O
Catecismo da Igreja diz que: “Ainda aqui na terra, a vida cristã
participa, na fé da sociedade bem-aventurada dos anjos e dos homens,
unidos em Deus” (§ 336). Mas quem são os Anjos?
A palavra anjo, do latim “ângelus”, quer dizer mensageiro.
Os anjos são servidores e mensageiros de
Deus, como diz o salmista: “poderosos executores da sua palavra,
obedientes ao som da sua palavra” (Sl 103,20).
Jesus disse que os anjos dos pequeninos
contemplam “constantemente a face de meu Pai que está nos céus” (Mt
18,10), e a Igreja viu aí uma alusão ao Anjo da Guarda, guardião do
corpo e da alma dos homens, cuja Festa celebra liturgicamente no dia 2
de outubro, desde o século XVI, universalizada pelo papa Paulo V, depois
que Leão X, em 1508, aprovou o ofício composto por João Colombi.
Os anjos são criaturas puramente
espirituais, dotadas de inteligência e de vontade; são criaturas
pessoais e imortais. “Eles jamais poderão morrer, porque são iguais aos
anjos e são filhos de Deus, porque são ressuscitados.”(Lc 20,36). Eles
superam em perfeição todas as criaturas visíveis, como dá testemunho o
fulgor de sua glória:” Seu corpo era como o crisólito; seu rosto
brilhava como o relâmpago, seus olhos, como tochas ardentes, seus braços
e pés tinham o aspecto do bronze polido e sua voz ressoava como o rumor
de uma multidão” (Dan 10,6)
O Papa Pio XII, na Encíclica Humani
Generis, de 12.08.1950, deixa claro que os anjos são seres pessoais. A
mesma afirmação fez o papa Paulo VI na sua Profissão de Fé, no Credo do
Povo de Deus, em 30.06.1968.
A Igreja conhece o nome de três
Arcanjos, e a Liturgia celebra no dia 29 de setembro a Festa a eles: S.
Miguel, S. Gabriel e S.Rafael, e lembra ao mesmo tempo todos os coros
angélicos.
No Apocalipse São Miguel e seus anjos são mostrados como defensores do povo de Deus.
“Houve uma batalha no céu. Miguel e
seus anjos tiveram de combater o Dragão. O Dragão e seus anjos travaram
combate, mas não prevaleceram.” (Ap 12, 7).
Os anjos estão presentes na história da
humanidade desde a criação do mundo (cf. Jó 38,7); são eles que fecham o
paraíso terrestre (Gn 3, 24); protegem Lot (Gen 19); salvam Agar e seu
filho (Gen 21,17); seguram a mão de Abraão para não imolar Isaac (Gen
22,11); a Lei é comunicada a Moisés e ao povo por ministério deles (At
7,53); são eles que conduzem o povo de Deus (Ex 23, 20-23) eles anunciam
nascimentos célebres (Jz 13) indicam vocações importantes (Jz 6, 11-24;
Is 6,6); são eles que assistem aos profetas (1Rs 19,5). Foi um anjo
que anunciou a Gedeão que devia salvar o seu povo; um anjo anunciou o
nascimento de Sansão (Jz 13); o anjo Gabriel instruiu a Daniel (8,16),
ainda que aqui não seja chamado de anjo, mas “o homem Gabriel” (9,21).
Este mesmo espírito celestial anunciou o nascimento de São João Batista e
a encarnação de Jesus; os anjos anunciaram a mensagem aos pastores (Lc
2,9), e a missão mais gloriosa de todas, a de fortalecer o Rei dos Anjos
em sua Agonia no Horto das Oliveiras (Lc 22, 43).
Nos Evangelhos eles aparecem na infância
de Jesus, nas tentações do deserto, na consolação do Getsêmani; são
testemunhas da Ressurreição do Senhor, assistem a Igreja que nasce e os
Apóstolos, enfim… prepararão o Juízo Final e separarão os bons dos maus.
Toda a vida de Jesus foi cercada da
adoração e do serviço dos Anjos. Desde a Encarnação até a Ascensão eles o
acompanharam. A Sagrada Escritura diz que quando Deus “introduziu o
Primogênito no mundo, diz: “Adorem-no todos os Anjos de Deus” (Hb 1, 6).
Alguns teólogos acham que isto motivou a queda dos anjos maus, por não aceitarem adorar a Deus Encarnado na forma humana.
No Apocalipse os Anjos aparecem como
ministros da liturgia celeste, oferecendo a Deus a oração dos justos, e
talvez seja esta a sua mais bela missão.
“Na minha visão ouvi também ao redor do
trono, dos animais e dos anciãos, a voz de muitos anjos, e número de
miríades de miríades e de milhares de milhares bradando em alta voz:
“Digno é o Cordeiro imolado de receber o poder, a riqueza, a sabedoria, a
força, a glória, a honra e o louvor” (Ap 5, 11).
“Eu vi os sete Anjos que assistem diante
de Deus. Foram lhes dadas sete trombetas. Adiantou-se outro anjo, e
pôs-se junto ao altar, com um turíbulo de ouro na mão. Foram-lhe dados
muitos perfumes, para que os oferecesse com as orações de todos os
santos no altar de ouro, que está diante do trono. A fumaça dos perfumes
subiu da mão do anjo com as orações dos santos, diante de Deus”. (Ap
8,2-5).
Em toda a Bíblia encontramos muitas
vezes que cada alma tem seu anjo guardião. Abraão, ao enviar seu servo
para buscar uma esposa para Isaac, lhe diz:
“Ele enviará seu anjo diante de ti” (Gn 24, 7).
As palavras do Salmo 90, que o demônio
citou para Jesus na tentação do deserto (Mt 4, 6) são bem conhecidas, e
Judite relata seu êxito heróico dizendo: “Viva o Senhor, cujo anjo foi o
meu guardião” (Jd 13, 20).
Estas passagens e muitas outras
parecidas (Gen, 16, 6-32; Os, 12, 4; 1Re 19, 5; At 12, 7; Sl 33, 8), são
reforçadas com as palavras do Senhor: “Guardai de menosprezar a um
desses pequeninos, porque lhes digo que seus anjos, no céu, vêm
continuamente o rosto de meu Pai que está nos céus” (Mt 18,10).
A Bíblia não só representa os anjos como nossos guardiães, mas também como nossos intercessores. O anjo Rafael diz:
“Ofereci orações ao Senhor por ti” (Tob 12, 12).
“A fumaça dos perfumes subiu da mão do anjo com as orações dos santos, diante de Deus.” (Ap 8,4).
Prof. Felipe Aquino
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