Com
relação à data em que acontecerá a renovação do mundo e a inauguração
definitiva do Reino de Deus, ninguém sabe e não devemos especular a
respeito. Muitos se enganaram sobre isto e levaram muitos outros ao
engano e ao desespero. Até grandes santos da Igreja erraram neste ponto.
Podemos citar alguns exemplos:
São Hipólito de Roma (+235) - chegou a afirmar que o final do mundo seria no ano 500.Santo Irineu (+202) - confirmava a tese do Os. Barnabé, de que o final seria no ano 6000 após a criação do mundo…
Santo Ambrósio (+397) e São Hilário de Poitres (+367) - apoiaram a mesma tese anterior.
São Gaudêncio de Bréscia (+405) - indicava o ano 7000 após a criação.
No século V, com a queda de Roma (476), S. Jeronimo (+420), São João Crisóstomo (+407), São Leão Magno (+461), defendiam que face à queda de Roma, o fim do mundo estava próximo…
No século VI e VII, São Gregório Magno (+604) afirmava como próxima a vinda de Cristo…
Muitas vezes as profecias sobre a vinda de Cristo iminente são sugeridas pela necessidade que temos de encontrar uma “saída” para os tempos difíceis em que se vive. Por isso a Igreja é muito cautelosa nesse ponto, e sempre nos lembra:
At 1,7 – “Não toca a vós ter conhecimento dos tempos e momentos que o Pai fixou por sua própria autoridade”.
Mc 13,32 – “Quanto àquele dia e àquela hora, ninguém os conhece, nem mesmo os anjos do céu, nem mesmo o Filho, mas, sim, o Pai só”.
Santo Agostinho interpreta essa passagem dizendo que Jesus diz não saber esta data, porque está fora do depósito das verdades que Ele veio revelar aos homens; não pertence à sua missão de Salvador revelar essa data (In Ps 36 Migne 36,355).
O Magistério da Igreja quer que se respeite essa vontade de Deus de deixar oculta aos homens essa data.
No Concílio Universal de Latrão V, em 1516, foi decretado:
“Mandamos a todos os que estão, ou
futuramente estarão incumbidos da pregação, que de modo nenhum presumam
afirmar ou apregoar determinada época para os males vindouros para a
vinda do Anticristo ou para o dia do juízo. Com efeito a Verdade diz:
“Não toca a vós ter conhecimento dos tempos e momentos que o Pai fixou
por Sua própria autoridade. Consta que os que até hoje ousaram afirmar
tais coisas mentiram, e, por causa deles, não pouco sofreu a autoridade
daqueles que pregam com retidão. Ninguém ouse predizer o futuro apelando
para a Sagrada Escritura, nem afirmar o que quer que seja, como se o
tivesse recebido do Espírito Santo ou de revelação particular, nem ouse
apoiar-se sobre conjecturas vãs ou despropositadas. Cada qual deve,
segundo o preceito divino, pregar o Evangelho a toda a criatura,
aprender a detestar o vício, recomendar e ensinar a prática das
virtudes, a paz e a caridade mútuas, tão recomendadas por nosso
Redentor”.
Em 1318, o Papa João XXII, condenando os erros dos chamados Fraticelli disse:
“Há muitas outras coisas que esses
homens presunçosos descrevem como que em sonho a respeito do curso dos
tempos e do fim do mundo, muitas coisas a respeito da vinda do
Anticristo, que lhes parece estar às portas, e que eles anunciam com
vaidade lamentável. Declaramos que tais coisas são, em parte,
frenéticas, em parte doentias, em parte fabulosas. Por isso nós os
condenamos com os seus autores em vez de as divulgar ou refutar” (Curso
de Escatologia – D. Estevão Bettencourt, págs. 123 / 124).
Prof. Felipe Aquino
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