sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Celebração do Ângelus Papa denuncia discriminação contra cristãos

O pontífice realizou a tradicional oração do meio-dia para milhares de pessoas reunidas na Praça de São Pedro

Cidade do Vaticano. O papa Francisco denunciou ontem a discriminação contra cristãos, inclusive em países onde a liberdade religiosa é, teoricamente, garantida por lei.

O papa Francisco explicou que na data de ontem se celebra São Estevão, que foi o primeiro mártir da Igreja, e lembrou seu martírio por apedrejamento e como perdoou seus agressores no momento de sua morte Foto: REUTERS
O pontífice realizou a tradicional oração de meio-dia e discursou para milhares de pessoas reunidas na Praça de São Pedro na data em que a Igreja Católica celebra Santo Estêvão, o primeiro mártir do cristianismo.

O pontífice argentino, de 77 anos, explicou que "a festa São Estêvão está em plena sintonia com o profundo significado do Natal, já que no martírio o amor venceu a violência".

"A memória do primeiro mártir dissolve a falsa imagem do Natal, essa imagem de contos de fada, adocicada, que no Evangelho não existe", explicou. O papa pediu à multidão um minuto de oração silenciosa.

Testemunho

"Peço que rezem, em particular, pelos cristãos que sofrem discriminação por causa do testemunho em nome de Cristo e do Evangelho", disse Francisco a um público pouco numeroso devido ao vento e à chuva que atingem a Itália.

Francisco, que celebra o Natal pela primeira vez como papa, disse que "limitações e discriminações" contra os cristãos acontecem não apenas em países que não garantem a liberdade religiosa completa, mas também em lugares onde "no papel, a liberdade e os direitos humanos são protegidos", comentou.

"Essa injustiça precisa ser denunciada e eliminada", afirmou. Francisco não especificou nenhum país, mas o Vaticano há bastante tempo pede que a Arábia Saudita, onde ficam os lugares mais sagrados do islamismo, suspenda as restrições a orações de cristãos em público.

Diversos incidentes de intolerância religiosa aconteceram em 2013 em países com minoria cristã como Egito, Indonésia, Iraque, Sudão, Nigéria e outros lugares onde os direitos são protegidos por lei.

Francisco, saindo do discurso preparado, disse ter certeza que os cristãos que sofrem com discriminação e violência "são mais numerosos hoje do que nos primeiros dias da Igreja".

No passado, o Vaticano já manifestou preocupação com o que o ex-papa Bento 16 descreveu como as "formas sofisticadas de hostilidade" contra os cristão em países ricos, como restringir o uso de símbolos religiosos em locais públicos.

Compromisso de amor
O papa terminou seu discurso de hoje pedindo que este Natal suscite um "generoso compromisso de amor e que no interior das famílias e das várias comunidades se viva esse clima de fraternidade e de entendimento que tanto ajuda o bem comum".

Depois Francisco explicou que na data se celebra São Estêvão, que foi o primeiro mártir da Igreja, e lembrou seu martírio por apedrejamento e como perdoou seus agressores no momento de sua morte.

"Vocês não têm medo da chuva?", perguntou, brincando, o papa aos fiéis.

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