Sabemos que a família é “sagrada”, é uma instituição divina, pertence a Deus. É o eixo da sociedade e sua célula “mater”.
Logo, Deus é o primeiro interessado que a
família vá bem e jamais deixará de derramar as suas bênçãos sobre
aquelas que lhe são fiéis. Além de tudo o que nós, pais, podemos fazer, o
mais importante é colocar a família sob a proteção de Deus.
Santo Inácio de Loyola dizia que devemos
trabalhar como se tudo dependesse só de nós, mas rezar como se tudo
dependesse só de Deus. Não basta trabalhar pelos filhos e pela família, é
preciso rezar e, diariamente colocá-los nas mãos de Deus. Diz o
salmista que:
“Se o Senhor não edificar a casa,
Em vão trabalham os que a constroem.
Se o Senhor não guardar a cidade,
Debalde vigiam as sentinelas.” (Salmo 126,1)
Ainda que derramemos nosso sangue, suor e
lágrimas por nossos filhos, ainda assim será em vão se lhes faltassem
as bênçãos de Deus. Por isso, é preciso todos os dias orar por eles e
consagrá-los ao amor de Deus. O Senhor cuidará deles mais do que nós,
pois, antes de serem nossos, são Seus filhos, Lhe pertencem.
Tenho pena dos filhos que não têm um pai
e uma mãe para orar por eles. Não há oração mais eficaz pelos filhos do
que a dos próprios pais.
Desde minha tenra infância lembro-me dos
nossos pais a rezarem por nós. Aos cinco anos de idade aprendi a rezar o
Terço no colo de minha mãe; e jamais pude viver sem rezá-lo. Com que
saudade e alegria me lembro daquele Terço que toda a nossa família
rezava, todos os dias, às seis horas da tarde, em quaisquer
circunstâncias. Mesmo vivendo os problemas de qualquer família numerosa
(9 filhos), contudo, jamais me lembro de um dia de desespero, escândalo,
tragédia ou insegurança em nosso lar; Maria caminhava conosco.
Nossa família, simples e alegre, estava
ancorada no Sagrado Coração de Jesus e no Imaculado Coração de Maria,
por zelo e amor dos nossos queridos pais. Hoje, meus oito irmãos
conservam a boa fé católica que receberam no berço; e a passam para os
seus filhos. Não é assim que a Igreja deve ser edificada? Esta foi a
melhor e a maior herança que nossos pais nos deixaram, e que os pais
devem deixar aos seus filhos. Este foi o bom fruto de uma família
consagrada a Deus e fiel às suas leis. Fomos todos educados nos
ensinamentos infalíveis da Igreja e neles edificamos as nossas vidas.
“É inútil retardar até alta noite vosso descanso,
Para comer o pão de um duro trabalho.
Pois Deus o dá aos seus amados até durante o sono.” (Sl 126,2).
Deus proverá a família que lhe é fiel e que “vive pela fé” (Rom 1,17).
A família cristã deve confiar na Providência divina. Se fizermos a
nossa parte, Deus não deixará de fazer a Dele.
Aprendamos com o salmista que diz:
“Uns põem sua força nos carros, outros nos cavalos: Nós, porém,a temos em nome do Senhor nosso Deus.” (Sl 19,8).
A família precisa confiar em Deus e abandonar-se aos seus cuidados:
“Não vos preocupeis por vossa vida, pelo
que comereis, nem por vosso corpo, como vos vestireis (…). Qual de vós,
por mais que se esforce, pode acrescentar um só côvado à duração de sua
vida? (…). Não vos aflijais, nem digais: Que comeremos? Que beberemos?
Com que nos vestiremos? São os pagãos que se preocupam com tudo isso.
Ora, vosso Pai celeste sabe que necessitais de tudo isso (…).” (Mt
6,25-34).
Quando Jesus deu esses ensinamentos, deixou-nos uma norma de vida importantíssima: “viver um dia de cada vez”.
“Não vos preocupeis, pois, com o dia de amanhã: o dia de amanhã
terá as suas próprias preocupações. A cada dia basta o seu cuidado.”(Mt 6,34).
Deus cuida de nós “a cada dia”, e não
quer ver-nos ansiosos, preocupados, inquietos e com medo do dia de
amanhã. “A cada dia basta o seu cuidado.”
Portanto, não fique hoje, “arrancando os
cabelos” com as preocupações de amanhã. O amanhã está nas mãos de Deus.
Prepara-se bem para o futuro, vivendo intensamente o presente, nada
mais.
Ele nos ensinou a pedir ao Pai o pão “de
cada dia”. Durante quarenta anos ele alimentou o seu povo no deserto
comendo “a cada dia” o maná descido do céu. Deus nos quer confiando Nele
todos os dias, “a cada dia”.
“Vou fazer chover pão do alto do céu. Sairá o povo e colherá diariamente a porção de cada dia.” (Ex 16,4).
“Todas as manhãs faziam a sua provisão, cada um segundo suas necessidades.” (Ex 16,21).
É nesta fé e confiança em Deus que a
família deve viver, certa de que receberá das mãos do Senhor tudo o que
for necessário para o seu sustento, superando todos os medos e tensões.
“A cada dia basta o seu cuidado.”
Consagrada a Deus, a família vencerá todos os seus problemas. A cada
dia, de manhã e à noite, e também durante o dia, gosto de voltar meu
coração ao Senhor e consagrar-lhe a minha casa. Nominalmente consagro
minha esposa, e cada um dos nossos filhos, rogando-lhes a graça da
união, fidelidade, paz e bênçãos. Muitas vezes, a consagro ao coração de
Nossa Senhora, Mãe das famílias, para que estejamos todos sob seu manto
materno. Nas horas difíceis, gosto de repetir com confiança aquela
mesma oração que, desde o século III, os cristãos do norte da África já
rezavam, para se consagrar à Virgem Maria:
“Debaixo da Vossa proteção nos refugiamos ó Santa Mãe de Deus;
não desprezeis as nossas súplicas em nossas necessidades, mas livrai-nos
sempre de todos os perigos; ó Virgem gloriosa e bendita.”
Maria Auxiliadora dos cristãos, rogai por nós!
Não deixo também de recomendar cada um
de nós a São José, pai e patrono da Igreja, como proclamou o Papa Pio IX
em 1870. Ele que foi escolhido por Deus para cuidar da Sagrada Família,
cuidará também da nossa casa. Também aos Anjos e Santos devemos
recomendar o nosso casamento e os filhos, para que estejamos todos
debaixo da sua guarda e intercessão permanentes.
A família é a “igreja doméstica”, local
de oração e “santuário da vida”. Por isso, o lar deve ser sagrado. A
casa deve ser abençoada por um sacerdote, e suas paredes devem ser
ornadas com belos e piedosos quadros de Santos. Em cada casa há de haver
um oratório, com belas imagens que nos inspirem a oração e o amor
àqueles que, como diz a Liturgia, “na presença de Deus intercedem por
nós sem cessar”.
“A Sagrada Família, ícone e modelo de
cada família humana, ajude cada um a caminhar no espírito de Nazaré;
ajude cada núcleo familiar a aprofundar a própria missão civil e
eclesial, mediante a escuta da Palavra de Deus, a oração e a partilha
fraterna de vida! Maria, Mãe do belo amor, e José, Guarda do Redentor,
nos acompanhem a todos com a sua incessante proteção!” (CF,23).
Prof. Felipe Aquino
Retirado do livro: Família, Santuário da Vida
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