quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Como lidar com a infertilidade?



fertilidadeEm primeiro lugar é preciso buscar os recursos da medicina. Há muitas causas que podem gerar a infertilidade. Para o homem pode ser, por exemplo, um problema hormonal: nível baixo dos hormônios testosterona ou prolactina; isto pode ser detectado por exames em uma consulta com um endocrinologista.  Também a varicoceli pode causar infertilidade no homem; bem como o baixo número de espermatozóides (hipoespermia); um exame pedido pelo urologista pode detectar a contagem, qualidade e motricidade dos mesmos.
Em relação à mulher, ela deve consultar um ginecologista e endocrinologista; pois qualquer glândula com a sua função desequilibrada na mulher pode levá-la à infertilidade. Assim, os ovários, as suprarrenais, tireóides, hipófise, etc., precisam ser examinadas. Além disso, pode haver problemas uterinos como miomas, pólipo, endometriose, que podem ser resolvidos em muitos casos com cirurgia. Há além disso as más formações congênitas que podem impedir a fertilidade.
Alguns médicos também apontam o fator psicológico da mulher, às vezes a ansiedade em querer engravidar pode dificultar a gravidez; não são poucos os casos de mulheres que conseguiram engravidar após a adoção de uma criança… Para esse tipo de problema recomenda-se um acompanhamento psicológico.
O método Billings pode ajudar a mulher a engravidar; se ela aprender bem como detectar os dias de fertilidade, quando aparece o muco uterino, ela terá mais chance de engravidar se tiver o ato sexual nestes dias. Há livros simples que ensinam o método.   A Igreja Católica entende que a geração de um filho deve acontecer somente pela ação dos pais; por isso não aceita a inseminação artificial ou “in vitro” (bebê de proveta).
O Catecismo da Igreja explica que: “As técnicas que provocam uma dissociação do parentesco, pela intervenção de uma pessoa estranha ao casal (doação de esperma ou de óvulo, empréstimo de útero), são gravemente desonestas. Estas técnicas (inseminação e fecundação artificiais heterólogas) lesam o direito da criança de nascer de um pai e uma mãe conhecidos dela e ligados entre si pelo casamento. Elas traem “o direito exclusivo de se tornar pai e mãe somente um através do outro” (CDF, instr. DV, 2,1). Praticadas entre o casal, essas técnicas (inseminação e fecundação artificiais homólogas) são talvez menos claras a um juízo imediato, mas continuam moralmente inaceitáveis. Dissociam o ato sexual do ato procriador. O ato fundante da existência dos filhos já não é um ato pelo qual duas pessoas se doam uma à outra, mas um ato que “remete a vida e a identidade do embrião para o poder dos médicos e biólogos, e instaura um domínio da técnica sobre a origem e a destinação da pessoa humana. Uma tal relação de dominação é por si contrária à dignidade e à igualdade que devem ser comuns aos pais e aos filhos” (CDF, instr. DV, II,741,5). “A procriação é moralmente privada de sua perfeição própria quando não é querida como o fruto do ato conjugal, isto é, do gesto específico da união dos esposos… Somente o respeito ao vínculo que existe entre os significados do ato conjugal e o respeito pela unidade do ser humano permite uma procriação de acordo com a dignidade da pessoa”. (CDF, instr. DV, II,4)” (§2376-2377)
Mas a Igreja aceita os tratamentos médicos para que o homem ou a mulher possam chegar a fertilidade.
“As pesquisas que visam a diminuir a esterilidade humana devem ser estimuladas, sob a condição de serem colocadas “a serviço da pessoa humana, de seus direitos inalienáveis, de seu bem verdadeiro e integral, de acordo com o projeto e a vontade de Deus” (CDF, instr. DV, intr. 2). (Cat. §2375)
Mas o fato do casal não ter filhos não quer dizer que o casamento deles perdeu o sentido. A Igreja ensina que: “Os esposos a quem Deus não concedeu ter filhos podem no entanto ter uma vida conjugal cheia de sentido, humana e cristã. Seu Matrimônio pode irradiar uma fecundidade de caridade, acolhimento e sacrifício.” (§1654). E o casal pode viver sua vida sexual normalmente, pois se não há para o casal o aspecto procriativo, há ao menos o unitivo.
A Igreja sabe que: “É grande o sofrimento de casais que descobrem que são estéreis.” (§2374). Para esses casais, ela recomenda a adoção e ensina que “O Evangelho mostra que a esterilidade física não é um mal absoluto. Os esposos que, depois de terem esgotado os recursos legítimos da medicina, sofrerem de infertilidade, unir-se-ão à Cruz do Senhor, fonte de toda fecundidade espiritual. Podem mostrar a sua generosidade adotando crianças desamparadas ou prestando relevantes serviços em favor do próximo”. (§2379)
Sobretudo o casal cristão deve enfrentar a infertilidade na fé; sabemos que “tudo concorre para o bem dos que amam a Deus” (Rm 8,29) e que devemos “dar graças em todas as circunstâncias” (1Ts 5,17). O casal não deve questionar a Deus “o porquê” de não ter filhos, mas entregar-se em suas mãos divinas na fé, mesmo que isto seja difícil.
A Bíblia nos dá exemplos de mulheres estéreis que oraram a Deus e conseguiram engravidar; assim foi com a mãe de Samuel e de Sansão. Portanto, o casal cristão deve fazer o que Jesus mandou: “Pedi e dar-se-vos-á, buscai e achareis, batei e abrir-se-vos-á.” Portanto, na fé, o casal cristão deve pedir o filho tão desejado a Deus, e fazer como as santas mulheres da Bíblia, oferecer esta criança a Deus, mesmo antes de ser concebida. As orações podem ser variadas: diante do Santíssimo, o Rosário da Virgem, na Comunhão eucarística, nas Novenas e ladainhas, enfim, com todos os meios que se possa e saiba rezar.
Se mesmo com tudo isso, o filho não vier, “seja feita a vontade de Deus”, certamente Ele tem algum desígnio que não conhecemos, mas que a fé nos garante que é para o bem do casal. É a hora da fé; mas é também a hora do consolo; só esta fé pode dar de fato ao casal paz e felicidade.
Prof. Felipe Aquino

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