Ainda gostaria de falara do mistério que celebramos na comunhão de
amor. O texto 2Cor 13, 11-13 contém duas referências litúrgicas: a do
beijo fraterno e a saudação trinitária.
A referência ao beijo fraterno faz parte das
recomendações ao passo que a saudação trinitária é o augúrio final do
apóstolo.
As recomendações revelam o rosto da comunidade
cristã e suas características: alegria, busca da perfeição,
encorajamento mútuo, união, paz, beijo fraterno. Todas essas
características são como ferramentas para que a comunidade possa ser o
lugar da presença e manifestação de Deus. A alegria é fruto dos tempos
messiânicos. Provém da convicção de ser comunidade do Senhor, amada por
Deus. Esse clima de alegria é capaz de contagiar e transformar. A
busca da perfeição denota que ser comunidade é constante caminhar.
A paz não depende da eliminação dos conflitos
ou da sua ausência, mas em sua superação mediante a solidariedade. Esta
solidariedade leva a plena comunhão com Cristo na Eucaristia, onde os
cristãos se saúdam com o beijo fraterno.
Esse beijo fraterno é chamado por São Paulo de
“beijo santo”, isto é, manifesta a solidariedade de todos no objetivo
comum: a santidade. Os cristãos são santos porque a eles foi confiado o
projeto de Deus. E esse projeto é comum a todas as comunidades.
Ao encerrar, São Paulo exprime o desejo de que a
Trindade seja a inspiração da comunidade cristã na busca da comunhão
entre os membros. Ele diz, no início: “a graça de nosso Senhor Jesus
Cristo”. É o dom da vida que Jesus trouxe à comunidade. Esta existe por
obra de Jesus, que morreu e ressuscitou, e que agora se manifesta nos
cristãos.
Esse amor tem origem no “amor de Deus”, que tomou
a iniciativa, enviando Jesus ao mundo. E continua na comunidade cristã
mediante a “comunhão do Espírito Santo”, que cimenta, organiza e dá
força aos cristãos para agirem solidariamente entre si, em perfeita
harmonia que seja o reflexo da harmonia da Trindade.
DOM EURICO DOS SANTOS VELOSO
ARCEBISPO EMÉRITO DE JUIZ DE FORA, MG.
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