A
“Lumen Gentium”, do Vaticano II, afirma que: “Todos os fiéis cristãos
são, pois, convidados e obrigados a procurar a santidade e a perfeição
do próprio estado” (LG, 41). É a vocação universal da Igreja, como disse
o Concílio: “O Senhor Jesus, Mestre e Modelo divino de toda perfeição, a
todos e a cada um dos discípulos de qualquer condição prega a santidade
de vida da qual ele mesmo é o autor e o consumador, dizendo: “Sede,
portanto, perfeitos, assim como também vosso Pai celeste é perfeito (Mt
5,48)” (LG,40) “.
Todos os batizados, sem exceção, são chamados portanto, à santidade.“Eles são justificados – disse o Concílio – porquanto pelo batismo da fé se tornam verdadeiramente filhos de Deus e participantes da natureza divina, e portanto realmente santos. É pois, necessário que eles, pela graça de Deus, guardem e aperfeiçoem em sua vida a santidade que receberam” (LG,40).
São Paulo exortava os fiéis de Efeso a viver “como convém a santos” (Ef 5,3); aos de Colossos, que vivessem ”como escolhidos de Deus, santos e amados” (Col 3,12), de modo a que “leveis uma vida digna da vocação a qual fostes chamados” (Ef 4,1).
O Apóstolo afirma aos cristãos de Tessalônica, com toda a convicção que:“Esta é a vontade de Deus: a vossa santificação” (1Tess 4,3).
São Paulo começa quase sempre as suas cartas, relembrando aos cristãos o chamado à santidade:
“A todos os que estão em Roma, queridos de Deus, chamados a serem santos…” (Rom 1,7).
“À Igreja de Deus que está em Corinto, aos fiéis santificados em Cristo Jesus, chamados à santidade com todos…”(1 Cor 1,2).
“Bendito seja Deus… que nos escolheu
n’Ele antes da criação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis,
diante de seus olhos”(Ef 1,3-4).
“Deus nos salvou e chamou para a santidade…” (2Tm 1,9).
Desde o Antigo Testamento Deus já tinha chamado Israel, que
prefigurava a Igreja, para a santidade Dele mesmo. Ele disse a Moisés:
“Eu sou o Senhor que vos tirou do Egito para ser o vosso Deus. Sereis santo porque Eu Sou Santo” (Lv 11,44-45).
São Pedro relembra isso aos fiéis em sua primeira Carta:“A exemplo da
santidade d’Aquele que vos chamou, sede também vós santos, em todas
as vossas ações, pois está escrito: “Sede santos, porque Eu sou Santo”
(1Pe 1,15-16)”.Na verdade, o chamado de Israel à santidade se confunde com a Aliança que Deus quis fazer com o povo escolhido. Pela boca do profeta Oséias, Ele diz:“Sou Deus e não um homem, sou Santo no meio de ti” (Os 11,9). A Moisés Ele diz:“Vós sereis para Mim um reino de sacerdotes e uma nação santa” (Ex. 19,6).Podemos dizer, portanto, que a Igreja é uma “Comunhão na santidade” de Deus e, por isso, é uma “comunhão de santos”.
Certa vez o Papa João Paulo II disse em Roma, citando Bernanos:“A Igreja não precisa de reformadores, mas de santos”.
Os reformadores tantas vezes agitaram e dividiram o rebanho de Cristo; os santos, ao contrário, trataram as feridas das ovelhas e as reuniram no aprisco do Senhor.
Quando o Papa esteve no Brasil, ao beatificar Madre Paulina, em Florianópolis, no dia 18/10/91, ele disse:“A Igreja existe para a santificação dos homens em Cristo”. E deu um grito, que atravessou todo o nosso país, e ainda está a ecoar em nossos ouvidos:“O Brasil precisa de santos, de muitos santos !” .E completou:“A santidade é a prova mais clara, mais convincente da vitalidade da Igreja, em todos os tempos e em todos os lugares” (LR, nº 44, 3/11/91).
Enfim, podemos dizer que a Igreja é Santa; e esta santidade não provém dos homens, mas do próprio Cristo que nela está, de modo permanente, como Cabeça. E todo cristão, pelo batismo, é inserido pelo Espírito Santo em Cristo, fazendo-o participar dessa santidade ontológica; isto é, do próprio Ser de Cristo.
Prof. Felipe Aquino
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