São
Luiz (1214-1270) reinou na França por cerca de 40 anos; foi um rei
justo, piedoso, que amou a Igreja e o Papa e os defendeu até a morte.
Ele empreendeu as sétima e oitava cruzadas para libertar a Terra Santa
do jugo muçulmano e morreu de tifo em Tunis. Abaixo segue o magistral
testamento que deixou a seu filho herdeiro do trono francês; é um
exemplo de pai, de cristão e de político:
“Filho dileto, começo por querer
ensinar-te a amar o Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com todas
as tuas forças; pois sem isto não há salvação.
Filho, deves evitar tudo quanto sabes
desagradar a Deus, quer dizer, todo pecado mortal, de tal forma que
prefiras ser atormentado por toda sorte de martírios a cometer um pecado
mortal.
Ademais, se o Senhor permitir que te
advenha alguma tribulação, deves suportá-la com serenidade e ação de
graças. Considera suceder tal coisa em teu proveito e que talvez a
tenhas merecido. Além disto, se o Senhor te conceder a prosperidade,
tens de agradecer-lhe humildemente, tomando cuidado para que nesta
circunstância não te tornes pior, por vanglória ou outro modo qualquer,
porque não deves ir contra Deus ou ofendê-lo valendo-te dos seus dons.
Ouve com boa disposição e piedade o
ofício da Igreja e enquanto estiveres no templo, cuides de não vagueares
os olhos ao redor, de não falar sem necessidade; mas roga ao Senhor
devotamente, quer pelos lábios, quer pela meditação do coração.
Guarda o coração compassivo para com os
pobres, infelizes e aflitos, e quando puderes, auxilia-os e consola-os.
Por todos os benefícios que te foram dados por Deus, rende-lhe graças
para te tornares digno de receber maiores. Em relação a teus súditos,
sê justo até o extremo da justiça, sem te desviares nem para a direita
nem para a esquerda; pôe-te sempre de preferência da parte do pobre mais
do que do rico, até estares bem certo da verdade. Procura com empenho
que todos os teus súditos sejam protegidos pela justiça e pela paz,
principalmente as pessoas eclesiásticas e religiosas.
Sê dedicado e obediente à nossa mãe, a
Igreja Romana, ao Sumo Pontífice como pai espiritual. Esforça-te por
remover de teu país todo pecado, sobretudo o de blasfêmia e a heresia.
Ó filho muito amado, dou-te enfim toda a
benção que um pai pode dar ao filho; e toda a Trindade e todos os
santos te guardem do mal. Que o Senhor te conceda a graça de fazer sua
vontade de forma a ser servido e honrado por ti. E assim, depois desta
vida, iremos juntos vê-lo, amá-lo e louvá-lo sem fim. Amém”.
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