A liturgia de hoje, vem nos agraciar com este belíssimo evangelho, que narra o inicio de um tempo novo, quando Jesus assume publicamente o seu compromisso de trazer de volta, ao convívio do Pai, a humanidade corrompida pelo pecado!
Tudo acontece numa sinagoga aos arredores da Galileia, precisamente em Nazaré, onde Jesus viveu boa parte da sua vida no anonimato.
A narrativa começa dizendo, que Jesus, ao abrir as escrituras depara com a passagem onde O Pai, pela boca do profeta Isaías, O declara pronto para a missão: “ O espírito do senhor está sobre mim, porque ele me consagrou com a unção para anunciar a boa nova aos pobres; enviou-me para proclamar a libertação aos cativos e aos cegos a recuperação da vista; para libertar aos oprimidos e para proclamar um ano de graça do Senhor”.
Encorajado pelo do Espírito do Senhor, Jesus dá início ao seu ministério, disposto a dar a vida por aqueles que o Pai lhe confiara!
A partir de então, Jesus assume o projeto do Pai, um projeto de vida nova que mudaria a história de um povo. O Deus de amor, que se manifestou ao povo, na simplicidade de uma criança pobre, nascida em Belém, volta a se manifestar na humildade do jovem de Nazaré, que se apresenta diante dos seus conterrâneos, com o firme propósito de assumir com veemência a árdua missão que a Ele fora designada: dar ao povo de Deus, um novo destino!
Como podemos observar no relato, no caminho do profeta, está presente a cruz, pois são muitos os que tentam calar a sua voz, o que é impossível, pois nem a morte consegue calar a voz do profeta! É justamente depois da morte, que a sua voz passa a ressoar com mais intensidade ainda no coração da humanidade! O profeta morre, mas as suas palavras ficam, assim como ficaram as palavras do Profeta Maior: Jesus!
O texto nos fala do retorno de Jesus à sua cidade de origem. Lá, Jesus experimentou no corpo e na alma, a dor da rejeição que certamente doeu mais forte ainda, por se tratar de uma rejeição que partiu dos seus próprios conterrâneos, àqueles que deveriam ser os primeiros a acolhê-Lo.
A admiração pelas palavras de Jesus á princípio manifestada por aquele povo, cai por terra, quando a identidade do Messias lhes é revelada na pessoa de Jesus, uma pessoa simples, o "filho" de um humilde carpinteiro! Em resumo, os conterrâneos de Jesus, que diziam conhecê-Lo, ficaram só na sua condição social, estavam longe de reconhecer Nele, a face humana do Pai.
Certamente, os habitantes de Nazaré, esperavam por um Messias, extraordinário, milagreiro que resolvesse todos as suas questões, por isto não aceitaram Jesus.
Os compatriotas de Jesus, tiveram nas mãos a chave da felicidade, mas não se deram conta desta preciosidade, por isto desperdiçaram a graça de Deus e como conseqüência, não alcançaram as primícias da fé, pois ali, Jesus não pode realizar muitos milagres, fez apenas algumas curas, não por retaliação contra o povo, mas pela falta de fé deles.
Será que nós também, não temos atitudes semelhantes ao do povo de Nazaré? Será que aceitamos o recado de Deus, que chega até a nós por meio das pessoas simples?
Dificilmente reconhecemos a presença de Deus nas pessoas simples, temos uma forte tendência a acreditar somente nas palavras retóricas das pessoas de alto "nível intelectual", com isso, deixamos escapar as mensagens que Deus quer nos passar através dos “pequenos”.
É importante lembrarmos, que Jesus, o Mestre de todos os mestres, o profeta Maior de todos os tempos, serviu-se de meios humanos bem simples para anunciar o reino de Deus!
Infelizmente a humanidade ainda continua dividida, uns acolhe a voz do profeta e se dispõe a mudar de vida, outros, ignoram a sua fala, preferindo a "fala" do mundo.
A rejeição à Jesus, não interrompeu o anúncio do Reino, que continua através dos incansáveis profetas de hoje: homens e mulheres que se embrenham pelo caminho da cruz, dispostos a dar a vida se preciso for, pela causa do Reino.
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