A oração do coração não é constituída apenas de pedidos, porque seria
muito pouco para um dom tão precioso; se a nossa oração se constituí
apenas de pedidos, ela é como que uma espécie de balcão caritativo e não
uma via de perfeição; mais que pedir, precisamos interagir com o Senhor
na intimidade do coração pela via constante da oração; precisamos
sentir, no mais íntimo de nós, que a nossa oração agrada ao Senhor, e
por isso é acompanhada de graças imediatas, porque Ele, em seu infinito
amor, tudo dispõe à nosso favor e nunca nos deixa sem respostas, porque
quer que gozemos sempre de sua companhia e proteção.
Então, como
fazemos a oração do coração? De fato, a oração do coração é um
refazer-se em todos os sentidos da vida diante do Altíssimo, ou seja, é
uma transformação que amplia os horizontes do nosso entendimento da
vontade de Deus para a situação que estamos vivendo e para toda a nossa
vida e demais circunstâncias da criação. Nesse sentido, não podemos
fazê-la como se o Senhor não estivesse presente nela a nos ouvir e
responder, a nos fazer compreender que somos os seus filhos e que Ele
cuida pessoalmente de cada um de nós.
Vejamos o exemplo de
Moisés: "Moisés ficou junto do Senhor quarenta dias e quarenta noites,
sem comer pão nem beber água. E o Senhor escreveu nas tábuas o texto da
aliança, as dez palavras. Moisés desceu do monte Sinai, tendo nas mãos
as duas tábuas da lei. Descendo do monte, Moisés não sabia que a pele de
seu rosto se tornara brilhante, durante a sua conversa com o Senhor."
(Ex 34,28-29).
Mais ainda o exemplo do Senhor Jesus: "Passados
uns oitos dias, Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João, e subiu ao
monte para orar. Enquanto orava, transformou-se o seu rosto e as suas
vestes tornaram-se resplandecentes de brancura. E eis que falavam com
ele dois personagens: eram Moisés e Elias, que apareceram envoltos em
glória, e falavam da morte dele, que se havia de cumprir em Jerusalém.
Enquanto ainda assim falava, veio uma nuvem e encobriu-os com a sua
sombra; e os discípulos, vendo-os desaparecer na nuvem, tiveram um
grande pavor. Então da nuvem saiu uma voz: Este é o meu Filho muito
amado; ouvi-o". (Lc 9,28-31.34-35).
Por estes exemplos,
percebemos que a oração é uma ligação permanente com Deus, é uma graça
que nos leva a ser conduzidos pelo Espírito Santo, uma vez que estamos a
caminho do Reino dos Céus e nunca podemos nos esquecer disso.
Porquanto, o que há de se cumprir em nossa vida é a vontade do Senhor e
nunca a nossa vontade, porque nós participamos do plano da salvação
traçado por Deus, por meio do Sacrifício do Seu Filho Jesus, que nos
resgatou do pecado e da morte para uma vida de santidade na Sua Presença
aqui e por toda a eternidade.
São Paulo falando sobre a oração
do coração, escreveu: "Orai sem cessar". (1Tess 5,17). E ainda: "Não vos
inquieteis com nada! Em todas as circunstâncias apresentai a Deus as
vossas preocupações, mediante a oração, as súplicas e a ação de graças. E
a paz de Deus, que excede toda a inteligência, haverá de guardar vossos
corações e vossos pensamentos, em Cristo Jesus." (Fil 4,6-7).
Portanto,
a oração do coração, antes de tudo, é fruto de nossa obediência aos
desígnios do Senhor que nos criou e nos conduz com a Sua Sabedoria
Eterna, por isso, nos deu esse dom de comunicação para falarmos a Ele e
para o ouvirmos no íntimo do coração, numa sintonia perfeita segundo
nossa filiação divina, recebida no batismo para testemunharmos a
ressurreição de Cristo Jesus, que nos deu ressuscitarmos com Ele para a
vida eterna. Amém!
Marana tá! Vem, Senhor Jesus, vem!
Paz e Bem!
Frei Fernando,OFMConv.
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