“Para estar com Deus” é preciso caminhar na sua graça. Isso exige de nós paciência, confiança e perseverança.
Confira alguma dicas para repensar sua vida todos os dias:
Vigiar e orar
Você se lembra de que, no Horto das
Oliveiras, Jesus fez um intervalo na sua oração, foi ver se os Apóstolos
o acompanhavam e os achou dormindo. Com pena, disse a Pedro: Não
pudeste vigiar uma hora comigo? E a todos: Vigiai e orai, para não
entrardes em tentação (Mt 26,40-41)?
Uma das melhores maneiras de “vigiar”,
como Jesus nos pede, é fazer todos os dias o exame de consciência: um
balanço do nosso dia diante de Deus, cheio de sinceridade, que se pode
resumir nas três perguntas que São Josemaria às vezes aconselhava: “O
que fiz bem? O que fiz mal? O que poderia fazer melhor amanhã?”
Talvez você me diga: “Eu já tentei fazer
esse exame, mas é complicado. Não sei por onde começar e, além disso, à
noite estou cansado e não consigo pensar”.
Tem razão. Não é fácil. Por isso, talvez possam ajuda-lo algumas sugestões práticas. Vamos ver.
Algumas sugestões
Para começar, três ideias claras:
Primeira: o exame deve ser simples e breve (podem bastar três ou quatro minutos), nunca complicado.
Segunda: o exame será
bom se nos ajudar a enxergar algumas falhas daquele dia e a pedir perdão
a Deus por elas, e a ver também como perseveramos nas resoluções boas.
Terceira: o exame será
completo se terminar com alguma resolução, muito prática, de melhorarmos
em algum ponto no dia seguinte (por exemplo, sermos mais pontuais no
trabalho, ou falar mais com a família).
É importante ter em conta que – embora
seja aconselhável – não é “obrigatório” fazer o exame à noite, à última
hora do dia, se estamos caindo de sono. Convém fazê-lo num momento em
que a cabeça esteja ainda lúcida: por exemplo, antes do jantar, em lugar
isolado (e antes de mergulhar na tv!); ou antes de nos deitarmos, mas
estando ainda em pé, sentados numa poltrona; ou no local de trabalho,
concentrando-nos um momento antes de encerrar o expediente; ou até mesmo
no início do dia seguinte, fazendo – junto com as orações da manhã -,
um breve balanço do dia anterior. Cada qual tem que achar o seu “bom
momento” para o exame.
Deve-se evitar fazer o exame na cama, já
deitado. Esse mesmo conselho – lembra? – dávamos ao falar da oração
mental. Quem tiver suficiente autocontrole da sonolência ou padecer de
falta de sono, pode-se arriscar a ler, a orar mentalmente, a rezar o
terço, a fazer o exame na cama… Mas não se engane. Você já se conhece.
Se tiver o cochilo fácil, sabe muito bem o que acontecerá: vai adormecer
sem fazer nada.
Leia também: Exame de ConsciênciaSacramentos: Exame de Consciência – Parte 1
Sacramentos: Exame de Consciência – Parte 2
Ainda uma sugestão dirigida às pessoas
que quiserem fazer o exame com o máximo proveito: não faça o exame sem
ter à mão uma agenda (ou um caderninho) e a caneta. Daqui a pouco
veremos o que é bom anotar (e desculpe as repetidas recomendações que
faço sobre a agenda; não é mania, é experiência).
Em que assuntos nos convém pensar?
Antes de responder a essa pergunta,
quero deixar muito clara uma ideia: não pretendo aconselhar nenhum
“método rígido” de exame. É uma matéria em que deve haver muita
liberdade e cada qual tem que achar o seu modo de fazer um bom exame.
Portanto, tudo o que disser a seguir são apenas sugestões, meras
sugestões que têm sido úteis para outras pessoas. Vamos a elas.
Comece pedindo luz ao Espírito Santo, para fazer um bom exame: “Vinde, Espírito Santo!”, “Que eu veja!”.
Pode ser útil, inicialmente, dar uma
olhada rápida ao dia, procurando lembrar alguma coisa negativa que
cutuque na consciência: “Tive uma briga feia em casa”, “Tive preguiça de
cumprir tal dever”, “Deixei-me dominar pela ira naquele momento”,
“Abusei da comida ao jantar”, “Falei palavras ofensivas a tal colega”,
“Cedi à imoralidade na Internet”… São faltas fáceis de lembrar, sem
necessidade de uma análise demorada. Uma vez recordadas, peça
sinceramente perdão a Deus: “Senhor Jesus, Filho de Deus, tem piedade de
mim, que sou um pecador”. E proponha-se lutar.
Mas é bom não reduzirmos o exame diário a
uma espécie de preparação para uma confissão (ainda que o exame diário
facilite preparar boas confissões). Muitas vezes, além de nos determos
brevemente nas “faltas”, será bom determo-nos um pouco mais nas “coisas
boas”.
Concretamente, todos deveríamos ter um
pequeno programa das melhoras que desejaríamos alcançar (de preferência
listadas na agenda). Por exemplo:
– um plano de vida diário de orações, de recitação do terço, de leituras espirituais, com seus horários previstos;
– duas ou três mortificações
(sacrifícios), que nos ajudem a ter, por exemplo, mais ordem, ou a
segurar a língua, ou a controlar a gula de chocolate ou de cerveja, etc.
– um pequeno programa de ajuda aos
outros, também de ajuda espiritual e apoio moral: “Vou conversar mais
com Fulano”, “Procurarei ajudar essa outra pessoa nisso ou naquilo”…
Se revisarmos diariamente essas listas, veremos os pontos positivos que houve e aqueles em que estivemos
mais falhos, e poderemos então fazer um ou dois propósitos de luta para
o dia seguinte. O ideal seria abrir uma folha na agenda, ou uma página
no computador, para nela ir listando esses propósitos. Por exemplo:
– 3 de maio: amanhã, ser mais otimista nos comentários quando estiver à mesa lá em casa, no jantar;
– 4 de maio: amanhã, levantar na hora certa, sem ceder nem cinco minutos à preguiça, e fazer com calma e oração;
– 5 de maio: amanhã, não deixar de dedicar, a tal hora, pelo menos 10 minutos à leitura do Evangelho ou de outro bom livro;
– 6 de maio: amanhã, ligar para esse
parente que tem a esposa doente, e marcar uma visita ou, pelo menos,
mostrar-lhe que estou interessado e rezando.
Como dizia acima, são apenas algumas
sugestões. Veja você qual seria, no seu caso, a melhor maneira de fazer
esse breve exame, de modo que o ajude a retificar as falhas e a ir
subindo, dia após dia, pela escada do amor e da perfeição cristã.
Padre Francisco Faus
Retirado do livro: Para estar com Deus, Editora Cléofas.
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