sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Que Ele cresça e eu desapareça

gota_digitalvision1São João Batista, melhor do que ninguém, expressou com sua vida e palavras como deve ser um mensageiro do Senhor. Todo aquele que luta pelo reino de Deus na terra, deve dizer, como João “Importa que ele cresça e que eu diminua” (Jo 3,30), como complemento ao versículo anterior: “Nisso consiste a minha alegria, que agora se completa” (Jo 3,29c). João Batista se referia, é claro, a Jesus, Ele era o que o profeta anunciara “a voz que clama do deserto” (cf. Is 40,3), o precursor de Jesus, “a fim de preparar o Seu caminho” (cf. Mc 1,2).
A missão que João recebera de Deus, desde que estava no seio de Isabel, era de proclamar o Senhor: Por isso falou: “Esta é a minha alegria e ela é completa” (citação livre de Jo 3,29c). O próprio anjo Gabriel dissera a seu pai Zacarias: “Ele será grande diante do Senhor; ficará pleno do Espírito Santo ainda no seio de sua mãe e converterá muitos dos filhos de Israel ao Senhor; seu Deus. Ele caminhará à sua frente, com o espírito de Elias, para preparar ao Senhor um povo bem disposto” (citação livre de Lc 1,11-17). E João, ainda no ventre materno, ficou repleto do Espírito Santo. Quando Maria saudou Isabel, João estremeceu no ventre da mãe; “Isabel ficou cheia do Espírito Santo” (Lc 1,41c), e também o seu filho.
A curta vida de João Batista foi toda dirigida para o Senhor e totalmente consumida para anunciar Sua vinda. E, quando chegou a hora de Jesus, João retirou-se rapidamente de cena, indicando ao povo o Senhor: “No meio de vós está quem vós não conheceis. Esse é quem vem depois de mim; e eu não sou digno de lhe desatar a correia do calçado” (Jo 1,26b-27).
João tinha a noção exata de quem era Jesus: o Messias – Salvador, o Cristo de Deus. Ao ver Jesus que passava, revelou-O a seus discípulos: “Eis o Cordeiro de Deus” (Jo 1,36b). “Eu vos batizo na água, mas eis que vem outro mais poderoso do que eu (…) ele vos batizará no Espírito Santo e no fogo” (Lc 3,16). João sabia perfeitamente que Jesus era o Filho de Deus que vinha para salvar “o seu povo de seus pecados” (Mt 1,21b), como o anjo dissera a José. Com todas as forças anunciou ao povo a chegada do Senhor, pregando-lhe a conversão: “Fazei penitência porque está próximo o reino dos céus” (Mt 3,2). E Jesus fez questão de ser batizado pelo “Batista”, que se recusava: “Eu devo ser batizado por ti e tu vens a mim!’ Mas Jesus lhe respondeu: “Deixa por agora, pois convém cumpramos a justiça completa’” (Mt 3,14-15). E João O batizou. Assim estava encerrada sua missão. Pouco tempo depois era preso cpa_em_busca_da_perfei_o_1pelo tetrarca Herodes e, por causa de Herodíades, foi decapitado no cárcere, derramando seu sangue pela justiça do reino (cf. Mt 14,3-11).
João soube exatamente o seu lugar no serviço de Deus; jamais a menor sombra de vaidade ou orgulho tomou conta do seu coração. Fez tudo o que lhe fora mandado por Deus, discretamente, sem ofuscar a passagem do Senhor. “É necessário que Ele cresça e eu diminua” (citação livre de Jo 3,30). Ninguém na terra mereceu um elogio de Jesus tão grande como o que João recebeu: “Em verdade vos digo, entre os filhos das mulheres, não surgiu outro maior que João Batista” (Mt 11,11).
João Batista é um exemplo exato de como deve ser quem quer servir ao Senhor: fazer tudo por Ele e para Ele, unicamente por amor a Jesus, fugindo diligentemente de tudo quanto possa alimentar a menor secreta vaidade. Também no trabalho da Igreja corremos o risco de ficar “inchados” com alguns aplausos e elogios. A verdadeira humildade exige que reconheçamos que, se fazemos algo de bom, é simplesmente por obra e graça da bondade de Deus, e que por nós mesmos de nada somos capazes.
“Sem mim nada podeis fazer” (Jo 15,5c).
“Toda dádiva boa e todo dom perfeito vem de cima: desce do Pai das luzes” (Tg 1,17a).
Por isso, não há razão alguma para que nos sintamos vaidosos de alguma boa ação. Tudo é dom de Deus!
As pessoas mais úteis para Deus são aquelas que buscam unicamente a Sua glória, com reta intenção, buscando, como João Batista, “desaparecer”, para que a glória de Deus não seja ofuscada pela nossa vaidade inconveniente e mesquinha.
Muitas de nossas boas ações não têm mérito perante Deus porque elas visam mais à nossa própria glória do que à de Deus. É importante lembrarmo-nos sempre daquela palavra de Jesus no sermão da montanha: “Guardai-vos de fazer vossas boas obras diante dos homens, para serdes vistos por eles. Do contrário, não tereis recompensa junto de Vosso Pai que está no céu” (Mt 6,1).
Portanto, “que Ele cresça e eu desapareça”.

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