O sol que nasce do alto nos visitará.
Temos neste Evangelho o belíssimo
cântico de Zacarias, chamado Benedictus, que ele cantou após o nascimento do
filho João Batista. É um hino à fidelidade de Deus às suas promessas. Este
cântico, assim como o magnificat, a Igreja repete todos os dias, nas Laudes e
Vésperas respectivamente.
A primeira parte é um hino de ação de
graças a Deus pela redenção iniciada. E a segunda parte é uma visão esperançosa
do futuro, graças à intervenção do precursor, que abre caminho para o Messias.
O Benedictus começa dizendo: “Bendito
seja o Senhor Deus de Israel, porque visitou e redimiu o seu povo”. A redenção
foi o maior presente que a humanidade recebeu. Hoje, tantos séculos depois,
podemos repetir essa mesma explosão de alegria que teve Zacarias, pois a
redenção é uma fonte inesgotável. Cristo veio para ficar conosco.
“Fez aparecer para nós a força da
salvação.” Deus é maior que as forças do mal que querem nos levar à perdição.
“Como tinha prometido”. Deus cumpre as
promessas que faz. Ele não tem pressa porque quem tem todo o poder na mão não
tem pressa. A pressa é ligada à insegurança de quem não tem todo o poder.
“Para salvar-nos dos nossos inimigos.”
Todos temos inimigos. São os que nos prejudicam ou querem levar-nos para o mal.
Até nós, sem querer, podemos ser inimigos de alguma pessoa. Mas nenhum inimigo,
da terra ou do outro mundo, isto é, o demônio, tem poder sobre nós, graças ao
batismo que recebemos, pelo qual Deus nos visitou e libertou. Jesus nos deu
todos os meios para nos libertarmos dos inimigos, sejam eles quais forem. Cabe
a nós usar esses meios. Um deles é a Santa Igreja, que é a vida em Comunidade.
“Para que, sem temor e libertos das mãos
dos nossos inimigos, nós o sirvamos, com santidade e justiça.” Santidade é
viver bem com Deus. Justiça é viver bem com o próximo. E isso “sem temor”.
Precisamos libertar-nos do medo, pois ele é o primeiro obstáculo que entrava na
caminhada.
“Nós o sirvamos... em sua presença todos
os dias da nossa vida.” Mesmo que a nossa vida dure noventa, cem ou mais anos,
vamos servir a Deus todos os dias sem cansaço nem desânimo. A Bíblia está cheia
de exemplos de idosos que serviram a Deus até o fim. Por exemplo, os profetas
Simeão e Ana (Lc 2,25-38).
Em seguida, Zacarias se volta para seu
filho: “E tu, menino, serás profeta do Altíssimo, pois irás adiante do Senhor
para preparar-lhe os caminhos”. Também nós somos chamados a preparar os
caminhos do Senhor.
Mas Zacarias volta a falar do Verbo
encarnado: “Graças à misericordiosa compaixão do nosso Deus, o sol que nasce do
alto nos visitará”. Jesus é como o sol que vence as trevas da noite e ilumina
toda a terra. Que bom se saíssemos da sombra e nos deixássemos iluminar e
aquecer por esse sol!
“Para iluminar os que jazem nas trevas e
nas sombras da morte.” Ao vermos as luzes do Natal brilhando em toda parte,
lembremo-nos de que somos portadores da luz de Cristo, especialmente para iluminar
os que jazem nas trevas e sombras da morte.
Nós devíamos ser como aquelas tomadas
fosforescentes. Elas recebem a luz durante o dia e a guardam. À noite, elas
brilham para que as pessoas possam vê-las mesmo no escuro.
Natal é a festa da esperança. O nascimento
de Jesus foi e é uma nova esperança: a nossa vida e o mundo têm conserto,
porque Deus veio visitar o seu povo.
“E dirigir nossos passos no caminho da
paz.” Nós queremos ter paz e ser instrumentos de paz.
Vamos olhar o nascimento de Jesus assim,
com os olhos de Zacarias. Mas sem cair na fraqueza dele, tendo dúvidas a
respeito da ação divina.
Certa vez, um rapaz estava caindo num
barranco e se agarrou às raízes de uma árvore. Em cima do barranco havia um
leão querendo devorá-lo.O leão rosnava e mostrava os dentes. Embaixo, prontas
para engoli-lo quando caísse, estavam nada menos que seis onças.
Ele erguia a cabeça, via o leão;
abaixava a cabeça, via as onças miando e de olhos fitos nele. Em determinado
momento, ele olhou para o lado e viu um morango vermelho, madurinho e cheiroso.
Com grande esforço, conseguiu apanhar o morango, levou-o à boca e se deliciou
com o seu sabor doce e suculento. Foi um grande prazer comer aquele morango tão
gostoso.
Agora você me pergunta: E o leão?
Dane-se! Esqueça o leão e as onças e coma os morangos, pois Deus visitou e
redimiu o seu povo. Deus veio nos visitar, vamos soltar-nos em suas mãos!
Que Maria Santíssima, Zacarias, Isabel e
João Batista intercedam por nós, para que celebremos bem o nascimento de Jesus.
O sol que nasce do alto nos visitará.
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