Apesar das gloriosas descobertas dos segredos do mundo material (p.ex. a
“partícula de Deus”), a vida é uma forma superior da matéria. Se ela
existe em outros astros, não o sabemos, por enquanto. Mas em nosso
planeta terra, ela é a grande bênção de Deus.
O que impressiona é a imensa variedade de seres vivos, sua
originalidade, as surpresas de sua organização, a abundância de
espécies.
O próprio Criador, pelo fato de a vida ser um dom efêmero, prescreve ao rei da criação (que está no seu topo), que a proteja: “encham as águas do mar e que as aves se multipliquem sobre a terra” (Gen 1, 22). Por isso, à primeira vista, parece uma contradição quando o Senhor permite ao homem: “poderás comer destes animais...” (Dt
14, 3). É que o homem é o único ser vivo que não foi criado para ser
usado pelos outros. Ele tem finalidade em si. Mas não deve destruir ou
exterminar nenhum ser vivo, e sim, usá-lo e conservá-lo.
Sempre foi característica da Igreja, procurar
defender a vida. Se houve alguma vacilação, durante esses 20 séculos,
sobre a legitimidade da tortura, ou sobre guerras de conquista, isso
foi inteiramente superado. A vida do ser humano merece apoio total. Por
isso, pelas lições do evangelho, devemos curar os doentes, através de
um organizado serviço à saúde. Os encarcerados devem ter condições de
vida que não lhes roube a dignidade humana, e os possa recuperar para a
sociedade.
A defesa da vida dos nascituros, seres passíveis
de ataques sem chance de fuga, permanece como um programa permanente. A
Igreja denuncia que a falta de respeito pelas crianças inocentes,
encoraja os bandidos a matar e assaltar os adultos. No entanto, a
defesa da vida total vai muito mais longe. Unindo-nos a Cristo, queremos
aceitar a oferta da “vida em plenitude” que nos vem da Trindade Santa.
O ser humano é o único ser vivente que pode
participar da vida na Família Divina. Pode ficar em seu interior, pela
vida da graça. “Pela graça sois salvos, mediante a fé” (Ef
2, 8). Este é o desejo mais profundo de nossos corações (muitas vezes
inconsciente), para alcançarmos a felicidade, e nos sentirmos repletos
de realização.
DOM ALOÍSIO ROQUE OPPERMANN
SCJ ARCEBISPO DE UBERABA, MG
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