quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Devoção à Sta. Rita de Cássia é tema de longa-metragem

Os festejos à santa superam a devoção à padroeira da cidade, o que motivou cineasta a contar a história na tela
Redenção. Desde 1917 acontece, anualmente, neste município a maior festa religiosa do Maciço de Baturité e uma das maiores do Ceará. Trata-se do novenário de Santa Rita de Cássia, a santa das causas impossíveis, que apesar de não ser a padroeira do município, recebe a maior festa e tem também o maior número de devotos na cidade. O novenário acontece de 12 a 22 de setembro.

Nesse período, muitos visitantes vem à cidade para pagarem promessas e participarem da festa. Este ano tem uma novidade: o ator, produtor, roteirista e diretor Cássio Araújo, rodará nesse período o seu primeiro longa metragem - "Rita de Redenção" - cujo tema é os festejos de Santa Rita e a religiosidade do povo.

A padroeira de Redenção é Nossa Senhora da Imaculada Conceição, mas a grande festa religiosa da cidade, que movimenta grande número de fiéis locais e atrai pessoas de todo o Estado, é o tradicional novenário de Santa Rita.

E é essa realidade religiosa que Cássio Araújo, natural do município, contará em seu primeiro longa, com muita propriedade, já que a religiosidade é também, segundo o próprio diretor, arraigada em sua própria história e vida.

"Nasci aqui, vendo e vivendo a devoção à Santa Rita em casa, devido à devoção de minha mãe. Cresci vendo isso na cidade e fica muito forte na nossa própria história. Lembro que quando o parque de diversões chega à cidade, uma semana antes da festa, fato que acontece até hoje, a cidade já muda e começa a viver o clima da festa", conta Araújo.

A festa em homenagem à Santa Rica de Cássia, na cidade, tem dois diferenciais. A data de comemoração à santa em todos os locais é 22 de maio. Em Redenção, o novenário em devoção à santa acontece em setembro, de 12 a 22, devido ser a época da colheita. Outro aspecto interessante é o fato da santa não ser a padroeira da cidade e ainda assim ganhar uma festa maior do que a da padroeira N. Sra. da Imaculada Conceição.

Conforme Araújo, a história - que também é enfocada na película - vem de um padre que residia na cidade por volta de 1915. Ele teve problemas visuais e, em uma viagem à Roma com o bispo, foi curado de um olho. Santa Rita de Cássia havia sido santificada em 1900 e o padre tinha feito uma promessa a ela, pedindo a intercessão pela sua cura. Em troca do milagre, construiria uma capela ao retornar para Redenção.

Curado, o padre trouxe a imagem e um sino, construiu a capelá no Morro do Santo Cruzeiro. Daí deu início ao novenário, em 1917. Até os dias de hoje, a imagem original se encontra na capela - um dos cartões postais da cidade - e a veneração é realizada anualmente, tal como naquela época. "A imagem fica o ano inteiro na capela e no dia 12 de setembro é realizada uma missa campal. A imagem vem em procissão para a Igreja Matriz da Imaculada Conceição, que empresta a sua grande mansão para Santa Rita de Cássia, cuja capela é pequena. Depois dos dias de novena, a imagem volta em procissão para a capela. No longa conto tudo isso, essa história real com toda a religiosidade do povo presente ao longo desses anos de devoção", destaca Araújo.

Ficção

O longa - que será lançado no final deste ano em praça pública na cidade - contará com depoimentos de pessoas que alcançaram graças com a santa e também com uma parte ficcional de uma personagem chamada Rita, que tem uma estória de vida sofrida como a da própria santa, que sofria maus tratos do marido, segundo é revelado.

Permearão a história depoimentos em que as devotas se recusam a aparecerem e que por isso, atrizes interpretarão, no sentido de não omitir a realidade dos fiéis. Para isso, o diretor conta com a participação de várias atrizes que terão seus depoimentos fundindo-se com os depoimentos de não atores. Entre as atrizes, Antonieta Noronha e Leuda Bandeira, excelentes atrizes cearenses, premiadas nacionalmente no cinema.

Araújo destaca também a atenção da população de Redenção, que participa ativamente no apoio a pesquisa e na produção. Ele conta em seu currículo com a direção do curta metragem "Doce Amargo Infinito" em 2006, o qual passou por 15 festivais de cinema nacional e um internacional em Porto, Portugal, e vencedor de nove prêmios. Produtor do Cine Ceará nos anos de 1997 a 2000, secretário de Cultura de Redenção e atua no teatro desde 1991, tendo sido dirigido por diretores como Marcelo Costa, Walden Luiz, Carri Costa, João Falcão, entre outros.

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