O
filme ‘Cristiada’, o mais assistido hoje no México e mostra uma
realidade desconhecida por muitos católicos: revela o testemunho
impressionante dos mártires da revolução mexicana de 1926. Foi uma
revolução contra a Igreja católica e que fez muitos mártires.
O jovem ator de 14 anos, Maurício Kuri,
interpreta o mártir mexicano José Luis Sánchez del Rio, da mesma idade;
incentivou os católicos de todo o mundo a defender a liberdade
religiosa, como fizeram os fiéis do México durante a Guerra Cristera”:
“O que está acontecendo, hoje, com a Igreja, diante dos ataque à
liberdade religiosa, é algo que acontecerá no final dos tempos. Sou
católico e não me envergonho, estou orgulhoso de sê-lo e de defender o
Cristianismo. Há uma frase, no filme, que eu adoro: Quem é você se não
se levanta e se põe de pé para defender o que acredita?”.
‘Cristiada’ narra a história da Guerra
Cristera, no México, desatada pela legislação anticlerical de 1926 e
pela perseguição contra a Igreja Católica pelo então presidente Plutarco
Elías Calles.
As leis proibiram as ordens religiosas,
suprimiram a Companhia de Jesus e seus colégios, impuseram a deportação e
o encarceramento dos bispos ou sacerdotes que protestassem. Privaram a
Igreja dos direitos de propriedade e negaram liberdade civil aos
sacerdotes, incluindo o direito a um julgamento com um jurado e o
direito a voto. A cristandade mexicana sustentou uma luta de três anos
contra os sem-Deus da época. Os laicistas da Reforma impuseram a
liberdade para todos os cultos, exceto o católico, submetido ao controle
do Estado.
O Papa Pio IX condenou essas medidas,
assim como Pio XI expressou sua admiração pelos “cristeros”. Um mês
depois, este Pontífice publicou a encíclica “Iniquis afflictisque”, na
qual denunciou as agressões sofridas pela Igreja no México: “Já quase
não resta liberdade alguma à Igreja [no México], e o exercício do
ministério sagrado se vê de tal maneira impedido, que é castigado, como
se fosse um delito capital com penas severíssimas”.
O Papa elogiou, com entusiasmo, a “Liga
Nacional Defensora de la Libertad Religiosa”, espalhada “por toda a
República, na qual seus membros trabalharam, assiduamente, com o fim de
ordenar e instruir a todos os católicos para opor aos adversários uma
frente única e solidíssima”. Ele se comoveu ante o heroísmo dos
católicos mexicanos: “Alguns destes adolescentes, destes jovens – como
conter as lágrimas ao pensá-lo – foram lançados à morte com o rosário na
mão, ao grito de Viva Cristo Rei! Inenarrável espetáculo que se oferece
ao mundo, aos anjos e aos homens”.
López Beltrán, considerando os anos
1926-1929, dá o nome de 39 sacerdotes assassinados, de um diácono e seis
religiosos. Guillermo Havers nomeia os 46 sacerdotes diocesanos
executados no mesmo período de tempo (“Testigos de Cristo en México,
205-8″). Muitos desses padres pertenciam à arquidiocese de Guadalajara
ou à diocese de Colima.
Em 22 de novembro de 1992, João Paulo II
beatificou vinte e dois desses sacerdotes diocesanos mártires,
destacando que “sua entrega ao Senhor e à Igreja era tão firme que,
ainda tendo a possibilidade de se ausentar de suas comunidades durante o
conflito armado, decidiram, a exemplo do Bom Pastor, permanecer entre
os seus para não privá-los da Eucaristia, da Palavra de Deus e do
cuidado pastoral. A Conferência do Episcopado Mexicano, no livro “Viva
Cristo Rei!” (México, 1991), dá-nos biografias dos 25 mártires que foram
beatificados.
“A solenidade de hoje [Cristo Rei]“,
destacada por João Paulo II na cerimônia de beatificação, instituída
pelo Papa Pio XI, precisamente quando era mais vigorosa a perseguição
religiosa do México, penetrou muito fundo naquelas comunidades
eclesiásticas e deu uma força particular a esses mártires, de maneira
que, ao morrer, muitos gritavam: ‘Viva Cristo Rei!’”.
A todos se deve acrescentar o nome do
padre jesuíta Miguel Agustín Pro Juárez, beatificado pelo Papa João
Paulo II em 25 de setembro de 1988. Por ocasião de um atentado contra o
presidente Obregón, foram aprisionados e executados os autores do golpe,
e, com eles, também eliminados o Padre Pro e seu irmão Humberto, os
quais eram inocentes (23-11-1927).
Robert Roya, em “The Catholic Martyrs of
The Twentieth Century” (pag.17-18) [Os mártires católicos do século XX]
traz um relato impressionante:
“Dos mártires daqueles dias, nenhum
chamou tanto a atenção do público, no México e no resto do mundo, como o
Jesuíta Miguel Agustín Pro. Este foi morto por um pelotão de
fuzilamento em frente das câmeras dos jornais que o governo trouxera
para gravar o que esperava ser o constrangedor espetáculo de um padre
implorando por misericórdia. Foi uma das primeiras tentativas modernas
de usar a mídia para a manipulação da opinião pública com propósitos
antirreligiosos. Mas, ao invés de vacilar, Pro demonstrou grande
dignidade, pedindo apenas a permissão de rezar antes de morrer. Após
alguns minutos de prece, levantou-se, ergueu seus braços em forma de
cruz – uma tradicional posição de oração mexicana – e, com voz firme,
nem desafiante nem desesperada, entoou, de forma comovente, palavras
que, desde então, tornaram-se famosas: ‘Viva Cristo Rei’.
“Longe de ser um triunfo da propaganda
para o governo, as fotografias da execução de Pro tornaram-se objeto de
devoção católica no México e de constrangimento do governo por todo o
mundo. Oficiais tentaram suprimir sua circulação, declarando a mera
posse de tais fotos um ato de traição, mas não obtiveram sucesso.”
“Dios mío, ten misericordia de ellos.
Dios mío, bendícelos. Señor, tu sabes que soy inocente. Con todo mi
corazón perdono a mis enemigos” [Deus meu, tende misericórdia deles.
Deus meu, abençoai-lhes. Senhor, tu sabes que sou inocente. Com todo meu
coração, perdoo a meus inimigos].
“O pelotão dispara. Ouve-se ainda as
últimas palavras de Pro, firmes, devotas: “Viva Cristo Rei!”. Eis o
brado dos cristeros. Futuramente, o exército callista cortaria a língua
dos mártires para que, ao morrer, não confessassem Cristo”.
“Pro cai, mas não morre. Um soldado
aproxima-se dele e lhe dá o último tiro”. Podemos dizer por padre Pro:
“Muero, pero Dios no muere!” [Morro, mas Deus não morre!].
Prof. Felipe Aquino
Prof. Felipe Aquino
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