quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Papa Francisco pede humildade a cardeais

Em entrevista ao jornal ´La Repubblica´, o líder da Santa Sé considerou que a Igreja é muito ´vaticanocêntrica´
Roma. O papa Francisco deu início ontem à reunião do Conselho dos Cardeais no Vaticano para formular um projeto de reforma da Cúria Romana.

Francisco celebrou a missa em Santa Marta com a presença dos cardeais do Conselho para formular um projeto de reforma da Cúria Romana FOTO: REUTERS

Antes, o pontífice celebrou a missa em Santa Marta com a presença dos cardeais do Conselho na qual desejou que a reunião renda todos "mais humildes, mais pacientes, mais confiantes de Deus, porque a Igreja possa dar um belo testemunho às pessoas e vendo o povo de Deus, vendo a Igreja, sintam a vontade de vir com nós".

Francisco explicou que a vida do cristão é a da humildade e a força do Evangelho está nisso, "porque o Evangelho chega ao ponto mais alto na humilhação de Jesus, humildade que se torna humilhação".

"Bento XVI nos dizia que a Igreja não cresce por proselitismo, cresce por atenção, por testemunho", afirmou ele. "E quando as pessoas, os povos veem este testemunho de humildade, de ternura, sentem a necessidade que fala o profeta Zacarias: ´Queremos ir com vós´. As pessoas sentem a necessidade diante do testemunho da caridade, desta caridade humilde, sem prepotência, não suficiente, humilde, que afora e serve", disse o pontífice.

O papa concluiu a missa com um pensamento especial para a reunião com o Conselho dos Cardeais, exigido por ele para auxiliá-lo na administração da Igreja. "Hoje aqui, no Vaticano começa a reunião com os cardeais consultores, que estão concelebrando a missa".

Também ontem, o jornal italiano "La Repubblica" publicou uma entrevista na qual Francisco afirma considerar a Igreja "muito vaticanocêntrica".

O pontífice afirmou que "os chefes da Igreja geralmente têm sido narcisistas, amantes da adulação e excitados de forma negativa por seus cortesãos". "A corte é a lepra do papado", disse, antes de emendar que, apesar de a cúria (governo da Igreja) não ser propriamente uma corte, existem "cortesãos".

Na entrevista, o líder da Santa Sé disse que deseja uma Igreja mais engajada socialmente, que dialogue com os não-crentes e livre da corrupção.

"É o início de uma Igreja concebida como uma organização não somente vertical, mas também horizontal", explicou.

Banco

O governo brasileiro terá de fechar a conta que mantém no Banco do Vaticano. O papa Francisco deve ordenar que, até o final do ano, embaixadas estrangeiras encerrem suas contas na instituição. Ontem, em um gesto inédito em 125 anos, o banco publicou suas contas e revelou o que há em seus cofres.

A instituição declarou um lucro de 86,6 milhões de euros (R$ 261 milhões) em 2012, dos quais 54,7 milhões (R$ 162 milhões) foram para os cofres da Santa Sé. Os outros 31,9 milhões (R$ 96 milhões) são reservados para "eventuais riscos operacionais gerais". Em 2011, o lucro da entidade foi de 20,3 milhões de euros (R$ 61 milhões).

A publicação dos lucros faz parte de medidas para melhorar a transparência da instituição. 

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