“Meu
filho, não desprezes a educação do Senhor, não desanimes quando Ele te
corrige; pois o Senhor educa a quem ama… é para a vossa educação que
sofreis”. (Hb 12,6-7)
Existia na cidade um ferreiro que depois
de uma juventude cheia de erros, de farras, até de roubos, encontrou
Deus e mudou de vida, não quis mais fazer coisas erradas. Durante muitos
anos trabalhou com capricho, praticou a caridade, ajudou muita gente,
mas apesar de tudo isso parecia que nada dava certo na sua vida. Estava
com muitas dívidas e outros problemas na sua família.
Uma bela tarde, um amigo que o visitou –
e que tinha dó dele com os seus problemas, disse para ele: “É realmente
estranho que, justamente depois que você resolveu se tornar um homem de
Deus, sua vida começou a piorar. Eu não quero enfraquecer sua fé, mas
apesar de toda a sua crença em Deus, nada tem melhorado para você; será
que não é melhor esquecer esse Deus?”
O ferreiro não respondeu. Ele já havia
pensado nisso, sem entender o que acontecia em sua vida. Até que
encontrou a resposta. E disse para o amigo sem fé em Deus: “Eu recebo
nesta oficina o aço ainda não trabalhado e preciso transformá-lo em
espadas, ferraduras, foices,
enxadas, etc.. Você sabe como isto é feito? Primeiro eu aqueço a chapa
de aço num calor infernal, até que fique vermelha. Em seguida, sem
qualquer piedade, eu pego o martelo mais pesado e aplico golpes até que a
peça adquira a forma desejada. Logo, ela é mergulhada num balde de água
fria e a oficina inteira se enche com o barulho do vapor, enquanto a
peça estala e grita por causa da mudança de temperatura”.
Tenho que repetir esse processo até
conseguir a espada perfeita: uma vez apenas não é suficiente. O ferreiro
fez uma longa pausa, e continuou: “Às vezes, o aço que chega até minhas
mãos não consegue aguentar esse tratamento. O calor, as marteladas e a
água fria terminam por enchê-lo de rachaduras. E eu sei que jamais se
transformará numa boa lâmina de espada. Então, eu o coloco no monte de
ferro-velho que você viu na entrada de minha ferraria”. Mais uma pausa e
o ferreiro concluiu: “Sei que Deus está me colocando no fogo das
aflições. Tenho aceitado as marteladas que a vida me deu, e às vezes
sinto-me tão frio e insensível como a água que faz sofrer o aço. Mas a
única coisa que peço é: “Meu Deus, não desista, até que eu consiga tomar
a forma que o Senhor espera de mim. Tente da maneira que achar melhor, e
pelo tempo que quiser – mas jamais me coloque no monte de ferro-velho
das almas”.
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