Apesar de um aparente pessimismo de um mundo melhor, devido à realidade
de tantos desmandos, injustiças, males e desacertos humanos, como o
trafico e exploração de pessoas, políticos e políticas nem sempre
acertadoras no benefício à coisa pública, felizmente o bem vence. Este é
potencializado e fundamentado naquele que, da cruz e sepultura,
ressurgiu vitorioso. Com ele os pequenos ganham vez. Os pobres são
promovidos. A vida tem sentido. A morte é superada. Os sofrimentos são
instrumentos de regeneração. O Evangelho se torna fermento e luz. Todos
podem enxergar o rumo novo trazido pelo caminho que leva à vida plena.
Não à toa Paulo lembra que a liberdade surge com Aquele que nos torna
livres: "É para a liberdade que Cristo vos libertou" (Gálatas 5,1).
A
Páscoa de Jesus sustenta toda sua missão, razão de seu envio pelo Pai.
Afinal, Ele nos prova estar acima até da morte. Fundador de religião
nenhum é capaz de vencer a morte e dar condição de alguém extrapolar a
condição de ser terreno para a vida com o Divino! A superação da morte é
o maior desafio humano. Quanta coisa se faz na vida presente! Quanto
dinheiro acumulado e, até mesmo diplomas, projeção pessoal, conforto
material, projetos mirabolantes, construções intermináveis, mansões
construídas, planos de vida para a terra, pensados na vida eterna aqui!
Tudo, porém, é passageiro. A morte, a sepultura e a vida presente estão
só presentes na dimensão desta história! Com a ressurreição do Mestre
tem sentido tudo na terra, se for realizado no caminho dele, o de amor,
doação, justiça, oblatividade, misericórdia, perdão e colaboração com a
superação de todo mecanismo de morte e exploração do semelhante,
principalmente dos mais deixados de lado no convívio social!
De
ora em diante a morte não é a última palavra e sim a vida. Paulo diz:
"Quando Cristo, vossa vida, parecer em seu triunfo, então vós
aparecereis também com ele, revestidos de glória" (Atos 10, 4). O mesmo
apóstolo afirma que seremos semelhantes a Cristo também pela
ressurreição (Cf. romanos 6,5). Desta maneira, nossa vida, quando vivida
no seguimento ao Filho de Deus, torna-se plenamente realizadora, na
certeza de termos o resultado do sacrifício feito para darmos nossa vida
pelo bem do semelhante. É como adquirirmos a caução pelo investimento
feito em bem de um tesouro para todo o sempre. Já nesta vida somos
agraciados pelo bem estar de realizarmos com entusiasmo e alegria nosso
trabalho, sabendo do bem que fazemos e do tesouro acumulado com esse
resultado. É o mesmo que vivermos uma Páscoa diuturna, realizando a
renúncia pelo bem realizado e tendo a certeza da vitória com o resultado
conquistado. Nada é motivo de decepção na dinâmica do amor vivenciado,
com o esforço da promoção do bem do próximo e da comunidade.
A
Páscoa de Jesus nos seja a base para a realização de um projeto de vida
novo, com a novidade da certeza da vitória com Ele! Somos estimulados a
ajudar os outros a também viverem essa Páscoa para a alegria de todos!
Dom José Alberto Moura
Arcebispo de Montes Claros (MG)
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