Um
dos livros de Scott Hahn, um renomado professor de teologia e de
Escritura na Universidade Franciscana em Steubenville, nos Estados
Unidos, fundador e dirigente do Institute off Applied Biblical Studies, é
o “Banquete do Cordeiro”, no qual revela um segredo duradouro da
Igreja: a chave dos cristãos para entender os mistérios da missa.
O autor explora o mistério da Eucaristia
com os olhos novos e fala da missa como um poderoso dama sobrenatural,
no qual o sacrifício real do Cordeiro traz o céu à terra. Hahn era
protestante calvinista e quando se pôs a estudar sobre a vida dos
primeiros cristãos, se aproximou da Eucaristia, e se converteu ao
catolicismo.
Segue abaixo um pequeno trecho desta
bela obra de Scott Hahn, no qual ele relata o começo de sua experiência
ainda como calvinista quando foi a estudo participar da Santa Missa.
Vale a pena ler até o fim:
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Ali estava eu, incógnito, um ministro
protestante à paisana, esgueirando-me nos fundos de uma capela em
Milwaukee para participar pela primeira vez da missa. A curiosidade me
arrastar até lá e eu ainda não tinha certeza de que fosse uma
curiosidade “saudável”. Ao estudar os escritos dos primeiros cristãos,
encontrei inúmeras referências à “liturgia”, à “Eucaristia”, ao
“sacrifício”. Para aqueles primeiros cristãos, separada do acontecimento
que os católicos de hoje denominam “missa”, a Bíblia – o livro que eu
mais amava – era incompreensível.
Eu queria entender os cristãos
primeiros, mas não tinha nenhuma experiência de liturgia. Por isso,
persuadi a mim mesmo a ir ver, como uma espécie de exercício acadêmico,
mas jurando o tempo todo que não ia me ajoelhar nem participar de
idolatria.
Sentei-me na obscuridade, em um banco
bem fundo daquela capela no subsolo. À minha frente havia um número
considerável de fiéis, homens e mulheres de todas as idades.
Impressionaram-me suas reflexões e sua
evidente concentração na oração. Então um sino soou e todos se
levantaram quando o padre surgiu de uma porta ao lado do altar.
Hesitante, permaneci sentado. Durante
anos, como calvinista evangélico, fui instruído par acreditar que a
missa era o maior sacrilégio que alguém poderia cometer. Tinha aprendido
que a missa era um ritual com o propósito de “sacrificar Jesus Cristo
outra vez”. Por isso, eu seria um espectador, ficaria sentado, com a
Bíblia aberta ao meu lado.
Entretanto, à media que a missa
prosseguia, alguma coisa me tocou. A Bíblia não estava só ao meu lado.
Estava diante de mim- nas palavras da missa! Um versículo era de Isaías,
outro dos Salmos, outro de Paulo. A experiência era prodigiosa. Eu
queria interromper tudo e gritar: “Ei! Posso explicar o que está
acontecendo a partir das Escrituras? Isso é maravilhoso!” Não obstante,
mantive minha posição de espectador, à parte até que ouvi o sacerdote
pronunciar as palavras da consagração: “Isto é o meu corpo… Este é
cálice do meu sangue”.
Então senti todas as minhas dúvidas se
esvaírem. Quando vi o sacerdote elevar aquela hóstia branca, percebi que
uma prece subia de meu coração em um sussurro: “Meu Senhor e meu Deus.
Sois realmente vós!”
A partir daquele ponto, fiquei, por assim dizer, tolhido. Não
imaginava uma emoção maior que a que aquelas palavras provocaram em mim.
Porém, a experiência intensificou-se um momento depois, quando ouvi a
congregação repetir: “Cordeiro de Deus…Cordeiro de Deus…Cordeiro de
Deus…”, e o sacerdote responder: “Eis o Cordeiro de Deus…”, enquanto
elevava a hóstia.
Em menos de um minuto a frase “Cordeiro
de Deus” ressoou quatro vezes. Graças a longos anos de estudos bíblicos,
percebi imediatamente onde eu estava. Estava no livro de Apocalipse, no
qual Jesus é chamado Cordeiro nada menos que vinte e oito vezes em
vinte e dois capítulos. Estava na festa de núpcias que João descreve no
final do último livro da Bíblia. Estava diante do trono do céu, onde
Jesus é saudado para sempre como o Cordeiro. Entretanto, não estava
preparado para isso – eu estava na missa!
Voltei à missa no dia seguinte e no
outro dia e no outro. Cada vez que eu voltava, eu “descobria” mais
passagens das Escrituras consumadas diante dos meus olhos. Contudo,
naquela capela escura, nenhum livro me era tão visível quanto o da
revelação de Jesus Cristo, o Apocalipse, que descreve a adoração dos
anjos e santos do céu. Como nesse livro, vi, naquela capela, sacerdotes
paramentados, um altar, uma assembleia que entoava: “santo, santo,
santo”. Vi a fumaça de incenso, ouvi a invocação dos anjos e santos; eu
mesmo entoava os aleluias, pois me sentia cada vez mais atraído a essa
adoração. Continuei a me sentar no último banco com minha Bíblia e mal
sabia para onde me voltar- para a ação no Apocalipse ou para a ação no
altar, que pareciam cada vez mais ser exatamente a mesma.
Mergulhei com vigor renovado em meu
estudo do cristianismo antigo e descobri que os primeiros bispos, os
Padres da Igreja, tinha feito a mesma “descoberta” que eu fazia a cada
manhã. Eles consideravam o livro do Apocalipse a chave da liturgia e a
liturgia a chave do livro do Apocalipse. Alguma coisa intensa aconteceu
com o estudioso e crente que eu era. O livro da Bíblia que eu achava
mais desconcertante- o do Apocalipse- agora elucidava as ideias mais
fundamentais de minha fé: a ideia da aliança como elo sagrado da família
de Deus. Além disso, a ação que eu considerava a maior das blasfêmias –
a missa- agora se revelava o acontecimento que ratificou a aliança de
Deus: “Este é o cálice do meu sangue, o sangue da nova e eterna
aliança”.
Retirado do livro:
HAHN, S.O banquete do Cordeiro: a missa segundo um convertido. 11ª edição. São Paulo: Ed. Loyola, 2009.
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