“A
paciência produz uma obra perfeita”. Isso quer dizer que não existe
coisa mais agradável a Deus do que sofrer com paciência e paz todas as
cruzes por ele enviadas. É próprio do amor, fazer a pessoa que ama
semelhante à pessoa amada. Dizia São Francisco de Sales: “Todas as
chagas do Redentor são outras tantas palavras que nos ensinam como
devemos sofrer por ele. Esta é a sabedoria dos santos, sofrer
constantemente por Jesus; assim ficaremos logo santos”. Quem ama o
Salvador deseja ser como Ele, pobre, sofredor e desprezado. São João viu
todos os santos vestidos de branco, segurando palmas nas mãos. A palma é
um símbolo de martírio; mas nem todos os santos foram martirizados. Por
que então todos seguram palmas?
Responde São Gregório que todos os
santos foram mártires ou pela espada ou pela paciência. E acrescenta:
“Nós podemos ser mártires sem a espada, se guardarmos a paciência”.
O mérito de uma pessoa que ama Jesus
Cristo consiste em amar e sofrer. Eis o que Deus fez Santa Teresa
entender: “Pensa, minha filha, que o mérito consiste no gozar? Não, o
mérito consiste em sofrer e amar. Veja minha vida cheia de dores.
Acredite, minha filha, aquele que é mais amado por meu Pai recebe dele
cruzes maiores; ao sofrimento corresponde o amor. Veja estas minhas chagas,
as suas dores nunca chegarão a tanto. Pensar que meu Pai admite alguém
na sua amizade sem o sofrimento é um absurdo…Mas acrescenta Santa
Teresa: “Deus não manda nenhum sofrimento sem pagá-lo imediatamente com
algum favor”.
São três as principais graças que Jesus
faz às pessoas amadas por ele: a primeira, não pecar; a segunda, que é
maior, o fazer boas obras; a terceira, que é a maior de todas, sofrer a
por seu amor. Dizia Santa Teresa, que quando alguém faz algum bem a
Deus, o Senhor lhe paga com alguma cruz. Eis porque os santos agradeciam
a Deus ao receberem os sofrimentos.
São Luís, Rei da França, falando da
escravidão que sofreu na Turquia, diz: “Eu me alegro e fico muito
agradecido a Deus mais pela paciência que me concedeu na minha prisão do
que se tivesse conquistado a terra inteira”. Sana Isabel, rainha da
Hungria, tendo perdido seu esposo, foi expulsa do lugar onde morava com
seu filho. Sem abrigo e abandonada por todos, dirigiu-se a um convento
dos franciscanos e mandou cantar um hino de ação de graças a Deus pelo
favor que ele lhe concedia ao fazê-la sofrer por seu amor.
São Afonso Maria de Ligório
LIGÓRIO, S. Afonso Maria. A prática do
amor a Jesus Cristo. Trad. Pe.Gervásio Fábri dos Anjos, C.SS.R. Ed.
Santuário: Aparecida/SP,1982,p.59-60.
Nenhum comentário:
Postar um comentário