Algumas pessoas me perguntam: por que Deus nos fez livres, sabendo que o homem iria usar mal dessa liberdade e cometeria o pecado? Essa questão é muito importante.
Para nos fazer belos, criados “à sua imagem e semelhança” (Gn 1,26), Deus nos dotou de muitos dons que não deu aos animais: antes de tudo as mãos e a inteligência. Com as mãos construímos o que a inteligência elaborou. E ainda nos deu a liberdade, vontade, memória, inteligência, consciência, capacidade de amar, cantar, sorrir, chorar… Nenhum irracional tem isso.Deus não podia nos ter feito melhores enquanto criaturas, pois Ele não olhou um “modelo” fora Dele para nos criar, mas “entrou dentro Dele mesmo” e O tomou como modelo para nos criar.
De todas as faculdades que Deus nos deu, a que mais nos assemelha a Ele é a liberdade; nenhuma outra criatura no mundo a tem. Podemos até dizer a Deus, como os anjos maus: “não vos servirei!” (Jer 2, 20). E Deus respeita. Esses anjos maus foram criados bons e belos, mas, usando mal da liberdade quiseram ser como Deus, não se aceitaram como belas criaturas apenas. É o orgulho! O pior pecado. O pecado é o abuso da liberdade dizia Santo Agostinho. Deus não nos deu liberdade para fazer o mal, mas só o bem.
Tirar a liberdade do homem, como fazem os países comunistas, é tirar-lhe a dignidade; é baixar-lhe ao nível de animal irracional. Por isso esses países sucumbem inexoravelmente. Deus quer que o amemos e sirvamos, mas, livremente. Ninguém aceita ser amado na marra. A nossa liberdade explica a triste história do pecado que destruiu o plano de Deus e que Jesus veio recuperar com sua Morte e Ressurreição. Se Deus não nos desse liberdade, a ponto de pecar, não seríamos imagem Dele, maravilhosos, e sim apenas robôs, marionetes e teleguiados. Ele não quis assim.Deus aceitou “correr o risco” de nos fazer livres, mesmo sabendo que Ele teria que aceitar a morte do Seu Filho na Cruz para nos salvar. O Criador, em sua sabedoria e bondade, viu que assim era bom. Um mistério de Seu amor que não podemos entender até o fim.
São Paulo diz que “É para a liberdade que Cristo nos libertou” (Gal 5,1). “Vós fostes chamados à liberdade irmãos. Entretanto que a liberdade não sirva de pretexto para a carne, mas, pela caridade, colocai-vos a serviço uns dos outros” (Gal 5,13).
O que nos rouba a liberdade, mais que as cadeias de ferro, são as cadeias do pecado. “Não sabeis que oferecendo-vos a alguém como escravos para obedecer, vos tornais escravos daquele a quem obedeceis, seja do pecado que leva à morte, seja da obediência que conduz à justiça?” (Rom 6,16)
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