Antigamente
se pensava que sim, embora a Igreja nunca tenha ensinado isso
oficialmente; pois ela nunca disse o nome de um condenado. Hoje, com a
ajuda da psicologia e psiquiatria, sabemos que a culpa do suicida pode
ser muito diminuída devido a seu estado de alma.
Evidentemente que o suicídio é,
objetivamente falando, um pecado muito grave, pois atenta contra a vida,
o maior dom de Deus para nós. Infelizmente há países que chegam a
facilitar e até mesmo estimular esta prática para pacientes que sofrem
ou para doentes mentais. Na Suíça, por exemplo, uma decisão da Suprema
Corte abriu o caminho para a legalização da assistência ao suicídio de
pacientes mentalmente doentes. O país já permite legalmente o suicido
assistido para outros tipos de pacientes com uma ampla faixa de doenças e
incapacidades físicas. É o império da “cultura da morte” através da
eutanásia.
O Catecismo da Igreja ensina que:
§2280 – “Cada um é responsável por sua
vida diante de Deus que lha deu e que dela é sempre o único e soberano
Senhor. Devemos receber a vida com reconhecimento e preservá-la para sua
honra e a salvação de nossas almas. Somos os administradores e não os
proprietários da vida que Deus nos confiou. Não podemos dispor dela”.
§2281 – “O suicídio contradiz a
inclinação natural do ser humano a conservar e perpetuar a própria vida.
É gravemente contrário ao justo amor de si mesmo. Ofende igualmente o
amor do próximo porque rompe injustamente os vínculos de solidariedade
com as sociedades familiar, nacional e humana, às quais nos ligam muitas
obrigações. O suicídio é contrário ao amor do Deus vivo”.
Mas o Catecismo lembra também que a culpa da pessoa suicida pode ser muito diminuída:
§2282 – “Se for cometido com a intenção
de servir de exemplo, principalmente para os jovens, o suicídio adquire
ainda a gravidade de um escândalo. A cooperação voluntária ao suicídio é
contrário à lei moral. Distúrbios psíquicos graves, a angústia ou o
medo grave da provação, do sofrimento ou da tortura podem diminuir a
responsabilidade do suicida”.
Portanto, ninguém deve pensar que a
pessoa que se suicidou esteja condenada por Deus; os caminhos de Sua
misericórdia são desconhecidos de nós. O Catecismo manda rezar por
aqueles que se suicidaram:
§2283 – “Não se deve desesperar da
salvação das pessoas que se mataram. Deus pode, por caminhos que só ele
conhece, dar-lhes ocasião de um arrependimento salutar. A Igreja ora
pelas pessoas que atentaram contra a própria vida”.
Certa vez o santo Cura D´Ars, São João
Maria Vianney, ao celebrar a santa Missa notou que uma mulher vestida de
luto estava no final da igreja chorando, seu marido havia suicidado na
véspera, saltando da ponte de um rio. O santo foi até ela no final da
Missa e lhe disse: “pode parar de chorar, seu marido foi salvo, está no
Purgatório; reze por sua alma”. E explicou à pobre viúva: “Por causa
daquelas vezes que ele rezou o Terço com você, no mês de maio, Nossa
Senhora obteve de Deus para ele a graça do arrependimento antes de
morrer”. Não devemos duvidar dessas palavras.
Prof. Felipe Aquino
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