Na última quinta-feira (18/09/14), o Prof. Felipe Aquino recebeu em seu Programa Escola da Fé, na TV Canção Nova, o Cardeal Dom Odilo Scherer. Durante a entrevista, conversaram sobre o Sínodo sobre a Família, que acontecerá em outubro deste ano.
Abaixo seguem algumas informações que podem completar o conteúdo exposto na entrevista. Confira.
“Instrumento de trabalho” – do Sínodo extraordinário dos bispos em outubro
O último Sínodo sobre a Família foi em 1981 com o Papa João Paulo II
que nos deixou a Exortação Apostólica “Familiaris Consortio”, de 22 de
novembro de 1981.Agora teremos um novo Sínodo sobre a família, com o papa Francisco.
“Synodus, que significa ‘caminhar juntos’, é a expressão que indica o lugar eclesial no qual nos encontramos para refletir – na dupla fidelidade a Deus e ao homem – diante dos desafios da família de hoje”.
O Sínodo de outubro próximo, de 5 a 19,
terá como componentes 253 representantes dos cinco continentes,
divididos em 114 presidentes de Conferências episcopais, 13 chefes de
Igrejas católicas orientais sui iuris, 25 chefes de dicastério da Cúria
romana, 9 membros do Conselho ordinário de secretaria, o
secretário-geral, o subsecretário, 3 religiosos eleitos pela União dos
Superiores Gerais, 26 membros de nomeação pontifícia. Haverá 8 delegados
fraternos, 38 auditores, dos quais 13 casais e 16 peritos.
O Cardeal Baldisseri, que é o Secretário Geral do Sínodo, disse que:
“Na dinâmica de renovação da Igreja desejada pelo Papa Francisco, a
atualização da instituição sinodal realiza-se principalmente no seu
processo preparatório e na realização das próprias assembleias”.“O critério de renovação consiste em pintar primeiro o quadro e depois pôr-lhe a moldura. As normas em vigor são o trilho que o comboio da renovação percorre. Indo em frente dar-se-ão os passos necessários para emendar normas ou eventualmente realizar uma verdadeira reforma do organismo sinodal”, disse.
Por último, o Cardeal assinalou que o itinerário do próximo Sínodo se articulará em duas etapas: a assembleia geral extraordinária de 2014 e a assembleia geral ordinária de 2015.
“Aplicar-se-á uma nova metodologia
interna dos trabalhos, que tornará a realização mais dinâmica e
participativa, com intervenções e testemunhos, cujo percurso terá
presente a continuidade rumo à segunda etapa, depois da qual será
publicado o documento sinodal”, concluiu.
O Secretário Geral afirma que a Igreja vai propor ao mundo de hoje a
beleza e o valor da família, na III Assembleia Geral Extraordinária do
Sínodo dos Bispos que será celebrada de 5 a 19 de outubro de 2014 no
Vaticano. O texto básico de trabalho enumera três pontos mais
importantes com o tema “Os desafios pastorais da família, no contexto da
evangelização”.1 – A primeira parte - “Comunicar o Evangelho da família hoje” – reitera antes de tudo o “dado bíblico” da família, baseada no matrimônio entre homem e mulher, criados à imagem e semelhança de Deus e colaboradores do Senhor no acolhimento e transmissão da vida.
Uma reflexão específica é dedicada à dificuldade de compreender o significado e o valor da “lei natural”, colocada na base da dimensão esponsal entre o homem e a mulher. Para muitos, “natural” é sinônimo de “espontâneo”, o que comporta que os direitos humanos são entendidos como a autodeterminação do sujeito individual que tende à realização dos próprios desejos.
São muitas as situações críticas que a família deve enfrentar hoje: fraqueza da figura paterna, fragmentação devida a divórcios e separações, violências e abusos contra as mulheres e crianças (“um dado realmente muito preocupante que interroga toda a sociedade e a pastoral familiar da Igreja”), tráfico de menores, drogas, alcoolismo, dependência do jogo e também a dependência das redes sociais, que impede o diálogo em família e rouba o tempo livre para as relações interpessoais.
O documento sinodal destaca também o impacto do trabalho sobre a vida familiar: horários extenuantes, insegurança no emprego, flexibilidade que envolve longos trajetos, ausência do repouso dominical dificultam a possibilidade de estar juntos, em família.
O documento dedica também uma grande parte às “situações de irregularidade canônica”, porque as respostas recebidas estão sobretudo focalizadas nos divorciados e casados novamente. Em geral, põe-se em destaque o número consistente daqueles que vivem com “negligência” de tal condição e não pedem, portanto, para se aproximarem da Eucaristia e da reconciliação.
Em certos casos, algumas Conferências episcopais pedem novos instrumentos para abrir a possibilidade de exercer “misericórdia, clemência e indulgência” para com as novas uniões.
O Instrumentum mostra que, para as situações difíceis que a Igreja não deve assumir uma atitude de juiz que condena, mas a de uma mãe que sempre acolhe os seus filhos, sublinhando que “não aceder aos sacramentos não significa ser excluído da vida cristã e da relação com Deus”.
O “Instrumento de trabalho” para a preparação e o debate da assembleia sinodal de outubro próximo se conclui com a Oração à Sagrada Família, escrita pelo Papa e por ele mesmo recitada por ocasião do Angelus de 29 de dezembro passado, festa da Santa Família de Nazaré.
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