa da Misericórdia no primeiro
domingo depois da Páscoa. Assim se concretizou o desejo de Jesus
manifestado à Santa Faustina em diversas ocasiões.
Por que a Festa deve ser celebrada na oitava da Páscoa?
Jesus recomendou que a Festa da
Misericórdia fosse celebrada no primeiro domingo após a Páscoa, dentro
da oitava da Páscoa. E essa data não poderia ser outra, pois há um
profundo sentido teológico e uma estreita união entre a celebração do
mistério Pascal da Redenção e o mistério da Divina Misericórdia.
Entre as razões que convenceram o Padre Sopocko da importância dessa Festa, estão os Sacramentos do Batismo e da Penitência como continuidade da Redenção. O primeiro domingo após a Páscoa costumava ser chamado de Domingo in Albis
devido as vestes brancas usadas por oito dias pelos neófitos (novos
cristãos) que eram batizados na Vigília Pascal. A Instituição da Festa
da Misericórdia no domingo in Albis nos revela a grandeza da Misericórdia Divina que nos foi concedida no batismo.
No primeiro Domingo depois da Páscoa também se lê e comenta o Evangelho
sobre a instituição do Sacramento da Penitência ou Reconciliação. Ao
exigir a Festa na oitava da Páscoa, Jesus nos revela que a maior
manifestação da Divina Misericórdia se dá no Sacramento da Reconciliação.
Essa Festa deve ser preparada por uma novena
Jesus disse à Santa Faustina: "Desejo
que, durante estes nove dias, conduzas as almas à fonte da Minha
misericórdia, a fim de que recebam força, alívio e todas as graças de
que necessitam nas dificuldades da vida e, especialmente, na hora da
morte. Cada dia conduzirás ao Meu Coração um grupo diferente de almas e
as mergulharás nesse oceano da Minha misericórdia. Eu conduzirei todas
essas almas à Casa de Meu Pai. (...) Nada negarei àquelas almas
que tu conduzirás à fonte da Minha misericórdia. Cada dia pedirás a Meu
Pai, pela Minha amarga Paixão, graças para essas almas" (Diário, 1209).
Presente de Deus para os nossos dias
A Festa da Misericórdia é um verdadeiro presente de Deus. É a última tábua de Salvação (cf. Diário, 687, 965, 1228). Nesse dia, a Igreja concede aos fiéis indulgência plenária.
Para bem celebrar essa Festa e alcançar a indulgência, Jesus pediu
coisas bem simples: confissão, comunhão e a veneração confiante da
Imagem de Jesus misericordioso. Pediu também ação ‒ obra de misericórdia
‒ para derramar graças sobre graças (cf. Diário, 742).
Não podemos desperdiçar tão grande
chance. Seja, você também, um divulgador dessa Festa. Faça tudo para que
ela aconteça em sua vida, em sua família e em sua comunidade. Caso a
Festa ainda não seja celebrada em sua paróquia, de forma delicada,
converse com o Pároco. Se encontrar dificuldade: como Santa Faustina
reze, não desista e, no tempo oportuno, a Misericórdia de Deus
triunfará. Uma linda Festa da Divina Misericórdia para todos!
Pe. André Lach
Diretor do Apostolado da Divina Misericórdia
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segunda-feira, 28 de abril de 2014
Festa litúrgica da Divina Misericórdia
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