A
primeira diferença comprovável, visto que o fato de os Evangelhos
canônicos terem sido inspirados em Deus não é comprovável, é do tipo
exterior aos mesmos Evangelhos: os canônicos pertencem ao cânone
bíblico; os apócrifos não. Quer dizer que os canônicos foram recebidos
como tradição autêntica dos apóstolos, pela Igreja do Oriente e do
Ocidente, desde a geração imediatamente posterior aos apóstolos,
enquanto os apócrifos nunca chegaram a impor-se nem a ser reconhecidos
pela Igreja universal, embora fossem usados esporadicamente numa ou
noutra comunidade. Uma das razões mais importantes para tal seleção,
comprovável a partir da ciência histórica, é que os canônicos foram
escritos na época apostólica, entendendo-se esta no sentido amplo, ou
seja, enquanto os apóstolos ou os seus discípulos diretos eram vivos.
Assim se depreende das citações que fazem os escritores cristãos da
geração seguinte e que, no ano 140, se tenha procedido a uma
harmonização dos Evangelhos aproveitando dados dos quatro que passaram a
ser canônicos (o Diatéssaron de Taciano). Aos apócrifos, pelo
contrário, só mais tarde se faz referência, em finais do século II. Por
outro lado, os papiros que foram encontrados com texto similar ao dos
Evangelhos, alguns de meados do século II (papiro Egerton), estão muito
fragmentados, sinal de que as obras que representam não foram
consideradas dignas de cuidadosa transmissão pelas gerações seguintes.Fonte: CHAPA, Juan.50 Perguntas sobre Jesus.Trad. Maria do Rosário Pernas. Ed. Paulinas: Portugal, 2011.
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