Este Evangelho narra a cena dos
discípulos de Jesus, em um sábado, arrancando espigas de trigo e comendo,
porque estavam com fome. Diante do protesto dos fariseus, pois era proibido
trabalhar no sábado, Jesus justifica a atitude, apresentando outro caso em que
Davi desobedece à outra lei ainda mais rigorosa, pelo mesmo motivo: ele e seus
companheiros estavam com fome. E arremata: “O sábado foi feito para o homem, e
não o homem para o sábado”.
O ensinamento de Jesus é claro: A vida
humana está em primeiro lugar. O direito à vida precede quaisquer leis, mesmo
as leis religiosas mais sagradas.
Segundo a Mishná, que era uma
recompilação das tradições rabínicas, trabalhar na colheita era uma das trinta
e nove maneiras de violar o sábado. E os fariseus elevaram esse gesto de colher
espigas para comer, como um trabalho formal de colheita! Mas a reação de Jesus
foi clara e enérgica. Superando as discussões de escolas, ele partiu para a
defesa da vida.
E Jesus apresentou o exemplo de Davi e
seus companheiros que, para saciar a fome, desobedeceram a uma lei muito mais
sagrada: comeram os pães consagrados, que só os sacerdotes podiam comer (Cf 1Sm
21).
“O sábado foi feito para o homem, e não
o homem para o sábado”, diz Jesus. Esta foi a intenção do legislador da lei do
sábado: a necessidade que o homem tem de descansar. Foi uma lei feita para
celebrar a libertação da escravidão egípcia, e não havia tempo de descanso (Cr
Dt 5,12; Ex 20,8). Portanto, a lei do sábado era uma lei de liberdade, não de
escravidão.
E, para concluir, Jesus, referindo-se a
si mesmo, fala: “O Filho do Homem é senhor também do sábado”. Todo o Antigo
Testamento, ao se referir ao Messias, fala que ele é “O Senhor”. Ele é o Senhor
de tudo, inclusive do sábado. Portanto, pode modificar ou esclarecer a lei.
Em todo o episódio, sobressai a vida
humana como valor maior a ser protegido e defendido. O homem deve obedecer à
lei do sábado só e enquanto protege a vida humana. Se acontecer, como nesta
cena do Evangelho, de esta lei se voltar contra o homem, desviou-se de sua
finalidade e não obriga ao seu cumprimento.
É farisaísmo tentar ganhar a salvação, absolutizando
ou sacralizando leis. Neste caso a lei se transforma de libertadora em
escravizante. O único sagrado, depois de Deus, é o próprio homem, pelo qual
Cristo morreu.
“A lei foi dada por Moisés, mas a graça
e a verdade vieram-nos por Jesus Cristo (Jo 1,17). O cristão sabe sua única lei
e o seu único Senhor é Jesus Cristo. Cristo foi o sim total a Deus, e o seu
discípulo deve seguir o seu exemplo. “Eu sou o caminho, a verdade e a vida”.
Certa vez, em um curso de batismo, um
professor perguntou aos pais e padrinhos por que queriam batizar seu filho ou
afilhado. As respostas foram as mais variadas.
Um deles disse: “É porque todo mundo
batiza”. Esse vai na onda; o que os outros fazem ele faz também.
Outro respondeu: “É porque eu fui
batizado”. Quer dizer que, se fizeram uma coisa errada com ele, quando criança,
ele vai fazer agora com as outras crianças?
Houve outro que falou: “A gente batiza
porque não presta ficar pagão”. Esta resposta é supersticiosa, porque a
expressão “não presta” significa aí: “dá azar”.
Claro que houve também respostas bonitas
e acertadas.
Pelo batismo nós nos tornamos
continuadores de Cristo no mundo, seguindo-o como o nosso caminho, verdade e
vida.
Maria Santíssima é a mãe de vida, porque
nos deu Jesus que é a Vida. Que ela nos ajude a colocar a vida humana acima de
tudo.
O sábado foi feito para o homem, e não o
homem para o sábado.
Padre Queiroz
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