Neste Evangelho, Jesus nos conta a parábola dos
trabalhadores esperando na praça. O patrão é Deus; Os trabalhadores somos nós;
a vinha é o Reino de Deus. A parábola se refere, ao mesmo tempo, aos dois
aspectos: Aos direitos trabalhistas e à nossa atuação, como cristãos, no Reino
de Deus. No procedimento do patrão está o procedimento de Deus para conosco, e
também o nosso procedimento correto uns com os outros.
O patrão “saiu de madrugada para contratar trabalhadores”.
Deus não perde tempo, e nós também não podemos perder. Deus não quer o
desemprego. Quer que todos trabalhem. Ele não quer ver ninguém parado na praça.
“Combinou com
os trabalhadores uma moeda de prata por dia.” Era o salário
justo na época. Os trabalhadores têm direito à remuneração justa.
“Saiu outra vez pelas cinco horas DA tarde, encontrou outros
que estavam na praça e lhes disse: Por que estais aí o dia inteiro desocupados?
Else responderam: Porque ninguém nos contratou”. O desemprego deles era culpa,
não deles, mas DA sociedade que não lhes dava oportunidades de trabalho. Mas,
tanto el
es como seus familiares, precisavam comer, do mesmo modo que
aqueles que foram contratados de manhã. Ao pagar o salário, o patrão deve
considerar também essa parte: aquilo que o trabalhador e sua família precisam
para viver.
“Quando chegou a tarde, o patrão disse ao administrador:
Chama os trabalhadores e paga-lhes uma diária a todos, começando pelos últimos
até os primeiros”. Esta decisão é o coração da parábola. Aí está a diferença
entre a justiça do Reino de Deus e a “justiça” do reino do Dragão (Cf Ap 12).
Na justiça do Dragão, cada um recebe pelo que produziu, sem levar em conta as
necessidades do trabalhador, nem os motivos pelos quais as pessoas estavam
desempregadas. No Reino de Deus é o contrário: Todos têm direito à vida, tanto
os empregados como os desempregados. E, se os desempregados têm esse direito,
ajudá-Los não é um favor, uma esmola, mas uma obrigação nossa.
Quanto àqueles que o patrão encontrou na praça às cinco
horas DA tarde, OS motivos do atraso não foram apresentados. Mas, sejam quais
forem, estes também têm, assim como suas famílias, as necessidades de todo ser
humano: alimentação, vestuário, saúde etc. E mais: o mundo pecador, que leva em
conta só a produtividade, marginaliza-OS. Por isso no Reino de Deus el
es são colocados em primeiro lugar.
Nesta parábola está a chave para entendermos o plano de Deus
a respeito do trabalho e toda a questão trabalhista. O mais importante não é o
que a pessoa produz, mas a própria pessoa que trabalha.
Lei fundamental na questão do salário é a igualdade, pois
todos temos o estômago do mesmo tamanho. Se a diferença entre o salário dos
trabalhadores é muito Grande, está havendo injustiça, pois perante Deus nós
somos todos iguais.
“Em seguida, vieram OS que foram contratador primeiro, e
pensavam que iam receber mais.” É o protesto dos egoístas, daqueles que só
pensam em
si, esquecendo-se dos demais. Veja que o que eles acham
errado não é o salário deles, que sabiam que inclusive foi combinado antes com
o patrão, mas a igualdade de tratamento usada pelo patrão. Por isso que o
patrão OS chama de invejosos. Cada vez que alguém quer aumentar o próprio
salário sem levar em conta aqueles que ganham menos, está sendo como essa
turma, isto é, está contra o plano de Deus!
E Jesus termina a parábola apresentando a lei geral do Reino
de Deus: “Os últimos serão OS primeiros, e OS primeiros serão OS últimos”. Em
outras palavras, no Reino de Deus OS últimos DA sociedade são colocados em
primeiro lugar, e OS primeiros DA sociedade são colocados em último lugar. Só
quem age desse modo entra no céu.
“Se a vossa justiça não for maior que a dos escribas e dos
fariseus, não entrareis no Reino dos Céus” (Mt 5,20). A justiça do mundo nem
sempre coloca a pessoa humana em primeiro lugar.
“Construirão casas e nelas habitarão. Plantarão vinhas e
comerão seus frutos. Ninguém construirá para outro morar, nem plantará para
outro comer. E a vida do meu povo será longa como a das árvores. Meus
escolhidos poderão gastar o que suas mãos fabricarem” (Is 52,21-22).
“No princípio, Deus criou o céu e a terra. A terra estava
sem forma e vazia; as trevas cobriam o abismo... Deus disse: Que exista a
luz!... Então Deus disse: Façamos o homem à nossa imagem e semelhança. Que ele
domine OS peixes do mar, as aves do céu... E Deus viu que tudo o que havia
criado era muito bom. Foi o sexto dia. No sétimo dia Deus terminou o seu
trabalho e descansou. Então Deus abençoou e santificou o sétimo dia, porque
nele, descansou do seu trabalho” (Gn 1,1-2,3). Pelo trabalho, continuamos a
obra de Deus na criação do mundo. Deus trabalha e nos manda trabalhar também,
mas sempre dentro do seu plano amoroso.
Certa vez, um empregado chegou para o seu patrão e disse: “É
melhor o senhor me dar um aumento de salário”. O patrão perguntou: “Por quê?” O
empregado respondeu: “É porque há várias empresas atrás de mim”. O patrão, com
um ar muito desconfiado, perguntou: “Quais são essas empresas?” O empregado
respondeu: “As empresas são as de água, de luz, de telefone, de cobranças...”
Esse patrão foi convidado a olhar também o lado das
necessidades do seu empregado, não apenas a produtividade dele.
Maria Santíssima era uma mulher trabalhadeira. Nas Bodas de
Caná, tudo indica que ela, apesar de simples convidada, estava ajudando a
servir. Que ela nos ajude a agir corretamente no vasto mundo do trabalho
humano.
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