São Paulo chamava a Palavra de Deus de a
espada do Espírito Santo. Com isso, quis nos ensinar que a Escritura
Sagrada é uma das mais importantes armas do cristão na luta contra o
mundo das trevas. Após o apóstolo nos ter advertido de que o combate do
cristão “não é contra homens de carne e sangue, mas contra os
principados e protestades” (cf. Ef 6,12), isto é, contra os demônios,
ele nos mandou vestir a “armadura de Deus” e concluiu: “Tomai, enfim, o
capacete da salvação e a espada do Espírito, isto é, a palavra de Deus”
(Ef 6,17).
O próprio Jesus empunhou essa “espada
espiritual quando enfrentou o tentador no deserto. Jesus conhecia muito
bem a Bíblia e citava suas passagens em muitas ocasiões. No deserto,
após os quarenta dias de jejum, quis como homem, sem usar de Suas
prerrogativas divinas, enfrentar e vencer o tentador, principalmente
para nos ensinar como enfrentá-lo e vencer também. É muito significativo
que nas três vezes em que o tentador investiu com muita sutileza e
sedução contra Jesus, o Senhor o tenha enfrentado e vencido pelas
Escrituras. Nas três vezes consecutivas, o Senhor lança no rosto do
tentador esta afirmação contundente: “Está escrito…”, como a dizer-lhe:
“Para trás!”. Na primeira resposta, o Senhor já nos revela toda a força
da palavra divina: “O homem não vive só de pão, mas de tudo o que sai da
boca do Senhor” (Dt 8,3b e Mt 4,4). Aí está a confirmação de que toda
Palavra de Deus é essencial à nossa vida.
Perante ela, o demônio recuou… e
novamente investiu contra o Senhor da glória. A resposta lhe veio
fulminante: “Está escrito: ‘Não tentarás o Senhor teu Deus’” (citação
livre de Dt 6,16 e Mt 4,7). É incrível, mas o tentador ousou usar o
salmo 90, versículo 11, para tentar fazer o Senhor tropeçar. Por fim, o
miserável insistiu uma última vez, oferecendo àquele que é o Senhor do
universo, todas as glórias e reinos do mundo. Que ousadia! Novamente
Jesus o afastou pela Escritura: “Para trás, Satanás, pois está escrito:
‘Adorarás o Senhor teu Deus e só a Ele servirás’ (Dt 6,13)” (Mt 4,10). E
o tentador imediatamente afastou-se dEle, “e os anjos aproximaram-se
dele para servi-lo” (Mt 4,11b).
Leia também: Respeito à Palavra de Deus
Se Jesus usou tão incisivamente as
Escrituras na hora da tentação, fica claro que também temos de fazer o
mesmo. Contudo, só poderemos agir assim se atendermos a duas condições:
primeira, conhecer muito bem a Bíblia; e, segunda, acreditar nela, no
seu poder e eficácia. Não duvidar dela. São Paulo afirma com clareza:
“Porque a palavra de Deus é viva, eficaz mais penetrante do que uma
espada de dois gumes, e atinge até à divisão da alma e do corpo (…)
discerne os pensamentos e intenções do coração” (Hb 4,12). A santa
Palavra é viva e eficaz, quer dizer, tem em si poder. Foi por ela que
Deus criou o céu e a terra e todos os seres visíveis e invisíveis.
Quando o Senhor diz: “Faça-se! (Fiat)”, tudo acontece como Ele quer.
Ah, se nós crêssemos profundamente na
Palavra de Deus, quantos milagres veríamos acontecer! Infelizmente nós a
conhecemos pouco e também pouco confiamos nela. São Paulo não se
cansava de recomendá-la. Disse a Timóteo, seu querido discípulo: “Toda a
Escritura é inspirada por Deus, e útil para ensinar, para repreender,
para corrigir e para formar na justiça. Por ela, o homem de Deus se
torna perfeito, capacitado para toda boa obra” (II Tm 3,16-17).
Sem o conhecimento e a vivência dessa santa Palavra, não nos tornaremos perfeitos e não estaremos capacitados para a boa obra.
Em outro lugar, o apóstolo insistiu
junto ao discípulo com veemência: “Eu te conjuro (…) prega a Palavra,
insiste oportuna e importunamente” (II Tm 4,1a.2a). Em outras palavras:
“Não deixe de pregar a Palavra, Timóteo!”
Nas nossas lutas e aflições, tribulações
e tentações, temos de ter nas mãos essa “espada do Espírito” bem
afiada, para vencermos o bom combate espiritual. Quando nas suas
insinuações maldosas o tentador quiser nos jogar contra Deus e contra as
Suas santas leis, é preciso sabermos dizer-lhe também, como Jesus:
“Para trás, pois está escrito: ‘Amarás o Senhor teu Deus e só a Ele
servirás’ (Dt 6,4)” (citação livre de Mt 4,10).
“Obrigado, Senhor, pela Sua santa Palavra. Que nós possamos conhecê-la e amá-la cada dia mais, com o auxílio de Sua graça. Amém”
Prof. Felipe Aquino
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