“Afinal a doutrina católica admite ou não a predestinação? Em que se distinguiria do fato ou do destino a predestinação?”
Abordamos aqui uma das questões mais
elevadas da fé cristã. Para penetrá-la, o estudioso tem que se resolver a
não se deixar levar pelo sentimentalismo nem pelo antropocentrismo. Mas
estritamente pelos dados da Revelação, que é sobrenatural (não, porém,
anti-natural) e teocêntrica.
A questão da predestinação se prenda à
do mal, de que trata “Pergunte e Responderemos” nº 5/1957 qu. 1.
Tenha-se em vista o que aí se diz: 1) a possibilidade de errar é
inerente ao conceito mesmo da criatura; 2) esta possibilidade se
realizou no mundo quando o primeiro homem cometeu livremente o erro ou o
mal moral, o pecado; 3) os males físicos (misérias e morte)
são consequências do pecado; 4) a culpa dessas desordens recai em última
análise sobre o livro arbítrio do homem, não sobre Deus; 5) Este se
apiedou da criatura, tomando a sua sorte na Encarnação e na morte de
cruz, a fim de dar valor salvífico ao sofrimento.
Entremos agora no tema da predestinação.
Conceito e existência da predestinação
Por predestinação entende-se em Teologia
o desígnio, concebido por Deus, de levar a criatura racional (o homem)
ao fim sobrenatural, que é a vida eterna. Note-se logo que este desígnio
tem por exclusivo objeto a bem-aventurança celeste; não há
predestinação para o mal ou o inferno.
A Sagrada Escritura atesta amplamente a
existência de tal desígnio no Criador. De um lado, ela ensina que a Boa
Notícia da salvação deve ser anunciada a todos os povos (cf. Mt 28,19) e
que Deus quer “sejam salvos todos os homens e cheguem ao conhecimento
da verdade” (cf. 1 Tim 2,4). De outro lado, ela também diz que há homens
que se perdem (cf. Jô 17,12) e que o Senhor exerce uma providência
especial para salvar os que não se perdem:
“Sabemos que, com aqueles que O amam,
Deus colabora em tudo para o bem dos mesmos, daqueles que Ele chamou
segundo o seu desígnio. Pois, aqueles que de ante-mão Ele conheceu, Ele
também os predestinou a reproduzir a imagem de seu Filho… E, aqueles que
Ele predestinou, Ele também os chamou (à fé); os que Ele chamou, Ele
também os justificou (mediante o batismo); os que Ele justificou, Ele
também os glorificou” (Rom 8,28-30).
Cf. Ef 1,3-6; Rom 9,14; 11,33; Mt 20,23; 22,14; 24,22-24; Jô 6,39; 10,28.
Na base destes textos, não resta dúvida
entre os teólogos, desde o início do Cristianismo, sobre o fato da
predestinação. Vejamos agora um ponto mais árduo, que é
II. O modo como Deus predestina
Está claro que o homem, como ser
essencialmente relativo, depende do Criador não somente quanto ao seu
existir, mas também quanto ao agir; já que ele nada é por si mesmo,
também nada pode por si. É Deus, pois, quem lhe outorga o dom de
praticar atos bons e, mediante os seus atos bons, chegar ao último fim, à
bem-aventurança eterna. Esta conclusão se torna particularmente
imperiosa se se tem em vista o caso do cristão: este é chamado a um fim
sobrenatural (a visão de Deus face a face), objetivo que, ultrapassando
todas as exigências da natureza, só por graça de Deus sobrenatural pode
ser alcançado.
Estas proposições, claras em si mesmas,
suscitam sério problema desde que se indague: como conciliar a primazia
da ação de Deus no homem com a liberdade de arbítrio da criatura? Não se
torna vã esta última debaixo daquela? Ou, vice-versa, não deve aquela
retroceder para que seja esta salva guardada?
A fim de resolver a questão, dois sistemas são propostos pelos teólogos:
1) o sistema molinista:
segundo L. Molina S. J. (+ 1600), Deus oferece a sua graça a
todo homem; este, posto diante da oferta, livremente escolhe aceitá-la
ou não; caso a aceite, a graça se torna eficiente, e induz o homem a
praticar o bem.
Estendendo a sua doutrina à questão da
predestinação, Molina ensinava que Deus, desde toda a eternidade, na sua
“ciência média”, prevê como cada um dos homens se comportaria com
relação à graça nas mais variadas circunstâncias da vida. Diante desta
visão, o Criador decreta colocar tal indivíduo em tais e tais
circunstâncias em que Ele sabe que a criatura aceitará a graça, e assim
irá merecendo a salvação eterna. Desta forma. Deus predestina para a
glória, mas – note-se bem – praevisis meritis, depois de haver
previsto os méritos da criatura.
2) o sistema tomista
(que tem por pioneiro Domingos Banes O.P. (+ 1604): partindo do
princípio de que nada, absolutamente nada, pode haver na criatura que
não lhe venha de Deus, ensina que a graça é eficaz por si mesma,
anteriormente a qualquer determinação ou atitude do homem; não é este
quem determina aquela, mas é a graça que predetermina a este, não
moralmente apenas (por meio de exortações), mas fisicamente (por sua
moção intrínseca, soberana). Contudo a graça por si eficaz não extingue a
liberdade de arbítrio do homem; ao contrário, movendo e predeterminando
a criatura, move tudo que nesta se encontra, isto é, as faculdades de
agir e o livre arbítrio mesmo; ela dá ao homem não somente agir, e tal
agir determinado, mas também a modalidade com que o homem costuma agir,
isto é, a liberdade; em conseqüência, sob a graça eficaz (na doutrina
tomista) o homem pratica infalivelmente a ação à qual Deus
predetermina, mas pratica-a sem perder a sua liberdade, antes atuando-a
plenamente. Como se vê, o tomismo é rigorosamente lógico: partindo dos
conceitos de Criador e criatura, ensina que Deus deve ser o Autor de
tudo aquilo de que também o homem é autor, até mesmo desta determinação
do homem e do modo livre de tal determinação; o homem deve a Deus não
somente a sua faculdade de livre arbítrio, mas também o uso preciso (tal
e tal modo de usar) dessa faculdade.
No tocante à predestinação, o tomismo
consequentemente afirma que Deus a decreta ante praevisa merita, antes
de prever os méritos do homem: de maneira absoluta e independente, o
Criador determina levar tal e tal criatura à glória eterna e, por
conseguinte, conferir-lhe os meios necessários para que a alcance. Em
conseqüência desta predestinação é que o homem produzirá atos meritórios
no decorrer da sua vida; estes são gratuitos dons de Deus;
não desencadeiam o amor divino, mas, ao contrário, são desencadeados
pelo liberal beneplácito do Senhor.
Nos séculos XVII/XIX alguns teólogos
procuraram sistemas intermediários, conciliatórios entre o tomismo e o
molinismo; recaíram, porém, indiretamente neste ou naquele. De fato, os
dois sistemas são irredutíveis um ao outro. Quando foram pela primeira
vez propostos na história, o Papa Clemente VIII instituiu em Roma uma
Comissão ou Congregação dita “de autxiliis” (“concernente aos auxílios
da graça”) a fim de os julgar. As sessões da Congregação prolongaram-se
de 2 de janeiro de 1958 a 20 de agosto de 1607, tendo os Soberanos
Pontífices tomado parte pessoal nos estudos respectivos. Finalmente o
Papa Paulo V resolveu suspender o exame da questão, declarando lícito
ensinar qualquer dos dois sistemas, pois nenhum deles envolve
heresia (um é outro salvaguardam suficientemente a soberana ação de Deus
e o livre arbítrio do homem, embora o tomismo mais acentue aquela e o
molinismo mais realce a este). O Papa bento XIV confirmou esta decisão
em um decreto de 13 de julho de 1748.
Fica, portanto, aos teólogos e fiéis
católicos a liberdade de optar entre as duas teorias acima propostas. O
católico tanto pode ser tomista como pode ser molinista; a ação do
Espírito Santo em sua alma, a sua conaturalidade com as coisas de Deus
lhe sugerirão a atitude a tomar.
Há, porém, três pontos atinentes à
doutrina estudada sobre os quais a Santa Igreja se pronunciou
definitivamente, de sorte que tanto molinistas como tomistas os
professam indistintamente:
1) a conversão do
pecador a Deus, ou seja, o ato inicial da via da salvação já é efeito da
graça de Deus; é Deus quem primeiramente se volta para o pecador e lhe
dá os meios de se colocar em estado de graça; não é o homem quem por
suas forças naturais começa a procurar o Senhor, recebendo d’Este em
resposta a graça sobrenatural;
2) a perseverança final
ou a morte em estado de graça (a boa morte) é dom especial de Deus: não
decorre dos mártires anteriores da pessoa, mas pode ser implorada pela
oração;
3) a predestinação
“adequada” (isto é, o desígnio que compreende todos os auxílios
sobrenaturais, desde a graça da conversão até a graça da boa morte) é
gratuita ou anterior à previsão dos méritos da criatura. E isto, tanto
no tomismo como no molinismo… Também este reconhece que é Deus quem
gratuitamente decreta colocar o homem em tais e tais circunstâncias
nas quais Ele prevê que a criatura fará bom uso da graça (o tomismo
diria:… nas quais Ele predetermina a criatura a fazer livremente bom o
uso da graça).
As três proposições acima foram
definidas por concílios, cujas declarações se encontram em
Denziger-Umberg, Enchiridion Symbolorum 176-180; 183-189, 191-193;200.
III. Um juízo sobre a questão
1. A muitos fiéis
impressiona o fato de que Deus predestina positivamente alguns para a
glória celeste, deixando que outros se percam – fato firmemente atestado
pela Sagrada Escritura e pela Tradição cristã. Perguntam se não haveria
nisto injustiça da parte do Senhor.
– Não; em absoluto. Considere-se que
a) Deus a ninguém criou com destino positivo para a perdição ou a condenação.
Leia também: Predestinação: o que é?Destino e predestinação
Ensinavam o concílio de Valença (França)
em 855: “In malis ipsorum malitiam (Deus) praescivisse, quia ex ipsis
est, non praedestinasse, quia ex illo non est. – Deus viu de ante-mão a
malícia dos maus, porque provém deles, mas não a predestinou, porque não
se deriva d’Ele” (Dz 322).
Foi condenada pelo episcopado da Gália
no séc. V a seguinte proposição: “Cristo, Senhor e Salvador nosso, não
morreu pela salvação de todos…; a presciência de Deus impele o homem
violentamente para a morte; e todo aquele que se perde, perde-se por
vontade de Deus…; alguns são destinados à morte, outros predestinados à
vida” (carta de Fausto de Riez, ed. Migne lat. T. 53,683).
Outras declarações da Igreja se encontram em Dz 200; 316-318; 321-323; 514; 816; 827.
b) Deus, porém, criou seres finitos (só pode haver um Infinito, Deus), aos quais é inerente a falibilidade, o “poder errar”.
c) Esta falibilidade,
sendo congênita, naturalmente tende a se atuar num ou noutro. Deus
concede, sim, a qualquer indivíduo humano os meios necessários para que
se salve pois quer a salvação de todos os homens (cf. 1 Tim 2,4); isto é
doutrina freqüentemente afirmada pela Escritura e a Tradição (cf. Dz
318); nenhum desses meios de salvação, porém, força a liberdade
humana; esta é sempre respeitada por Deus.
d) Por conseguinte, a
menos que o Criador intervenha extraordinariamente, algumas criaturas,
em virtude da sua falibilidade natural, se encaminham para a ruína
eterna; o Criador não lhes faz injustiça se permite que se percam,
apesar de terem os meios necessários para não se perderem.
e) Dado, porém, que
Deus se empenhe infalivelmente pela salvação de alguns (muito ou poucos)
homens, predestinando-os à glória eterna, Ele faz ato de pura
misericórdia beneficia gratuitamente a estes, sem lesar em absoluto aos
outros, que, por sua natural falibilidade e apesar dos auxílios divinos,
se perdem (cf. a parábola dos operários na vinha, comentado
em “Pergunte e Responderemos” 1/1958 qu. 8).
O concílio de Quierzy na Gália em 853
declarava: “Quod quidam salvantur, salvantis est donum; quod autem
pereunt, pereuntilum est meritum. – O fato de que alguns se salvam,
deve-se a um dom d’Aquele que os salva; o fato de que outros se perdem,
deve-se ao mérito (mérito mau ou demérito) dos que se perdem” (Dz 318).
Deus, no caso de uns, manifesta sua
Bondade transcendente; no caso de outros patenteia sua Justiça; em todo e
qualquer caso, porém, faz reluzir sua soberana Liberdade, a qual não
pode ser necessitada por bem algum criado, pois ela é o princípio e a
causa de qualquer bem: “Que é que te distingue dos outros? E que tens
que não hajas recebido? E, se o recebeste, porque te vanglorias como se
não o tivesses recebido?” (1 Cor 4,7).
A predestinação, portanto, não implica
injustiça em Deus; não deixa, porém, de constituir um mistério, mistério
porque, com nosso intelecto finito, não vemos plenamente como em Deus
se conciliam Justiça, Misericórdia e Liberdade, embora não nos seja
plausível duvidar de que de fato se associam em estupenda harmonia (na
visão face a face de Deus, no céu, contemplaremos a sábia combinação dos
atributos divinos). – Em particular, não podemos assinalar motivo por
que Deus escolhe tal homem para a glória, e não tal outro, por que
escolheu Pedro e não Judas; lembremo-nos de que não são os méritos do
homem que a este atraem o amor de Deus, mas é o amor antecipado de Deus
que proporciona à criatura os respectivos méritos Sto.
Agostinho admoestava: “Quare hunc trahat (Deus) et ilum non trahat, noli
velle diiundicare, si non vis errare. – Porque é que Deus atrai a este e
não aquele, não queiras investigar, se não queres errar” (In Io tr. 26
init.). Ante os desígnios do Criador, tome a criatura uma atitude de
silêncio reverente; confie em Deus, cuja sabedoria e santidade
certamente ultrapassam as de qualquer ser humano.
2. A luz dos
procedentes, vê-se que sentido tem a frase de São Paulo: “Deus quer que
todos os homens sejam salvos” (1 Tim 2,4). São Tomas (I Sent. D. 46, q.
1, a.1) a distingue nos termos seguintes:
a) Deus quer que se
salvem todos os homens, enquanto os considera em si, como criaturas
capazes de apreender a vida eterna, abstração feita das circunstâncias
particulares em que tal ou tal homem se possa encontrar; deus a ninguém
criou senão para a vida eterna;
b) O Criador, porém,
não pode (não pode, por causa de sua Justiça) querer que todos se
salvem, se considera cada um nas circunstâncias precisas em que ocorre
ao Divino Juiz; alguns, com efeito, se Lhe apresentam como criaturas que
deliberadamente rejeitam ser salvas ou recusam estar com Deus, pois se
rebelaram conscientemente (por um pecado grave) contra Ele e permanecem
impenitentes ou apegados ao pecado; o Senhor respeita o alvitre de tais
homens e, em conseqüência, só pode querer assinalar-lhes a sorte por
que optaram (embora tenha feito tudo para se salvarem).
É esta a famosa distinção entre “vontade
antecedente” (isto é, que considera seu objeto em si, abstraindo das
circunstâncias concretas em que ocorre) e “vontade conseqüente” (isto é,
que considera o mesmo na situação precisa em que se acha). S. Tomas
ilustra a doutrina lembrando o que se dá com todo juiz justo: este, em
tese, antes de examinar as causas judiciárias, quer que todo e qualquer
homem permaneça em vida; dado, porém, que se apresente algum homicida,
ele não pode (porque é justo) deixar de querer seja punido (e punido com
a pena de morte, onde esta é imposta pela lei).
IV. A atitude prática do cristão
O mistério da predestinação dos justos
para a glória, embora apresente seus aspectos luminosos, tem suas raízes
na insondável Magnificência divina; não podemos sempre assinalar a
causa por que Deus outorga tal dom a tal pessoa. A quem o interrogasse a
respeito. Ele diria com o Senhor da parábola: “Amigo, não cometo
injustiça para contigo… Toma o que te compete, e vai-te… Não tenho o
direito de dispor dos meus bens como me agrada? Ou tornar-se-á mau o teu
modo de ver pelo fato de que Eu sou bom?” (Mt 20,13-15).
Consciente disto, o cristão não se detém
em perscrutar sutilmente o que está acima do seu alcance,
preocupando-se com questões curiosas ou vãs atinentes à predestinação.
Na orientação da sua conduta cotidiana, tenha o fiel ante os olhos as
três seguintes proposições:
1) Deus a ninguém absolutamente faz injustiça, nem no decorrer desta vida nem no momento do juízo final;
2) Muito ao contrário, o
Criador se comporta para com todos qual Pai cheio de amor ou como o
primeiro Ator empenhado na salvação dos homens.
Lembra o concílio de Trento, retomando palavras de Sto. Agostinho:
“Deus não manda o impossível, mas, dando
os seus preceitos. Exorta-te a fazer o que podes e a pedir-lhe a graça
para o que não podes, e auxilia-te para que o possas” (Sto Agostinho, de
natura et gratia 43,50; Denziger 804).
Mais ainda:
“Deus não abandona a não ser que primeiro seja abandonado. – Non deserit nisi prius deseratur” (Dz 804).
3) A atitude prática do cristão encontras ótimo modelo em São Paulo:
a) de um lado, o
Apóstolo, consciente da eficácia e da responsabilidade do livre
arbítrio, lutava qual bom atleta no estádio para conseguir a
incorruptível coroa da vida (cf. 1 Cor 9, 24-27). No mistério
da predestinação, muita coisa pode ficar oculta ao fiel; contudo nunca
lhe restará dúvida sobre o fato de que Deus exige de cada um todo o zelo
de que é capaz para chegar à salvação. Nisto se diferencia a doutrina
tradicional cristã de qualquer fatalismo ou determinismo: Deus não
retira ao homem o dom do livre arbítrio e da responsabilidade própria
com que o quis dignificar; nem há força super-humana cega que de antemão
torne vãos os esforços da criatura que procura o Criador. Portanto,
errado estaria quem, com vistas à vida eterna, tomasse atitude
desinteressada e passiva, baseada em raciocínio análogo ao seguinte: “Se
tenho que quebrar a cabeça, nada me pode preservar desta desgraça;
não importa, pois, que me atire ou deixe de me atirar à rua pela janela
do quinto andar da casa”. Ó homem, nada há que determine a tua sorte
eterna independentemente do teu livre arbítrio! O decreto pelo qual Deus
predestina alguém à salvação eterna, implica sempre que esta será
obtida mediante a livre cooperação do homem.
b) De outro lado, São
Paulo, o lutador de Cristo, era feliz ao pensar na sua sorte póstuma;
assim também o cristão. Para o Apóstolo, morrer equivalia a
“dissolver-se para estar com Cristo” (cf. Flp 1,23), “deixar de
ser peregrino na terra a fim de viver na casa do Senhor” (cf. 2 Cor
5,8). Todo discípulo de Cristo, embora reconheça a possibilidade de
frustrar o seu último fim, tem confiança no Pai do céu e sabe que a
procura sincera de Deus na terra não poderá ficar vã junto ao Pai; vive,
por conseguinte, em demanda otimista da mansão celeste, consciente de
que Deus o chama continuamente a esta após lhe ter preparado os meios
para a conseguir. E, firme nesta crença, não permite que hipóteses
inconsistentes tomem na sua mente o lugar de verdades seguras.
Revista: “PERGUNTE E RESPONDEREMOS”D. Estevão Bettencourt, osb
Nº 5, Ano 1958, p. 184
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