sexta-feira, 13 de setembro de 2013

O que você escolhe: lutar ou fugir?


caminho9“O gênero humano”, disse o poeta T.S. Eliot, “não suporta muita realidade”. Não precisamos ir longe para encontrar provas dessa afirmação. Hoje, as pessoas fogem da vida real, uma a uma, retirando-se para suas distrações particulares. As rotas de fuga vão das drogas e do álcool aos romances de ficção e jogos de realidade virtual.
O que a realidade tem que a humanidade acha tão insuportável? A enormidade do mal, sua aparente onipresença e seu poder, e nossa evidente incapacidade de fugir dele – na verdade, nossa incapacidade de perpetrar o mal. O inferno, ao que parece, está em toda parte – em imitação barata da onipresença de Deus -, ameaçando nos consumir, nos sufocar.
Essa é a realidade que não suportamos. Contudo, é a dura e terrível realidade que João descreveu, sem hesitar, no Apocalipse. As bestas de João assomam monstruosas, além da mais medonha visualização de Hollywood, estalando as mandíbulas para as presas mais inocentes e vulneráveis: uma mulher grávida, um bebê. Desprezam a natureza e a graça, a Igreja e o Estado. Varrem um terço das estrelas do céu. São o poder por trás do trono das nações e dos impérios. Fortalecem-se com a imoralidade das pessoas que seduzem; embriagam-se com o “vinho” da prostituição, da ganância e do poder abusivo de suas vítimas.
Ao enfrentar essa oposição, precisamos escolher: lutar ou fugir. É um instinto humano básico. Além disso, depois de uma avaliação superficial de nossos recursos aparentes, e dos recursos aparentes do inimigo, “fugir” parece ser a escolha razoável. Entretanto, segundo os mestres espirituais, a fuga não é opção real. Em sua clássica obra O combate espiritual, Dom Lorenzo Scupoli escreveu: “Esta guerra é inevitável e é preciso lutar ou morrer. A obstinação dos inimigos é tão ameaçadora que a paz e a arbitragem são completamente impossíveis”. Em suma: fugimos do mal, mas não conseguimos nos esconder.
Além disso, não subimos ao céu se fugimos do combate. Deus nos destinou- a nós, Igreja- a ser a esposa do Cordeiro. Contudo, não governamos sem antes vencer as forças que se opõem a nós, aos poderes que são pretendentes ao nosso trono.
O que vamos fazer? Devemos olhar a nossa volta, depois de erguer o véu da simples visão humana. João revela a notícia mais estimulante para os cristãos em combate. Dois terços dos anjos estão do nosso lado, lutando com constância enquanto dormimos. São Miguel Arcanjo, o mais feroz guerreiro do céu, é nosso aliado incansável e imbatível. Todos os santos do céu clamam constantemente a Deus por nossa defesa. E no fim- o mais estimulante de tudo- nós vencemos! João vê o combate da perspectiva da eternidade; assim, ele revela o fim tão brilhantemente quanto descreve as perdas. As batalhas devastam tão encarniçadamente que os rios ficam vermelhos como sangue e corpos apodrecem amontoados nas ruas. Porém, os vitoriosos entram em uma cidade com rios que correm com água da vida e com sol que nunca se põe.
Leia novamente o padre Scupoli: “Se a fúria dos inimigos é grande e seu número esmagador, o amor que Deus tem por você é infinitamente maior. O anjo que o protege e os santos que intercedem por você são mais numerosos”.
*HAHN, S. O banquete do Cordeiro: a missa segundo um convertido. 11ª edição. São Paulo: Ed. Loyola, 2009.
*Um dos livros de Scott Hahn, um renomado professor de teologia e de Escritura na Universidade Franciscana em Steubenville, nos Estados Unidos, fundador e dirigente do Institute off Applied Biblical Studies, é o “Banquete do Cordeiro”, no qual revela um segredo duradouro da Igreja: a chave dos cristãos para entender os mistérios da missa.
O autor explora o mistério da Eucaristia com os olhos novos e fala da missa como um poderoso dama sobrenatural, no qual o sacrifício real do Cordeiro traz o céu à terra. Hahn era protestante calvinista e quando se pôs a estudar sobre a vida dos primeiros cristãos, se aproximou da Eucaristia.

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