terça-feira, 27 de maio de 2014

Os títulos da Realeza de Maria



FATIMAA Mãe do Rei
Os títulos pelos quais podemos chamar Nossa Senhora de Rainha, são os mesmos de Cristo.
Na ordem sobrenatural a graça coloca Maria tão acima de toda criatura, que não pode deixar de ser a Rainha natural do mundo (incluídos homens e Anjos)
A isto, porém, deve se acrescentar, como sempre, o título jurídico de sua maternidade, fonte de todas suas prerrogativas e funções. Maria é a Mãe do Rei e deve desfrutar das honras de Rainha-Mãe.
E ainda nos deteremos numa ideia: Cristo é Rei graças a Maria.
A arte medieval e, sobretudo, a bizantina, apresenta as figuras do Criador e do Pai com o atributo real da coroa. Com isso significa o poder. Porém, temos ouvido que se diga alguma vez: o Pai, Rei, o Filho ou o Espírito Santo Reis? Não. Este título se reservou a Cristo.
Por que? Porque é um absurdo jurídico ser rei de um país sem participar de sua nacionalidade. É certo que, por exceção, foram eleitos monarcas oriundos do estrangeiro, mas todos eles se nacionalizaram previamente no país em que haviam de reinar. Para ser rei dos espanhóis há que ser espanhol, para sê-lo dos franceses cumpre ser francês. Para ser rei dos homens, há que ser homem. Por isso não se diz nunca do Espírito Santo que seja Rei, e o mesmo Verbo necessitou fazer-se homem e chamar-se Cristo – nome do Verbo humanado – para receber tal título.
Ora Maria é a fonte da humanidade de Cristo, logo a Ela se deve o fato de uma das condições necessárias para o reinado de Cristo. (…)
Rainha por direito de conquista
Recordemos o segundo título de Cristo. Maria foi associada à Redenção.
A beatíssima Virgem foi tomada para auxílio na salvação e consorte no reino, pois só Ela compadeceu com Ele. (…) E, portanto, só Ela obteve o consórcio no reino (cfr. Santo Alberto Magno, Mariale, resp. ad qq. 26-43)
Se a maternidade divina é o fundamento radical da realeza mariana, sua compaixão é o mérito da mesma.
Pensamento semelhante é o de outro ilustre mariólogo:
Quando ouvimos Jesus prometer a seus apóstolos de os fazer – porque O seguiram se serviram – poderosos em seu reino celeste (Mt. XIX, 27-28), pensamos que Aquela da qual Ele recebeu, do berço à sepultura, do presépio do Calvário, um incomparável auxílio, em recompensa deve ser o primeiro personagem e a mais alta influência, depois d’Ele, nos céus. Compreendemos que Ela seja glorificada e exaltada com Ele, na proporção em que com Ele foi humilhada e martirizada. (…)PerpetuoSocorro
Maria participou estreitissimamente e de maneira muito especial, nas grandezas e nas humilhações de Jesus Cristo, para não ser com Ele coroada de glória e de honra, elevada com Ele acima dos próprios Anjos, partilhando sua soberania, Rainha-Mãe ao lado do Rei seu Filho.
De estirpe real
O outro título PE ainda a Santíssima Virgem verdadeiramente Rainha: pertence Ela a uma raça de reis. Ouçamos o Pe. Jourdain:
Abundam, neste sentido, os mais autênticos testemunhos. A começar pelo historiógrafo divino (São Mateus, I, 1-17): Livro da genealogia de Jesus Cristo, filho de David, filho de Abraão. Abraão era rei; foi o que deu origem a uma longa sequência de monarcas. Depois Isaac e Jacob até David, foram reis de fato embora não portassem este nome. A partir de David, houve numerosos reis de nome e de fato: reis escolhidos por Deus e postos por Ele sobre o trono. O próprio Abraão recebeu o cetro de suas mãos. As seguintes palavras do Gênese (XII, 2) exprimem bem a transmissão do poder soberano: “Farei sair de vós um grande povo e Eu o abençoarei. Tornarei vosso nome célebre e sereis abençoado.”
David e seus sucessores eram reis, não se o pode contestar. Ora, a Bem-aventurada Virgem Maria descende de David, como nos diz São Mateus. Ele não é o único a dizê-lo. Isaías profeta (XI, 1), igualmente o proclama, quando diz: Sairá um rebento do talo de Jessé, par de David, e uma flor nascerá de sua raiz. O rebento de Jessé é bem a gloriosíssima Virgem Maria; de sua raiz, quer dizer, de seu seio virginal, saiu Nosso Senhor Jesus Cristo,era flor divina de suave e incomparável odor. A Igreja admite esta interpretação, quando, no Ofício da Anunciação, ela aplica a Jesus e a Maria esse texto do Profeta. No Ofício da Natividade da Santíssima Virgem, encontramos essas palavras: “Natividade da gloriosa Virgem Maria, da raça de Abraão, descendente da trino de Judá e da célebre família de David. E pouco depois: “Maria, saída de uma raça real, brilha de um grande fulgor”. Donde podemos concluir, sem receio de engano, que Maria descende do santo Rei David, que Ela provém da estirpe de Jessé.
E Evangelho conforma os oráculos dos Profetas e os ensinamentos da Igreja Católica. As duas genealogias de Nosso Senhor, das quais uma pelo menos é a de Maria, remontam a David e O fazem descender deste Rei. Ora, não era suficiente, para que Jesus fosse efetivamente o Filho de David, que José pertencesse a esta família. Cumpria, sobretudo, e era absolutamente indispensável que Maria descendesse, como Ele, do Santo Rei, pois somente d’Ela tomou Jesus sua humanidade, e só Ela Lhe podia transmitir os direitos de David ao mesmo tempo que seu sangue real.
A ASSUNÇÃO DE MARIA AO CÉUOração a Maria Rainha
Na solene cerimônia da proclamação da Realeza de Maria, no dia 1 de Novembro de 1954, o Papa Pio XII formulou a seguinte oração (concedendo quinhentos dias de indulgência, todas as vezes que recitada devotamente).
Das entranhas desta terra de lágrimas, em que a humanidade sofredora penosamente se arrasta; entre as vagas deste nosso mar perenemente agitado pelos ventos das paixões, elevamos os olhos a Vós, ó Maria, Mãe estremecida, para reconfortar-nos contemplando a vossa glória, e para aclamar-Vos Rainha e Senhora dos Céus e da Terra, Rainha e Senhora nossa.
Com legítimo orgulho de filhos queremos exaltar esta vossa realeza e reconhecê-la como a suma excelência de todo o vosso ser, ó dulcíssima e verdadeira Mãe d’Aquele que é Rei por direito próprio, por herança, por conquista.
Reinai, ó Mãe e Senhora, mostrando-nos o caminho da santidade, dirigindo-nos e assistindo-nos, a fim de que dele não nos afastemos jamais.
Do mesmo modo que exerceis no alto do Céu o vosso primado sobre as milícias dos Anjos, que Vos aclamam sua Soberana; sobre as legiões dos Santos, que se deleitam na contemplação da vossa fúlgida beleza; assim também reinai sobre todo o gênero humano, particularmente abrindo os caminhos da fé a quantos ainda não conhecem o vosso Divino Filho.
Reinai sobre a Igreja, que professa e celebra o vosso domínio e a Vós recorre como a refúgio seguro, em meio às calamidades dos nossos tempos. Mas reinai especialmente sobre aquela porção da Igreja que é perseguida e oprimida, dando-lhe a fortaleza para suportar as adversidades, a constância para não se dobrar sob as injustas pressões, a luz para não cair nas insídias do inimigo, a firmeza para resistir aos ataques a descoberto, e em todos os momentos a inquebrantável fidelidade ao vosso Reino.
Reinai sobre as inteligências, a fim de que busquem unicamente a verdade; sobre as vontades, a fim de que procurem somente o bem; sobre os corações, a fim de que amem exclusivamente o que Vós mesma amais.
Reinai sobre os indivíduos e sobre as famílias, assim como sobre as sociedades e as nações; sobre as assembleias dos poderosos, sobre os conselhos dos sábios, do mesmo modo que sobre as aspirações simples dos humildes.
Reinai nas ruas e nas praças, nas cidades e nas aldeias, nos vales e nos montes, no ar, terra e no mar.
E acatai a piedosa oração de quantos sabem que o vosso reino é reino de misericórdia, onde toda súplica encontra acolhida, toda dor conforto, toda desgraça alívio, toda enfermidade saúde, e onde como que a um simples aceno de vossas suavíssimas mãos, da própria morte ressurge sorridente a vida.
Concedei-nos que aqueles que agora em todas as partes do mundo Vos aclamam e reconhecem como Rainha e Senhora, possam um dia no Céu gozar da plenitude do vosso Reino, na visão de vosso Filho, que com o Padre e o Espírito Santo vive e reina pelos séculos dos séculos. Assim seja!
(Documentos Pontifícios, Vozes, 1955, n° 110, pp,. 23-24)
(CLÁ DIAS, JOÃO. Pequeno Ofício da Imaculada Conceição Comentado. Artpress. São Paulo, 1997, pp. 433-435)

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