Os
Papas João XXIII e João Paulo II serão canonizados porque a Igreja –
depois do processo normal de canonização – conclui que, de fato, são
santos, viveram conforme a vontade de Deus. Nós mesmos podemos comprovar
a santidade desses dois gigantes da fé católica; nada mais natural e
necessário que a Igreja – infalível nesta hora – os canonize.
A Igreja canoniza os santos porque sabe que eles no céu “intercedem
por nós sem cessar”, como diz a Liturgia eucarística; e assim, antecipam
a chegada da plenitude do Reino de Deus. O povo católico sabe que os
santos nos ajudam com suas preces e seus méritos diante de Deus,
socorrendo-nos em nossas necessidades. Então, certa disso, a Igreja,
usando da infalibilidade do seu Magistério, sobretudo do Papa, nos
indica aqueles que já estão na glória de Deus intercedendo por nós. Já
são mais de vinte mil. O povo católico sabe que o Santo Padre não pode
errar quando assina o decreto de canonização de um santo, por isso, logo
faz a sua imagem para venerar com devoção e pedir as graças a Deus por
sua intercessão.Santa Teresinha do Menino Jesus, pouco antes de morrer disse que “passaria o céu fazendo o bem na terra”. Ora, isso quer dizer que viveria sua comunhão com Deus intercedendo por nós. São Domingos de Gusmão, o grande fundador dos Dominicanos, disse no leito de morte a seus filhos que “seria mais útil a eles no céu do que vivo na terra”.
Desde os primeiros séculos do cristianismo, os cristãos acreditam que os santos rezam por nós; é por isso que nas mais de setenta catacumbas de Roma, e outros lugares da Europa, Ásia e Norte da África, pediam sua intercessão. As fontes históricas mostram que na segunda metade do século II, estabeleceu-se o belo costume de celebrar a Eucarística em cima do túmulo dos mártires no dia do aniversário da sua morte, para invocar a sua intercessão.
Quando, por exemplo, São Policarpo, bispo de Esmirna, foi morto e queimado no anfiteatro de Esmirna, no ano 155, os cristãos juntaram suas cinzas para guardar com carinho e rezar diante desta relíquia do santo (cf. Martírio de S. Policarpo 18,3)
O parágrafo 958 do Catecismo da Igreja diz que os mortos rezam por nós: “Nossa oração por eles pode não somente ajudá-los, mas também tornar eficaz sua intercessão por nós”. Isto se refere às almas do Purgatório; ora, se elas intercedem por nós, mais ainda as que já estão no céu.
Com base no Dogma da Comunhão dos Santos, a Igreja ensina:”Cremos na comunhão de todos os fiéis de Cristo, dos que são peregrinos na terra, dos de juntos que estão terminando a sua purificação [Purgatório], dos bem-aventurados do céu, formando, todos juntos, uma só Igreja, e cremos que nesta comunhão o amor misericordioso de Deus e de seus santos está sempre à escuta de nossas orações” (Cat. §692). Esta é a nossa fé de dois mil anos.
A Comunhão dos Santos “designa comunhão das “pessoas santas” em Cristo, que “morreu por todos”, de sorte que aquilo que cada um faz ou sofre em Cristo e por ele produz fruto para todos” (§961).
Nos primeiros séculos a canonização de um santo se dava de maneira mais rápida: o povo aclamava alguém santo, se o bispo concordasse, o santo era proclamado. Aos poucos foi se aperfeiçoando o processo de canonização, de modo que o primeiro santo proclamado com um processo formal, foi Santo Ulrico, Bispo de Augsburgo (Baviera), falecido em 973, pelo Papa João XV (985-996), em 993. Nessa ocasião João XV escreveu a encíclica “Cum conventus esset” aos Bispos da Alemanha e da Gália, onde destacou dois importantes princípios da veneração dos Santos: “Honramos os Servos para que a honra recaia sobre o Senhor, que disse: “Quem vos acolhe, a Mim acolhe” (Mt 10,40). Além do quê, nós, que não podemos confiar em nossas próprias virtudes, sejamos sempre ajudados pelas preces e os méritos dos Santos” (Denzinger-Schönmetzer, Enquirídio n.º 756 [342]).
Prof. Felipe Aquino
*Autoriza-se a sua publicação desde que se cite a fonte.
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