quarta-feira, 27 de agosto de 2014
Rei e Santo? Pode um rei ser canonizado?
Por exemplo: São Luiz IX rei da França, Santo Olavo da Noruega, Santo Henrique II, imperador alemão, santa Isabel da Hungria, santa Isabel de Portugal, São Venceslau da Hungria, e muitos outros. Isso mostra que a santidade pode ser vivida mesmo nos palácios e no âmbito do poder, em qualquer lugar, depende de cada um.
Um belo Santo foi Santo Estevão da Hungria. Um dos reis e santo que marcou essa sua época, o difícil século X. Era filho do duque dos terríveis húngaros magiares, tribo bárbara e guerreira que veio do mar Cáspio para as margens do rio Danúbio, nas ricas províncias da Panônia e Morávia (Hungria).
Aos 17 anos, Voik era seu nome, se converteu devido a pregação de Santo Adalberto, bispo de Praga, e tomou o nome do primeiro mártir cristão. Segundo uma tradição, o primeiro mártir da Igreja teria aparecido a sua mãe Sarolta, e tinha-lhe profetizado que o filho dela seria o primeiro a usar a coroa real na Hungria. Aos 18 anos, Estevão foi proclamado duque dos húngaros. Desde o começo do governo, tomou como fundamental a conversão total do seu povo ao Cristianismo. Seu pai se fez cristão, mas sem muita convicção.
Estevão entregava-se a oração tanto na paz quanto na guerra. Era um santo que lutava por seu povo. Ele dizia a seu filho que “a prática da oração é a garantia da saúde do reino”. Fundou hospedarias em Roma, Constantinopla e Jerusalém, para os húngaros peregrinos. Sua grande obra foi a conversão do seu povo. Foi o primeiro apóstolo dos Húngaros. Deu ao reino uma legislação cristã, que é preservada ainda hoje. Criou várias sedes episcopais, levantou mosteiros e edificou instituições beneficentes.
Ele concebia o reino como um templo sustentado por dez colunas: a solidez da fé, o esplendor da Igreja, a pureza e sabedoria dos eclesiásticos, a fidelidade e fortaleza dos barões e cavaleiros, a generosidade com os estrangeiros, a reta administração da justiça, a sábia organização do conselho, o respeito às tradições dos maiores, o auxílio da oração e a piedade e misericórdia.
Ele deixou escrito ao filho: “O rei que não atende a voz da misericórdia, é tirano. Por isso meu filho, muito amado – doçura do meu coração, esperança da geração futura – recomendo-te que tenha entranhas de mãe, não só com os teus parentes, não só para com os chefes do exército e os potentados, mas para com todo o povo. As obras de piedade serão a base da tua felicidade. Sê paciente não só com os ricos, mas também com os necessitados. Sê forte, de maneira que nem a fortuna te levante, nem te desanime a adversidade. Sê humilde que Deus se encarregará de exaltar-te. Sê doce, sem esquecer a justiça e sem castigar irrefletidamente. Sê casto e evita os estímulos da concupiscência como latidos de morte. Estas são as pedras preciosas de uma coroa real. Sem elas perderás o reino da terra e também não conseguirás aquele que não acaba”. (Leite, José, Santos de cada dia, Editorial A. O. Braga, Portugal, p. 548).
Sua humildade era grande; não quis usar a coroa real até que o Papa Silvestre II o autorizasse, enviando-lhe uma coroa de ouro com uma cruz riquíssima. Sete anos antes de sua morte, Santo Estevão perdeu seu filho Santo Emerico, que Deus glorificou com milagres e prodígios. Por fim morreu em 15 de agosto de 1038. Sua festa foi fixada por Inocêncio IX a 2 de setembro, como recordação da vitória que nesse dia obtiveram as armas cristãs contra os turcos em Budapeste. Por ser o primeiro rei que consagrou sua nação a Nossa Senhora, tem uma estátua na Basílica de Nossa Senhora de Fátima e um vitral na capela do Calvário húngaro.
Prof. Felipe Aquino
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