O último presente que Jesus nos deixou, antes de morrer na cruz, foi a sua própria Mãe, para ser nossa Mãe.
Se Ele fez isto, é porque precisamos de
sua ajuda neste vale de sofrimentos que é a vida. E a humanidade
reconhece isto. É a ela que recorremos na hora do perigo.
Não tem colo melhor para chorar do que o de Nossa Senhora; não há mãos melhores para enxugar nossas lágrimas do que as dela.
A ladainha Lauretana a chama de:
Consoladora dos aflitos, Auxílio dos cristãos, Refúgio dos pecadores,
Saúde dos enfermos…, são expressões que o povo foi juntando em suas
preces e em seus corações.
São Bernardo, na sua oração a Maria, o
“Lembrai-vos”, mostra bem a força de Nossa Senhora para os que sofrem:
“Lembrai-vos, ó piedosíssima Virgem Maria, que nunca se ouviu dizer
que algum daqueles que recorreram a vossa proteção, imploram vossa
assistência, reclamam vosso socorro, fosse por Vós desamparado.
Animado eu, pois, com igual
confiança, a Vós, Virgem entre todas singular, como a Mãe recorro; de
Vós me valho e, gemendo sob o peso de meus pecados, me prostro aos
Vossos pés. Não desprezeis as minhas súplicas, ó Mãe do Filho de Deus
humanado, mas dignai-vos de as ouvir propícia e de me alcançar o que
Vos rogo. Amém.”
São Bernardo mostra como ser forte com
Maria: “Maria é essa Estrela esplêndida que se eleva sobre a imensidão
do mar, brilhando pelos próprios méritos, iluminando por seus exemplos.
Ó tu, que te sentes, longe da terra
firme, levado pelas ondas deste mundo, no meio dos temporais e das
tempestades, não desvies o olhar da luz deste Astro, se não quiserdes
perecer.
Se o vento das tentações se elevar, se o
recife das provações se erguer na tua estrada, olha para a Estrela,
chama por Maria. Se fores sacudido pelas vagas do orgulho, da ambição,
da maledicência, do ciúme, olha para a Estrela, chama por Maria. Nos
perigos, nas angústias, nas dúvidas, pensa em Maria, invoca Maria.
Que seu nome nunca se afaste de teus
lábios, que não se afaste de teu coração; e, para obter o auxílio da sua
oração, não te descuides do seu exemplo de vida.
Seguindo-a, terás a certeza de não te desviares; suplicando-lhe, de não desesperar; consultando-a, de não te enganares.
Se ela te segurar, não cairás; se te
proteger, nada terás de temer; se te conduzir, não sentirás cansaço; se
te for favorável, atingirás o objetivo.”
Em qualquer situação difícil, meu irmão, faça o que ensina o santo doutor: “Olha para a Estrela, chama por Maria!”
De pé aos pés da cruz de Jesus, Nossa
Senhora é a imagem perfeita do sofrimento heroico e resignado. São
Boaventura, doutor da Igreja, dizia sobre esta cena: “… só havia um
altar, a Cruz, onde a Mãe era sacrificada com o Cordeiro Divino”.
São João Crisóstomo disse que quem
estivesse no Calvário veria dois altares, onde se consumavam dois
grandes sacrifícios: um era o Corpo de Jesus; o outro o coração de
Maria.
Quem sofreu como ela? Quem viu, o
próprio Filho, Deus e homem, Justo e Santo, ser crucificado aos seus
olhos, e morrer gemendo pregado em uma cruz?… Só mesmo Ela, com a graça
de Deus, poderia suportar tanta dor em seu coração. Com Jesus ela sofreu
todas as nossas dores, por isso agora, pode enxugar as nossas lágrimas.
Cristo sofreu a Paixão, Maria a compaixão.
Talvez ela não nos livre de todas as
cruzes, pois sabe que a cruz nos salva, mas certamente, adocicará a
nossa cruz. Quando o filho precisa tomar um remédio amargo, o que faz a
boa mãe? Coloca um pouco de açúcar. É assim que Maria faz quando
precisamos beber o amargo remédio da cruz. Ela caminha conosco em nosso
Calvário, como caminhou com Jesus.
São Luiz de Montfort, servo de Maria,
garantia que “o servo de Maria jamais recua”. Vai sempre em frente,
nunca desanima, nunca desiste…
Vejo este exemplo no nosso querido Papa
João Paulo II. O que deu forças a este homem de 83 anos para carregar a
cruz do seu pontificado até o fim? Maria! Não é sem motivo que no seu
brasão pontifício ele escreveu: “Totus tuus!”
Quando lhe perguntaram se iria renunciar ao pontificado, ele respondeu: “Jesus não desceu da cruz”.
Certa vez, Santa Teresinha sofria muito
no seu leito de dor; então, foi socorrida por Nossa Senhora. Ela conta:
“Animou de súbito a estátua. A Virgem tomou um aspecto tão belo que
nunca achei expressão para descrever essa formosura. O que mais me
gravou nas profundezas da alma foi o seu sorriso arrebatador!” (Hist.
Alma c. III)
A
santinha dizia a Nossa Senhora:“Surpreendo-me ás vezes a dizer a SS.
Virgem: Ó minha Mãe querida, sabeis que me julgo mais feliz do que Vós?
Eu vos tenho por mãe e Vós não tendes uma SS. Virgem para amar”.
Desde os primeiros séculos os cristãos
se acostumaram a buscar refúgio e proteção em Nossa Senhora. A mais
antiga oração que a Igreja conhece, a ela dirigida, é do início do
século III, encontrada em um fragmento de papiro, no norte do Egito, em
Alexandria, escrita em grego, dizia:
“Debaixo da Vossa proteção nos
refugiamos ó Santa Mãe de Deus, não desprezeis as nossas súplicas em
nossas necessidades, mas livrai-nos sempre dos perigos, Virgem gloriosa
e bendita.”
Assim se consagravam a Maria, os nossos irmãos que eram perseguidos pelo império romano.
Outro fato que mostra-nos o poder
intercessor de Maria, junto de Deus, é o que se passou na vida de uma
jovem santa italiana, de apenas 18 anos de idade.
O diretor espiritual de Santa Gema
Galgani, mística da Igreja, conta que certa vez a observou em um dos
seus êxtases conversando com Jesus e suplicando-lhe a conversão de uma
pessoa conhecida. De todas as formas ela suplicava de Jesus esta graça,
mas sem sucesso. Implorou a Jesus pelo seu sangue precioso, por suas
chagas, pela sua cruz, mas nada. O coração da pessoa, por quem ela
intercedia, estava ermeticamente fechado para Deus, por causa do pecado,
e Santa Gema nada conseguia. Por fim, já cansada, a Santa diz a Jesus:
“Está bem Jesus, a mim o Senhor pode negar esta graça, porque eu sou uma
pecadora miserável, mas à tua Mãe o Senhor não pode negar. É por Ela
que agora eu te peço. Ide dizer não à tua Mãe”.
E conta o confessor da santa que com estas palavras ela conseguiu a graça desejada.
“Pede à Mãe, que o Filho atende”.
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