Com
decisão infalível o Papa Francisco canonizará o beato José de Anchieta;
esse grande missionário que chegou ao Brasil com 19 anos, com as
melhores disposições espirituais possíveis. Ainda não era sacerdote, mas
foi um dos primeiros missionários jesuítas que se estabeleciam na nova
terra. Sua meta era conquistar almas para Cristo. Durante toda a sua
vida se empenhou nisso. Veio do arquipélago das Canárias, de família
rica, para o Brasil e nunca mais saiu daqui.
Outro beato, que em breve será canonizado, João Paulo II, disse que
“O Brasil precisa de santos, muitos santos”. Pois bem, a canonização de
José de Anchieta é uma glória para a Igreja e para o Brasil, pois ele
gastou aqui a sua vida na evangelização dos índios, identificando-se com
eles sem perder sua própria identidade. Usou toda a sua cultura
adquirida na célebre Universidade de Coimbra e com as ciências que
adquiriu nas escolas dos padres da Companhia de Jesus. Como mandou
Jesus, “deu de graça o que recebeu de graça” e “perdeu a vida para
ganhá-la”. Um santo.Na travessia do Oceano era o mais jovem dos jesuítas na esquadra do Governador Duarte da Costa. Com ele começava a evangelização do Brasil, e este jovem jesuíta, foi à luta sem tréguas. Com uma fé exuberante, acalentava uma esperança que, por amor a Deus, seria capaz de evangelizar um país e formar um povo. Chegou a Salvador em junho de 1553 e logo dirigiu-se a São Vicente.
Com seus talentos conseguiu com os índios um amplo entendimento. Tornou-se logo amigo deles. Para os índios, ele foi médico, professor, foi amigo e defensor. Subiu a Serra de Santos e chegou ao Planalto de Piratininga era povoado por milhares de índios que viviam em aldeias distintas. Em 1554, no dia 25 de janeiro, festa da Conversão de São Paulo Apóstolo, Anchieta participou da fundação do colégio da vila de São Paulo de Piratininga, onde também foi professor. Estava nascendo a cidade de São Paulo. Anchieta construiu um seminário perto do Colégio de Piratininga e nele também dava aulas. Tudo isso em apenas seis meses desde que ele chegara à Terra de Santa Cruz.
O Padre Manoel de Nóbrega deu-lhe a missão de decifrar o tupi-guarani. Em apenas seis meses, ele conseguiu entender e falar a língua dos índios. Em um ano criou uma gramática. Foi provincial da Companhia de Jesus entre os anos de 1577 a 1587.
O trabalho de Anchieta foi decisivo para a implantação do catolicismo no Brasil. Com seu conhecimento, fé e vontade de evangelizar, percorreu a pé, a cavalo, em embarcações, boa parte do país. Ele lançou os fundamentos da catequese e educação dos jesuítas no Brasil. Defendeu os índios contra a escravidão. É famoso seu “Poema da Bem-aventurada Virgem Maria, Mãe de Deus”, que foi escrito originariamente nas areias da praia de Iperoig.
Uma relíquia do Beato Anchieta – Fêmur exposto – está na Igreja do Pátio do Colégio, em São Paulo. Anchieta viveu como missionário, agiu como herói, morreu como santo. Por isso sua canonização nos enche de alegria e de esperança neste grande intercessor no céu pelo Brasil.
Sua vida é um alento para a Igreja e para todos nós; é exemplo. É um entusiasma que arrasta os que têm. Acima de tudo foi sacerdote que cuidou das doenças e feridas das almas, da espiritualidade de todo o povo. Foi chamado de “Apóstolo do Novo Mundo”, para nós, “Apóstolo do Brasil”. Um grande santo brasileiro nascido fora do Brasil.
O seu segredo era a sua fé; era um homem todo de Deus. Sua canonização coroa sua vida de santidade.
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