1 – Quem somos nós? De onde viemos? Para onde vamos? Qual o significado da dor, da alegria, do sofrimento? etc.
São perguntas que cada um de nós faz a si mesmo.
Se não encontramos as respostas para essas perguntas, ficamos sem rumo e a vida perde o seu sentido.
A crise do homem hoje é uma crise de
identidade, diz o nosso Papa João Paulo II; quer dizer, o homem não sabe
o que faz neste mundo. É preciso devolver-lhe o sentido da vida.
2 – Por que o mundo está tão mal?
Olhando para a triste realidade da vida humana, em nossos dias, o homem se angústia e muitas vezes desanima ou se desespera.
A triste realidade que nos atinge:
violência, crimes, sequestros, roubos, assaltos, homicídios, fraudes,
corrupção, drogas, prostituição, fome, guerra, brigas familiares,
separações, abortos , suicídios, etc.
3- Como melhorar o mundo?
A resposta é esta: Construir o homem para construir o mundo. Sem mudar o coração do homem não se conseguirá melhorar o mundo.
Deram a um garoto um quebra-cabeça para
montá-lo, e lhe disseram: – Você vai montar o mapa-mundi. Mas o menino
percebeu que no verso havia as partes do rosto de um homem. Como ele não
conhecia o mapa-mundi, começou a montar o rosto do homem. Quando ele
terminou o trabalho ele percebeu que no verso estava montado o
mapa-mundi. Para reconstruir o mundo é preciso primeiro reconstruir o
homem, que está todo quebrado.
Ao invés de ficarmos maldizendo a
escuridão, é preferível acender um fósforo. Muitos pensam assim: “Não
adianta eu fazer nada; está tudo podre; o mundo não tem mais jeito, uma
andorinha só não faz verão.” Estão enganados. Uma luz que se acende nas
trevas é uma grande esperança. Certa vez um navio naufragou. Alguns
náufragos sobreviveram dias e noites em um bote, em alto mar, à deriva,
perdidos, sem saber para que direção remar. Até que no meio da noite,
avistaram uma pequena luz brilhando distante. Foi um grito só: “Estamos
salvos !”. Você pode ser esta luz da esperança na sua casa, no seu meio.
Outra estória. Havia um garoto que era
muito atormentado por um homem inconveniente. Certo dia, percebendo que o
tal homem estava dormindo, o garoto tomou um pouco de fezes de
galinha e passou no bigode do sujeito, que dormia. Este, ao acordar, com
aquele cheiro insuportável sob o nariz, andava de um canto para outro
da casa procurando a sua causa. E não o achava. Olhou debaixo dos
sapatos, nas mãos, na roupa, e nada. E o garoto, escondido, ria até não
poder mais. Quase desesperado, o sujeito abriu a janela e respirou bem
fundo o ar que vinha de fora…
“Que mau cheiro! Sujaram no mundo!”.
E logo ele ouviu o garoto gritar-lhe :
- Ei moço, experimente passar a mão no bigode.
E o sujeito descobriu que a causa de todo o mau cheiro estava nele mesmo.
Nós também, muitas vezes, pensamos que a
podridão está no mundo, nos outros, nas estruturas, e às vezes está em
nós mesmos, dentro de cada um de nós. Dentro da nossa alma, do nosso
coração. É daí que procedem os maus pensamentos, disse Jesus (Mc
7,21-23): “devassidões, roubos, assassinatos, adultérios, cobiças,
permersidades, fraude, desonestidade, inveja, difamação, orgulho e
loucura”.
4 – Fomos feitos para a felicidade
Deus nos fez à sua imagem e semelhança” (Gen 1,26), por um grande amor. Nos fez participantes de sua vida divina.
Somos “filhos de Deus”. Não pode haver
honra maior para cada um de nós. Deus nos amou antes da criação do
mundo” diz São Paulo (Ef 1,1s).
Estava escrito no pára-choque de um caminhão: “Não sou dono do mundo, mas sou filho do Dono”.
É a mesma coisa, pois o filho é o herdeiro do Pai.
Deus nos ama profundamente, e manifestou esse amor a nós. Vejamos como.
Criou tudo em função do homem. A pessoa
humana é a única criatura que Deus quis “por si mesma”. Tudo o mais foi
criado em função dela: o reino mineral, o vegetal, o animal, tudo foi
feito para nós. E, com que carinho, perfeição, sabedoria e amor cada
coisa foi criada! E tudo foi submetido ao homem pela sua inteligência e
pelas suas mãos hábeis. Você já pensou nisso? A natureza é como que um
espelho através do qual se pode ver o “Rosto” de Deus. Diz o Livro da
Sabedoria que:
“São insensatos por natureza todos os
que desconheceram a Deus e que, através dos bens visíveis, não puderam
reconhecer Aquele que é, nem reconhecer o Artista, considerando suas
obras” (Sab 13,1).
Pense na beleza das montanhas, na
maravilha do nascer e do por do sol, no brilho da lua e das estrelas, na
beleza e no perfume das flores, no maravilhoso mundo das frutas e das
plantas, no canto dos pássaros, no voo suave da gaivota, nas cores
lindas das aves, nas ondas do mar, nas águas que cantam, no colorido dos
peixes, no azul do céu…
Tudo isso é obra de Deus, e foi feito
para nós. É o amor de Deus! A natureza é como uma “carta de amor” que
Ele escreveu para nós. É como aquele namorado que desejando mostrar o
seu amor à namorada escreveu o nome dela numa faixa de rua, depois, no
muro da sua casa, e enfim alugou um avião para poder jogar pétalas de
rosas sobre a sua casa. Tudo para provar o seu amor! Deus também faz
assim conosco. Mas é preciso abrir os olhos para ver o seu amor.
Quando Ele nos fez, olhou para Ele
mesmo e nos fez à sua imagem. Quis dar a cada um de nós uma série de
faculdades que só Ele tinha.
Nos deu a inteligência”. Você nunca viu um animal fazer um computador, um rádio, uma TV, carros, aviões …
Ele nos deu a “liberdade”, o livre-arbítrio, para escolher o bem e evitar o mal. Nenhum animal tem liberdade.
Ele nos deu a “vontade” para perseverar
no bem e rejeitar o mal. Nenhum animal tem vontade.Você nunca ouviu
dizer que um cachorrinho estava fazendo regime para emagrecer, ou
latindo menos para não incomodar alguém. Ele só tem instinto, de defesa,
sobrevivência, etc.
Deus nos deu a “consciência”, a voz Dele
mesmo que fala no interior de cada um de nós e nos “avisa” se estamos
fazendo o bem ou praticando o mal. É a “lei natural” de Deus, do
Criador, inscrita no coração de cada homem. Quando agimos contra esta
voz suave ficamos incomodados e perturbados, porque violamos a lei
natural que nos dirige para a felicidade verdadeira.
Você nunca viu um cachorro frustrado ou
neurótico. Quem sabe, arrependido por ter mordido o pé de uma criança.
Nunca você viu isso, e nem vai ver, porque o animal não tem consciência
sequer de que existe. Não lhe ocorre perguntar a si mesmo se praticou o
bem ou o mal. Por isso não se frusta e não se alegra. Apenas vive, age
pelo instinto.
Só nós seres humanos, filhos de Deus,
somos capazes de sorrir, chorar, cantar, abraçar, dialogar, amar… rezar;
porque Deus nos deu essa grandeza e tamanha dignidade. Veja como é
grande o seu valor!
É por isso que Santo Irineu, do século II, já dizia que: “O homem é a
glória de Deus”. Isto é, a sua mais bela criatura colocada na terra.
Insuperável!
Ele não existia nos planos de Deus. O
homem foi feito para ser plenamente feliz, amando, adorando e servindo
com alegria ao seu Criador. A sua felicidade é o Criador.
Mas o pecado entrou no mundo. Pecado
quer dizer “desordem”, bagunça no plano perfeito de Deus. A Bíblia diz
no Livro da Sabedoria que:
“É por inveja do demônio que a morte entrou no mundo, e os que pertencem ao demônio prova-la-ão” (Sab. 2,24).
Não estava nos planos de Deus o
sofrimento e a morte. Mas, tentado pelo demônio, como ensina a Bíblia
(Gen 3,4-5), desobedeceu a Deus e preferiu obedecer o demônio. E o
pecado entrou no mundo. São Paulo ensina que: “O salário do pecado é a
morte” (Rom 6,23); isto é, é dele que vem todo o sofrimento sobre a
face da terra. Todo.
A criatura quis viver sem o seu Criador,
quis ser feliz sem precisar Dele. Rompeu a amizade com Deus, e quer
viver por sua própria conta, sem observar as Leis do seu Criador.
Quando um engenheiro, por exemplo,
projeta um carro, é ele quem faz o “catálogo”, de como o veículo deve
funcionar, porque ele é o seu criador; ele é que entende o que é bom
para a sua obra. Quem desrespeitar as “leis” do catálogo vai prejudicar a
obra do projetista. Ora, Deus é o nosso Projetista e Criador; por isso,
só Ele é que sabe o que é bom para nós. o que é bom para sermos
felizes. O pecado é exatamente isto, não obedecer o “catálogo” que o
Criador escreveu par obedecermos, as suas santas Leis, os seus
mandamentos de amor.
Querendo ser “livre” o homem desobedece
as leis de Deus e se “machuca”. Imagine que você vai dirigindo o seu
carro por uma estrada de serra, cheia de curvas, lombadas e cotovelos,
sinalizados pelas placas. Se você desobedecer as sinalizações você
poderá rolar pelos abismos e ribanceiras e perder a vida. As placas de
sinalizações são a sua segurança; especialmente se houver chuva e
neblina na estrada. Assim também os mandamentos, são sinalizações
amorosas de Deus para que sejamos felizes nesta vida.
Quem os desrespeita e os desobedece, peca, e se prejudica a si mesmo. Age como um insensato.
O pecado é um ato de desobediência e de
orgulho. É a criatura que olha para o seu Criador e lhe diz: “Eu vou
fazer a “minha” vontade e não a tua. Eu serei feliz sozinho, não preciso
de ti”. É um ato de arrogância, de prepotência e de auto suficiência;
por isso ofende profundamente a Deus e provoca a “separação” do Criador e
da criatura.
O pecado é a droga da alma, muito pior do que a droga do corpo. Ele é a causa de todo o mal que há no mundo.
Muitos querem culpar a Deus pelo
sofrimento, especialmente das crianças e inocentes. Mas a culpa não é de
Deus. É dos homens. É porque usamos mal a inteligência, liberdade, a
vontade, etc, e cometemos o mal, que o sofrimento acontece. Quando
acabar o pecado, acabará o sofrimento e a morte.
Se alguém, por exemplo, passar uma
“noitada” bebendo, e depois entrar no seu carro e sair dirigindo em
alta velocidade, até chocar-se com um caminhão, e morrer, será que
poderemos culpar a Deus por deixar uma família órfã e uma mulher viúva?
Não! Temos que ser coerentes e vemos que a irresponsabilidade (o pecado)
foi desse pai. Você pode multiplicar esse exemplo de muitas maneiras
para entender o que é o pecado e as suas tristes consequências.
Deus nos fez com uma tríplice dimensão para sermos felizes: filho, irmão e senhor.
Filho de Deus, para mantermos uma
comunhão íntima com Ele, reconhecendo a Sua divindade e o seu amor. A
nossa resposta a esse amor tão grande deve ser uma vida de intimidade
com Ele.
Irmão dos irmãos, vivendo na
fraternidade e no amor, reconhecendo que Deus é o Pai comum de todos, e
que somos todos irmãos, respeitando-nos e auxiliando-nos uns aos outros
como uma família.
Senhor da natureza, com a incumbência
recebida de Deus de “protegê-la e cultivá-la”. (Gen 2,15). Cuidar dela é
tirar dela todo o sustento necessário para a vida. Você pode perceber
que tudo o que nós precisamos para viver: alimento, roupa, matéria
prima, etc, sai da terra.
Este é o estado de “justiça original”
que Deus criou o homem; isto é, harmonia perfeita com Deus, com os
irmãos, com a natureza e consigo mesmo.
O pecado rompe essa harmonia. Ele separa
o Criador da criatura, o Pai do filho. O homem quer ser feliz sem Deus,
e se esvazia. Em seguida, rompe com os irmãos, explora-os, fere-os,
etc. Em seguida rompe também com a natureza e passa a ser um “mau
senhor” da terra: a destrói, polui o ar, a água, o solo, por causa do
egoísmo.
Por fim, rompe consigo mesmo.
Não tem mais paz interior porque brigou
com Deus, brigou com os irmãos, brigou com a natureza e acabou brigando
consigo também. Está perdido! Não sabe mais o que fazer. Está de cabeça
para baixo. A hierarquia dos valores foi invertida. Ao invés de haver a
primazia do espírito, depois da razão, e depois do corpo; esta ordem é
invertida. O corpo passa a ser o mais importante. A busca frenética dos
prazeres dos sentidos. Impera o materialismo, o consumismo, o hedonismo,
e o espírito agoniza. O importante passa a ser o “ter” e não o “ser”.
Muitas vezes é a razão que predomina e também sufoca o espírito. O
importante passa a ser a roupa, a comida, o carro, a casa, as viagens,
as festas, etc, etc, ao invés do “do ser melhor”.
O pecado, porque põe a pessoa de cabeça
para baixo, a faz “enterrar os seus talentos”, ou então os desenvolve
apenas para o seu próprio proveito egoísta.
Deus nos deu os talentos para o bem dos
outros. Viver para si mesmo é morrer; é assinar o atestado de óbito da
própria felicidade. É buscar a tristeza, o vazio e a depressão.
O maior talento que recebemos foi a
própria vida. O que estamos fazendo dela? Não teremos outra vida aqui na
terra. O que estamos fazendo com o nosso tempo? Ele não volta atrás.
Será que eu estou jogando a minha vida, que é preciosa, fora? O tempo perdido é irrecuperável. Ele pertence a Deus e aos outros.
6 – Quem poderá reconstruir o homem?
Somente Aquele que o criou. Somente
Aquele que tem poder para “tirar o pecado do mundo”. O Cordeiro de Deus –
Jesus Cristo – Ele veio exatamente para isso, para salvar o homem e o
mundo. Ele é o Salvador.
Abramos o coração para Ele! “Ele é a
“luz” que vindo a esse mundo ilumina todo homem”(Jo 1,9). Só Ele é o
“caminho, a verdade e a vida”.
Do Livro: Maranathá – Prof. Felipe Aquino
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