sexta-feira, 6 de junho de 2014

Série Teologia do Corpo: Parte 4



11hhTeologia do Corpo e “Cultura” do Corpo
O corpo humano tem toda a beleza e importância que já mostramos nos artigos anteriores, mas se não pode ter uma primazia sobre o espírito. Na antiguidade valorizava-se somente o espírito desprezando-se o corpo; hoje corremos o risco de ver o contrário acontecer. Há pessoas que estão se tornando escravas do corpo; e algumas moças que até se revoltam e sofrem porque não têm aquele corpinho escultural de “top model”, ou aquele cabelo como a da artista da novela; ou porque  a sua estatura é baixa… Ora, não é exatamente nisso que está o valor e a beleza do nosso corpo.
As academias de ginástica se multiplicam, e isso não é mau desde que sejam bem usadas, sem exageros e sem querer fazer do corpo um meio de exibição e de sucesso. As clínicas de cirurgia plástica, de emagrecimento e de embelezamento crescem a cada dia, e isso também pode ser bom, se for bem usado para se melhorar a saúde; mas não pode ser um fim para cultivo da vaidade. Uma plástica é necessária para corrigir um defeito físico que incomoda a mim e, principalmente aos outros; mas não deve ser usada por pura vaidade.
Certa onda consumista colocou na cabeça de muitos que o “mais importante” é ser bonito de corpo, esbelto, magro, segundo os “padrões de beleza” dos que ditam a moda. Consegue-se colocar na cabeça de muitos uma falsidade segundo a qual se não estiver de acordo com esses padrões, não se é feliz. Ora, um corpo bem tratado ajuda a felicidade, mas esta tem sua fonte, sobretudo, na alma. Exupéry já dizia que “o mais importante é invisível aos olhos”. Se a felicidade for construída em cima destes valores, ela será efêmera, vai acabar muito cedo e deixar a pessoa no vazio existencial. O corpo é belo, mas é um meio, não um fim.
Deus seria injusto se a sua felicidade dependesse da cor da sua pele, ou do perfil do seu corpo, ou da ondulação do seu cabelo. Pois tudo isto é genético e você não pode mudar; já nasceu assim. Por isso, atire para longe, já, este complexo inferior, olhe menos para o espelho, e olhe mais para a sua alma. Michel Quoist, dizia aos jovens que para ser belo é melhor parar “cinco minutos diante do espelho, dez diante de si mesmo, e quinze diante de Deus.”
O corpo é belo e digno, mas o seu culto não pode sufocar o espírito. Eu sei que é dificílimo hoje fugir desta onda de supervalorização do corpo, mas não se entregue a ela, senão você se tornará um escravo, uma escrava, desse deus cruel, que está disposto a beber a tua vida. Busque a sua liberdade, conquiste a sua dignidade. Deus o ama por aquilo que você é; e do jeito que você é. Diante de Deus você não é avaliado pelo que se vê, mas pelo que se é.
O valor de uma pessoa diante de Deus, não está nas aparências, mas no coração. O mais importante hoje é a roupa, a comida, o carro, a casa, as viagens, as festas, etc., ao invés do “ser” mais e melhor.
Se a beleza física fosse sinônimo de garantia de felicidade, não encontraríamos tantas artistas frustradas, buscando fugir das suas angústias nas drogas, muitas vezes. Quantas moças lindas já morreram numa overdose de cocaína! De nada vale você ter um corpo de atleta ou de manequim se a sua alma está em frangalhos e o seu espírito geme sob o peso da matéria e da carne. Tudo talvez estará contra você neste desafio, mas Deus estará com você. E isto basta.
O seu corpo é belo, uma obra prima de Deus, a “máquina” mais perfeita que existe; e por isso mesmo precisa ser bem cuidado. Todos os cuidados de higiene, saúde, defesa, etc., são necessários para com ele; precisa estar no lugar certo. Não se pode satisfazer todos os seus desejos e suas paixões desordenadas, senão isto sufoca o espírito. O corpo é belo, mas na hierarquia dos nossos valores ele deve estar abaixo do espírito e da razão. O homem não é apenas um corpo; tem uma alma imortal, criada para viver para sempre na glória de Deus. Isto dá um novo sentido à vida. Não fomos criados para nos contentarmos apenas com o prazer passageiro. Fomos feitos para o Infinito, e só em Deus satisfaremos plenamente as nossas tendências naturais.
Prof. Felipe Aquino

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